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Curso de Segurança do Paciente na Atenção Primária à Saúde Aula 1 – Segurança do Paciente CURSO DE SEGURANÇA DO PACIENTE NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE Maria de Lourdes O. Moura COOSPGR/SUPVS/SES-RJ Conteúdo da Aula ▪ História da segurança do paciente ▪ Magnitude dos eventos adversos ▪ Aliança Mundial pela Segurança do Paciente ▪ Taxonomia em segurança do paciente ▪ Teoria do Erro Humano CURSO DE SEGURANÇA DO PACIENTE NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE Segurança do cuidado CURSO DE SEGURANÇA DO PACIENTE NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE “O cuidado costumava ser simples, inefetivo e relativamente seguro. Agora ele é complexo, efetivo, mas potencialmente perigoso ” Sir Cyrill Chantler Incentivou mudanças dos cuidados segundo resultado da análise das condições dos hospitais ingleses Em várias obras publicadas afirmou que a estrutura e a organização dos hospitais influenciam a saúde e recuperação do paciente Apesar dos dados estatísticos que deram suporte às suas conclusões e das modificações nos hospitais ingleses, suas recomendações não foram bem acolhidas pela maioria da classe médica Florence Nightingale 1820-1910 Sousa, Paulo (Org.) Segurança do paciente: conhecendo os riscos nas organizações de saúde.– 2.ed (revista e ampliada) – Rio de Janeiro, RJ : CDEAD, ENSP, Fiocruz, 2019 CURSO DE SEGURANÇA DO PACIENTE NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE Criou a primeira Escola de Enfermagem da Inglaterra no Hospital Saint Thomas, em Londres. Recebeu a Ordem do Mérito, em 1901, durante a Era Vitoriana. Médico Húngaro, obstetra, introduziu a obrigatoriedade da lavagem das mãos com água clorada em uma maternidade o que resultou em importante redução de infecção e mortalidade pós-parto. Publicou os resultados em 1861, porém sua opinião de que a simples higiene das mãos dos médicos, estudantes e parteiras conseguia evitar a gravíssima doença, parecia aos colegas apenas proposta ingênua e descabida. Foi rejeitado por seus pares Ignaz Semmelweis 1818 -1865 CURSO DE SEGURANÇA DO PACIENTE NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE Decourt LV. Conquista com Sofrimento - Semmelweis e a Febre Puerperal. Disponível em http://www.incor.usp.br/conteudo-medico/decourt/semmelweis.html http://www.incor.usp.br/conteudo-medico/decourt/semmelweis.html CURSO DE SEGURANÇA DO PACIENTE NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE Abraham Flexner 1866 -1959 O estudo conhecido como o Relatório Flexner foi publicado em 1910. Com o objetivo de melhorar a formação do médico, o relatório incentivou a melhoria do método científico e o fortalecimento validade da licença médica. Este relatório resultou na reestruturação da educação médica nos Estados Unidos e resultou no fechamento ou fusão de mais da metade das escolas médicas. É considerado o grande responsável pela mais importante reforma das escolas médicas nos EUA, com importantes consequências para a formação médica e a medicina mundial. O modelo de educação médica por ele proposto ainda se encontra em vigência na maior parte das escolas médicas do mundo. Pagliosa FL, Da Ros MA. O Relatório Flexner: Para o Bem e Para o Mal. Revista Brasileira de Educação Médica 492 32 (4) : 492–499; 2008; Hines K et al. A Brief History of Quality Improvement in Health Care and Spinal Surgery. Global Spine Journal 2020, Vol. 10(1S) 5S-9S Em 1910 publicou trabalho sobre a necessidade de garantir a qualidade dos resultados das intervenções e procedimentos médicos desenvolvendo um sistema de padronização hospitalar Foi um dos fundadores do American College of Surgeons, que estabeleceu o Programa de Padronização Hospitalar definindo um conjunto de 5 padrões de qualidade da assistência aos pacientes Foi rejeitado publicamente por seus pares Ernest Amory Codman 1869-1940 Rev Bras Enferm, Brasília (DF) 2004 nov/dez;57(6):742-5; Qual Saf Health Care 2002;11:104–105 CURSO DE SEGURANÇA DO PACIENTE NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE Autor mais importante para a Avaliação da Qualidade em Saúde Primeiros trabalhos datam dos anos 1960 Avedis Donabedian 1919 –2000 “Cuidado de alta qualidade é aquele tipo de cuidado do qual é esperado maximizar o bem estar do paciente, após levar em conta o balanço entre os ganhos e perdas esperados em todas as etapas do processo de cuidado. “ CURSO DE SEGURANÇA DO PACIENTE NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE Dimensões da qualidade Resultado Estrutura Processo Estudo do Institute of Medicine realizado em 1999 estimou a ocorrência de 44.000 a 98.000 óbitos evitáveis anualmente por eventos adversos em hospitais dos EUA Custo estimado entre 17 e 29 bilhões de dólares relacionado com os cuidados adicionais e perda de rendimento e incapacidade resultante Essa publicação foi um marco na área de segurança do paciente Errar é Humano CURSO DE SEGURANÇA DO PACIENTE NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE Eventos Adversos CURSO DE SEGURANÇA DO PACIENTE NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE Relatório publicado no Reino Unido em 2000 revelou uma incidência de eventos adversos de 10% em pacientes internados, sendo calculado custos diretos acima dos 2 milhões de libras Estudos sobre Eventos Adversos Estudo Ano Incidência de EA (%) EA Evitáveis (%) California 1974 4,7 3 Nova York 1984 3,7 25 Utah –Colorado 1992 32 Austrália 1992 16,6 51,2 Nova Zelândia 1998 12,9 37,1 Inglaterra 1999-2000 10,8 48 Canadá 2000 7,5 36,9 Dinamarca 2001 14,5 40,4 França 2002 9 27,7 Brasil 2003 7,6 66,7 Suécia 2003-2004 12,3 70 Espanha 2005 9,3 42,8 Tunísia 2005 10 60 Holanda 2005-2006 5,7 39,6 Itália 2008 5,2 56,7 Portugal 2009 11,1 53,2 Países do Mediterrâneo 2010 8,2 83 Itália 2014 3,3 _ Bélgica 2015 56 46 Irlanda 2016 10,3 72,7 CURSO DE SEGURANÇA DO PACIENTE NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDEhttps://proqualis.net/estatísticas-de-eventos-adversos-pelo-mundo https://proqualis.net/estatísticas-de-eventos-adversos-pelo-mundo CURSO DE SEGURANÇA DO PACIENTE NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE Eventos Adversos em Hospitais Brasileiros Origem do evento adverso (%): Cirurgia 33,2 Procedimento médico 30,5 Diagnóstico 9,5 Obstetrícia 8,6 Medicamentos 5,7 Fratura 1,9 Anestesia 1 Sistema 1 Outros 5,7 Tipo de dano Proporção de EA evitável Dias a + de internação Infecção associada ao cuidado 24,62 226 Complicações cirúrgicas e/ou anestésicas 20,00 79 Dano por atraso ou falha no diagnóstico e/ou tratamento 18,46 59 Úlcera por pressão 18,46 9 Complicações por punção venosa 7,69 0 Dano por queda 6,15 0 Dano por medicamento 4,62 0 Total 100 (65) 373 IBEAS: Estudo Iberoamericano de Eventos Adversos A alta prevalência de EAS Segurança do Paciente representa uma importante questão de saúde pública Óbito Incapacidade Permanente Incapacidade Leve Incapacidade Moderada CURSO DE SEGURANÇA DO PACIENTE NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE International Journal for Quality in Health Care, 2018, 1–6 CURSO DE SEGURANÇA DO PACIENTE NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE ▪ Incidentes de segurança identificados em 12,6% dos registros ▪ 30,6% (8,6 a 50%) dos incidentes associados a danos graves ▪ 55,6% (32,7 a 93,5%) dos incidentes considerados evitáveis ▪ Os tipos de incidentes de segurança do paciente mais comumente identificados relacionados com: medicação e prescrição, diagnóstico, comunicação e tratamento CURSO DE SEGURANÇA DO PACIENTE NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE Stocks SJ, et al. BMJ Open 2018;8:e020952. doi:10.1136/bmjopen-2017-020952 ▪ Estudo estimou a frequência da percepção do paciente da ocorrência de um problema potencialmente danoso nos últimos 12 meses ▪ Foram entrevistadas 3975 pessoas com mais de 15 anos no mês de abril de 2016 CURSO DE SEGURANÇA DO PACIENTE NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE CURSO DE SEGURANÇA DO PACIENTE NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDEStocks SJ, et al. BMJ Open 2018;8:e020952. doi:10.1136/bmjopen-2017-020952 Eventos Adversos na Atenção Primária à Saúde ▪ Estudos e pesquisas sobre segurança do paciente têmsido centrados no ambiente hospitalar, porém a maioria dos cuidados em saúde são prestados na APS ▪ Estima-se que cerca de 1-2% das consultas de APS podem redundar em incidentes, causados por erros ▪ Pesquisas em segurança do paciente na APS evidenciaram erros variando de 0,2% a 7,6%, sendo que 39,3% causaram danos ao paciente ▪ Estimativas de erros evitáveis variam de 45% a 76% dependendo do método de pesquisa Marchon SG, Mendes Junior WV, Pavão ALB. Características dos eventos adversos na atenção primária à saúde no Brasil. Cad. Saúde Pública [online], 2015; 31(11):2313-2330; The Health Foundation. Evidence scan: Levels of harm in primary care. November 2011. Link: http://www.health.org.uk/publications/levels-of-harm-in-primary-care/ CURSO DE SEGURANÇA DO PACIENTE NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE http://www.health.org.uk/publications/levels-of-harm-in-primary-care/ Características dos Eventos Adversos na APS no Brasil ▪ Taxa de incidência de incidentes 1,11 % (125/11.233) ▪ Taxa de incidentes que não atingiram os pacientes 0,11% (13/11.233) ▪ Taxa de incidência de incidentes que atingiram os pacientes: ✓ não causaram dano 0,09% (10/11.233) ✓ causaram evento adverso 0,91% (102/11.233) Marchon SG, Mendes Junior WV, Pavão ALB. Características dos eventos adversos na atenção primária à saúde no Brasil. Cad. Saúde Pública [online], 2015; 31(11):2313-2330 CURSO DE SEGURANÇA DO PACIENTE NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE ▪ 32 (26%) dano permanente ▪ 27 (21%) dano moderado ▪ 18 (15%) dano mínimo ▪ Identificaram 8 casos de óbito classificados como EA: ✓ 50% (4) falha na comunicação na rede de atenção ✓ 25% (2) falha na comunicação com paciente ✓ 12,5% (1) falha na comunicação interprofissional ✓ 12,5% (1) falha no cuidado ▪ Falhas no cuidado (n=44, 34%) ▪ Falhas na gestão (n=16,13%) ▪ Falhas na comunicação (n=65, 53%): com o paciente (n=30, 24%); na rede de atenção (n=23, 19%); na comunicação interprofissional (n=12, 10%) A Aliança Mundial para Segurança do Paciente foi lançada em 2004 tendo como elemento central a formulação de Desafios Globais para a Segurança do Paciente Estudos estimaram a ocorrência de eventos adversos em 4 a 16% de todos os pacientes hospitalizados, mais da metade nos cuidados cirúrgicos, sendo mais de 50% evitáveis 10 Fatos sobre a Segurança do Paciente 10 Fatos sobre a Segurança do Paciente “Uma assistência limpa é uma assistência mais segura” Primeiro Desafio Global: Infecções relacionadas à assistência à saúde CURSO DE SEGURANÇA DO PACIENTE NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE Tem como objetivo prevenir erros, evitar danos e salvar vidas contemplando: ✓a prevenção de infecções de sítio cirúrgico ✓anestesia segura ✓equipes cirúrgicas seguras ✓indicadores da assistência cirúrgica Segundo Desafio Global: Cirurgias Seguras Salvam Vidas CURSO DE SEGURANÇA DO PACIENTE NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE Terceiro Desafio Global: Medicação sem dano ✓ Tem como objetivo abordar as fragilidades nos sistemas de saúde que levam a erros de medicação e graves danos ✓ Reduzir em 50% os danos graves e evitáveis associados a medicamentos em todos os países nos próximos cinco anos CURSO DE SEGURANÇA DO PACIENTE NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE ▪ Mais de 50% dos medicamentos são prescritos ou dispensados inadequadamente em todo o mundo ▪ 50% dos pacientes utilizam incorretamente levando a alto índice de morbimortalidade ▪ O uso inadequado de medicamentos está relacionado a: ✓ uso de múltiplos fármacos ✓ uso inapropriado de antibióticos e de medicamentos injetáveis ✓ automedicação ✓ prescrição em desacordo com diretrizes clínicas Terceiro Desafio Global: Medicação sem dano CURSO DE SEGURANÇA DO PACIENTE NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE CURSO DE SEGURANÇA DO PACIENTE NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE Soluções para a segurança do paciente Gerenciar medicamentos com aparência ou com nomes parecidos Identificar o paciente Promover comunicação adequada durante a transferência de responsabilidade do paciente Realizar o procedimento correto na parte correta do corpo Controlar as soluções eletrolíticas concentradas Garantir a adequação da medicação em todo o processo de cuidado Evitar conexão errada de cateter e de tubo endotraqueal Usar uma única vez dispositivo para injeção Melhorar a higiene das mãos para prevenir infecções associadas ao cuidado de saúde Prevenir queda do paciente https://www.who.int/patientsafety/solutions/patientsafety/PS-Solution9.pdf http://www.who.int/entity/patientsafety/implementation/solutions/patientsafety/en/index.html ▪ A segurança do paciente é um princípio fundamental dos cuidados de saúde. ▪ Países de alta renda publicaram estudos mostrando que um número significativo de pacientes têm incidentes durante os cuidados de saúde que resultam em: ✓ lesões permanentes ✓ maior tempo de permanência em instalações de saúde ✓ óbito Segurança do Paciente é uma preocupação global CURSO DE SEGURANÇA DO PACIENTE NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE ▪ Eventos adversos ocorrem em todos os níveis do sistema de saúde e podem ser atribuídos a fatores do sistema e humanos ▪ Os incidentes de segurança mais comuns estão relacionados a: ✓procedimentos cirúrgicos (27%) ✓erros de medicação (18,3%) ✓IRAS (12,2%) ▪ O medo em relatar os incidentes se manifesta na cultura da atenção à saúde, impede o progresso e o aprendizado para melhorar a segurança e prevenir erros A carga e o impacto dos cuidados inseguros CURSO DE SEGURANÇA DO PACIENTE NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE Em países de baixa e média renda, uma combinação de numerosos fatores desfavoráveis contribuem para o cuidado inseguro do paciente, como: ✓falta de pessoal ✓estruturas inadequadas ✓superlotação ✓falta de materiais e equipamentos básicos ✓falta de higiene e saneamento Países de Baixa e Média Renda CURSO DE SEGURANÇA DO PACIENTE NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE Cultura de segurança e qualidade fraca Processos de assistência falhos Equipes de liderança desinteressadas Enfraquecimento da capacidade dos sistemas e organizações de saúde em garantir a provisão de cuidados de saúde seguros Segurança do Paciente em Países de Baixa e Média Renda CURSO DE SEGURANÇA DO PACIENTE NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE Risco de adquirir IRAS é: ▪ Universal ▪ Permeia todas as instalações de cuidados de saúde em todo o mundo ▪ A verdadeira carga permanece desconhecida em muitos países, particularmente nos países em desenvolvimento IRAS podem ser evitadas e a carga reduzida em até 50% ou mais CURSO DE SEGURANÇA DO PACIENTE NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE 70% de injeções com seringas e agulhas reutilizadas, em países em desenvolvimento 61% dos trabalhadores de saúde não aderem às práticas de higiene das mãos recomendadas Infecções são responsáveis por 4% -56% de todas as causas de morte no período neonatal em recém-natos nascidos em hospitais Pacientes infectados com MRSA têm probabilidade de morrer 50% maior do que pacientes infectados com cepas não resistentes 7% de pacientes internados em hospitais de cuidados agudos em países desenvolvidos e 15% em países em desenvolvimento adquirem pelo menos uma IRAS Prevenção e Controle de IRAS CURSO DE SEGURANÇA DO PACIENTE NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE Plano de Ação global sobre a Resistência Antimicrobiana Adotar medidas urgentes para implementar e reforçar a higiene, prevenção e controle de infecção Incluir o treinamento e educação em higiene, prevenção e controle de infecção como conteúdo para os profissionais de saúde Desenvolver ou reforçar políticas nacionais e padrões de prática de prevenção e controle de IRAS e monitorar à adesão às políticas e normas nacionais Incluir sob vigilância da resistência antimicrobiana a comunicação de dados sobre susceptibilidade antimicrobiana de microorganismos causadores de IRAS CURSO DE SEGURANÇA DO PACIENTE NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE ▪ Uma das primeiras iniciativas da Aliança Mundialpara a Segurança do Paciente foi o desenvolvimento de uma classificação para segurança do paciente. ▪ Essa classificação apresenta um conjunto de conceitos ligados por relações semânticas para organizar a informação a ser utilizada para vários objetivos, incluindo estatísticas nacionais e estudos descritivos Classificação Internacional de Segurança do Paciente World Health Organization, World Alliance for Patient Safety. The conceptual framework for the international classification for patient safety: final technical report.Version 1.1. [Genebra]: WHO, Jan. 2009 CURSO DE SEGURANÇA DO PACIENTE NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE ▪ A classificação foi organizada em uma estrutura que realça: identificação, prevenção, detecção, redução do risco, recuperação do incidente e a resiliência do sistema ▪ Harmonizar e agrupar conceitos associados à segurança do paciente, com definições e termos acordados ▪ Facilitar a comparação, medição, análise e interpretação de informações para melhorar o cuidado do paciente Classificação Internacional de Segurança do Paciente CURSO DE SEGURANÇA DO PACIENTE NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE World Health Organization, World Alliance for Patient Safety. The conceptual framework for the international classification for patient safety: final technical report.Version 1.1. [Genebra]: WHO, Jan. 2009 CURSO DE SEGURANÇA DO PACIENTE NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE Segurança do paciente Redução, a um mínimo aceitável, do risco de dano desnecessário associado ao cuidado de saúde Incidente Evento ou circunstância que poderia ter resultado, ou resultou, em dano desnecessário ao paciente Incidentes podem ser oriundos de atos não-intencionais ou intencionais Erro Definido como uma falha em executar um plano de ação como pretendido ou aplicação de um plano incorreto Erros são, por definição, não-intencionais Violação Divergência deliberada de um procedimento, um padrão ou regra São de forma habitual intencionais, apesar de raramente maliciosas, e, em determinado contexto, podem se tornar rotineiras ou automáticas Definições Incidente Circunstância Notificável Incidente que não atinge o paciente (near miss) Incidente sem dano Incidente com dano ou evento adverso Tipos de Incidentes CURSO DE SEGURANÇA DO PACIENTE NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE Tipos de Incidentes Circunstância Notificável Incidente com potencial dano ou lesão (câmara de refrigeração de sangue com temperatura elevada) CURSO DE SEGURANÇA DO PACIENTE NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE Near Miss Incidente não atinge o paciente (uma bolsa de sangue foi conectada no paciente errado e este incidente foi detectado antes da bolsa ser infundida) Incidente sem dano Incidente atinge o paciente, mas não causa dano (uma bolsa de sangue foi conectada no paciente errado e nada acontece com o paciente) Incidente com dano (Evento adverso) Incidente atinge o paciente e resulta em lesão ou dano (uma bolsa de sangue foi conectada no paciente errado, foi infundida e o paciente morreu com uma reação hemolítica) Fatores Contribuintes de Incidentes ▪ Fatores relacionados aos recursos humanos: comportamento, comunicação, desempenho ▪ Fatores relacionados ao sistema - ambiente de trabalho ▪ Fatores externos - fora do controle da organização ▪ Fatores relacionados ao paciente - não aderência ao tratamento Circunstâncias, ações ou influências que desempenham um papel na origem, no desenvolvimento ou no aumento do risco da ocorrência de um incidente Runciman et al. Tracing the foundations of a conceptual framework for a patient safety ontology. Qual Saf Health Care 2010;19:e56 CURSO DE SEGURANÇA DO PACIENTE NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE Ambiente de trabalho Profissional de saúde Tarefa Características do paciente Institutional Vincent C. Understanding and responding to adverse events. N Engl J Med 2003 CURSO DE SEGURANÇA DO PACIENTE NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE Fatores Contribuintes de Incidentes CURSO DE SEGURANÇA DO PACIENTE NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE Fatores relacionados aos Recursos Humanos Conhecimento e habilidades, competências, motivação e atitudes, saúde física e mental Treinamento (educação continuada) Coordenação do cuidado, liderança, supervisão, trabalho em equipe Alocação/disponibilização de pessoal, modos de seleção, escalas de serviço, avaliação Comunicação: staff/staff staff/paciente ; staff/familiar, acompanhante (diversidade cultural) Informação: disponibilidade, clareza, qualidade e completude Fatores relacionados ao Sistema/Organização (Ambiente de Trabalho) Ambiente físico, planta física Política e procedimentos: disponibilidade e clareza de protocolos, guias de procedimentos Ergonomia (disponibilidade, adequação e manutenção de equipamentos) Gestão de serviços contratados (ex: patologia, manutenção, informação tecnológica) Cultura de segurança e prioridades Fatores Externos Fatores relacionados ao Paciente Fatores que escapam ao controle da organização: ✓ Políticas públicas, legislação ✓ Ambiente natural ✓ Novas tecnologias ✓ Iniciativas governamentais ✓ Pressões econômicas Comorbidades, complexidade e gravidade da condição Limitações físicas (motoras, auditivas, visuais e de comunicação) Problemas de adesão à terapêutica (polifarmácia) Comportamento agressivo, distúrbios mentais, fatores de personalidade e sociais Falha de comunicação ▪ É o fator contribuinte associado ao maior número de eventos adversos ▪ A falha de comunicação pode ocorrer: ✓entre o profissional e o paciente ✓entre profissionais da mesma categoria profissional ✓entre profissionais numa equipe multiprofissional e ✓durante a troca de turno/plantão Outro fator que merece atenção é a exaustão (bornout) que acomete os profissionais de saúde, principalmente, enfermeiros e cirurgiões CURSO DE SEGURANÇA DO PACIENTE NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE Erro Humano Abordagem pessoal - enfoca os erros dos indivíduos, responsabilizando-os por descuido, negligência, desatenção, falta de conhecimento, de experiência e desmotivação Abordagem sistêmica - se concentra nas condições sob as quais os indivíduos trabalham e busca construir defesas para prevenir erros ou reduzir seus efeitos CURSO DE SEGURANÇA DO PACIENTE NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE Modelo do Queijo Suíço Dano ao paciente As Defesas Protocolos e diretrizes clínicas Barreiras físicas Educação continuada Cultura Organizacional As Falhas Ausência / não implementação de protocolos / diretrizes clínicas Conhecimento inadequado e falta de oportunidades de formação Ausência de liderança definida, deficiências na estrutura, falta de coesão, falhas de comunicação entre os profissionais Adaptado de James Reason, 2000 CURSO DE SEGURANÇA DO PACIENTE NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE ▪ Na abordagem sistêmica defesas, barreiras e salvaguardas ocupam uma posição central. ▪ Sistemas de alta tecnologia têm muitas camadas defensivas: ✓Projetadas - alarmes, barreiras físicas, paralisação temporária automática ✓Confiadas a pessoas, como cirurgiões e anestesistas ✓outras dependentes de procedimentos e controles administrativos. ▪ Têm como função a proteção de vítimas potenciais, e do patrimônio, quanto aos riscos locais. ▪ Na maioria das vezes funcionam efetivamente, porém sempre existem fragilidades. Camadas Defensivas Reason, 2000 CURSO DE SEGURANÇA DO PACIENTE NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE Trajetória das condições latentes Defesas AcidenteLocal de trabalho Organização Fonte: James Reason Pessoas Dano Rubens Covello, 2011 Modelo do Queijo Suíço CURSO DE SEGURANÇA DO PACIENTE NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE CURSO DE SEGURANÇA DO PACIENTE NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Gestão de Riscos e Investigação de Eventos Adversos Relacionados à Assistência à Saúde. Brasília: Anvisa,2017 Combinação de fatores originários de diferentes níveis do sistema FALHAS LATENTES Previsão EspecificaçãoEscala de serviço Manutenção Comunicação Planejamento Concepção CURSO DE SEGURANÇA DO PACIENTE NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE CURSO DE SEGURANÇA DO PACIENTE NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE Práticas de Segurança do Paciente Práticas de Segurança do Paciente são estruturas ou processos distintos e claramente reconhecíveis, usados para a prestação do cuidado, destinados a reduzir a probabilidade e/ou gravidade de danos devido aos sistemas, processos ou ambientes de cuidado AHRQ. Making Healthcare Safer III: A Critical Analysis of Existing and Emerging Patient Safety Practices. 2020. https://proqualis.net/relatorio/tornando-o-cuidado-de-saúde-mais-seguro-iii-uma-análise-crítica-das-práticas-de-segurança https://proqualis.net/relatorio/tornando-o-cuidado-de-saúde-mais-seguro-iii-uma-análise-crítica-das-práticas-de-segurança CURSO DE SEGURANÇA DO PACIENTE NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE Pacote de Intervenções Pequeno número de intervenções (3 a 5) baseadas em evidência, destinadas a um determinado tipo de paciente, num determinado ambiente de cuidado, que quando implantadas em conjunto podem trazer resultados significativamente melhores do que quando implantadas individualmente Protocolos de Segurança do Paciente O uso de protocolos permite menor variabilidade do cuidado de saúde, melhor definição de responsabilidades e constituem-se como barreiras à ocorrência de incidentes relacionados à segurança do paciente Práticas de Segurança do Paciente Práticas de segurança do paciente fortemente recomendadas 1. Higienização das mãos 2. Listas de verificação pré-cirúrgicas e de anestesia para prevenir eventos operatórios e pós-operatórios 3. Precauções de barreira para prevenir as infecções relacionadas à assistência à saúde 4. Conjuntos de medidas que incluem listas de verificação para prevenir as infecções da corrente sanguínea associadas a cateteres centrais 5. Intervenções para reduzir o uso de cateteres urinários, incluindo o uso de lembretes, ordens de interrupção ou protocolos de remoção iniciados pelos enfermeiros 6. Listas de abreviações perigosas a "Não Utilizar" 7. Intervenções multifacetadas para reduzir a ocorrência de úlceras por pressão 8. Conjuntos de medidas que incluem a elevação da cabeceira do leito, as "férias" de sedação, o cuidado oral com clorexidina e os tubos endotraqueais com sucção subglótica para prevenir a pneumonia associada à ventilação mecânica 9. Uso de ultrassonografia em tempo real para a inserção de cateteres centrais 10. Intervenções para melhorar a profilaxia do tromboembolismo venoso Relatório de evidências / Avaliação de Tecnologia Número 211 2013 CURSO DE SEGURANÇA DO PACIENTE NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE http://www.ahrq.gov/index.html CURSO DE SEGURANÇA DO PACIENTE NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE Erros diagnóstico: Suporte à Decisão Clínica; Revisão por Pares; Sistemas de Notificação de Resultados; Educação e Treinamento Falha no Resgate: Sistemas de Monitoramento de Pacientes; Times de Resposta Rápida Sepse: Ferramentas de Rastreamento; Sistemas de Monitoramento de Pacientes; Clostridium difficile: Gerenciamento de uso de antimicrobianos; Testes; Vigilância; Higienização das mãos; Limpeza e descontaminação ambiental; Intervenções multifacetadas Controle de organismos multirresistentes e prevenção de infecções relacionadas a OMR: Higienização das mãos; Vigilância para o controle de OMRs; Minimizar a exposição a dispositivos invasivos e reduzir os riscos a eles associados; Banho de clorexidina; Comunicação do status de paciente OMRs; Limpeza e desinfecção ambiental Enterobactérias resistentes ao carbapenêmicos (ERCs): Precauções de contato para prevenir a infecção por ECRs Anticoagulantes: Serviço de gerenciamento da anticoagulação; Nomogramas/protocolos para novos anticoagulantes orais; Cuidados com anticoagulantes na transição entre o hospital e o domicílio Agentes antidiabéticos: Protocolo de diabetes para reduzir a hipoglicemia; Método Teach-back Práticas de Segurança do Paciente AHRQ. Making Healthcare Safer III: A Critical Analysis of Existing and Emerging Patient Safety Practices. 2020 http://www.ahrq.gov/index.html CURSO DE SEGURANÇA DO PACIENTE NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE Redução de eventos adversos relacionados a medicamentos em pacientes idosos: Desprescrição; Uso de critérios da ferramenta STOPP (Ferramenta de rastreamento de prescrições potencialmente inadequadas em pessoas idosas) Opioides: Gerenciamento do uso de opioides; Início do Tratamento Assistido por Medicação Erros de identificação de pacientes: Erros de identificação de pacientes no centro cirúrgico Bombas de infusão/Erros de medicação: Mudança em processos estruturados e redesenho do fluxo de trabalho; Educação e treinamento dos profissionais Fadiga de alarmes: Cultura de segurança; Avaliação de riscos Delirium: Rastreamento e Avaliação; Educação e treinamento dos profissionais; Intervenções não farmacológicas para a prevenção do delirium Transições de cuidado: Modelos de transição do cuidado; BOOST (Better Outcomes for Older Adults through Safe Transitions); ITC Intervenção de Transição do Cuidado; Modelo de Cuidado Transitório Tromboembolismo venoso: Uso de aspirina para profilaxia do TEV Práticas de Segurança do Paciente http://www.ahrq.gov/index.html CURSO DE SEGURANÇA DO PACIENTE NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE Práticas de Segurança do Paciente Engajamento do paciente e familiares Cultura de segurança Rondas da liderança Treinamento de equipe Programa Abrangente de Segurança Baseado na Unidade (CUSP Comprehensive unit-based safety program) Intervenções múltiplas Suporte à decisão clínica Competência cultural Monitoramento, auditoria e feedback Treinamento de trabalho em equipe Crew Resource Management (CRM) Team Strategies and Tools to Enhance Performance and Patient Safety (TeamSTEPPS®) Treinamento de equipes médicas da Veterans Health Administration Simulação em equipe Brief/Debrief Passagem de casos Educação e treinamento dos profissionais Educação médica baseada em simulações para residentes e colegas (fellows) Simulações como parte da educação continuada de enfermeiros Fatores transversais AHRQ. Making Healthcare Safer III: A Critical Analysis of Existing and Emerging Patient Safety Practices. 2020
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