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Laura Ramires T6 1 BBPM IV - Daniel INFECÇÕES DO SNC • Pode ocorrer por dano microbiano direto, por meio da elaboração de toxinas microbianas ou pelos efeitos da resposta imune do hospedeiro Formas de acesso ao SNC: • Disseminação hematogênica: mais comum, geralmente arterial • Implantação direta: geralmente traumática • Extensão local: de uma infecção estabelecida em um seio aéreo • Transporte axonal: ao longo dos nervos periféricos (raiva e herpes zoster) • Pode ser dividida em aguda ou crônica MENINGITE AGUDA • Inflamação somente das meninges ou em conjunto com parênquima cerebral (meningoencefalite) • É mais comumente causada por infecção • Reações semelhantes podem ocorrer devido a irritantes não bacterianos no espaço subaracnóideo (meningite química) FISIOPATOLOGIA • Colonização das vias aéreas superiores por germes patogênicos (organismos capsulados como meningococo, pneumococo e hemófilo tipo B) • Invasão do epitélio pelo agente • Posterior disseminação para a corrente sanguínea ou por extensão direta (seios nasais, ouvido) • Quando hematogênica, chegam no plexo coroide, invadem o espaço subaracnoide e se multiplicam no líquor (baixa presença de imunoglobulinas) • Lise bacteriana induzem inflamação intensa (TNF-Alfa e IL-1) • Aumento da permeabilidade vascular (edema vasogênico) – aumento de proteínas e leucócitos no líquor (exsudato) • Deficiência na reabsorção liquórica (aumento da PIC – pressão intracraniana) CLÍNICA • Os sintomas iniciais da meningite são febre, dor de cabeça severa e rigidez do pescoço • Sinal de Kerning: resistência e dor quando o joelho é estendido com o quadril totalmente flexionado Laura Ramires T6 2 BBPM IV - Daniel • Sinal de Brudzinski: o levantamento involuntário das pernas em irritação meníngea quando levantada a cabeça do paciente • Conforme a doença progride, confusão, coma e convulsões se desenvolvem • Síndrome de hipertensão intracraniana (confusão mental, fotofobia e vômitos em jato = que não é precedido de ânsia) • Em bebês, pode se apresentar como estado depressivo, crises apneicas, alterações na frequência cardíaca e convulsões atípicas • Quando tem disseminação hematogênica mais grave, meningococcemia, pode causar sinais na pele como petéquias e livedo reticular MENINGITE AGUDA PIOGÊNICA (BACTERIANA) Agentes etiológicos: • Neonatos: Escheria coli e estreptococos do grupo B • Bebês e crianças: Streptococcus pneumoniae e Haemophilus influenzae (reduzido com imunização) • Adolescentes e adultos jovens; Streptococcus pneumoniae (infecção mais grave) e Neisseria meningitidis • Idosos: S. pneumoniae e Listeria monocytogenes • Pós cirúrgico; Staphyloccus aureus e o Staphylocccus epidermidis Laboratório: • O LCR é purulento com neutrófilos e organismos, aumento de proteína e diminuição da glicose Morfologia • Macroscopia: os vasos meníngeos são ingurgitados e existe um exsudato purulento • Microscopia: os neutrófilos preenchem o espaço subsaracnoideo, em casos fulminantes, a inflamação pode se estender focalmente ao SNC subjacente (cerebrite). Flebite pode causar trombose venosa e infarto hemorrágico. A resolução pode levar a fibrose leptomeníngea e hidrocefalia • Autópsia: Encéfalo aberto, pinçamento da dura-máter. Presença de aderências da calota craniana medialmente e parênquima cerebral (aracnoide) expandido, esbranquiçado lembrando pus • Estrias esbranquiçadas, achados hemorrágicos Laura Ramires T6 3 BBPM IV - Daniel • Cerebelo, visão mais inferior do encéfalo: pontos hemorrágicos, petéquias • Microscopia: no espaço subaracnóideo presença de faixa de células inflamatórias que não deveriam estar ali. Estrutura vascular ingurgitada e com extravasamento de hemácias. Abaixo da seta é a região do córtex cerebral com a presença de proliferação de células gliais. Na faixa mais branca, notemos bastante edema (exsudato) • Microscopia: Espaço subaracnoide da seta para cima, córtex cerebral da seta para baixo. Muitas células inflamatórias e edema INFECÇÕES SUPURATIVAS FOCAIS AGUDAS ABCESSO CEREBRAL • Lesão destrutiva que surge no contexto de endocardite bacteriana, cardiopatia congênita (com desvio da direita para a esquerda), sepse pulmonar crônica ou imunossupressão • Estreptococos e estafilococos são os principais organismos • Os pacientes apresentam déficits neurológicos focais progressivos e sinais de aumento da pressão intracraniana • Se o espaço subdural for infectado, a tromboflebite pode se desenvolver, resultando em oclusão venosa e infarto cerebral • Morfologia: região central de necrose liquefativa e uma cápsula fibrosa circundada por gliose reativa e edema vasogênico acentuado • Lesão cavitária: a priori, a cavidade estaria preenchida por material purulento • Multiplos abcessos, com áreas esbranquiçadas ao redor Laura Ramires T6 4 BBPM IV - Daniel • Microscopia: região central cheia de neutrófilos, as áreas mais roxas são focos de proliferação bacteriana. Parênquima edemaciado (áreas brancas) e cheio de células da glia EMPIEMA SUBDURAL • Ocorre quando infecções bacterianas ou fúngicas do crânio ou dos seios aéreos se espalham para o espaço subdural • Grandes coleções podem causar um efeito de massa ou tromboflebite de veias em ponte • A maioria dos pacientes é febril e tem dores de cabeça e rigidez de nuca, com um perfil de LCR semelhante a um abscesso cerebral ABCESSOS EXTRADURAIS • São comumente associados à osteomielite, surgindo no quadro de sinusite ou após a cirurgia • No espaço epidural da coluna vertebral, pode causar compressão da medula espinal MENINGOENCEFALITE BACTERIANA CRÔNICA TUBERCULOSE • A meningite tuberculosa causa dor de cabeça, mal-estar, confusão mental e vômitos • Há pleocitose (aumento do número de células) moderada de células mononucleares no LCR (ocasionalmente com neutrófilos), proteína elevada e glicose moderadamente reduzida ou normal • A meningite tuberculosa pode causar aracnoide, hidrocefalia e endarterite obliterativa • Tuberculomas apresentam-se como típicas lesões de ocupação do espaço • Infecções por Mycobacterium avium também podem ocorrer em pacientes com AIDs, mas geralmente provocam pouca resposta granulomatosa Morfologia: • A meningoencefalite difusa é o padrão mais comum de doença • O espaço subaracnóideo contém um exsudato gelatinoso ou fibrinoso de células inflamatórias crônicas e, raramente, granulomas bem formados, mais frequentemente na base do cérebro, obliterando as cisternas envolvendo os nervos cranianos • Artérias que atravessam o espaço subaracnóideo podem mostrar endarterite obliterante NEUROSSÍFILIS • É uma manifestação do estágio terciário da doença • Ocorre em 10% dos pacientes com infecções não tratadas 1. Neurossífilis menigovascular: - é uma meningite crônica, por vezes associada à endoarterite obliterativa - goma sifilítica (concentrado de plasmócitos) 2. Neurossífilis parética: - resulta da invasão do cérebro por espiroquetas, com perda neuronal e proliferação microglial - os pacientes exibem perda insidiosa de capacidade mental e física com alterações de humor, terminando em demência grave Laura Ramires T6 5 BBPM IV - Daniel 3. Tabes dorsalis: - resulta de danos causados por espiroquetas nos neurônios sensoriais das raízes dorsais - ataxia locomotora, perda da sensação a dano articular e lesões de pele (articulações de charcot) e ausência de reflexos tendinosos profundos Microscopia: • Endarterite produtiva/ obliterativa: artéria com bastante células inflamatórias envolvendo os vasos, atacando a parede vascular, isso causa perda do endotélio e trombose → oblitera o vaso→ sintomas isquêmicos. • Achado importante e típico da sífilis: Presença de plasmócitos (parece um cometa) → quando estão aglomerados, é chamado de goma sifilítica • Células da glia em bastonetes = fusiformes, achatadas • Áreas granulosas de infarto pelas endarterites obliterativas DOENÇA DE LYME – NEUROBORRELIOSE- DOENÇA DO CARRAPATO • Causada por espécies da bactéria Borrelia, espiroquetas que contaminam carrapatos-estrelas • Manifestações neurológicas são altamente variáveis • Meningite asséptica, paralisia do nervo facial (e outras polineuropatias), encefalopatia • Microscopicamente, há proliferação microglial e organismos dispersos (espiroquetas) MENINGOENCEFALITE VIRAL • As infecções parenquimatosas virais do SNC (encefalite) estão quase invariavelmente associadas à inflamação meníngea e, ocasionalmente, à inflamação da medula espinal (encefalomielite) • Os vírus podem exibir tropismos celulares específicos ou podem ter uma predileção por regiões cerebrais específicas • A latência é uma característica comum de várias infecções virais do SNC • Infecções sistêmicas não relacionadas ao SNC também podem precipitar lesão neurológica imunomediada: infecção viral intrauterina (rubéola) pode causar malformações congênitas • Clínica: curso geralmente é menos fulminante do que a meningite piogênica e é autolimitada • Laboratório: pleocitose linfocítica no LCR, com elevação moderada de proteínas e glicose normal Laura Ramires T6 6 BBPM IV - Daniel • Agentes etiológicos: o espectro de patógenos varia sazonal e geograficamente e raramente são identificados (enterovírus em 80% dos casos) ENCEFALITE VIRAL TRANSMITIDA POR ARTRÓPODES • Arbovirose responsável pela maioria das encefalites virais epidêmicas (vírus equinos orientais e ocidentais, venezuelanos, St. Louis, La Crosse e vírus do Nilo Ocidental) • Todos têm hospedeiros animais e mosquito ou carrapatos como vetores • As manifestações clínicas típicas são convulsões, confusão, delírio e estupor ou coma VÍRUS HERPES SIMPLEX TIPO 1 (HSV-1) • É mais comum em crianças e adultos jovens • Os pacientes classicamente apresentam alterações no afeto, humor, memória e comportamento • Alguns casos seguem um curso mais prolongado com fraqueza, letargia, ataxia e convulsões Morfologia: • Casos graves exibem encefalite necrotizante, hemorrágica dos lobos temporais inferomediais e giros orbitais dos lobos frontais • Existem infiltrados perivasculares, com corpos de inclusão virais intranucleares de Cowdry em neurônios e glia • Focos hemorrágicos necrosados de lobos frontal e temporais • Corpúsculo de Cowdry: inclusões virais VÍRUS DO HERPES SIMPLEX TIPO 2 • Causa uma encefalite grave e generalizada em 50% dos recém-nascidos que nasceram por via vaginal em mulheres com infecção primária por HSV-2 • Pode causar meningite em adultos e uma grave encefalite hemorrágica necrosante em indivíduos infectados pelo HIV VÍRUS VARICELA-ZOSTER • As infecções latentes por catapora nos gânglios da raiz dorsal podem ser reativadas, levando a erupções cutâneas vesiculares dolorosas em uma distribuição dermatomal • Geralmente é autolimitada, mas os pacientes podem desenvolver uma síndrome de neuralgia pós-herpética dolorosa persistente • O herpes zoster também pode causar uma arterite granulomatosa ou uma encefalite necrosante me pacientes imunossuprimidos CITOMAGALOVÍRUS (CMV) • A infecção intrauterina leva à necrose periventricular, microcefalia e calcificação periventricular • Em pacientes com AIDS, o CMV é um patógeno viral oportunista comum • Causa encefalite subaguda com nódulos microgliais ou encefalite necrosante hemorrágica periventricular e plexite coroide • Presença de inclusões nucleares de CMV • Microscopia: nódulos microgliais (população aumentada das células de glia, principalmente os oligodendrócitos) • Inclusões virais bem características → célula bem grande, citomegalovírus, meganúcleo Laura Ramires T6 7 BBPM IV - Daniel POLIOMIELITE • Poliovírus (subtipos 1, 2, 3) • A poliomielite apresenta irritação meníngea e quadro de meningite asséptica no LCR • O envolvimento dos neurônios motores inferiores pode causar paralisia flácida com hiporreflexia e perda muscular secundária • Os pacientes também podem desenvolver miocardite e a morte pode resultar da paralisia dos músculos respiratórios • A inflamação é geralmente confinada aos cornos anteriores, mas pode se estender até os cornos posteriores • A síndrome pós-pólio geralmente se desenvolve 25 a 35 anos após a doença inicial (fraqueza progressiva associada à dor e diminuição da massa muscular) RAIVA • É uma encefalite frave transmitida pela mordida de um animal raivoso ou pela exposição a certas espécies de morcegos, mesmo sem uma mordida • Ao longo de 1 a 3 meses, o vírus sobe do local da ferida para o SNC através dos nervos periféricos • Causa extraordinária excitabilidade do SNC (alucinações, agitação), hidrofobia (espasmos laríngeos) e paralisia flácida • A morte decorre da falha do centro respiratório Morfologia: • Necrose e inflamação neuronal generalizadas, mais graves nos gânglios da base, mesencéfalo e medula • Os corpos de Negri são patognomônicos (inclusões eosinofílicas intracitoplasmáticas) LEUCOCEFALOPATIA MULTIFOCAL PROGRESSIVA • A PML é devida à infecção poroligodendrócitos pelo poliomavírus JC, tipicamente em pacientes imunossuprimidos • A maioria dos adultos tem evidência sorológica de exposição prévia do JC (provavelmente devido à reativação viral) • Os pacientes desenvolvem manifestações neurológicas progressivas e multifocais causas pela destruição focal da mielina Morfologia: • As lesões consistem em manchas desmielinizadas, núcleos de olidendrócitos muito aumentados com inclusões virais e astrócitos com núcleos atípicos aumentados PANENCEFALITE ESCLEROSANTE SUBAGUDA • É uma síndrome progressiva de declínio cognitivo, espasticidade de membros e convulsões • Ocorre meses a anos após uma infecção do sarampo e representa uma infecção persistente, mas não produtiva, do SNC por um vírus do sarampo alterado. • Vacinação contra sarampo quase erradicou a doença Morfologia: • Gliose generalizada com degeneração da mielina e inclusões nucleares virais em oligodendrócitos e neurônios • Há também inflamação variável e emaranhados neurofibrilares Laura Ramires T6 8 BBPM IV - Daniel MENINGITE FÚNGICA • São tipicamente encontrados em pacientes imunocomprometidos, geralmente no contexto de ampla disseminação hematogênica • Cândida albicans, Mucor, Aspergillus fumigatus e Cryptococcus neoformans • Em áreas endêmicas, Histoplasma, Coccidioides e Blastomyces podem envolver o SNC após infecções pulmonares ou cutâneas primárias 1. A meningite é causada mais frequentemente pelo Cryptococcus (pode ser fulminante e fatal em 2 semanas ou crônica e indolente, evoluindo ao longo do meses a anos) 2. A vasculite ocorre mais frequentemente com Mucor e Aspergillus, há invasão vascular com trombose associada a infarto hemorrágico 3. O envolvimento parenquimatoso pode se manifestar com granulomas ou abscessos e é mais comumente encontrado c om Candida e Cryptococcus • Aspergillus → • Coccicidioide micose: capsula bem espeça característica
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