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Histórias da Arte e do Design Lia Madureira Ferreira Curso Técnico em Design Gráfico Educação a Distância 2021 Histórias da Arte e do Design Lia Madureira Ferreira Curso Técnico em Design Gráfico Escola Técnica Estadual Professor Antônio Carlos Gomes da Costa Educação a Distância Recife 1.ed. | Ago. 2021 Catalogação e Normalização Hugo Cavalcanti (Crb-4 2129) Diagramação Jailson Miranda Coordenação Executiva George Bento Catunda Renata Marques de Otero Manoel Vanderley dos Santos Neto Coordenação Geral Maria de Araújo Medeiros Souza Maria de Lourdes Cordeiro Marques Secretaria Executiva de Educação Integral e Profissional Escola Técnica Estadual Professor Antônio Carlos Gomes da Costa Gerência de Educação a distância Professor(es) Autor(es) Lia Madureira Ferreira Revisão Lia Madureira Ferreira Coordenação de Curso Manoel Vanderley dos Santos Neto Coordenação Design Educacional Deisiane Gomes Bazante Design Educacional Ana Cristina do Amaral e Silva Jaeger Helisangela Maria Andrade Ferreira Izabela Pereira Cavalcanti Jailson Miranda Roberto de Freitas Morais Sobrinho Descrição de imagens Sunnye Rose Carlos Gomes Sumário Introdução .............................................................................................................................................. 4 1.Competência 01 | Identificar a arte como reflexo da cultura e da história. Reconhecer as características artísticas de diferentes períodos históricos. .................................................................. 5 1.1 O Significado e Sentido da Arte .................................................................................................................. 6 1.2 A Pré-história ............................................................................................................................................ 12 1.3 A Antiguidade............................................................................................................................................ 14 1.3.1 A Civilização Egípcia ............................................................................................................................... 14 1.3.2 A Grécia Antiga ...................................................................................................................................... 17 1.3.3 Roma Antiga ........................................................................................................................................... 19 1.4 O Período Medieval .................................................................................................................................. 21 1.5 A Idade Moderna e o Renascimento ........................................................................................................ 24 2.Competência 02 | Reconhecer as características da arte moderna e da arte pós-moderna a partir da compreensão da indústria cultural e da cultura de massa. ............................................................ 31 2.1 A Arte Moderna ........................................................................................................................................ 31 2.1.1 As Vanguardas Artísticas ........................................................................................................................ 33 2.2 Indústria Cultural, Cultura de Massas e as Novas Ideias Artísticas .......................................................... 39 2.3 A Arte Pós-Moderna ................................................................................................................................. 40 3.Competência 03 | Entender o impacto da tecnologia industrial sobre a comunicação visual e identificar o surgimento do design gráfico nesse contexto ................................................................. 51 3.1 O Conceito de Design Gráfico ................................................................................................................... 53 3.2 A Evolução do Design Gráfico Contemporâneo........................................................................................ 54 3.3 O Design Gráfico nas Décadas de 1920 e 1930 ........................................................................................ 63 3.4 A Escola Bauhaus ...................................................................................................................................... 65 3.5 O Período de Pós-Guerra .......................................................................................................................... 70 3.6 Os Anos 50 na Suíça e Estados Unidos ..................................................................................................... 70 4.Competência 04 | Situar e identificar o contexto histórico para o surgimento do design gráfico pós- moderno. A revolução digital no design gráfico .................................................................................. 75 4.1 Os Anos 60 e 70 na Europa ....................................................................................................................... 75 4.2 Os Anos 60 e 70 nos Estados Unidos ........................................................................................................ 77 4.3 Novos Paradigmas do Design .................................................................................................................... 78 4.4 O Pós-Modernismo ................................................................................................................................... 80 4.5 A Revolução Digital ................................................................................................................................... 87 4.6 A Multimídia e a Interatividade ................................................................................................................ 92 Conclusão ............................................................................................................................................. 96 Referências ........................................................................................................................................... 99 Minicurrículo do Professor ................................................................................................................. 100 4 Introdução Prezado Estudante, Seja bem-vindo (a) à disciplina de Histórias da Arte e do Design. Essa disciplina tem como objeto de estudo a arte e o design a partir do seu desenvolvimento e evolução ao longo da história da humanidade. A arte está presente por todos os lados e momentos no seu dia a dia. Quando você anda pelas ruas da sua cidade, quando passa por uma praça e vê uma escultura, quando entra em uma igreja e vê um vitral colorido ou em um edifício e vê um mural de azulejos ou uma pintura. Muitos objetos que em algum momento foram utilitários para o homem, hoje são considerados objetos artísticos. Além disso, as obras de arte podem nos proporcionam prazer, admiração, emoção, reflexão. O design também está no seu cotidiano, no logotipo da sua marca preferida, nas embalagens dos produtos que você consome, na revista que você tem em casa e até mesmo nas suas redes sociais. A origem das artes é incerta e envolve não só a estética, mas também a consciência da sua criação. Alguns historiadores da arte definiram o local do seu nascimento na caverna Chauvet, na França, onde se encontra a pintura rupestre mais antiga descoberta, datada de aproximadamente 30.000 anos. Nessadisciplina será apresentado um panorama geral das artes e das correntes artísticas mais importantes por período histórico, iniciando na Pré-história, e seguindo pela Idade Antiga, Idade Média, Idade Moderna e Idade Contemporânea. Posteriormente observaremos como a Revolução Industrial foi o cenário propício para o surgimento de um novo profissional, o designer gráfico. Como área do conhecimento que engloba aspectos teóricos e práticos, veremos que o design se consolidou ao longo do século XX, passando por diversos momentos, ao mesmo tempo em que a tecnologia avançava cada vez mais. Percorreremos juntos um prazeroso caminho ao longo da nossa própria história. Boa leitura! Competência 01 5 1.Competência 01 | Identificar a arte como reflexo da cultura e da história. Reconhecer as características artísticas de diferentes períodos históricos. Estamos só começando a disciplina, mas estou curiosa. Algum dia você já parou pra pensar desde quando a arte existe e porque ela existe? Será por aí que iniciaremos a nossa jornada pelas Histórias da Arte e do Design, vamos juntos?!!! Ao longo da história, o homem produziu uma grande quantidade de artefatos para utilizá- los no seu dia a dia. Criou também objetos para expressar sua visão e sentimentos como reflexo da realidade em que estava inserido. O conceito de arte pela arte, de um objeto que existe exclusivamente pelo seu valor estético, ou seja, inicialmente relacionado, ao belo, não existia até o século XIX. Antes da Revolução Industrial a beleza, as formas e imagens que o homem criava estava relacionada a sua função na sociedade. As características estéticas da cerâmica grega, dos papiros egípcios e dos manuscritos medievais estavam totalmente integrados com a sua utilidade. A arte e a vida formavam um todo que não se separavam. A Revolução Industrial não só trouxe grandes avanços tecnológicos, acelerando todos os processos, mas sacudiu as ideias e valores das sociedades, a chamada era das máquinas criou um distanciamento entre as necessidades materiais e sensoriais das pessoas, fazendo com que as artes e ofícios também sofressem mudanças nos seus papéis sociais e econômicos. Desde os tempos pré-históricos o homem buscou maneiras de expressar visualmente ideias e conceitos, ao mesmo tempo que tentava encontrar possibilidades de preservar o conhecimento adquirido através de formas gráficas, na tentativa de ordenar e transmitir informações. Neste sentido, podemos considerar que a arte nasceu com o homem e deu a ele a consciência da capacidade de criar e a possibilidade de interpretar, imaginar e se comunicar, nas mais diversas linguagens. É dessa maneira que a história da arte e do design gráfico começam a traçar seus próprios caminhos, que muitas vezes se confundem, mas que tem propósitos muito diferentes, como será visto durante esta disciplina. Competência 01 6 1.1 O Significado e Sentido da Arte Já parou para pensar como às vezes é difícil explicar o que é arte e para que ela serve? Isso acontece porque são inúmeros os autores que trazem seus conceitos e visões sobre o significado da arte, além disso, ao longo da história surgiram diversas formas e interesses para se falar e compreender o seu significado. Linguagens que hoje são consideradas artísticas, em outros tempos, não eram. Ao longo da história, o homem encontrou diferentes modos de fazer arte, de forma que o seu papel foi sendo modificado segundo a época, o lugar e a cultura. Uma coisa é certa, muitos autores consideram que precisamos entender a arte como sendo reflexo da sociedade, ou seja, como algo profundamente ligado à cultura e aos sentimentos de um povo e assim como as pessoas, as culturas estão em mudanças constantes de pensamentos, valores e gostos. O filósofo italiano Luigi Pareyson (1984) disse que a arte é uma linguagem que se reinventa constantemente para construir, conhecer e expressar as questões dos seres humanos e podem ser reveladas por meio de muitas outras linguagens como o canto, a pintura, a atuação, a fotografia, entre outras formas. O artista cria com base em suas ideias e intenções, mas quem aprecia também vai criar suas próprias interpretações. Isto faz com que ocorram duas coisas: por um lado a arte provoca muito mais perguntas, do que traz respostas prontas e por outro lado não é possível se referir a arte como uma verdade absoluta, sobre o que ela quer dizer, nem fazer juízos de certos e errados, já que tudo vai depender de quem as olha, de que sentimentos provoca no espectador, no apreciador da arte. A palavra “arte” vem do latim ars e corresponde ao termo grego tékhne (“técnica”), que significa “[...] toda atividade humana submetida a regras em vista da fabricação de alguma coisa” (CHAUÍ, 2003, p. 61). Você já percebeu que algumas palavras ao longo do texto estão sublinhadas e deve está se perguntando a razão, certo? O significado dessas palavras pode ser consultado, caso você tenha alguma dúvida! Fica atento, o arquivo estará disponível no material complementar da primeira competência. Competência 01 7 Apesar de ser um conceito subjetivo, pode ser compreendida como um saber, já que, é um meio de fazer, de produzir algo que vai necessitar um conhecimento prévio, seja teórico ou prático, por parte do ser humano. Interessante, verdade? Como você já deve saber as obras de arte apresentam diferentes temas e técnicas. Observe alguns exemplos abaixo: • Retratam elementos naturais, como é o caso das pinturas nas cavernas de Lascaux, na França. Observe que a disposição aleatória e a escala variável denotam falta de estrutura e sequência dos povos pré-históricos no registro de suas experiências; Figura 1: Pintura rupestre em covas de Lascaux, na França. Fonte: https://artsandculture.google.com/, 2021. Descrição: Pinturas de animais pré-históricos na parede de uma cova, desenho com traços simples usando tons de amarelo e marrom. • Expressam os sentimentos religiosos do homem, tal como o quadro Madona com Santos, do pintor renascentista Sandro Botticelli; Figura 2: Quadro Madona com Santos, de Sandro Botticelli, 1485. https://artsandculture.google.com/ Competência 01 8 Fonte: https://artsandculture.google.com/, 2021. Descrição: Pintura de um altar da Virgem Maria com o menino Jesus ao centro e dois santos nas laterais. As roupas são mantos nas cores vermelha e azul e no fundo se observam folhagens de árvores. • Servem como adornos para rituais de personificação; Figura 3: Máscara de Pakal, civilização pré-colombiana do México. Fonte: https://artsandculture.google.com/, 2021. Descrição: Máscara de homem representando o Deus do Milho, constituída por fragmentos de jade, na cor verde, com a boca entreaberta e os olhos abertos. • Retratam situações sociais, como o quadro “A família de Retirante”s, do pintor brasileiro Candido Portinari. Figura 4: Retirantes, Candido Portinari, 1944. Fonte: https://artsandculture.google.com/, 2021. Descrição: Cena de família de retirantes em primeiro plano com paisagem de sertão ao fundo. • Sugerem diferentes impressões a quem as contempla. O mural de rua de Bansky. “A Menina com Tímpano Perfurado” é uma paródia ao "Garota com Brinco de Pérola" de Vermeer, o uso de uma caixa de alarme como um piercing mostra como Banksy costuma usar objetos já existentes em seus murais. https://artsandculture.google.com/ https://artsandculture.google.com/ https://artsandculture.google.com/ Competência 01 9 Figura 5: A Menina com tímpano perfurado, Banksy. Fonte: https://artsandculture.google.com/, 2021. Descrição: Mural de rua com o desenho do rosto de uma menina quase de perfil na cor cinza, o brinco que usa está representado por uma caixa de alarme na parede do edifício. Esses são apenasalguns exemplos, você consegue pensar em outros? A arte como reflexo da cultura e da sociedade A partir dos exemplos vistos foi possível observar que a obra de arte se situa entre o universo particular de cada artista e o contexto universal em que está inserido, falando assim da experiência humana. Cada obra é tanto um produto cultural de determinada época quanto uma criação única da imaginação humana. A criação artística pode então se distinguir das demais modalidades de conhecimento por promover a comunicação entre os seres humanos, com a utilização particular das suas formas de linguagem. Nada melhor do que observar e fazer as suas próprias interpretações na tentativa de compreender a arte, já que uma das ideias que está sempre presente no entendimento do significado da arte, é que a obra de arte dialoga com o seu observador. Por tanto fique de olho nas pistas que ela traz para você! Antes de continuar a leitura, sugiro que passe pelo fórum da primeira competência que já está aberto e conte um pouco sobre o que a arte desperta em você. Vamos lá? https://artsandculture.google.com/ Competência 01 10 Inicialmente foi apresentado algumas ideias sobre o conceito e funções da arte, é preciso destacar nesse contexto dois termos que são recorrentes nos livros de arte e design e que vão ajudar a compreender ainda mais os rumos que as artes tomaram ao longo da história. São eles belas artes e artes aplicadas, também chamada de artes decorativas. As artes aplicadas possuem uma relação estreita com a cultura popular e esteve presente em todos os períodos históricos, em alguns momentos, inclusive, com status semelhante às categorias de arte que foram surgindo. Observe na figura a seguir, um pote realizado com a técnica da laca chinesa, é um bom exemplo, de uma cultura milenar que produzia seus utensílios do cotidiano artesanal e artisticamente, perpetuando tradições dos seus antepassados, ou mesmo inovando na utilização de materiais, técnicas e iconografia. Figura 6: Pote de laca chinesa. Fonte: https://artsandculture.google.com/, 2021. Descrição: Pote de decoração em formato ovalado com fundo escuro e pintura abstrata em tons de azul em algumas partes. Observe que as artes aplicadas se referem à produção artística voltadas para a vida cotidiana por meio da criação de objetos como peças e utensílios que são úteis ao homem. Também encontramos que o termo artes aplicadas já se referiu a alguns setores como arquitetura, as artes gráficas, ao mobiliário, entre outros, e se opõe ao entendimento de belas artes. As primeiras academias de arte, surgiram no século XVI e foram decisivas para a mudança de status do artista. A substituição da autoria do artista, pelo trabalho realizado pelos artesãos de guildas e corporações medievais, fez surgir a ideia do artista como um estudioso teórico e intelectual https://artsandculture.google.com/ Competência 01 11 que recebia formação especializada nas academias. Nesse momento o artista se afasta do mero “fazer técnico” e passa a representar as belas artes. Interessante, verdade? Os tipos de arte Para poder se manifestar artisticamente, o homem usa diferentes linguagens, por exemplo, a sonora (música), a linguagem verbal oral ou escrita (literatura), a linguagem visual e a linguagem corporal (dança). Ele pode, ainda, expressar-se por meio da combinação de várias linguagens como no teatro e no cinema, esses são apenas alguns exemplos da infinidade de possibilidades que existe para que o homem, como artista, se expresse. Quando surgiu a arte? A periodização da história é um método cronológico usado para separar e contar o tempo histórico da humanidade. É bastante útil para fins didáticos, permitindo inclusive situar a arte desenvolvida ao longo do tempo. É divido em cinco períodos, épocas ou idades, são elas: Pré-história, Idade Antiga, Idade Média, Idade Moderna e a Idade Contemporânea. Observe na figura a seguir essa divisão. Figura 7: Linha do tempo com a periodização da história. Fonte: https://deimportantehistoria.blogspot.com/, 2021. Descrição: Quadro com divisões de linhas horizontais e verticais pontuando as divisões dos períodos históricos, desde a Pré-história até a Era Contemporânea. Competência 01 12 1.2 A Pré-história Como você pôde perceber o ser humano sempre produziu e se cercou de artefatos e utensílios para o uso cotidiano e para a expressão de seus sentimentos diante da vida. Os primeiros registros da cultura humana datam da Pré-história. Foram encontrados objetos, pinturas e gravações no interior de muitas cavernas espalhadas pelo mundo. Por meio delas, antropólogos e historiadores puderam reconstituir a vida dos ancestrais pré-históricos do homem. A capacidade para produzir sons e comunicar-se foi também uma habilidade desenvolvida nesse longo caminho desde o início mais primitivo. Meggs e Purvís (2009) comentam que a escrita é o equivalente visual da fala, sendo as marcas, os símbolos, os desenhos, mais tarde as letras e os escritos sobre uma superfície ou suporte que se converteram no equivalente gráfico da palavra falada e do pensamento. Devido à sua longa duração, a Pré-história foi dividida por historiadores, segundo Proença (2009), nos seguintes períodos: • Paleolítico (Idade da Pedra Lascada) do surgimento do ser humano até cerca de 12 mil anos atrás. Nele, grupos de homens produziam armas e instrumentos de pedra, que eram lascadas para adquirirem bordas cortantes; • Neolítico (Idade da Pedra Polida) — de 12 até 4 mil anos atrás. Marcou o início da agricultura e da domesticação de animais. Isso permitiu ao homem uma vida mais estável. Essa mudança alterou profundamente a história humana. Com a fixação dos grupos, a população cresceu rapidamente e desenvolveu seus primeiros núcleos. • Idade dos Metais — de 6 mil anos atrás até o desenvolvimento da escrita. Na Idade dos Metais, com a dominação do fogo, o homem passou a trabalhar com o metal e a produzir peças mais complexas e elaboradas. As primeiras expressões de arte consistiam em traços feitos nas paredes das cavernas ou em mãos pintadas em negativo. Eram pinturas na cor preta realizadas com carvão, possuindo também Competência 01 13 as cores amarelas e marrons feitas com o óxido de ferro. Nas paredes das covas eram desenhados e pintados animais como o bisonte. Esse momento foi o inicio da arte como a conhecemos, mas, além disso, pode-se considerar que foi o inicio de uma comunicação visual, já que as ilustrações primitivas eram realizadas para que durassem e possuíam fins utilitários e voltados para rituais, como o da caça. O tipo de distribuição e as variações de tamanho das imagens mostram uma falta de estrutura e sequência dos povos primitivos para registrar as suas experiências. Em muitas pinturas rupestres também são encontrados símbolos geométricos abstratos, como pontos, círculos, quadrados e outras formas. Não se sabe se representavam objetos criados pelo homem ou algum tipo de escrita primitiva. Figura 8: Síntese gráfica de desenhos rupestres encontrados em todo o mundo. Fonte: MEGGS; PURVS (2009, p.19 - 20), 2021. Descrição: A figura apresenta pequenos desenhos de pessoas, animais e objetos geométricos realizadas com traços simples. O inicio da escrita Os primeiros registros escritos são procedentes da Suméria sendo compostos por desenhos figurativos de objetos e um sistema de numeração. Eram feitos em tábuas de argila marcados com uma espécie de estilete de madeira em forma de cunha. A argila era um material encontrado em abundância na região que uma vez queimado no fogo ficava resistente como uma pedra. A essa escrita se deu o nome de cuneiforme. Competência 01 14 Esse sistema foi evoluindoao longo dos séculos, sua estruturada se dava por meio de divisões horizontais e verticais. Com a evolução os símbolos (pictogramas) começaram a representar ideias (ideogramas). Por exemplo, o símbolo do sol passou a representar ideias como o dia e a luz. A linguagem escrita foi sendo desenvolvida para que representasse a linguagem falada, o que não foi fácil, pois surgiam sons que eram difíceis de representar e muitos, como nomes de pessoas, não era possível adaptar as representações figurativas. Dessa forma, os símbolos gráficos passaram a representar os sons dos objetos, em lugar dos objetos em si. A máxima evolução que a escritura cuneiforme alcançou foi o uso de signos abstratos para representar o som de sílabas. Figura 9: Tábua de argila com pictogramas sumério e tábua de argila com escrita cuneiforme, desenho de linhas formando desenhos abstratos. Fonte: MEGGS; PURVS (2009, p.21 - 22), 2021. Descrição: A figura apresenta duas fotos. A primeira com desenhos de estrela, cabeça, água e outros desenhos abstratos que evoluíram para a escrita cuneiforme. A segunda imagem apresenta uma tábua de argila com escrita cuneiforme, desenho de linhas formando desenhos abstratos. 1.3 A Antiguidade 1.3.1 A Civilização Egípcia A civilização que se desenvolveu no antigo Egito às margens do rio Nilo, é uma das civilizações mais importantes da Antiguidade. A expressão artística dessa civilização reflete profundamente a sua história que é comumente dividida em três períodos: Antigo Império, Médio Império e Novo Império. No decorrer desses períodos, o Egito conheceu um significativo desenvolvimento, tendo a arte um papel de destaque. Possuía organização social complexa e uma produção cultural intensa. A religião era um dos aspectos mais significativos dessa cultura, orientando toda a sua produção artística. Para os Competência 01 15 egípcios, a vida humana poderia sofrer interferência dos deuses. Dessa maneira, a arte egípcia voltou- se para a construção de túmulos e objetos, estatuetas e vasos para os mortos, pois acreditavam que deveriam entrar na pós vida acompanhado de suas riquezas. Já a sua arquitetura voltou-se para a construção de grandes obras, como as pirâmides. Os hieróglifos Vários inventos sumérios chegaram ao Egito, como os selos cilíndricos, os projetos arquitetônicos de tijolos, os elementos decorativos e também a escrita, mas, ao contrário dos sumérios que desenvolveram a escrita da pictórica para a cuneiforme abstrata, os egípcios conservaram o sistema de escrever mediante desenhos, chamados de hieróglifos. Este tipo de escrita sagrada seguiu sendo usado até o ano de 394 d.C, mesmo depois que o Egito se tornou uma colônia romana. Os escribas eram os responsáveis por escrever os textos, registrar dados numéricos, redigir leis, copiar e arquivar informações. Como poucas pessoas dominavam a arte da escrita, possuíam certo destaque social. Durante muito tempo não se conhecia o significado dos hieróglifos, foi apenas com a descoberta da Roseta, no ano de 1799, que começaram as tentativas de tradução. A Roseta, que pode ser observada na figura a seguir, é uma pedra de cor escura que continha inscrições em três idiomas: hieróglifos egípcios, escrita demótica egípcia e o grego. Champolion foi o responsável por decifrar a maior parte dos hieróglifos, conseguindo pronunciar os nomes de Ptolomeo e Cleópatra. Figura 10: Roseta e cartuchos com os hieróglifos de Ptolomeu e Cleópatra. Fonte: MEGGS; PURVS (2009, p.26 - 27), 2021. Descrição: A figura apresenta duas imagens. Uma com pedra na cor escura gravada com três tipos de escrita. Na Competência 01 16 segunda imagem representação em hieróglifos dos nomes Ptolomeu e Cleópatra com caracteres alfabéticos colocados junto a cada desenho. Os hieróglifos se desenhavam em pedra onde normalmente eram pintados ou escavados, mas eram também registrados em folhas de papiro. Frequentemente havia uma combinação de hieróglifos com ilustrações, o que fez com que os egípcios fossem considerados os primeiros povos a desenvolver manuscritos ilustrados para transmitir informações. O uso do papiro suporte parecido com o papel foi um passo importante para a comunicação visual egípcia. Figura 11: Papiro ilustrado com o Livro dos Mortos, cerca de 1550 a.C. Fonte: https://artsandculture.google.com/, 2021. Descrição: Folha de papiro com desenhos e hieróglifos. Casal adorando os deuses Osíris e Maat, o cenário inclui uma casa com jardim e piscina e os deuses, um sentado em trono e o outro em pé. O esquema visual da arte egípcia Tanto as pinturas, os murais em baixo-relevo quanto os papiros respeitavam as mesmas convenções de desenho. A arte não era uma reprodução naturalista deixando claro ao observador que se tratava de uma representação. Nas pinturas os homens apareciam com a pele mais escura que a das mulheres, as pessoas com maior poder social eram representadas em uma escala maior do que as de menos importância. O corpo humano era desenhado de forma esquemática e bidimensional. A lei da frontalidade, amplamente difundida, é considerada uma marca egípcia até hoje. A figura humana era retratada com o corpo para frente, enquanto a cabeça, as pernas e os pés eram vistos de perfil. O olho estilizado era ao mesmo tempo visto como uma imagem de perfil como frontal. https://artsandculture.google.com/ Competência 01 17 As cores vinham de pigmentos e além do preto era comum encontrar o branco, os marrons, os azuis e verdes, e às vezes, o amarelo. O verde e o azul possivelmente fazia referência ao rio Nilo e as folha das palmeiras de papiro existentes ao longo da sua margem. 1.3.2 A Grécia Antiga Para a cultura grega, o homem era a criatura mais importante do universo. Dessa maneira, o conhecimento racional permanecia acima da fé nas divindades que existiam no Egito. Embora os gregos tenham estabelecido relações culturais com o Egito e o Oriente Próximo com o passar do tempo criaram seu próprio ordenamento estético, através da arquitetura, da escultura e da pintura, porém com temas bastante diferentes dos egípcios, que estavam mais ligados à religiosidade. De qualquer forma, a cultura grega herdou grande parte dos seus conhecimentos. O uso de símbolos visuais como fazemos hoje veio dos egípcios, o zodíaco, a balança da justiça, o uso de animais para representar conceitos, cidades e pessoas. Na Grécia, a coruja simbolizava a cidade de Atena, e a imagem de uma coruja numa moeda grega indicava que ela havia sido cunhada em Atenas. Hoje temos o símbolo da pomba que simboliza a paz. A Grécia Antiga é considerada o berço de toda a civilização ocidental foi lá que se estabeleceram as bases de muitas realizações que temos hoje: a ciência, a filosofia, a democracia. A arte, a arquitetura e literatura gregas são heranças de um valor profundo. Do ponto de vista da produção artística grega, segundo Proença (2009), podem-se destacar alguns períodos históricos. Observe: • Período Arcaico: Nas artes observa-se o predomínio das linhas geométricas rígidas. • Período Clássico: Nas artes esse período foi marcado pela idealização da beleza e pela busca da perfeição formal. • Período Helenístico: Nas artes esse período foi caracterizado por formas com aspectos exagerados de movimentação, em que se ressaltava a qualidade expressiva dos elementos representados. Competência 01 18 Em torno de 700 a.C se considera o período de renascimento cultural grego. Desse período destacam-se a Iliada e A Odisseia de Homero, a arquitetura em pedras e as figuras humanas como temas principais nas cerâmicas; aos poucos as grandes estátuas foram aparecendo na arte grega. A pintura A pintura na Grécia, assim como em outras civilizações, surgiu como um elemento decorativo da arquitetura,mas encontrou também a possibilidade da sua realização na arte da cerâmica. Os vasos gregos são conhecidos tanto pelo equilíbrio de suas formas como pela harmonia entre o desenho, as cores e o espaço utilizado para a ornamentação. Os vasos eram utilizados para armazenamento de água, vinho, azeite e mantimentos e aos poucos foram tornando-se também objetos artísticos. As pinturas nos vasos buscavam representar as atividades diárias e as cenas da mitologia grega. Lembra da diferença entre belas artes e artes aplicadas, temos na figura a seguir um ótimo exemplo! Figura 12: Ânfora, cerca de 510 a.C. Fonte: https://artsandculture.google.com/, 2021. Descrição: Jarro com duas asas simétricas na cor preta e com figuras humanas pintadas na cor ocre. A escrita As antigas cidades-estados adotaram o alfabeto fenício, se atribui a Cadmo de Mileto, rei da Fenícia, a introdução desse alfabeto na Grécia que durante muito tempo foi adaptado nas diversas regiões, até que Atenas adota uma versão oficial que seria usada em toda a Grécia, aproximadamente no ano 400 a.C. Veja na imagem a seguir inscrições em pedra do alfabeto grego que alcançou forma simétrica e ritmo visual regular. https://artsandculture.google.com/ Competência 01 19 Figura 13: Fragmento de pedra com desenho esculpido e texto em grego. Fonte: MEGGS; PURVS (2009, p.41), 2021. Descrição: Fragmento de pedra no formato vertical, na parte superior imagem de dois adultos e duas crianças e na parte inferior, texto em alfabeto grego. Do ponto de vista da representação gráfica é possível observar um nova ordem e estrutura geométrica aos caracteres fenícios que eram desiguais, transformando-os em formas de grande harmonia e beleza. 1.3.3 Roma Antiga Roma Antiga foi uma civilização itálica que surgiu no século VIII a.C. localizada ao longo do mar Mediterrâneo e estabelecida a partir da cidade de Roma, expandiu-se para se tornar um dos maiores impérios do mundo antigo, com uma estimativa de 50 a 60 milhões de habitantes e cobrindo 6,5 milhões de quilômetros quadrados no seu auge entre os séculos I e II. A história desse império se divide em três grandes períodos, como você pode ver a seguir. Monárquico: 753–509 a.C. Republicano: 509–27 a.C. Imperial: 27 a.C.–476 d.C. A arte em Roma A arte romana assimilou a expressão de um ideal de beleza vindo da arte grega principalmente do período helenístico, mas também da arte etrusca. Competência 01 20 A pintura e o mosaico Grande parte das pinturas romanas que você conhece hoje vem das cidades de Pompeia e Herculano. As pinturas faziam parte da decoração interna dos edifícios e eram expostas em painéis que recobriam as paredes das casas. Neles, podia-se criar a ilusão de janelas abertas, mostrando paisagens e pessoas. Os romanos também dominavam a arte do mosaico. Tanto a pintura como o mosaico eram elementos que enriqueciam das obras arquitetônicas. Figura 14: Mosaico de Mnemósina, a deusa da memória. Fonte: https://artsandculture.google.com/, 2021. Descrição: Cerâmica com moldura circular imagem de uma mulher, com o rosto ligeiramente voltado para a direita, usando um diadema sobre os cabelos da testa. O Alfabeto O alfabeto latino chegou aos romanos desde a Grécia através dos etruscos, um povo estabelecido na península itálica que teve seu auge durante o século VI a.C. O alfabeto latino continha 21 letras, observe na figura a seguir inscrições entalhadas na base da coluna de Trajano, localizado no fórum de Trajano, em Roma, este exemplo magistral das capitalis monumentalis é um testemunho da antiga máxima romana “a palavra escrita permanece”. https://artsandculture.google.com/ Competência 01 21 Figura 15: Coluna de Trajano, cerca de 114 d.C com inscrições no alfabeto latino. Fonte: MEGGS; PURVS (2009, p.44), 2021. Descrição: Imagem com vista inferior de uma coluna contendo texto do alfabeto latino. E então, está gostando? Muita informação, eu sei, mas está conseguindo compreender? Lembre que qualquer dúvida nos encontramos no fórum e conversamos um pouco mais sobre qualquer um desses temas. Bom, observando as características do Império Romano você chega ao fim da Idade Antiga e vai entrar agora em um novo momento e descobrir que acontecimentos da Idade Média e Moderna se conectam com a profissão do design gráfico. Pronto para seguir viagem? 1.4 O Período Medieval A Idade Média ou Medieval é o período histórico da civilização ocidental entre os séculos V e XV. Seu início é no ano 476, com a queda do Império Romano Ocidental, e seu final em 1492, ano em que Colombo chegou à América. Esta é a divisão temporal mais difundida, mas também é datado como o último ano da Idade Média o ano 1453, quando o Império Bizantino caiu, Gutenberg inventou a imprensa e foi finalizada a Guerra dos Cem Anos. Este período abrange dez séculos, sim é muito tempo mesmo, que por sua vez se subdivide em Alta, Média e Baixa Idade Média. O sistema social era baseado no feudalismo, com a nobreza e o clero formando a classe alta e constituindo a minoria da população, e os camponeses, artesãos e escravos da classe baixa constituindo a sua maioria. Influências artísticas na Idade Média A Igreja Católica teve forte influência nas manifestações artísticas e culturais da Idade Média. Dessa forma, pode-se concluir que uma das características da cultura medieval foi justamente o teocentrismo, ou seja, Deus era considerado o centro do mundo e tudo o que foi produzido nesse momento fazia referência a esse Deus. As pinturas, as esculturas e os vitrais eram feitos baseados em ensinamentos bíblicos, e tinham o objetivo de comunicar valores religiosos aos fiéis e aproximar as pessoas da religiosidade. Como toda arte, a arte medieval foi a expressão da mentalidade da época, porém, a sociedade medieval sofreu muitas mudanças entre os séculos XI, XIII e XIV. Essas mudanças se manifestaram na arte, originando principalmente dois estilos distintos: o Românico e o Gótico. Competência 01 22 Na Idade Média, cada cor tinha seu significado e esse código de cores deixou sua marca na liturgia e na heráldica. Baseada em formas geométricas, observa-se uma grande tendência a geometrização e esquematização nas imagens representadas, que contrastam com as características da antiguidade clássica. As composições não eram realistas, havia a ausência de proporcionalidade e perspectiva do que estava sendo representado. Quando se trata de obras de artes medievais, é preciso ter em mente que, nessa época, não existia o conceito de arte como fim em si mesmo ou de beleza como objetivo único da arte. O objeto artístico medieval tinha, na sociedade em que era produzido, um caráter basicamente funcional. Dois principais estilos artísticos se destacam no período medieval: o estilo românico e o gótico. O Estilo Românico Na Idade Média, os cargos mais importantes da Igreja eram reservados aos nobres. O estilo românico, era uma arte eclesiástica e monástica, refletia, portanto, a mentalidade dos nobres feudais. Isso significa que o românico era uma arte aristocrática. Por último, à medida que a arte românica se desenvolveu durante o período feudal, era também uma arte rural, visto que nessa época a maioria da população vivia dispersa no campo. Tanto a pintura quanto a escultura românica faziam parte do edifício, estando subordinadas ao espaço arquitetônico em que eram inseridas. A escultura foi trabalhada em pedra e a pintura nas paredes. A característica fundamental da escultura e pintura românica é a falta de realismo. Suas representações são rígidas e com poucos detalhes. É por isso que eles são pouco expressivos. Figura 16: Pintura na Igreja de São Clemente, em Taül, Espanha, cerca de 1123, Competência 01 23 Fonte:https://artsandculture.google.com/, 2021. Descrição: Pintura com figuras bíblicas com Cristo no centro, predominância de tons de azul, laranjas e marrons. O Estilo Gótico O gótico foi fruto do renascimento urbano e comercial da Idade Média. A burguesia já não se contentava com o românico, simples e rude, e queria que a arte fosse um verdadeiro objeto de valor. Assim, a burguesia financiou um novo estilo de construção nas cidades, nascendo o estilo gótico considerado um estilo urbano e burguês. Ao contrário do românico, o gótico se preocupava com os detalhes de suas obras de arte. O desenho e as cores uniformes são justapostos para criar contrastes de cores intensas. Você já ouviu falar na Catedral Notre-Dame? Uma bela catedral que fica em Paris, infelizmente em 2019 houve um incêndio que destruiu grande parte da sua arquitetura e das obras de arte que haviam dentro. Veja a seguir algumas imagens. Figura 17: Fachada da catedral de Notre-Dame em Paris e vitrais internos, antes do incêndio no ano de 2019. Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Catedral_de_Notre-Dame_de_Paris, 2021. Descrição: A figura apresenta duas fotos. A primeira com a vista frontal de uma igreja com formato simétrico, apresentando duas torres. A segunda com três mosaicos no formato vertical com tema bíblico e uso variado de cores. Para muitos a Idade Média é considerada uma fase sombria entre a Idade Antiga, identificada com a cultura e civilização da antiguidade clássica e a renovação cultural da Idade Moderna com o Humanismo e o Renascimento. Seria, portanto, uma fase de atraso e letargia cultural, social e econômica. Os manuscritos iluminados https://artsandculture.google.com/ https://pt.wikipedia.org/wiki/Catedral_de_Notre-Dame_de_Paris Competência 01 24 A luminosidade vibrante das lâminas de ouro, (isso mesmo, ouro, leu bem! Nessa época era comum aplicar lâminas de ouro nos livros) refletia a luz das páginas dos livros manuscritos, produzindo a impressão que a página estava iluminada. Literalmente esse efeito deu origem ao termo “manuscritos iluminados” que hoje se utiliza para fazer referência aos livros produzidos desde o final do Império Romano até os livros impressos que substituíram os manuscritos com o desenvolvimento da tipografia na Europa, por volta do ano 1450. Figura 18: Livro das horas de Margarida de Cleves. Fonte: https://artsandculture.google.com/, 2021. Descrição: Livro aberto mostrando duas páginas. A página da esquerda contém o desenho de uma jovem rezando junto a Virgem e ao menino Jesus. Na página da direita texto com ornamentos florais colorido e aplicação de ouro. A produção dos manuscritos era cara e levava muito tempo. O pergaminho precisava de horas de preparo e um livro grande poderia usar a pele de até trezentas ovelhas. As cores se criavam a partir de varias substâncias minerais, animais e vegetais. A ornamentação e ilustração presentes nos manuscritos não eram apenas decorativos, se considerava o valor educativo das imagens e a capacidade do adorno para criar um clima místico e espiritual, próprio da Idade Média. A produção de manuscritos medievais criou um vocabulário de formas gráficas, desenhos de páginas, estilos de ilustração, letras e técnicas que séculos depois influenciariam o design editorial moderno. 1.5 A Idade Moderna e o Renascimento Muitas das estruturas intelectuais e políticas da Europa que permaneceram intactas, entre os séculos XV e XVI, conseguiram recuperar a força intelectual e econômica e lançaram as bases https://artsandculture.google.com/ Competência 01 25 do Renascentismo que foi um período de transição entre os tempos medievais e a consolidação Idade Moderna. Foi nesse contexto que se desenvolveram os ideais do movimento humanista, uma nova forma de pensar que rompe com a visão medieval do mundo. A cultura passou dos mosteiros para as ruas, houve maior liberdade de pensamento e as universidades se expandiram. A invenção da imprensa também favoreceu a difusão de novas ideias. A arte renascentista A arte renascentista foi um movimento artístico que surgiu na Itália no século XIV, durante a transição entre a Idade Média e a Idade Moderna, e se destacou por seu interesse pela sabedoria da razão e pelos valores clássicos da Grécia Antiga. Artistas como Leonardo Da Vinci, Michelangelo e Rafael se destacaram eram considerados multifacetados pois dominavam diferentes disciplinas como: a pintura, a escultura, a arquitetura e muitas vezes a anatomia, a astronomia e a filosofia. Recuperavam aspectos da cultura clássica greco-romana, com a busca da harmonia, simetria e proporção, como ideais de beleza. Observe na figura a seguir, através da representação do Homem Vitruviano de Leonardo Da Vinci, um exemplo de como esses ideais eram representados. Figura 19: O homem Vitruviano, Leonardo Da Vinci, cerca de 1490. Fonte: https://www.significados.com.br/homem-vitruviano/, 2020. Descrição: Desenho de um homem desnudo, em pé com braços e pernas abertas em equilíbrio, em seu redor um círculo e um quadrado. A arte renascentista passou por dois estágios principais: Competência 01 26 O Quattrocento (século XV) Neste período, foram realizadas pesquisas sobre as construções de monumentos romanos e gregos e introduzidas a perspectiva e a pintura a óleo. O Cinquecento (século XVI) A maturidade do período renascentista foi alcançada. Surgiram os grandes artistas que marcaram a época, como Michelangelo, Leonardo Da Vinci, Miguel de Cervantes, Rafael. A pintura renascentista As pinturas e retratos renascentistas não eram mais sombrios e imponentes como na Idade Média, passaram a celebrar a natureza e a vida. Nessa época apareceu a figura do mecenas, pessoas ricas que financiavam o trabalho de artistas, cientistas e intelectuais. A pintura renascentista caracterizou-se pela representação perfeita dos detalhes, em termos de equilíbrio, harmonia e perspectiva, a partir da observação do artista. O conceito de perspectiva e ponto de fuga emergiu para a concepção dos espaços. A nova técnica do óleo sobre tela desenvolvida, prevaleceu sobre a clássica têmpera ou têmpera de secagem rápida, permitindo aperfeiçoar o efeito de luzes e sombras, trazendo assim, um maior realismo em retratos e corpos nus, observe na figura a seguir tais características. Figura 20: O nascimento de Vênus, Botticelli, cerca de 1484. Fonte: https://artsandculture.google.com/, 2021. Descrição: Cenário com figuras mitológicas, no centro encima de uma concha a deusa Vênus com parte do seu corpo coberto pelo longo cabelo, ao lado direito o deus do vento sobrando em sua direção e segurando uma ninfa e a direita a figura de uma mulher que representa a primavera com um manto ornamentado com flores para cobrir Vênus. Ao fundo o cenário marítimo e de algumas árvores no lado direito da paisagem. https://artsandculture.google.com/ Competência 01 27 A escultura e a arquitetura renascentistas foram inspiradas nas antigas culturas grega e romana, especialmente pelo nível de detalhes e realismo, observe essas características na escultura Davi de Michelangelo. Procuraram romper com o estilo gótico e basearam-se no aperfeiçoamento das representações, através de cálculos matemáticos e geométricos para obter proporções reais, inclusive do ser humano. Figura 21: Escultura de Davi, Michelangelo, cerca de 1501. Fonte: https://artsandculture.google.com/, 2021. Descrição: Escultura de um homem nu em pé com a mão direita levantada realizada em mármore. A pintura Durante o Renascimento, predominou a tendência a uma interpretação científica do mundo. Isso implicou, nas artes plásticas e sobretudo na pintura, o uso da perspectiva. Os estudos da perspectiva eram feitos segundo os princípios da matemática e da geometria. Além disso,o uso dessa técnica levou à utilização de outro recurso, o claro-escuro, que consistia em representar algumas áreas iluminadas em contraste com outras áreas na sombra. O jogo de contrastes reforçou a sugestão de volume dos corpos. Em síntese, a combinação da perspectiva e do claro-escuro permitiu alcançar maior realismo nas pinturas. https://artsandculture.google.com/ Competência 01 28 Assim, a pintura no Renascimento afirmou três grandes características: a estruturação da perspectiva, o uso do claro-escuro e o realismo nas obras de arte. Também no Renascimento, e em especial na pintura, surgiu outra inovação importante, o estilo pessoal. O artista, a partir dessa época, passou a ser conceituado como um criador individual e autônomo, alguém que criava de acordo com sua própria concepção, suas ideias e seus sentimentos. Gutemberg e a Invenção da Imprensa A História Moderna seria inconcebível sem a invenção da imprensa, pois seu uso mudou completamente a cultura ocidental e, consequentemente, a história mundial. Até 1453, o conhecimento era transmitido por meio de manuscritos medievais controlados pela Igreja e a taxa de alfabetização era insignificante. Com a invenção da imprensa, o processo de cópia foi acelerado e em poucos anos os escritos alcançaram um grande público graças à disseminação do conhecimento e à redução dos custos de produção. Havia, a partir de então, liberdade para imprimir livros sobre diversos temas e esse cenário foi se expandindo cada vez mais com o passar dos anos. Uma vez que a igreja e as monarquias absolutas perderam o poder de controle de absolutamente tudo o que era impresso, a difusão de ideias contrárias ao feudalismo e à religião estabelecida se espalhou por toda a Europa. Observe nas imagens a seguir o primeiro livro impresso por Gutemberg e o sistema de impressão e tipos móveis. Figura 22: A Bíblia de Johannes Gutenberg foi o primeiro livro impresso. Fonte: https://artsandculture.google.com/, 2021. Descrição: Página de um livro com textos impressos com tipos móveis e ornamentos florais nas bordas da página. https://artsandculture.google.com/ Competência 01 29 Figura 23: Representação da imprensa de Gutemberg e tipos móveis. Fonte: https://www.printi.com.br/blog/tipos-moveis-criacao-da-tipografia, 2021 e https://medium.com/@armandoaguinaga78/de-gutenberg-a-zuckerberg-1e2e3c15f7e4, 2021. Descrição: A figura apresenta duas fotos. A primeira com o sistema de impressão com tipos móveis, contém uma mesa com os tipos montados prontos para serem impressos no papel. A segunda mostra uma caixa com vários pedaços de aço com letras na pontas e em primeiro plano uma régua com os tipos formando uma frase. Acredito que nesse momento você já percebeu que características de um período voltam a aparecer em outros. Normalmente um estilo em vigor nega o passado mais próximo e recupera valores mais antigos... isso acontece uma e outra vez na história da arte. Após os primeiros passos do Renascimento com a recuperação dos valores clássicos no século XIV, dois séculos depois, o Maneirismo surge como resultado de um certo esgotamento entre os artistas das formas clássicas. O abandono e o afastamento definitivo da ideologia clássica fez surgir o Barroco, que na França evoluiu para o Rococó, e isso já na Idade Contemporânea. O estilo Gótico não volta a aparecer até o Romantismo do século XIX com a difusão dos estilos Neogótico e Historicista, estilos que temporalmente se localizam na Idade Contemporânea. Nessa competência foi possível observar que por meio da arte, o homem pode se manifestar e registrar a sua percepção do mundo de diferentes maneiras: seja pela linguagem visual, pela linguagem cênica, pela linguagem plástica ou ainda pela mistura de várias linguagens. Dessa maneira, as diferentes manifestações artísticas estiveram profundamente ligadas à cultura de um povo, pois ora retratavam elementos do meio natural, como nas pinturas pré- Agora que você fez esse grande passeio pela história da arte, gostaria de convidá-lo para conhecer como o Brasil foi retratado, a partir de 1637, quando o pintor Frans Post chega ao Brasil em uma comitiva de artistas e cientistas trazida pelo conde Maurício de Nassau para documentar o Novo Mundo durante seu governo no Brasil. “Frans Post o Primeiro Pintor do Brasil” será o tema da primeira vídeoaula da disciplina. https://www.printi.com.br/blog/tipos-moveis-criacao-da-tipografia https://medium.com/@armandoaguinaga78/de-gutenberg-a-zuckerberg-1e2e3c15f7e4 Competência 01 30 históricas, ora temas religiosos ou situações sociais. As manifestações artísticas revelavam também a visão do homem sobre o espaço, assim como a sua relação com o seu meio e o seu tempo. Ou seja, as obras de arte são reflexos da cultura e da história e isso foi possível observar em uma longa viagem, desde a Pré-história até a Idade Moderna. Na próxima competência será possível entender as características da Arte Moderna e Pós- Moderna observando as novas articulações que surgem entre o contexto sociocultural e o artístico. Vamos lá? 31 Competência 02 2.Competência 02 | Reconhecer as características da arte moderna e da arte pós-moderna a partir da compreensão da indústria cultural e da cultura de massa. Pronto para conhecer o que as artes modernas e pós-modernas trouxeram de novidades para o mundo? Antes de iniciar é importante entender que tanto a arte moderna quanto a pós- moderna se situam na Idade Contemporânea. Lembra da divisão cronológica vista na primeira competência? Pois bem, a Idade Contemporânea compreende o período entre o início da Revolução Francesa, com a queda da Bastilha em julho de 1789, até os dias atuais e representa principalmente o período de consolidação do capitalismo como o modo de produção e sua expansão por todo o globo terrestre entre os séculos XVIII e XXI. Agora vamos ao que mais nos interessa, as artes!!! 2.1 A Arte Moderna A arte moderna abarca um conjunto de tendências que começou a se desenvolver a partir da segunda metade do século XIX, atingindo o seu ápice na primeira metade do século XX, momento em que começou a apresentar uma série de rupturas com as tradições que vinham sendo realizadas nas linguagens artísticas. No início do século XX, na Europa, surge uma série de movimentos artísticos, também chamados de “vanguardas artísticas”. Você já ouviu falar nelas? Foi um cenário que provocou uma mudança completa na maneira em que o homem passaria fazer e a compreender a produção artística e o seu processo. Essa grande renovação artística surgiu em oposição à tradição artística ocidental, a chamada arte acadêmica, que era preferida pelas instituições oficiais. Foi um momento de intensa transformação social, resultante do processo de industrialização, das inovações tecnológicas surgidas com as duas Guerras Mundiais, da Revolução Russa e da divisão do mundo entre capitalismo e socialismo. A arte procurava acompanhar tais transformações apresentando um olhar inovador sobre a própria arte e a cultura. Observe abaixo alguns traços característicos que passaram a representar a arte moderna: 32 Competência 02 • A arte moderna é um fenômeno inicialmente europeu; • Apresenta oposição à arte acadêmica; • Mostra interesse por outras culturas, tomando-as como fonte de inspiração; • É caracterizada pela inovação constante, experimentando novos temas, materiais, técnicas e processos; • Surgem as galerias de arte; • A burguesia intelectual substitui as instituições políticas e religiosas como principal cliente, o que faz com que o papel do artista mude; • O conceito de arte é ampliado, questionando os limites e funções da arte; • O valor da obra de arte reside em si mesma, não precisa mais necessariamente transmitir mensagens de cunho políticoou religioso; • Com o surgimento da fotografia, em 1826, a imitação da natureza e a representação figurativa diminuíram gradativamente na pintura; • Na arte moderna as obras podem ter deformações deliberadas, esse fato mais do que representar a falta de técnica é consequência das escolhas estéticas do artista; • As obras de arte moderna tornam-se abstratas, o que significa que cada espectador pode ter uma interpretação diferente por se tratar de uma obra distante da representação figurativa; • A arte moderna é bastante variada como resultado de experimentação constante; • Na arte moderna existe uma grande diversidade onde a única coisa que une os diferentes estilos é o fato de não existir uma tendência geral, seja temática, técnica ou estética que os unifique; • A arte moderna costuma ser mais imaginativa. Certamente você já ouviu falar dos famosos “ismos” da arte: Expressionismo, Cubismo, Surrealismo, Futurismo, Dadaísmo, entre outros. Na verdade, todas essas correntes pertencem aos movimentos de vanguarda. Mas o que são as vanguardas e como elas transformaram a relação entre sociedade e arte? Lembre que esses estilos foram surgindo em um mundo entre guerras e crises marcados pela recessão econômica. Diante das tensões e crises globais, a arte funcionou como uma resposta 33 Competência 02 ao mundo da razão. O contexto cultural da vanguarda foi caracterizado pelo domínio do racionalismo positivista, uma doutrina que considerava que o conhecimento científico deveria ser reconhecido como o único conhecimento verdadeiro. Uma outra doutrina surge nessa época com as ideias do filósofo H. Bergson que buscava outra forma de conhecimento contrária ao positivismo. Assim, surgiu um novo paradigma trazendo uma visão espiritual do mundo que se baseava na intuição do homem, o que provocou uma nova forma de interpretar e compreender o mundo. Desse desejo de ruptura com o anterior, da nova exaltação ao inconsciente, da liberdade, da paixão, do individualismo e da intuição, nascerão as primeiras vanguardas artísticas. Os sentimentos tinham um papel principal, o artista colocava na tela a solidão, as angústias, os medos e até as inseguranças. A pintura se tornou em certo ponto agressiva e as cores não representavam mais a realidade, mas agora, as emoções do artista. Dessa forma, as vanguardas destruíram o passado, transformando-o para criar uma linguagem própria e única. Uma linguagem de grande valor estético que se alterou ao longo dos anos em inúmeros estilos e tendências, do impressionismo às abstrações que se manifestaram não só na pintura, mas em outras expressões artísticas. A grande lição das vanguardas para a sociedade contemporânea foi que a arte é uma forma legítima de expressão emocional, podendo ser também, uma forma de comunicação política e social, que persiste até hoje. 2.1.1 As Vanguardas Artísticas As vanguardas artísticas costumam ser estudadas a partir de alguns movimentos principais: o Cubismo, o Futurismo, o Dadaísmo e o Surrealismo. Esses movimentos tinham em comum a organização de grupos de artistas que publicavam manifestos para divulgar os seus projetos artísticos. Os manifestos validavam cada movimento, ao propor princípios estéticos, mantendo os artistas que o seguiam coerentes tanto em estética quanto em temática, ficou curioso? Então vem comigo conhecer alguns desses movimentos. Cubismo 34 Competência 02 O cubismo é um movimento do início do século XX caracterizado pelo uso dominante de figuras geométricas como retângulos, triângulos e, principalmente, cubos, dos quais leva o nome. Seu objetivo foi romper com a representação naturalística e captar vários planos simultaneamente na superfície de uma pintura. Convencionalmente, seu início foi estabelecido em 1907, quando Pablo Picasso apresentou pela primeira vez o quadro "As Damas de Avignon". Figura 24: As Damas de Avignon, Pablo Picasso, 1907. Fonte: https://pt.wikipedia.org/, 2021. Descrição: Pintura no formato quadrado com cinco mulheres representadas de forma geométrica. Picasso incorporou inicialmente a sua arte influências da arte africana e do pós- impressionismo, especialmente do pintor francês Paul Cézanne. Encontrou também inspiração em formas de arte exóticas, o Cubismo tentou representar a quarta dimensão por meio do hiperpoliedro, cujas ideias de espaço-tempo são inspiradas na teoria da relatividade de Albert Einstein de 1905. As suas características visuais levaram o Cubismo a ser considerado uma expressão plástica mais racional e analítica, que contrastava com outros movimentos de vanguarda inspirados na subjetividade e emoção como se verá mais adiante. O Cubismo é caracterizado principalmente pelos seguintes elementos: • Pouca perspectiva e profundidade espacial; • Utilização de figuras geométricas: cubos, cilindros etc.; https://pt.wikipedia.org/ 35 Competência 02 • Incorporação de vários ângulos no mesmo plano; • Preferência por linhas retas; • Aplicação de técnicas mistas: colagem, tipografia etc. O Cubismo se divide em duas fases: • Cubismo Analítico. É também conhecido como Cubismo hermético e foi identificado com a decomposição de formas e figuras geométricas para reorganizá-las de maneira diferente, em planos sucessivos e sobrepostos. • Cubismo Sintético. Caracterizou-se pelo uso de cores e formas que permitiram realçar a parte mais significativa da figura. Os pintores desta fase procuraram capturar figuras reconhecíveis. Eles utilizaram a técnica de colagem, que possibilitou fixar objetos reais na tela em busca de novas sensações visuais. A figura a seguir mostra exemplos desses dois estilos. Figura 25: Guitarra, George Braque, 1910 e Peras e uvas na mesa, Juan Gris, 1913 Fonte: https://artsandculture.google.com/, 2021. Descrição: A figura apresenta duas imagens. A primeira o desenho de uma guitarra fragmentada em formas geométricas em tons de azul e amarelo. A segunda apresenta a vista superior de uma mesa com tecido, prato e frutas, cortadas simulando uma colagem, tons fortes de vermelho e amarelo. Futurismo https://artsandculture.google.com/ 36 Competência 02 Em 1909 Marinetti lançou no Le Figaro um manifesto em que elogiava o triunfo da velocidade na pintura como símbolo e conquista máxima da sociedade da época. No ano seguinte foi publicado o manifesto dos pintores futuristas Boccioni, Carrá, Russolo, Balla e Severini. A pintura futurista exaltava a originalidade, mesmo violenta ou temerária, o dinamismo e a desmaterialização. A pintura futurista pode ser definida como um "cubismo dinâmico". Sua intenção é representar, com o único recurso da cor, o efeito de dinamismo produzido por um único objeto em movimento; para isso, multiplicam-se as posições de um objeto. É importante destacar a aproximação desse movimento com alguns ideais políticos. Nas eleições gerais italianas de 1908, Marinetti lançou o primeiro programa político em favor do orgulho nacional. Seu belicismo violento está consubstanciado em outro manifesto de 1913, no qual ele defende a expansão colonial, o anticlericalismo, o culto ao esporte e o heroísmo. Figura 26: Composição Futurista, Joseph Stella, 1914. Fonte: https://artsandculture.google.com/, 2021. Descrição: Pintura abstrata de formas geométricas com muitas cores no formato retangular horizontal. Espero que esteja gostando de conhecer o universo da arte. Já vimos muitas coisas até aqui, mas ainda temos muito a desbravar, nada de desanimar! Aliás vamos agora dar uma olhada no Dadaísmo que além de ser um movimento divertido é também irônico. Pronto? Dadaísmo Após a Primeira Guerra Mundial, muitos artistas expressaram o desejo de manifestar sua rejeição aos sistemas de alianças e à corrida armamentista que levou à Segunda Guerra Mundial. A https://artsandculture.google.com/37 Competência 02 rejeição da lógica cotidiana, o amor ao absurdo e o abandono às manifestações políticas são as características mais marcantes desse movimento. A guerra separou os grupos de pintores formados em Paris, Munique ou Milão. Alguns artistas refugiaram-se em Zurique, como Marcel Duchamp, Tristan Tzara, Picabia ou Hans Arp. Os artistas de Zurique insatisfeitos com o cenário político e social, foram inspirados pelo Futurismo, porém, diferente dos seus precursores italianos, havia uma rejeição à política e à guerra. Ao final do conflito, o grupo se dispersou e suas ideias se espalharam pelo mundo. Esse movimento tem em comum com as outras vanguardas artísticas o gosto pela surpresa, a polêmica, o escândalo e a experimentação e inovam pelo gosto por certa agressividade e o humor. Buscavam antes de tudo a provocação! Fabricavam objetos cujo interesse residia no seu significado polêmico, na violência de sua presença expressiva entre as obras de arte em seu sentido tradicional. Os dadaístas negaram a própria arte, artesanato ou empreendimentos artísticos. Esta atitude permitiu novos meios expressivos: a fotomontagem, a colagem, a pintura-escultura e o ready- made, objetos de uso comum que a partir de uma intervenção mínima do artista transformavam-se em obra de arte. Em Zurique destacaram-se artistas como Arp e Picabia; já em Nova York, Duchamp e em Paris, André Breton e Tristán Tzara. Observe na figura a seguir duas obras de arte dadaístas de Marcel Duchamp que representam a ideia do ready-made. Figura 27: Marcel Duchamp ao lado da obra Roda de Bicicleta e à direita, a obra Fonte. Fonte: https://www.todamateria.com.br/dadaismo/, 2021 Descrição: A figura apresenta duas fotos. A primeira com um homem, o artista, sentado ao lado da obra de arte Roda de Bicicleta, representada por um banco com uma roda de bicicleta encima. A segunda apresenta a fotografia da obra https://www.todamateria.com.br/dadaismo/ 38 Competência 02 Fonte representada por um mictório. Surrealismo A palavra surrealista foi usada pela primeira vez por Apollinaire em 1917. Posteriormente, tornou-se um termo frequentemente usado por André Breton e colaboradores da revista Literature. No início, era uma questão fundamentalmente literária, como o Futurismo. Posteriormente outras linguagens artísticas tomaram o mesmo rumo. Uma exposição realizada em 1925 na Galeria Pierre marcou o início da apresentação da pintura surrealista com artistas como Girgio de Chirico, Miró, Pablo Picasso e também Dalí e Magritte. No manifesto surrealista de 1924, André Breton, líder do movimento, explicava que o Surrealismo é um puro automatismo psíquico pelo qual se tenta expressar, verbalmente ou de qualquer outra forma, o funcionamento real do pensamento na ausência de qualquer controle exercido pela razão independentemente de qualquer preocupação ou moral. O Surrealismo propõe uma teoria do inconsciente e do irracional como meio de mudar a vida, a sociedade, a arte e o homem, tendo como base teórica a interpretação dos sonhos de Freud. Não é um movimento com unidade de estilo, mas sim uma série de investigações realizadas por artistas de maneira individual, cada um com seu próprio estilo. Chagall e De Chirico são considerados precursores do surrealismo e a partir deles se estabeleceram duas tendências: o Surrealismo Figurativo, que usa as convenções da perspectiva renascentista para mostrar cenas surpreendentes, observadas por exemplo nas obras de Salvador Dalí e René Magritte e o Surrealismo Abstrato, onde os artistas inventavam universos figurativos pessoais, podendo ser observado nas obras de Joan Miró. Veja na figura a seguir duas obras representantes do Surrealismo Figurativo e Abstrato, respectivamente. 39 Competência 02 Figura 28: A persistência da Memória, Salvador Dali, 1931 e A força da matéria, Joan Miró. Fonte: https://www.infoescola.com/biografias/salvador-dali/, 2021 e https://www.milanoguida.com/, 2021. Descrição: A figura apresenta duas pinturas. A primeira com um cenário de deserto com vários relógios derretidos. A segunda é uma imagem abstrata com curvas, apresenta contorno preto com pequenas áreas coloridas com amarelo, vermelho e azul. 2.2 Indústria Cultural, Cultura de Massas e as Novas Ideias Artísticas Sabe aquele filme maravilho que a gente não esquece, aquela musiquinha que não sai da nossa cabeça? Pois saiba que são fruto da indústria cultural. Vamos conhecer esses novos conceitos? A cultura de massa é constituída por um conjunto de objetos, bens ou serviços culturais, produzidos pelas indústrias culturais e que se destinam a um público diversificado. Essa cultura foi sendo construída através dos meios de comunicação de massa, a partir do século XIX, como o jornal e a revista, o rádio, o cinema, a televisão e segue até os dias de hoje com a Internet, e que juntos formam as indústrias culturais. Estas por sua vez ajudaram a consolidar a cultura de massa, em uma sociedade que é constituída por indivíduos alinhados com o capitalismo, onde a burguesia tem o poder de introduzir produtos e ideologias na sociedade e, assim, restringir a liberdade de expressão de uma sociedade altamente voltada para o consumismo. Depois de conhecer algumas das vanguardas europeias, imagino que você pode está se perguntando como o movimento Modernista chegou e se desenvolveu no Brasil. Na videoaula da segunda competência vamos entender tudo isso e ainda conhecer alguns dos principais nomes desse movimento. Está pronto para essa aventura? https://www.infoescola.com/biografias/salvador-dali/ https://www.milanoguida.com/ 40 Competência 02 Três pilares fundamentais desta cultura são: uma cultura comercial, uma sociedade de consumo e uma instituição publicitária. Um dos principais movimentos artísticos que vai falar sobre a cultura de massas é o Pop Art, já que um dos seus principais artistas, Andy Warhol, destacou na sua obra a cultura de massas e do consumismo, fato que dado ao cenário social, do momento, contribuiu para o surgimento da arte pós-moderna. 2.3 A Arte Pós-Moderna Antes de iniciar o nosso passeio pela arte pós-moderna, vou logo avisando... ela costuma provocar grandes discursões, será que você pode imaginar a razão? Entre outras coisas ela trouxe uma maneira muito diferente de entender e fazer a arte, mas vamos por parte que fica fácil entender. Considera-se arte pós-moderna o conjunto de manifestações artísticas produzida no mundo a partir da segunda metade do século XX até os dias de hoje. Além disso, o uso do termo pós- modernidade nasceu como uma reação ao extremo racionalismo da modernidade. O pensamento pós-moderno é caracterizado pelo desencanto e apatia pelo fracasso da modernidade como uma corrente renovadora de pensamento e expressão na sociedade contemporânea. Recorde que o cenário anterior a toda essa nova revolução foi marcado pela Segunda Guerra Mundial que trouxe grandes transformações para o mundo. A partir dela, ocorreram a expansão do capitalismo, o desenvolvimento da globalização, o surgimento de uma sociedade de consumo, o desenvolvimento tecnológico e a expansão dos meios de comunicação de massa. Foi também um período que consolidou a hegemonia econômica e cultural dos Estados Unidos, transferindo o eixo das artes de Paris para Nova Iorque, nesse sentido, temos como marco nas artes o Expressionismo Abstrato do pintor norte-americano Jackson Pollock. A arte pós-moderna reúne um grande número de estilos vinculados a formas inovadoras de expressão. A arte se aproxima da realidade e provoca discussões e reflexões sobre a sociedade e sobre si mesma. Além disso, hoje se propõe ao rompimento com as ideias tradicionais de arte. Isso resulta em um tipo de expressão em que importa mais a ideia e o processo artístico, do que o objeto ou a imagemfinal. A relação do espectador com a obra também se altera. 41 Competência 02 Muitas vezes o observador se torna participante ativo da obra. É o que ocorre, por exemplo, em instalações e performances, que passam a fazer parte da linguagem da arte contemporânea. Uma grande influência da arte pós-moderna são os movimentos de vanguarda europeia da primeira metade do século XX, já que romperam com a estética clássica das artes, porém com uma estética atual. Refletem agora a complexidade gerada com a revolução da informação e o surgimento da tecnologia digital, utilizando objetos e imagens da cultura popular juntamente com obras clássicas. Observe na figura a seguir como o artista Banksy da uma nova roupagem a Monalisa de Leonardo Da Vinci. Figura 29: Monalisa, de Banksy. Fonte: https://www.correio24horas.com.br/, 2021. Descrição: Imagem da icônica Monalisa de Leonardo da Vinci retratada em um mural, empunhando um lançador de foguetes, realizado com a técnica do estêncil. Em meio às discussões sobre o papel da arte, iniciado no século XX, o Pop Art surge como um dos movimentos que rompem com conceitos pré-estabelecidos. Andy Warhol utilizou objetos e a linguagens típica da publicidade, assim como os próprios produtos de consumo e os transformou em arte. Veja na figura a seguir como a obra “Caixas de Brillo” foi utilizada e colocada em uma exposição, o artista buscava discutir a questão da arte enquanto mercadoria e o próprio conceito de arte. https://www.correio24horas.com.br/ 42 Competência 02 Figura 30: Caixas de Brillo, Andy Warhol, 1964. Fonte: https://www.thereviewerreport.com/post/brillo-box-uma-ruptura-na-hist%C3%B3ria-da-arte, 2021. Descrição: Em uma sala várias caixas de sabão em pó colocadas uma sobre a outra. A arte pós-moderna explora tanto a pluralidade de estilos quanto as mais variadas formas de expressão. Ela expandiu o campo da arte para além da pintura e da escultura. Assim, surgiram, por exemplo: instalações, vídeoarte, assemblage (colagens com objetos em três dimensões), performance, body art, arte digital, entre outros. Veja agora as principais vertentes da arte pós-moderna e as suas características centrais: Pop Art A Pop Art surgiu como um movimento no final da década de 1950 na Inglaterra e nos Estados Unidos, na década de 1960. Seu nome deriva da expressão "arte popular". Foi uma reação contra o expressionismo abstrato, acusado de ser intelectual. Foi influenciado pelo Dadaísmo. Usou as técnicas para reproduzir figuras emblemáticas da sociedade, bem como objetos industriais, cartazes, embalagens, quadrinhos, sinais de trânsito e outros objetos. Alguns de seus artistas mais conhecidos foram Roy Lichtenstein e Andy Warhol. Curiosa essa nova forma de explorar e compreender a arte, certo? Para aumentar a sua compreensão sobre a arte pós-moderna, sugiro que dê uma passada pelo fórum aberto para a segunda competência e participe da pesquisa proposta sobre a arte pós-moderna brasileira. Vamos? https://www.thereviewerreport.com/post/brillo-box-uma-ruptura-na-hist%C3%B3ria-da-arte 43 Competência 02 A intervenção da Pop Art consistiu em tirar imagens ou objetos populares de seu contexto usual para isolá-los ou combiná-los com outros elementos, para destacar ou iluminar algum aspecto banal ou kitsch, ou para destacar algum sentido ou traço cultural específico para isso usou materiais industriais, cartazes, publicidade, bens de consumo, ilustrações de revistas, móveis em série, vestidos, latas de conservas, garrafas de refrigerante etc. Nesse sentido, a Pop Art também poderia ser considerada um sintoma da sociedade da época, caracterizada pelo consumismo, pelo materialismo, pelo culto à imagem e à moda. A ironia e a sátira de suas intervenções artísticas foram utilizadas como instrumento de crítica e questionamento aos valores e ideias enraizados na sociedade de consumo. A Pop Art costuma ser colocada na fronteira entre o fim da arte moderna e o início da arte pós-moderna. Nesse sentido, alguns a consideram uma manifestação artística tardia da modernidade, enquanto outros a veem como uma das primeiras expressões da pós-modernidade na arte. Minimalismo O Minimalismo surgiu nos Estados Unidos na década de 1960 e se caracteriza pelo uso de elementos básicos, economia de recursos em suas composições, simplicidade cromática, geometria retilínea e linguagem simples. O principal lema da arte minimalista "menos é mais" foi cunhado pelo arquiteto Ludwig Mies van der Rohe. O estilo surge como uma reação contra a saturação de objetos e informações da cultura popular, sobretudo do movimento Pop Art. O conceito minimalista implica o uso da austeridade nos materiais e na composição, assim como a ausência de ornamentos desnecessários. Busca dessa maneira, reduzir os objetos, as formas e elementos sobre os quais se trabalha à sua expressão mais essencial, trazendo uma maior expressividade com o mínimo de recursos. O Minimalismo também foi influenciado por tradições como a japonesa, que tendem a enfatizar a simplicidade da beleza natural dos objetos e a economia de recursos. Veja na imagem a seguir uma escultura com características minimalistas. 44 Competência 02 Figura 31: Walking ball, Ruth Vollmer, 1959. Fonte: http://www.artnet.com/, 2021. Descrição: Escultura em bronze que simula uma bola com vários prolongamentos. Op Art ou Arte Ótica Op Art foi um termo utilizado pela primeira vez em 1964 pela revista Time para se referir a uma forma de arte abstrata que se baseia na ilusão de ótica que cria sensações de movimento ou vibração a partir de desenhos geométricos. Inicialmente os trabalhos da Op Art eram produzidos em preto e branco, e posteriormente em cores vibrantes. Quando visualizadas, as imagens Op Art podem fazer com que o olho detecte uma sensação de movimento, alargamento, empenamento, tremulação, vibração na superfície da pintura. Os padrões de formas e cores usados nessas imagens são geralmente selecionados por suas qualidades ilusórias, ao invés de seu conteúdo figurativo ou emocional. Além disso, os artistas óticos usam espaços positivos e negativos para criar as ilusões desejadas, observe como você se sente diante das imagens a seguir. http://www.artnet.com/ 45 Competência 02 Figura 32: Temple of Deep Crimson, Richard Anuszkiewicz, 1985. Quadrados em Movimento, Bridget Riley, 1961. Fonte: https://artsandculture.google.com/, 2021. Descrição: A figura apresenta duas pinturas. A primeira com três linhas verticais na cor vermelha em fundo degradê do cinza para o laranja, quadro vertical com borda verde. A segunda é uma imagem é uma pintura horizontal com quadrados pretos e brancos intercalados que se achatam verticalmente na parte mais a direita do quadro. Arte Cinética A Arte Cinética surgiu em Paris, na década de 1950 e se caracteriza por explorar o movimento, principalmente nas esculturas. Está ligada à Op Art por explorar também a ilusão de ótica na busca pelo movimento. O seu lançamento oficial ocorreu durante à exposição "O movimento" na galeria Denise René em Paris em 1955. Nessa exposição, Vasarely publicou o Manifesto Amarelo, através do qual definiu os fundamentos da Arte Cinética onde o movimento foi apresentado como o elemento plástico dominante em uma obra. Entre os pioneiros da Arte Cinética estavam o americano Alexander Calder que alcançou fama mundial com suas esculturas móveis suspensas, medindo entre quatro e cinco metros de altura. Observe na figura a seguir uma das obras emblemáticas de Calder. Figura 33: Móbile vermelho, Alexander Calder, 1961. https://artsandculture.google.com/ 46 Competência 02 Fonte: https://artsandculture.google.com/, 2021. Descrição: Móbile na cor vermelha com pequenos pedaços