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Sociologia - Resenha critíca - Desprovincializando a sociologia

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
FACULDADE DE DIREITO DO RECIFE
CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO
RAFAEL ARRUDA ARRAES DE ALENCAR
RESENHA CRÍTICA
Desprovincializando a sociologia: a contribuição pós-colonial.
RECIFE
2018
RESUMO
Neste texto, Costa busca relacionar os estudos pós-coloniais à formação das ciências sociais e principalmente à formação da Sociologia. No entanto, a maior parte da crítica presente no texto, a qual será abordada posteriormente, se destina à teoria da modernização. Sérgio Costa divide o texto em algumas partes, começando pela relação entre as ciências sociais e seus binarismos, na qual menciona o “manifesto de fundação” do pós-colonialismo, segundo Conrad e Randeria (2002, p. 22 apud COSTA, 2006, p. 118) sendo esse manifesto o livro clássico “Orientalism” do crítico literário palestino Edward Said (1978). Após isso, Sérgio tenta mostrar as alternativas epistemológicas pós-coloniais, dando início, nessa parte, à quebra de tais binarismos presentes nas ciências sociais. Uma dessas alternativas seria o lugar híbrido, já que, ao longo do texto, Costa alega que esses binarismos não necessariamente são opostos, podendo se complementar não só histórica como também semanticamente, formando, assim, um lugar híbrido. Ao falar sobre essa forma híbrida, Costa afirma que há duas maneiras de uso, sendo “o primeiro descontrutivista: ao revelar o traço híbrido de toda construção cultural, busca-se desmontar a possibilidade de um lugar de enunciação homogêneo” (COSTA, 2006, p. 123). O texto se conclui com uma ambivalência da (im)possibilidades de uma sociologia pós-colonial, já que, do mesmo jeito que a sociologia é atingida em seu calcanhar de Aquiles pelos estudos pós-coloniais, esses mesmos estudos contribuem para o reencontro do vigor criativo das ciências sociais. 
Palavras-chave: Pós-coloniais; hibridez; homogeneidade; sociologia; epistemológica.
INTRODUÇÃO
Em meados do início do século XXI, Sérgio Costa, publicou “Desprovincializando a Sociologia – A contribuição pós-colonial”. Neste escrito, Costa versa, desde o princípio, que a relação colonial é fruto da cultura presente nos países europeus. Vale deixar claro, portanto, que quando o autor fala em “pós-colonialismo”, se refere às situações de opressões diversas, definidas a partir de fronteiras de gênero, étnicas ou raciais, e que o “pós”, na expressão supramencionada, não indica necessariamente, mas não se restringindo, ao sentindo cronológico linear, mas sim uma operação de reconfiguração do campo discursivo, no qual as relações hierárquicas ganham significado, segundo Hall (1997a apud COSTA, 2006, p. 118). O autor do texto a ser resenhado faz alusões entre o pós-colonialismo e pelo menos três correntes contemporâneas: sendo a primeira o pós-estruturalismo, que seria a teoria da desconstrução na análise literária, liberando o texto para uma pluralidade de sentidos, sendo a realidade uma construção subjetiva. A segunda relação se daria com a corrente pós-moderna, conforme a abordagem que se tome. Como última referência, Costa cita a alusão aos estudos culturais, principalmente em sua versão britânica desenvolvida especialmente no Birmingham University´s Centre for Contemporany Studies, haja vista sua semelhança com os estudos pós-coloniais, e sua diferença se dando apenas numa ótica cronológica. 
DESENVOLVIMENTO 
Após essa divisão tripartida, Sergio Costa continua seu ensaio ao abordar a relação entre as ciências sociais e seus binarismos, ao começar citando a obra “Orientalism”, como já detalhada sua importância para os estudos pós-coloniais na introdução, pode-se adicionar que esse livro clássico mostra o binarismo, já presente nas ciências sociais desde tempos pré-coloniais, através de um aspecto raramente visto antes, ao contornar uma perspectiva que começara a ser delineada nos esforços pioneiros desenvolvidos pelo psiquiatra de Martinica Frantz Fanon (1965 [1952]), quando buscou descrever o mundo moderno visto pela perspectiva do negro e do colonizado. No entanto, Stuart Hall (1996a apud COSTA,2006, p. 118), teórico cultural e sociólogo jamaicano, busca generalizar o caso do orientalismo, mostrando que a polaridade entre o Ocidente e o resto do mundo (West/Rest) encontra-se na base de constituição das ciências sociais. Logo, Costa ressalta que “Não cabe, por isso, discutir o teor de verdade dos discursos, mas o contexto no qual eles são produzidos [...]” (COSTA, 2006, p.119) e através do texto, percebe-se que, essas distinções, assim formadas, servem para pensar e analisar a realidade, contribuindo, dessa maneira, não só para a crítica das ciências sociais e da sociologia, como também para seu desenvolvimento. Tal assertiva pode ser corroborada quando o autor fala: “Outros aspectos levantados pelos estudos pós-coloniais não desestabilizam, necessariamente, as ciências sociais, podendo mesmo enriquecê-las.” (COSTA, 2006, p. 118)
E desse jeito, de maneira diversa, sociólogos analisam e pensam sobre as sociedades definidas como não ocidentais e as comparam com as sociedades europeias, que são tomadas como padrão. Para exemplificação desse contexto, Sérgio Costa fala da teoria do modo produção asiático, do sociólogo alemão Karl Marx. 
Após versar sobre os binarismos e os relacionar com os estudos pós-coloniais, Costa apresenta alternativas epistemológicas aos estudos pós-coloniais, no entanto, após o ensaio (SPIVAK, 1988), desfez-se a expectativa de que uma perspectiva epistemológica nova surgiria, dando -se voz ao (pós)-colonizado. E assim, a autora mostra que é ilusória a referência a um sujeito subalterno que pudesse falar. O que ela constata, é uma heterogeneidade de subalternos, os quais não são possuidores de uma consciência autêntica pré ou pós-colonial. O que vai de encontro com a teoria de hibridez, que será tratada posteriormente, a qual faz um ataque à ideia de que exista um lugar homogêneo, de arbitraria hierarquização. Infere-se, portanto, segundo Costa, que “o pós-colonialismo deve promover precisamente a desconstrução desses essencialismos, diluindo as fronteiras culturais legadas tanto pelo colonialismo como pelas lutas anticoloniais.” (COSTA, 2006, p. 121)
Logo, isso implica “descontruir a história hegemônica da modernidade, evidenciando as relações materiais e simbólicas entre o “Ocidente” e o “resto” do mundo, mostrando que tais termos correspondem a construções mentais sem correspondência empírica imediata” -(COSTA,2006, p.121). O que pode se relacionar com um dos métodos de pesquisa propostos por Durkheim no ensaio “As regras do método sociológico”, no qual ele fala que um importante passo para uma pesquisa de sucesso é o descarte de prenoções. Tal método ainda pode ser associado com a teoria de Descartes, segundo a qual deve se por em dúvida todas as ideias recebidas anteriormente, para que possa ser empregado conceitos apenas cientificamente elaborados.
Além disso, outra alternativa epistemológica que pode ser apresentada, é a teoria do lugar híbrido, a qual busca achar um lugar de enunciação fora da teoria essencialista e, assim, transpor as fronteiras culturais traçadas pelo pensamento colonial. Por conseguinte, seu interesse está voltado para lugares que não contenham os binarismos, mas sim fiquem entre o meio, entre as divisões, no entremeio das fronteiras que definem qualquer identidade coletiva. Nesse contexto, apresenta-se o conceito de diferença, que não teria o sentido de herança biológica ou cultural, mas sim um fluxo de representações.
Voltando para a teoria da hibridez, Bhabha evita a remissão à ideia de um sujeito que seja definido pelo vínculo a um lugar na estrutura social ou que seja caracterizado pela defesa de um conjunto determinado de ideias. E dessa maneira nega o traço intencional, mostrando que o fenômeno da hibridação independe da vontade do sujeito (Apud, COSTA, 2006, p. 123).
Ainda prolongando essa conjuntura, Nedervenn Pieterse (1995, 2003 apud COSTA, 2006, p. 124). O autor considera que asanálises correntes nesse campo de estudo do termo hibridismo buscam, em geral, associar globalização e modernidade e acabam se tornando um anexo da teoria da modernização, traduzindo a globalização como uma ocidentalização do mundo (westernization).
E é nesse ponto que se dá a primeira crítica à teoria da modernização, quando a relaciona com os estudos pós-coloniais e homogeneizando o conceito de globalização. O que em si é ambíguo, já que globalização tende a se relacionar com toda parte do globo, e não só o West, que seria o Oeste, Ocidente. 
CONCLUSÃO
Por fim, Costa conclui seu ensaio discorrendo sobre a ambiguidade do produto gerado pela relação dos estudos pós-coloniais com as ciências sociais. De um lado, mostra que os estudos pós-coloniais alvejam o calcanhar de Aquiles da sociologia, e do outro lado da moeda, podem trazer novos impulsos que os estudos pós-coloniais podem trazer para sociologia. Alega que a sociologia é, sem dúvida, vulnerável à crítica pós-colonial. Mas acredita que o alvo particular dessa crítica não é a sociologia como um todo, mas sim um ramo particular dessa disciplina – a macrossociologia da modernização. Não só isso, mas afirma que a discussão sobre a crítica pós-colonial é projetada em torno da teoria da modernização. Além do mais, defende a importância da retomada da contribuição pós-colonial para a discussão entre sujeito e diferença. E finaliza, ademais, reiterando que a contribuição dos estudos pós-coloniais ajuda as ciências sociais a, finalmente, reencontrar seu vigor criativo. 
REFERÊNCIAS
 
 COSTA, Sérgio. Desprovincializando a sociologia: a contribuição pós-colonial. Rev. bras. Ci. Soc., São Paulo, v. 21, n. 60, p. 117-134, Feb. 2006.
DURKHEIM, E. As regras do método sociológico. São Paulo: Editora Martins
Fontes, 2007.
FERREIRA, Rui Fonseca. Teoria da Modernização . 2002. Disponível em: <https://ruifonsecaferreira.wordpress.com/2002/06/14/teorias-de-modernizacao/>. Acesso em: 01 out. 2018.
DE GENÊRO, Ensaios. Arquivo da tag: pós-estruturalismo . 29/08/2012. Disponível em: <https://ensaiosdegenero.wordpress.com/tag/pos-estruturalismo/>. Acesso em: 02 out. 2018.

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