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Semiologia Neurológica: aula 2 AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO MOTORA EQUILÍBRIO DINÂMICO A habilidade para ficar de pé e andar de uma forma bem coordenada e sem esforço exige a integridade de todo o sistema nervoso. A instabilidade da marcha é um sintoma comum: ● Quando está associada a queixas de tontura ou vertigem, a causa provável é a doença do labirinto, do nervo vestibular, do tronco cerebral ou do cerebelo. ● Quando não estão associadas à tontura e a instabilidade parece estar fora de proporção aos outros sintomas do é provável um distúrbio difuso da sensibilidade ou da função motora. Disbasia: qualquer alteração na marcha, pode ser uni ou bilateral Abasia: marcha impedida por comprometimento do equilíbrio. MARCHA HELICÓPODE, CEIFANTE OU HEMIPLÉGICA: o paciente mantém o membro superior fletido em 90° no cotovelo e em adução, e a mão fechada em leve pronação. ● O membro inferior do mesmo lado é espástico, e o joelho não flexiona. ● A perna tem de se arrastar pelo chão, descrevendo um semicírculo quando o paciente troca o passo. Ocorre em pacientes com hemiplegia espástica, cuja causa mais comum é AVC MARCHA ANSERINA OU DO PATO: paciente acentua a lordose lombar e vai inclinando o tronco de um lado para outro, lembrando o andar de um pato. ● É encontrada em doenças musculares e traduz diminuição da força dos músculos pélvicos e das coxas. Fisiológica → gravidez MARCHA PARKINSONIANA: o doente anda enrijecido, sem o movimento automático dos braços. Vira-se de modo rígido: “como um bloco” ● Demoram a começar a caminhar ● Postura e cabeça inclinada para a frente ● Passos são curtos e rápidos Ocorre nos portadores da doença de Parkinson. MARCHA CEREBELAR, ATÁXICA OU DO ÉBRIO: andar cambaleante com passos imprecisos e desequilíbrio, é acompanhada por balanços incoordenados do tronco. ● Lesão cerebelar MARCHA TABÉTICA: paciente caminha olhando para o chão; levanta os membros inferiores de forma abrupta e toca o solo de modo bem pesado, por perder a noção de proximidade do chão em relação aos pés . ● Com os olhos fechados, a marcha piora, ou se torna impossível. ● Indica perda da sensibilidade proprioceptiva por lesão do cordão posterior da medula → neurosífilis MARCHA DE PEQUENOS PASSOS: passos muito curtos (cada passada não ultrapassa o outro pé) e arrastados ● Aparece na paralisia pseudobulbar e na atrofia cortical degenerativa MARCHA VESTIBULAR OU EM ESTRELA: paciente apresenta lateropulsão: é como se fosse empurrado para o lado ao tentar mover- se em linha reta. ● Ao solicitar que, com olhos fechados, ande para frente e volte de costas, descreve uma figura semelhante a uma estrela ● Indicativo de lesão vestibular MARCHA ESCARVANTE: ao tentar caminhar, toca com a ponta do pé no solo (pé caído) e tropeça. Para evitar isso, levanta o joelho. Neuropatias periféricas - paralisia do movimento de flexão dorsal do pé → Nervo fibular MARCHA CLAUDICANTE: ao caminhar, o paciente manca em um dos lados. ● Ocorre na insuficiência arterial periférica, em lesões do aparelho locomotor e na estenose do canal vertebral lombar. MARCHA EM TESOURA OU ESPÁSTICA: os membros inferiores enrijecidos (e espásticos) e semifletidos, os pés se arrastam e as pernas se cruzam uma na frente da outra quando o paciente tenta caminhar ● Lembra uma tesoura em funcionamento. ● Frequente nas manifestações espásticas da paralisia cerebral ou a doença da medula espinal, causando espasticidade bilateral dos membros inferiores. → lesões osteomusculares, encurtamento de mm. do quadril EQUILÍBRIO ESTÁTICO PROVA DE ROMBERG: o paciente deve ficar de pé com os pés juntos e os olhos abertos e, depois, fechar os olhos durante 30 a 60 segundos sem suporte. ● Prova negativa: no indivíduo normal, nada se observa, ou apenas ligeiras oscilações do corpo são notadas ● Prova positiva: em algumas alterações neurológicas, ao fechar os olhos, o paciente apresenta oscilações do corpo, com desequilíbrio e tendência à queda A tendência para a queda pode ser: 1. Para qualquer lado e imediatamente após interromper a visão → lesão das vias de sensibilidade proprioceptiva consciente; 2. Para o mesmo lado, após pequeno período de latência → lesão do aparelho vestibular Em algumas ocasiões, sobretudo nas lesões cerebelares, ocorre: ● Astasia: paciente não consegue permanecer em pé, mesmo que com os olhos abertos. ● Distasia: fica em pé com dificuldade Alargam sua base de sustentação pelo afastamento dos pés para compensar a falta de equilíbrio. A prova de Romberg é negativa. COORDENAÇÃO O movimento muscular integra quatro áreas funcionais do sistema nervoso: 1. o sistema motor (necessário para a força muscular), 2. o sistema cerebelar (para os movimentos rítmicos e postura constante), 3. o sistema vestibular (para o equilíbrio e coordenação dos movimentos dos olhos, da cabeça e do corpo), 4. o sistema sensorial (responsável pela propriocepção). A coordenação depende principalmente do sistema cerebelar (centro coordenador) e sistema sensorial (envia informações para o cerebelo) Ataxia: perda de coordenação - tipos cerebelar, sensorial ou mista Lesões da sensibilidade proprioceptiva: o paciente utiliza a visão para fiscalizar os movimentos incoordenados. ● Com olhos fechados, acentua-se a ataxia. ● Isso não ocorre nas lesões cerebelares. TESTE INDICADOR-NARIZ Com o membro superior estendido lateralmente, o paciente é solicitado a tocar a ponta do nariz com o indicador. ● Repete-se a prova algumas vezes: primeiro, com os olhos abertos e, depois, fechados. ● O paciente deve estar de preferência de pé ou sentado TESTE CALCANHAR JOELHO: paciente em decúbito dorsal, o examinador deve pedir para que coloque o calcanhar do membro a ser examinado no joelho do outro membro. ● O teste deve ser feito repetidas vezes, com olhos fechados e abertos, e bilateralmente. Dismetria: incapacidade de acertar o alvo com precisão PROVA CALCANHAR JOELHO Na posição de decúbito dorsal, o paciente é solicitado a tocar o joelho oposto com o calcanhar do membro a ser examinado. ● A prova deve ser realizada várias vezes, de início com os olhos abertos; depois, fechados. ● Nos casos de discutível alteração, “sensibiliza -se” a prova mediante o deslizamento do calcanhar pela crista tibial, após tocar o joelho. PROVA DOS MOVIMENTOS ALTERNADOS Determina -se ao paciente que realize movimentos rápidos e alternados, tais como: abrir e fechar a mão, movimento de supinação e pronação, extensão e flexão dos pés. ● Eudiadococinesia: capacidade de realizar esses movimentos ● Disdiadococinesia: dificuldade de realizar esses movimentos ● Adiadococinesia: incapacidade de fazer esses movimentos FORÇA MUSCULAR A resistência normal varia amplamente, portanto, o padrão de normalidade deve levar em conta fatores como idade, sexo e treinamento muscular. ● O lado dominante do paciente costuma ser um pouco mais forte do que o lado não dominante, embora possa ser difícil detectar diferenças. O paciente procura fazer certos movimentos só com oposição aplicada pelo examinador. ● abrir e fechar a mão, ● estender e fletir o antebraço, ● abduzir e elevar o braço, ● fletir a coxa, ● fletir e estender a perna e o pé. Durante a execução desses movimentos, é importante observar se eles são realizados em toda a sua amplitude. Não o sendo, cumpre avaliar o grau e a sede da limitação. ● Não havendo indícios de doença que justifique exame particularizado de determinados segmentos, esse exame é realizado rotineiramente de modo global O resultado do exame da força pode ser registrado: Anotando se a graduação e a sede, assim: ● Força normal nos quatro membros ● Força discretamente diminuída na extensão do antebraço direito ● Força moderadamente diminuída na flexão da perna esquerda ● Força muito reduzida na extensão do pé direito ● Força abolida na flexão da coxa esquerda Pelo grau de força: ● Grau V: força normal ● Grau IV: movimento completo contra a força da gravidade e contra certaresistência aplicada pelo examinador ● Grau III: movimento contra a força da gravidade ● Grau II: movimento completo sem a força da gravidade ● Grau I: discreta contração muscular ● Grau 0: nenhum movimento. Pode-se fazer diferenciações adicionais e colocar sinais de + ou – para diferenciar a extremidade mais forte dessa escala. Assim sendo, 4+ indica força muscular boa, mas não plena, enquanto 5 – significa fraqueza. Exemplos: moderada limitação da amplitude do movimento de elevação do braço esquerdo, acentuada redução da amplitude do movimento de extensão do pé direito, e assim por diante. Provas deficitárias Nos casos de discreta ou duvidosa deficiência motora dos membros, realizam- se as denominadas provas deficitárias, representadas pelas provas de: MANOBRA DE MINGAZZINI: Paciente em decúbito dorsal com coxas levantadas perpendicularmente ao quadril. Pernas estendidas e perpendiculares às coxas. Pés estendidos verticalmente. Deve manter essa posição por 2 minutos enquanto está de olhos fechados. MANOBRA DE BARRÉ: Paciente em decúbito ventral com pernas fletidas e perpendiculares às coxas. Pés na horizontal. Deve manter essa posição por 2 minutos enquanto está de olhos fechados. BRAÇOS ESTENDIDOS: paciente com braços estendidos (perpendiculares ao corpo), mãos estendidas e dedos abertos. Deve manter essa posição por alguns segundos enquanto está de olhos fechados. TÔNUS MUSCULAR É o estado de tensão constante a que estão submetidos os músculos, tanto em repouso (tônus de postura), como em movimento (tônus de ação). Para avaliá-lo é necessário que o paciente esteja deitado e relaxado. ➤ INSPEÇÃO: Observa-se se há achatamento das massas musculares em contato com o leito. É mais evidente nas coxas e só tem valor significativo na acentuada diminuição do tônus. ➤ PALPAÇÃO DAS MASSAS MUSCULARES: verifica-se o grau de consistência muscular, ● Aumentada nas lesões motoras centrais e diminuída nas periféricas. ➤ MOVIMENTOS PASSIVOS: executam-se movimentos naturais de flexão e extensão nos membros e observam-se: ● Passividade: se há resistência (tônus aumentado) ou se a passividade está menor que o normal (tônus diminuído) ● Extensibilidade: se existe ou não exagero no grau de extensibilidade da fibra muscular. Ex: flexão da perna sobre a coxa, fala-se em diminuição do tônus quando o calcanhar toca a região glútea de modo fácil. ➤ BALANÇO PASSIVO: o examinador segura e balança o antebraço do paciente, observando se a mão movimenta de forma normal, exagerada (na hipotonia) ou diminuída (na hipertonia). ● Pode ser observado também, segurando a perna e observando o balanço dos pés. ➤ ACHADOS Hipotonia ● Diminuição do tônus muscular ou flacidez ● Achatamento das massas musculares ● Consistência muscular diminuída ● Passividade e extensibilidade aumentadas ● Teste do balanço passivo com movimentos exagerados É encontrada nas lesões do cerebelo, no coma profundo, no estado de choque do SNC, nas lesões das vias da sensibilidade proprioceptiva consciente, das partes anteriores da medula e dos nervos. Hipertonia ● Aumento do tônus muscular ● Consistência muscular aumentada ● Passividade e extensibilidade diminuídas ● Teste do balanço passivo com movimentos diminuídos A hipertonia está presente nas lesões das vias motoras piramidal e extrapiramidal. 1. Hipertonia piramidal ou espasticidade ■ É eletiva: músculos extensores dos MMII e os flexores dos MMSS são os principais afetados - determinam a postura de Wernicke-Mann ■ É elástica: ao realizar o movimento passivo de extensão no antebraço, por exemplo, ele tende a retornar à posição inicial. ■ Observada na hemiplegia e na ELA SINAL DO CANIVETE: resistência aumentada no início do movimento e uma redução ao final, pela facilidade advinda da estimulação dos órgãos neurotendíneos. ● Encontrado na hipertonia piramidal ● Por lesões do neurônio motor superior ou do trato corticoespinal. A causa mais comum é o AVE 2. Hipertonia extrapiramidal ou rigidez ■ Não é eletiva, acomete a musculatura agonista, sinergista e antagonista; ■ É plástica: resistência à movimentação passiva - sinal da roda denteada ■ Encontrada no parkinsonismo SINAL DA RODA DENTEADA: se caracteriza por interrupções sucessivas do movimento, lembrando os dentes de uma cremalheira em ação. ● Hipertonia extrapiramidal - lesões do núcleos da base. ● Causa mais comum é o parkinsonismo REFLEXOS O reflexo trata-se de uma resposta do organismo a um estímulo de qualquer natureza. A reação pode ser motora ou secretora, dependendo da modalidade do estímulo e do órgão estimulado. O arco reflexo dos reflexos motores é constituído pelos seguintes elementos: ● Via aferente: receptor e fibras sensoriais do nervo. ● Centro reflexógeno: substância cinzenta do sistema nervoso ● Via eferente: fibras motoras do nervo. ● Órgão efetor: músculo. REFLEXOS EXTEROCEPTIVOS OU SUPERFICIAIS Nesses reflexos, o estímulo é feito na pele ou na mucosa externa, por meio de um estilete rombo. ➤ REFLEXO CUTÂNEO-PLANTAR Paciente em decúbito dorsal, com os membros inferiores estendidos, o examinador estimula superficialmente a região plantar, próximo à borda lateral e desliza no sentido posteroanterior, fazendo um leve semicírculo na parte mais anterior: ● A resposta normal é representada pela flexão dos dedos. ● A abolição desse reflexo ocorre quando há interrupção do arco reflexo e, algumas vezes, na fase inicial da lesão da via piramidal. A inversão da resposta normal, ou seja, a extensão do hálux (os demais podem ou não apresentar abertura em forma de leque), constitui o sinal de Babinski, que indica lesão da via piramidal ou corticospinal. ➤ REFLEXO CUTÂNEO- ABDOMINAL: O exame é feito com o auxílio de uma espátula, estimulando a pele do abdômen no sentido látero-medial (estimulando os diferentes níveis). Isso provoca contração dos músculos abdominais ipsilaterais, causando desvio da linha alba e da cicatriz umbilical para o lado estimulado. REFLEXOS PROFUNDOS Reconhecem- se os tipos fásicos ou clônicos, e os tônicos ou posturais. ● Na pesquisa dos reflexos miotáticos fásicos ou clônicos, o estímulo é feito pela percussão com o martelo de reflexos do tendão do músculo a ser examinado Para incitar um reflexo tendinoso profundo, percute-se com vigor o tendão de um músculo parcialmente estirado. ● Para que o reflexo ocorra, todos os componentes do arco reflexo têm de estar íntegros. ● A percussão do tendão ativa fibras sensoriais especiais no músculo parcialmente estirado, deflagrando um impulso sensorial que avança para a medula espinal via um nervo periférico. ● A fibra sensorial estimulada faz sinapse diretamente com a célula do corno anterior que inerva o mesmo músculo. ● Quando o impulso cruza a junção neuromuscular, o músculo subitamente contrai-se e o arco reflexo é completado. Visto que cada reflexo tendinoso profundo envolve segmentos espinais específicos, juntamente com suas fibras motoras e sensoriais, um reflexo anormal pode ajudar a localizar uma lesão patológica. ● É importante conhecer os níveis segmentares dos reflexos tendinosos profundos. ● É possível lembrar a sequência numérica na ordem ascendente desde o reflexo aquileu até o reflexo tricipital: S1-L2, L3, L4-C5, C6 e C7. ➤ REFLEXO AQUILEU | basicamente S1: Se o paciente estiver sentado, promova a dorsiflexão do pé na altura do tornozelo. Solicite que o paciente relaxe e, depois, golpeie o tendão de Aquiles com o martelo de reflexo. ● Observe e palpe a flexão plantar na altura do tornozelo. ● Deve-se observar também a velocidade do relaxamento depois da contração muscular. ➤ REFLEXO PATELAR| L2, L3 e L4: O paciente pode ficar sentado ou deitado desde que o joelho fique flexionado. Golpeie o tendão patelar logo abaixo da patela. Ocorre a contração do músculo quadríceps femoral com extensão do joelho. ● Se você colocar a mão na parte anterior da coxa do paciente, será possível sentir esse movimento reflexo ➤REFLEXO SUPINADOR OU BRAQUIORRADIAL | C5 e C6: A mão do paciente deve estar pousada no abdome ou no colo, com o antebraço parcialmente pronado. Golpeie o rádio com a base ou com a ponta do martelo de reflexo, aproximadamente 2,5 a 5 cm acima do punho. Observe a flexão e a supinação do antebraço. ➤ REFLEXO BICIPITAL | C5 e C6: O braço do paciente deve estar parcialmente flexionado na altura do cotovelo com a palma voltada para baixo. Coloque o polegar ou outro dedo da mão firmemente sobre o tendão do músculo bíceps braquial. O golpe com o martelo de reflexo deve ser aplicado de modo que atinja o dedo apoiado sobre o tendão do músculo bíceps braquial. Deve-se observar a flexão na altura do cotovelo, verificando e sentindo a contração do músculo bíceps braquial. ➤ REFLEXO TRICIPITAL | C6 e C7: O paciente pode ficar sentado ou em decúbito dorsal. O paciente flexiona o braço na altura do cotovelo, com a palma da mão voltada para o corpo e empurrada discretamente através do tronco. Golpeie o tendão do músculo tríceps braquial acima do cotovelo. O golpe deve ser direto e por trás do cotovelo. Observe a contração do músculo tríceps braquial e a extensão na altura do cotovelo. ● Se o paciente não conseguir relaxar, apoie o braço do paciente como é mostrado na imagem. ● Solicite que o paciente deixe o braço relaxado. A seguir, golpeie o tendão do músculo tríceps braquial. Achados Os reflexos profundos podem estar: normais, abolidos, diminuídos, vivos ou exaltados. Suas alterações podem ser simétricas ou não. O registro dos resultados deve ser feitos da seguinte maneira: ● Arreflexia ou reflexo abolido: 0 ● Hiporreflexia ou reflexo diminuído: – ● Normorreflexia ou reflexo normal: + ● Reflexo vivo: ++ ● Hiper reflexia ou reflexo exaltado: +++ A arreflexia ou hiporreflexia são encontradas nas lesões que interrompem o arco reflexo (poliomielite, polineuropatia periférica, miopatia) ● Doenças das raízes dos nervos espinais, dos plexos e dos nervos periféricos. ● Pacientes com diminuição de volume muscular. A hiperreflexia nas lesões da via piramidal (AVC, neoplasia, doença desmielinizante, traumatismo) e em alterações metabólicas como anormalidades eletrolíticas e hipertireoidismo. ● É possível obter resposta diminuída ou aumentada, mesmo na ausência de doença. CLONUS Clônus é o nome dado a uma sequência de contrações involuntárias de determinada parte do corpo ao sofrer estiramento súbito do músculo, ● Geralmente ocorre por comprometimento do primeiro neurônio das vias motoras. ● Pode estar presente em pacientes com hipertonia ou quando é pedido para que realizem exercícios desafiadores. ● Em caso de reflexos hiperativos, deve-se pesquisar clônus do tornozelo, punho ou de outras articulações. Pesquisa do clônus do tornozelo: ● Apoie o joelho do paciente em uma posição parcialmente flexionada. ● Com a outra mão, faça a dorsiflexão e a flexão plantar do pé do paciente algumas vezes enquanto encoraja o paciente a relaxar e, depois, faz a dorsiflexão súbita do pé e o mantém em dorsiflexão. ● Pesquise e palpe à procura de oscilações rítmicas entre a dorsiflexão e a flexão plantar. Na maioria das pessoas normais o tornozelo não reage a esse estímulo. ● O clônus persistente indica doença do SNC → tornozelo apresenta flexão plantar e dorsiflexão de modo repetitivo e rítmico. ● Quando existe clônus o reflexo é graduado como 4+. Obs: Alguns batimentos clônicos podem ser visualizados e palpados, especialmente quando o paciente está tenso ou fez exercícios físicos. ● Também pode ser incitado em outras articulações. O deslocamento para baixo da patela pode incitar clônus patelar no joelho estendido. SÍNDROMES SÍNDROME PIRAMIDAL A síndrome piramidal decorre da interrupção, anatômica ou funcional, da via corticospinal, cuja origem é nas células do córtex motor, e os seus axônios terminam em sinapse com os neurônios situados nos núcleos dos nervos cranianos no tronco encefálico e na coluna ventral da medula. A síndrome compreende sintomas deficitários ou negativos e sintomas de liberação ou positivos, descritos a seguir. SINAIS E SINTOMAS DEFICITÁRIOS OU NEGATIVOS: ➤ Perda ou diminuição da motricidade, que acomete globalmente os membros, sobretudo a musculatura antigravitária (paresias ou paralisias). A hemiparesia pode ser: ➔ Desproporcionada: comprometimento cortical; quando há envolvimento de segmentos específicos do corpo devido à somatotopia do córtex motor. ➔ Proporcionada: comprometimento subcortical (ex: cápsula interna). ➤ Diminuição ou abolição dos reflexos cutaneoabdominais: definitiva ou transitória; ➤ Atrofia muscular, habitualmente moderada, afetando globalmente o segmento paralisado. ● A atrofia aparece somente depois de decorrido muito tempo e é consequência do desuso da musculatura ou, segundo alguns pesquisadores, é causada por um mecanismo transináptico. SINAIS E SINTOMAS DE LIBERAÇÃO OU POSITIVOS ➤ Sincinesias, que correspondem a movimentos associados anormais e evidenciam- se nos membros deficitários quando o paciente executa determinado movimento no lado não comprometido (p. ex., a mão do lado hemiplégico contrai- se quando o paciente fecha fortemente a mão do lado normal); ➤Sinal de Babinski, caracterizado pela extensão do hálux ao estímulo cutaneoplantar; ➤ Exagero do reflexo de automatismo ou de defesa, representado pela tríplice flexão do membro inferior ao estímulo nociceptivo (tocando o pé, o membro inferior flexiona); ➤ Hiper reflexia profunda, às vezes policinesia (mais de uma resposta a um único estímulo) e/ou sinreflexia (resposta ao estímulo também do lado oposto); ➤ Espasticidade, que é a hipertonia elástica e seletiva. No AVC ocorre: ● Agudo → atordoado, hipotonia ● Tendência natural é hipertonia ● Com o passar dos anos, se não houver um estímulo → hipotrofia por desuso Convém ressaltar que nas lesões agudas da via piramidal é comum a verificação de paralisia, hipotonia e arreflexia. Após um período de tempo variável, de dias ou semanas a alguns poucos meses, a paralisia regride parcialmente, enquanto o tônus e os reflexos profundos aumentam, ou seja, surgem sinais de liberação. As principais causas são acidentes vasculares cerebrais, neoplasias, doenças desmielinizantes (esclerose múltipla), processos degenerativos (esclerose lateral amiotrófica), traumatismos e infecções. SÍNDROME EXTRAPIRAMIDAL O sistema motor extrapiramidal é encarregado da organização dos movimentos de ajustamento postura. Essa soma de funções exige que extensas áreas anatômicas do sistema nervoso participem e que, no comprometimento dessas partes, uma variedade de sinais ou sintomas possa ocorrer. ● A maior parcela das atividades motoras diárias no ser humano é constituída de movimentos automáticos e associados, como a manutenção do tônus muscular para a sustentação das posturas corporais. ● Atribui-se ao sistema extrapiramidal a função de organização desse setor importante das atividades motoras. Atualmente, consideram-se 2 circuitos básicos na fisiologia do sistema extrapiramidal: ● Via direta ● Via indireta Atualmente há grande interesse na via indireta, desde que se esclareceu que, nos pacientes com doença de Parkinson ● Existe uma hiperatividade glutamatérgica na região subtalâmica, responsável por parte importante das complicações relacionadas com o tratamento da enfermidade (discinesias da levodopa). A síndrome do neurônio inferior é caracterizada por: ● Hipotonia /Hipertonia extrapiramidal ● Hipotrofia; ● Hiporreflexia; ● Fasciculações - que são contrações musculares que não movimentam articulação. DISTÚRBIOS HIPERCINÉTICOS Nesse grupo de movimentos anormais espontâneos, serão enfocadas apenas as hipercinesias que têm origem no sistema extrapiramidal (atetose, distonia, tremor, tiques, batismo, coreias). ATETOSE Constitui-se de movimentos involuntários que ocorrem nas partes mais distais de um ou mais membros, podendo também ocorrer no tronco,pescoço e face. ● Os músculos envolvidos contraem-se vigorosamente, produzindo deslocamentos lentos das partes afetadas que podem durar muito tempo ou ser contínuos durante o período de vigília. ● Nos membros superiores, eles começam por uma hiperextensão do punho e dos dedos, seguida por uma flexão da mão e, depois, por uma rotação para o lado, voltando a iniciar-se novamente um ciclo igual, e assim sucessivamente. Esse caráter lento, de contrações musculares vigorosas e certa estereotipia, diferencia a atetose da coreia. Os movimentos voluntários nos membros afetados ficam muito dificultados, quando não impossibilitados. A fisiopatologia da atetose está ligada a alterações no estriado, porém tem sido relatado que lesões na: ● região externa do globo pálido ● conexões deste com o tálamo, ● conexões talamocorticais Também podem produzir esses movimentos. A causa mais frequente de atetose é a paralisia cerebral, na sua maneira extrapiramidal. ● Lesões encefálicas adquiridas no período perinatal, em áreas do sistema extrapiramidal, são as responsáveis pelo aparecimento dessa síndrome. ● Existem causas variadas de paralisia cerebral, como os traumatismos obstétricos, anoxia perinatal de origem diversa ou outras agressões ao SNC nesse período inicial da vida. DISTONIA Os movimentos distônicos se caracterizam por serem movimentos lentos, com contrações musculares muito vigorosas, de longa duração e que podem acometer grupos musculares isolados, um segmento corporal ou grandes extensões corporais. ● As contrações musculares são sustentadas, acometendo músculos agonistas e antagonistas → produção de deslocamentos lentos das articulações. ● São mais comuns acometendo a musculatura axial do que a apendicular. São mais observados no tronco, face, ombros, pescoço, porção proximal dos membros, porém ocorrem também nas extremidades. A atetose nada mais é que um tipo de movimento distônico. Apresentam a tendência de provocar alterações posturais muito bizarras, quando as contrações estabilizam o segmento em uma postura imóvel, que pode assim permanecer por períodos prolongados Fisiopatologia: perturbação do funcionamento dos gânglios da base - lesões no putamen Causas: manifestação de diferentes doenças neurológicas; consequência de uso de vários medicamentos; casos idiopáticos Curiosidade: Um termo que vem sendo insistentemente utilizado para definir estados em que há movimentação involuntária é discinesia, que muitas vezes se confunde com ou é indistintamente usado em lugar de distonia. A discinesia pode estar ligada à ingestão crônica de medicamentos de tipo neuroléptico, sendo aguda ou tardia, como também pode ser espontânea, chamada de discinesia oromandibular espontânea. TREMOR: Pode ser definido como um movimento involuntário estereotipado, rítmico, produzido por contrações alternadas ou sequenciais de músculos agonistas e antagonistas de um segmento corporal. Causas: hipertireoidismo, distúrbios eletrolíticos, insuficiência hepática, insuficiência renal, neuropatias periféricas, alcoolismo, parada súbita da ingestão de álcool em alcoólatras crônicos ou afecções neurológicas de outra natureza, como o tremor intencional de origem cerebelar. Há 2 tipos de tremor por disfunção do sistema extrapiramidal: 1. O tremor de repouso da síndrome parkinsoniana, que será analisado no item sobre parkinsonismo; 2. O tremor de ação, classificado como tremor essencial: ocorre quando os membros são mantidos ativamente em determinadas posturas, como ao manter os braços estendidos à frente do tronco, com as mãos e os dedos em extensão, ou durante a realização de movimentos voluntários TIQUES: são movimentos involuntários repetitivos e estereotipados que aparecem em determinadas pessoas, especialmente quando em situações de tensão emocional. ● O portador de um tique sente que o movimento pode ser inibido por seu controle voluntário, mas, quando o faz, percebe que uma sensação angustiante vai avolumando-se no seu íntimo, que só se alivia após o aparecimento do tique. Costumam ser movimentos simples, como a protrusão dos lábios, fazendo um "bico”, a protrusão do queixo para a frente e para cima, como se o colarinho estivesse muito apertado, o pigarrear, a elevação do ombro ou o piscamento repetido das pálpebras. ● O uso de neurolépticos e fármacos bloqueadores dopaminérgicos a longo prazo podem desencadear o aparecimento de tiques tardios, Uma manifestação particularmente preocupante, rara, é a chamada síndrome de Tourette → se manifesta no fim da infância e adolescência, com uma combinação de múltiplos tiques, vocalizações como grunhidos ou sons guturais que se mesclam à fala. BALISMO: se constitui em uma sucessão de movimentos involuntários rápidos e violentos de grandes áreas do corpo, que se deslocam subitamente, devido a contrações musculares energéticas e de curta duração. ● Podem ocorrer repetidamente em poucos segundos ou passar vários minutos sem se manifestar. ● São movimentos que acometem predominantemente as grandes articulações. De maneira geral, esses movimentos ocorrem apenas em um lado do corpo, e por isso costumam ser chamados de hemibalismo. ● É produzido por lesões extensas da área subtalâmica contralateral. ● Quando não há lesão do núcleo, suas conexões aferentes e eferentes foram interrompidas pelo processo patológico. COREIAS: caracterizada por uma série de movimentos involuntários irregulares, rápidos, sem contração tônica dos músculos, de breve duração e sem sequência definida. ● Ocorrem principalmente nas extremidades (mãos, antebraços, pés) e na face. ● Podem ser movimentos simples ou relativamente elaborados. Os movimentos coreicos originam-se da disfunção dos corpos estriados (neoestriado e paleoestriado), com maior ênfase no núcleo caudado e putamen. ● Tanto lesões anatômicas dessas estruturas como a ação de medicamentos nessa região podem desencadear movimentos coreicos. ➤Coreia Gravídica: consiste na ocorrência de um quadro de movimentos involuntários com as mesmas características da coreia de Sydenham, no primeiro trimestre da gravidez. ➤Doença ou coreia de Huntington: enfermidade degenerativa, lentamente evolutiva, cujo aspecto de transmissibilidade genética é bastante conhecido, com a maioria dos casos devendo-se a um gene autossômico dominante. ➤Coreia medicamentosa: Após o uso prolongado, por meses ou anos, de medicamentos da classe dos neurolépticos e de outros fármacos com atividade bloqueadora dopaminérgica, principalmente em pacientes psiquiátricos, observa-se em muitos deles o aparecimento de movimentos anormais do tipo coreico, que se assemelham à doença de Huntington e que, pelo retardo na sua apresentação, são chamados de discinesia tardia. DISTÚRBIOS HIPOCINÉTICOS Acinesia, hipocinesia e bradicinesia são termos usados para definir um mesmo fenômeno que se caracteriza por uma pobreza geral na motricidade automática e associada à diminuição da expressividade facial, da mímica facial e gestual, que ocorre nas síndromes parkinsonianas. SÍNDROMES PARKINSONIANAS A tríade característica da síndrome se compõe de rigidez, acinesia e tremor, aos quais se devem acrescentar os distúrbios posturais. O tremor da síndrome parkinsoniana, também definido como tremor de repouso, apresenta certas características que o identificam facilmente, na maior parte das vezes. ● Pelo menos nas manifestações iniciais, o tremor ocorre quando os membros estão em repouso, ao contrário do tremor essencial, que ocorrem predominantemente durante a ação muscular. ● Caracteristicamente, um paciente com tremor parkinsoniano pode diminuí-lo ou aboli-lo, ao realizar um ato motor voluntário com o membro afetado. O tipo mais comum de tremor é o que realiza movimentos de "contar dinheiro" ou "rolar pílulas” em que os dedos da mão em flexão ritmada deslizam sobre a superfície palmar do polegar, em um gesto característico. MOVIMENTOS ANORMAIS Enquanto opaciente estiver na presença do médico, este estará atento para surpreender movimentos anormais ou involuntários. Alguns movimentos involuntários são constantes, ao passo que outros ocorrem periodicamente ou em crises. Os principais são coreia, atetose, hemibalismo, tiques, discinesia e distonia, já citados no objetivo anterior, bem como os movimentos a seguir: TREMORES: são movimentos alternantes, mais ou menos rápidos e regulares, de pequena ou média amplitude, que afetam principalmente as partes distais dos membros. Utilizam-se duas manobras para a pesquisa dos tremores: ● Solicita-se ao paciente que estenda as mãos com as palmas voltadas para baixo e com os dedos separados. Essa manobra pode ser completada colocando uma folha de papel sobre o dorso de uma das mãos. Isso provocará uma ampliação dos movimentos. ● Ordena-se que o paciente leve um copo, em uma das mãos, da mesa à boca. Pode ser substituído pela execução de um movimento, qual seja tocar o próprio nariz com a ponta do indicador. Essa manobra é indispensável para bem caracterizar os tremores de repouso e os de ação. MIOCLONIAS: São contrações musculares breves, rítmicas ou arrítmicas, localizadas ou difusas, que acometem um músculo ou um grupo muscular. ● Geralmente são relatadas como abalos: "choques”, "sacudidas" e "trancos". ● Devem-se a descargas de neurônios subcorticais e podem ocorrer em diversas situações patológicas, dentre as quais se destaca a epilepsia tipo pequeno mal. MIOQUINIAS: são contrações fibrilares de tipo ondulatório que surgem em músculos íntegros, principalmente no orbicular das pálpebras, quadríceps e gêmeos. ● Os próprios pacientes costumam comparar as mioquinias às contrações das carnes penduradas nos açougues ("tremor na carne"). ● Não apresentam significado patológico, surgindo em pessoas normais, talvez com maior ASTERIX (FLAPPING): são movimentos rápidos, de amplitude variável, que ocorrem nos segmentos distais e apresentam certa semelhança com o bater de asas das aves. Para melhor notar o flapping, deve-se realizar a seguinte manobra: ● o paciente estende os braços e super estende as mãos de modo a formar um ângulo de quase 90° com o antebraço. ● A manobra é completada pelo médico, que, com suas mãos, força para trás as mãos do paciente. Este tipo de movimento involuntário é frequente na insuficiência hepática, mas pode ser encontrado também no coma urêmico. CONVULSÕES: são movimentos musculares súbitos e incoordenados, involuntários e paroxísticos, que ocorrem de maneira generalizada ou apenas em segmentos do corpo. As convulsões podem ser: 1. Tônicas: caracterizam-se por serem mantidas permanentes e imobilizarem as articulações 2. Clônicas: são rítmicas, alternando-se contrações e relaxamentos musculares em ritmo mais ou menos rápido 3. Tônico-clônicas: esse tipo soma as características de ambas. As convulsões surgem em muitas condições clínicas, mas todas têm um denominador comum: descargas bioelétricas originadas em alguma área cerebral com imediata estimulação motora. TETANIA: É uma forma particular de movimentos involuntários e caracteriza-se por crises exclusivamente tônicas, quase sempre localizadas nas mãos e pés, por isso denominadas espasmos carpopodais. ● A tetania pode ocorrer independentemente de qualquer manobra; porém, às vezes, é necessário usar um artifício para desencadeá-la, o que é feito com uma compressão do braço com o manguito do esfigmomanômetro. Insufla-se o manguito até 110 mmHg durante 10 min, ao fim dos quais poderá aparecer um movimento involuntário naquela extremidade. ● É chamado “mão de parteiro” e o fenômeno em sua totalidade recebe a designação de sinal de Trousseau. A tetania ocorre nas hipocalcemias (p. ex., hipoparatireoidismo) e na alcalose respiratória por hiperventilação. FASCICULAÇÕES: São contrações breves, arrítmicas e limitadas a um feixe muscular. Não devem ser confundidas com as mioquinias. AVALIAÇÃO DA SENSIBILIDADE Os estímulos, de qualquer natureza, atuando sobre os órgãos receptores da superfície corporal ou na profundidade do corpo, são conduzidos por sistemas especiais (vias aferentes ou aferências sensitivas) até o SNC. ● O estudo semiológico da sensibilidade diz respeito aos receptores, às vias condutoras e aos centros localizados no encéfalo. ● Essas vias sensitivas estão em estreita e contínua ligação com as vias motoras, configurando, em conjunto, o arco reflexo A classificação mais utilizada das formas da sensibilidade é: A sensibilidade subjetiva compreende as queixas sensitivas que o paciente relata durante a anamnese, ou seja, a dor e as parestesias (dormência, formigamento). A sensibilidade objetiva, não deixa de ser subjetiva, já que depende da resposta do paciente aos estímulos percebidos. É chamada assim porque está presente no estímulo aplicado pelo examinador. ● A sensibilidade especial será estudada na parte relativa aos nervos cranianos. O examinador deve questionar especificamente sobre a presença de parestesias, dores espontâneas ou perversão da sensibilidade (ex: alodínia). O exame vai buscar constatar as queixas específicas do paciente ou procurar encontrar distúrbios de sensibilidade que usualmente acompanham uma doença base ou outros sinais neurológicos. Quando não há queixas ou indícios de que a sensibilidade esteja comprometida, não há necessidade de pesquisá-la. Para ser feito o exame da sensibilidade com a máxima precisão, devem ser obedecidas as seguintes recomendações: ● O paciente deve manter os olhos fechados durante o exame após explicações adequadas do que será realizado ● Evite sugestão quanto à sede e à natureza do estímulo aplicado. Exemplo: não pergunte ao paciente se ele está sentindo ser tocado com algodão no pé direito enquanto isso estiver sendo feito ● Ao aplicar o estímulo, indague: está sentindo alguma coisa? O quê? Em que parte do corpo? Em seguida, compare os estímulos em áreas homólogas e também em vários locais do mesmo segmento ● O tempo de exame não deve ser muito prolongado para não provocar desatenção e impaciência ● O exame deve ser feito no sentido cauldal-cefálico, para determinar o nível da possível lesão. O seguinte material deve ser usado: pedaço de algodão ou um pincel pequeno e macio; estilete rombo que provoque dor sem ferir o paciente; dois tubos de ensaio ou vidrinhos, um com água gelada e outro com água quente (a cerca de 45°) e diapasão de 128 vibrações por segundo SENSIBILIDADE SUPERFICIAL ➤ Para a sensibilidade tátil, utiliza -se o pedaço de algodão ou o pequeno pincel macio, os quais são roçados de leve em várias partes do corpo. Hipoestesia: diminuição da sensibilidade tátil Anestesia: abolição da sensibilidade tátil Hiperestesia: aumento da sensibilidade tátil ➤ A sensibilidade térmica requer dois tubos de ensaio, um com água gelada e outro com água quente, com que se tocam pontos diversos do corpo, alternando- se os tubos. ➤ A sensibilidade dolorosa é pesquisada com o estilete rombo, capaz de provocar dor sem ferir o paciente. A agulha hipodérmica é inadequada, sobretudo em mãos inábeis. Analgesia: ausência da sensibilidade à dor. Hiper/hipoalgesia: aumento/diminuição da sensibilidade à dor. O resultado do exame, se for normal, deve ser registrado literalmente, discriminando- se cada tipo de sensibilidade. Se houver alterações, o registro será feito em esquemas que mostrem a distribuição sensitiva corporal ou, então, discriminativamente, como exemplificado a seguir ● Diminuição da sensibilidade tátil ● Abolição da sensibilidade vibratória ● Aumento da sensibilidade superficial dolorosa. É fundamental acrescentar a esses exemplos o grau e a localização das alterações. Parestesia: sensação espontâneas anormais, como formigamento, dormência ou queimação Disestesia: sensação anormal desagradável, causada por estímulos inócuos. Alodinia: sensação dolorosa, em geral intensa, causada por estímulos não-doloroso. Nesse caso,o cliente pode referir dor até com as roupas ou o vento tocando a pele. Hiperpatia: sensibilidade mais dolorosa que o normal a estímulos repetitivos. Pode mostrar-se excessiva e/ou permanente. SENSIBILIDADE PROFUNDA ➤ A sensibilidade vibratória (palestesia) é pesquisada com o diapasão de 128 vibrações por segundo, colocado em saliências ósseas. Apalestesia: perda da sensibilidade vibratória. Hipopalestesia: diminuição da sensibilidade vibratória. ➤ A sensibilidade à pressão (barestesia) é verificada mediante compressão digital ou manual em qualquer parte do corpo, especialmente de massas musculares. ➤ A cinético postural ou artrocinética (batiestesia) é explorada deslocando- se suavemente qualquer segmento do corpo em várias direções (flexão, extensão). Em dado momento, fixa -se o segmento em uma determinada posição, que deverá ser reconhecida pelo paciente. ● Para facilitar o exame, o examinador escolhe algumas partes do corpo, como o hálux, o polegar, o pé ou a mão. ➤ A sensibilidade dolorosa profunda é avaliada mediante compressão moderada de massas musculares e tendões, o que, normalmente, não desperta dor. ● Se o paciente acusar dor, é sinal de que há neurites e miosites. ● De modo contrário, os pacientes com tabes dorsalis não sentem dor quando se faz compressão, mesmo forte, de órgãos habitualmente muito dolorosos, como é o caso dos testículos. ESTEREOGNOSIA Em seguida ao exame da sensibilidade, avalia -se o fenômeno estereognóstico, que significa a capacidade de reconhecer um objeto com a mão sem o auxílio da visão. ● É função tátil discriminativa ou epicrítica com componente proprioceptivo. Coloca- se um pequeno objeto comum (chave, botão, grampo de cabelo) na mão do paciente, o qual, com os olhos fechados, deve reconhecer o objeto apenas pela palpação. Astereognosia ou agnosia tátil: incapacidade de reconhecer o objeto com as mãos, indicativa de lesão do lobo parietal contralateral
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