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5° fase Medicina Maria Eduarda Zen Biz – ATM 2025.1 Farmacologia UCXIII Tratamento Farmacológico da dor Neuropática A dor pode ser definida como uma experiência sensorial e emocional desagradável, associada a uma lesão real ou potencial. A dor neuropática define-se como a dor causada por uma lesão ou doença do sistema nervoso somatosensorial (libera neurotransmissores para a percepção de dor no córtex neurossensorial). Entretanto, também temos envolvimento de nociceptores, como a substância P Tanto a dor neuropática quanto a dor que envolve prostaglandinas dependem do humor (componente nociceptivo + componente emocional) Um paciente com neuropatia diabética, por exemplo, tem dor constante + depressão pela privação alimentar → limiar de dor diminuído (estímulos são processados de forma mais intensa) As causas comuns que provocam danos neuronais e subsequentemente a dor são variáveis. Doenças metabólicas, trauma, compressão de nervos, infeção, isquemia, cirurgia, inflamação, doenças degenerativas, fármacos entre outros. Os quadros clínicos mais comuns centram-se na polineuropatia diabética; neuralgia pós-herpética; neuralgia do trigêmeo; neuropatia por HIV; dor neuropática central (pós-AVC, lesão medular ou esclerose múltipla); dor neuropática cancerígena; neuropatias por encarceramento (túnel cárpico e radiculopatias); e neuropatia do membro fantasma. OBS.: como não estão bem relacionadas com prostaglandinas, utilizar analgésicos como dipirona é inefetivo Nos defeitos da síntese da bainha de mielina: geralmente o que mais falta é vitamina B12 – como na neuralgia herpética – suplemento de vitamina B12. Possiveis deficiências nutricionais causam a dificuldade de regeneração da fibra nervosa (principalmente B1, B6, B12 e outros minerais como zinco e selênio) Neuralgia do trigêmeo: tratamento é carbamazepina Trauma → processo inflamatório → libera mediadores químicos → estimula fibra nervosa ascendente → córtex → 5° fase Medicina Maria Eduarda Zen Biz – ARM 2025.1 dor (corticoide, AINE – diminui nociceptores e diminui estímulo à fibra nervosa) A dor neuropática acomete fibra nervosa periférica ou da medula (exemplo: herpes zoster – maioria dos casos na periférica) → ascende ao córtex (faz com que a fibra ascendente não libere tantos neurotransmissores, principalmente glutamato) → inibição da neurotransmissão periférica Medicamentos que liberam pouco neurotransmissor = pouco estímulo = pouca dor (carbamazepina) Também podem aumentar a via inibitória (2 fibras muito relevantes = fibras noradrenérgicas e serotonérgicas = fibras moduladoras da dor) o Podemos usar os 2 medicamentos O tratamento da dor neuropática é fundamentado na eficácia e segurança reportada por diversos estudos controlados randomizados, revisões sistemáticas da literatura e guidelines que evidenciam a superioridade clínica dos fármacos inicialmente utilizados como off label. Ele tem como objetivo primordial promover a analgesia e aliviar eficazmente a dor, melhorando substancialmente a qualidade de vida do doente. A eficácia do tratamento é determinada pela dose dos fármacos e consequentes ajustes, tolerância, condição de dor neuropática manifestada e linhas terapêuticas anteriormente utilizadas. Apenas o tratamento medicamentoso não irá curar o paciente – realizar fisioterapia, psicoterapia, acupuntura, etc Primeira linha de tratamento: anticonvulsivantes (gabapentina, pregabalina) OU antidepressivos ISRNs O tratamento da dor neuropática considera oito classes de fármacos: Antidepressivos tricíclicos (amitriptilina, imipramina, nortriptilina); o Age em 2 vias (ascendente e descendente) Anticonvulsivantes (carbamazepima, pregabalina, gabapentina); Inibidores seletivos da recaptação de serotonina e noradrenalina (venlafaxina, duloxetina); o Age em 2 vias (ascendente e descendente) Inibidores seletivos da recaptação de serotonina (fluoxetina, citalopram, sertralina); o Age apenas em uma via Opioides (morfina, fentanila, tramadol codeína); uso agudo, não crônico – desenvolvem tolerância em pouco tempo, necessitando de aumento da dose. Reduzem a neurotransmissão da dor Agentes tópicos (capsaicina, lidocaína); Antagonistas dos receptores NMDA (memantina) Agonistas específicos do receptor GABA (baclofeno) 5° fase Medicina Maria Eduarda Zen Biz – ARM 2025.1 Antidepressivos tricíclicos Mecanismo de Ação ATC bloqueiam a recaptação de aminas (serotinina e noradrenalina) pelas terminações nervosas (centrais e periféricas) através de sua competição pelo sítio de ligação da proteína transportadora, principalmente de NA e 5-HT, e em menor proporção para a DA. Bloqueio de receptores 5-HT1. Uma das maiores desvantagens dos ATC tem sido a multiplicidade de ações farmacológicas: ações antimuscarínicas, anti-histamínicas e bloqueadora dos receptores -adrenérgicos que contribuem, exclusivamente, para a toxicidade destes fármacos Imipramina (Tofranil ® 10,25 mg / 75-300 mg/dia) Clomipramina (Anafranil ® 10,25,75 mg / 75-250 mg/dia) Amitriptilina (Tryptanol ® 25,75 / 75-300 mg/dia) 5° fase Medicina Maria Eduarda Zen Biz – ARM 2025.1 Nortriptilina (Pamelor ® 10,25,50,75 / 50-150mg/dia) Farmacocinética: A vida média de eliminação varia (imipramina de 4 a 34 horas, amitriptilina de 10 a 46, clomipramina de 17 a 37 e nortriptilina de 13 a 88 h) e o estado de equilíbrio é atingido em cerca de 5 dias. A farmacocinética varia entre os sexos e a concentração pode diminuir antes da menstruação Efeitos adversos: constipação, sonolência, sedação, hipotensão postural, etc Dessensibilização dos receptores autoregulatórios – não bloqueiam mais a liberação de neurotransmissores Neuroadaptação (down regulation): os receptores de neurotransmissores diminuem em número, a fim de não estimular demais a fibra pós-sináptica Anticonvulsivantes 3 mais utilizados: carbamazepina, gabapentina e pregabalina Canal de sódio abre → carga positiva → despolarização (mudança de voltagem = repouso → excitabilidade) → abre canais de cálcio voltagem dependentes → estimula a liberação de neurotransmissores inibitórios ou excitatórios Carbamazepina inibe a entrada de sódio na célula (via ascendente) o Deprime as funções cerebrais Gabaperina e Pregabalina: inibe a entrada de cálcio na célula Carbamazepina (Tegretol), Oxcarbazepina (Trileptal, Auran) Carbamazepina, ao ser biotransformada, forma oxcarbazepina, a qual tem duração mais longa que apenas a oxcarbazepina Mecanismo de Ação: bloqueia os canais de Na+ em concentrações terapêuticas e inibe o disparo repetitivo de alta frequência. Atua também em nível pré-sináptico, reduzindo a transmissão sináptica. Também é descrito a potencialização de uma corrente de K + regulada por voltagem. Farmacocinética: Administrar com alimentos – aumento da absorção. Pode causar perda de apetite. Efeitos adversos: diplopia, ataxia, desconforto gastrintestinal discreto, e com doses muito mais altas, sonolência. Raros: hiponatremia e intoxicação hídrica, as quais podem estar relacionadas com a dose. Potente indutor P450. o Indução das enzimas P450: interações medicamentosas significativas. Exemplo: ACO combinado terá falha terapêutica (trocar por minipílula ou outro método) Gabapentina (Neurotin, Progresse), Pregabalina (Lyrica) Modificam a liberação sináptica ou não-sináptica do GABA. Observa-se um aumento na concentração cerebral de GABA em pacientes em uso de gabapentina. A gabapentina e a pregabalina ligam-se intensamente à subunidade α2δ dos canais de Ca2+ regulados por voltagem. Isso parece constituir a base do principal mecanismo de ação, que consiste em diminuir a entrada de Ca2+ com efeito predominante sobre os canais de tipo Na+ pré-sinápticos. A diminuição da liberação sináptica de glutamatoproporciona um efeito antiepiléptico. 5° fase Medicina Maria Eduarda Zen Biz – ARM 2025.1 o Bloqueiam os canais de cálcio – diminuem o disparo de neurotransmissores Efeitos adversos: sonolência, irritabilidade, porém menos que a carbamazepina Lamotrigina (Lamitctal, Neurim): Suprime o disparo rápido sustentado dos neurônios e produz bloqueio dos canais de Na+ dependente da voltagem. Inibição dos canais de Ca++ regulados por voltagem, particularmente os canais do tipo N e P/Q, o que explicaria sua eficácia nas convulsões generalizadas primárias na infância, incluindo crises de ausência. A lamotrigina também diminui a liberação sináptica do glutamato. o Alternativa à carbamazepina o Evitar uma interação medicamentosa à indução dos citocromos P450 O fármaco é ativo contra as crises de ausência e as crises mioclônicas em crianças. É efetiva no transtorno bipolar. Efeitos adversos: diplopia, tontura, cefaleia, náuseas, sonolência, exantema cutâneo. Tiagabina (Gabitril) Baixa eficácia para dor neuropátca A tiagabina é um inibidor da captação de GABA tanto nos neurônios quanto na glia. Inibe preferencialmente a isoforma do transportador 1 (GAT-1), e aumenta os níveis extracelulares de GABA no prosencéfalo e no hipocampo, onde o GAT-1 está preferencialmente expresso. A tiagabina prolonga a ação inibitória do GABA sinapticamente liberado. Está indicada para o tratamento adjuvante das crises parciais. Efeitos adversos: nervosismo, tontura, tremor, dificuldade de concentração e depressão. o A confusão excessiva, a sonolência ou a ataxia podem exigir a suspensão do fármaco. o Raramente, ocorre psicose Inibidores seletivos da receptação de serotonina e noradrenalina (5-HT/NE) Venlafaxina (Efexor ® 37,5-150mg / 75-375mg/dia) Duloxetina (Cymbalta ® 30,60 mg / 60-120 mg/dia) A duloxetina e venlafaxina e seu metabólito ativo Odesmetilvenlafaxina são inibidores seletivos da recaptação de serotonina e noradrenalina. Alteram a sensibilidade de receptores beta-adrenérgicos após dose única, diferente de outros antidepressivos que levam à dessensibilização desses receptores após doses repetidas. Os efeitos colaterais mais relatados são: náuseas, tonturas, sonolência, fadiga, anorexia, xerostomia. 5° fase Medicina Maria Eduarda Zen Biz – ARM 2025.1 Agentes Tópicos: capsaicina A capsaicina creme 0,075% é o componente ativo das pimentas chili e um antagonista altamente seletivo do receptor de potencial transitório vaniloide do tipo 1. O efeito analgésico da capsaicina está relacionado à depleção (liberação) da substância P presente nas terminações nervosas sensitivas (causando dor) e da degeneração morfológica de fibras C não mielinizadas epidérmicas, com consequente redução da inervação local (receptores são dessensibilizados e param de responder). O uso da capsaicina está associado a extremo desconforto. Além disso, tem efeito irritante e produz a sensação de queimação associada à vasodilatação local. Dor aguda por 30 min e 3-4h de anestesia local 5° fase Medicina Maria Eduarda Zen Biz – ARM 2025.1 5° fase Medicina Maria Eduarda Zen Biz – ARM 2025.1
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