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Definição É a incapacidade do sistema respiratório de atender as demandas metabólicas de oxigênio do organismo, de instalação aguda. Por qual motivo? Por N’s motivos. Para entender melhor o assunto, é preciso saber onde está localizado o centro respiratório. E também como funciona. O centro respiratório está localizado no bulbo do tronco cerebral. O bulbo do tronco cerebral é sensível a variações de pressão parcial do gás carbônico (pCO2). Quando há aumento na pressão parcial sanguínea (PaCO2) desse gás, via nervo frênico, é estimulado a contração do diafragma e da musculatura acessória da respiração. E como acontece? O diafragma contrai, com isso há aumento do volume da caixa torácica, gerando uma pressão pleural negativa, que gera o gradiente para o influxo aéreo dos pulmões. Observação interessante: Durante a inspiração, o aumento do volume torácico, determina uma tração radial nas estruturas torácicas (que estão todas “ancoradas”). Deste modo o volume do átrio direito e da veia cava superior aumenta, diminuindo assim a pressão do sangue no interior desses compartimentos com aumento do retorno venoso. Portanto, o volume sistólico do VD aumenta na inspiração. Durante a expiração o retorno venoso volta ao valor basal. Essa variação do volume sanguíneo ejetado determina uma variação da pressão de pulso (diferença entre PAS- PAD), de modo que quanto maior o volume sanguíneo ejetado, maior a amplitude da diferença, e a essa variação dá-se o nome de pulso paradoxal, que é, portanto, fisiológico, porém em condições normais não deve passar de 10 mmHg. De que forma eu avalio a oxigenação do paciente em IrespA? Saturação de oxigênio (Sat O2) Avalia a proporção de hemoglobina à qual há O2 ligado. Pode ser mensurada tanta não invasivamente por oximetria de pulso (método mais comum), como invasivamente, por coleta de gasometria arterial. Pressão parcial arterial de oxigênio (PaO2) Reflete a concentração de oxigênio dissolvido no plasma. É mensurada pela gasometria arterial. Os valores para normalidade não são bem estabelecidos, porém admite-se PaO2> 80 mmHg como normal. Gradiente alvéolo-arterial de oxigênio o É definido pela diferença entre a concentração de oxigênio alveolar (PAO2) e a concentração de oxigênio arterial (PaO2). Os valores exatos podem variar conforme a fonte de suplementação de oxigênio. Em geral é normal quando <10 mmHg. PaO2/FiO2: geralmente utilizada durante a ventilação mecânica invasiva. Os valores entre 300-500 mmHg são considerados normais. De forma mais didática podemos dividir a IRpA em dois grandes grupos: Insuficiência Respiratória e Ventilação Mecânica IRpA do tipo I ou hipoxêmica (PaO2<60 mmHg) IRpA do tipo II ou hipercápnica (PaCO2 > 50 mmHg e PaO2 <60 mmHg) HIPOXEMIA É a incapacidade do organismo em oxigenar o sangue. O mecanismo mais comum que leva a esse quadro é o distúrbio de ventilação/perfusão (V/Q) e shunt intrapulmonar. Em condições fisiológicas, a relação V/Q é heterogênea no parênquima pulmonar, isso quer dizer, a ventilação e a perfusão são maiores nas bases do que nos ápices pulmonares. A vasoconstrição hipóxica é um fenômeno fundamental para compensar distúrbios pulmonares que acarretam desbalanço da relação ventilação/perfusão. Em condições intraparenquimatosas cujos mecanismos compensatórios são insuficientes, há evolução com hipoxemia. Neste caso a administração de oxigênio em alto fluxo (100%) é suficiente para a correção do quadro. Por outro lado, em situações extremas, o paciente pode evoluir para dois distúrbios: 1- Efeito shunt: alvéolos perfundidos e não ventilados. Exemplo: Síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA). 2- Efeito espaço morto: alvéolos ventilados, mas não perfundidos. V/Q: Alterações na relação: Índice V/Q alto: ventilação é alta e o fluxo sanguíneo é baixo, produz aumento do espaço morto, levando a hipoxemia e hipercapnia. Índice V/Q baixo: ventilação é baixa e o fluxo sanguíneo é alto, shunt intrapulmonar, pode produzir uma hipoxemia com ou sem hipercapnia. Índice V/Q nula: não há nem ventilação, nem perfusão sanguínea. HIPERCAPNIA É definida como uma elevação na pressão parcial de CO2, tanto por um aumento da produção (p.ex.; sepse, grandes queimados, febre) como da diminuição da excreção de CO2. Quadros que comprometem o estímulo à ventilação, como lesões cerebrais de tronco ou distúrbios tóxico-metabólicos graves, podem evoluir para IRpA do tipo 2. Por outro lado, se o centro respiratório estiver íntegro e existir uma situação clínica que possa levar a uma fadiga do músculo diafragmático decorrente do aumento do trabalho imposto, ou até mesmo diminuição da força muscular, pode também levar a IRpA tipo 2. Mecanismos que levam à irpa Redução da complacência pulmonar, ou seja, “pulmão duro”, mais difícil de ser expandido. Ex: PNM extensa, EAP. Aumento da necessidade ventilatória. Ex: Sepse ou acidose metabólica. Diminuição da força muscular. Ex: Casos de desnutrição, doenças crônicas, ventilação mecânica prolongada. Dificuldade para gerar gradiente de pressão entre o ambiente e o espaço pleural: auto-PEEP. Ex: Broncoespasmo grave. COMBINAÇÃO DE MECANISMOS A combinação de processos citados é bastante frequente na IRpA, não se devendo tomar essas noções como estanques ou tentar interpretar os casos de maneira simplista, mas sim perceber as inter-relações para poder planejar e executar a melhor estratégia terapêutica. Na prática Atentar para: Sinais de fadiga do diafragma Tiragem intercostal Tiragem de fúrcula Aumento do diâmetro das narinas Batimento de asa de nariz No exame físico ver se a via aérea está pérvia. No adulto a causa mais comum de obstrução de via aérea superior é a queda da musculatura hipoglossa sobre a hipofaringe. Além obviamente do corpo estranho, outra causa comum de obstrução de via aéreo inferior é o broncoespasmo. ETIOLOGIA Muitas vezes fica evidente na avaliação inicial, outras vezes, mesmo após o exame físico, breve história, gasometria e RX Tórax, o diagnóstico não é claro, e mais exames são necessários para a elucidação diagnóstica. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Causas mais comuns: Asma: sibilos, roncos, uso de musculatura acessória. Antecedente patológico. DPOC: tosse crônica, sibilos, roncos, histórico de tabagismo. IC descompensada: presença de B3, turgência jugular, edema de membros inferiores. SDRA: início abrupto, infiltrado bilateral no RX tórax, sinais sugestivos de infecção. Sepse. Embolia pulmonar: taquicardia, dispnéia súbita, dor torácica aguda. Acidemia: taquipneia com inspiração profunda (Kussmaul). Ex: CAD, insuficiência renal, intoxicações agudas. Doenças neuromusculares: ELA (fraqueza muscular progressiva de predomínio distal). Miastenia gravis. Pneumotórax hipertensivo. Exames complementares ECG Rx de tórax PA e perfil D-dímero Gasometria arterial TC de tórax/ Angiotomografia de tórax Cintilografia ventilaçao/perfusão US de tórax Na prática 1-MOV (PA/FC/Sat O2) O2 suplementar se necessário. Acesso venoso de grosso calibre. 2- Queixa e duração do quadro respiratório de forma objetiva. 3-Exame físico direcionado. De forma sistemática, realizar o ABCDE. OXIGENOTERAPIA Em geral, recomenda-se oxigênio suplementar em fluxos mínimos necessários para se manter Sat O2, entre 90-94% na maioria dos pacientes. Já em pacientes em risco de hipercapnia, a saturação de O2 alvo é de 88-92%, pois há risco de depressão respiratória secundárias a elevações agudas na PaO2. o Catéter nasal: sistema de baixo fluxo (0,5- 4l/min), sendo que o aumentode 1L/min eleva a FIO2 em 3-4%. Indicado em pacientes com hipoxemia leve, ou naqueles que o processo fisiopatológico exige baixos fluxos de O2; DPOC por exemplo. o Máscara facial: Para casos que necessitam altos fluxos de O2, este é o dispositivo mais adequado. Pode ser acoplado acessórios específicos como válvulas de Venturi, que são estruturas capazes de aumentar o fluxo ofertado, assim como determinar a FIO2 oferecida. Além disso, proporciona mistura entre o O2 e o ar ambiente, propiciando níveis precisos de FiO2 de 24-50%. Já o acoplamento de um reservatório de oxigênio à máscara permite oferecer alto fluxo com FIO2 a 100%. o Dispositivo-bolsa-máscara-válvula: propicia alto fluxo e alta concentração de O2. O fluxo de O2 deve ser utilizado a 15L/min. Na parada respiratória pode ser utilizado para prover ventilações. o Cânula nasal de alto fluxo: permite o fornecimento de oxigênio aquecido e umidificado através de dispositivos especiais. Em adultos, permite a administração de fluxos até 60L/min, gerando uma pequena pressão positiva nas vias aéreas superiores. A FIO2 ofertada pode ser regulada conforme a titulação de O2. Pode apresentar melhor tolerância e conforto pelos pacientes em comparação com dispositivos de VNI. o Ventilação não invasiva (VNI): é a estratégia de suporte ventilatório que permite oferecer alto fluxo de O2 com FIO2 variáveis e ajustáveis, assim como pressão positiva nas vias aéreas. Está indicada em: DPOC descompensado, EAP, IRpA imunodeprimido. o Contraindicações: Parada respiratória franca ou iminente, instabilidade hemodinâmica, RNC, não aceitação pelo paciente, trauma, queimadura, vômitos. Nas modalidades da ventilação não invasiva temos: 1) O CPAP (continuous positive airway pressure), pode ser aplicado com um gerador de fluxo específico para CPAP ou com aparelho de ventilação mecânica. Está indicado nos casos de EAP, pois fisiopatologicamente reduz o retorno venoso, ajudando a otimizar o trabalho do VE. 2) O BIPAP (bilevel positive airway pressure), também pode ser aplicado com o aparelho próprio do BIPAP ou com o aparelho de ventilação mecânica. Está indicado para DPOC descompensada, pois a presença de uma pressurização maior durante a inspiração reduz o trabalho respiratório e ajuda a reduzir a PCO2. Ventilação mecânica invasiva Este é o tratamento indicado para os casos mais graves ou refratários de IRpA e necessita de ambiente e condutas específicas, já que a IOT, traqueostomia, cricotireoidostomia são procedimentos altamente especializados e sujeitos a complicações sérias. SDRA Quando podemos considerar um paciente em síndrome do desconforto respiratório agudo? Definição de Berlim 1-Hipoxemia 2-Rx tórax com infiltrado bilateral 3-Ausência de sinais de disfunção cardíaca esquerda. 4- 1 semana de evolução. Classificação de hipoxemia SDRA leve PaO2/FiO2 <300 SDRA moderado PaO2/FiO2 <200 SDRA grave PaO2/FiO2 <100 Em pacientes intubados podemos listar: -PEEP: pressão expiratória final positiva. Deve ser ajustada conforme a doença de base, pelo menos 5 cmH2O deve ser garantido. -Ppico: pressão máxima que o ventilador mede, que pode ou não corresponde à pressão alveolar, dependendo da resistência do sistema. -Pplatô: obtida com pausa inspiratória e corresponde à pressão alveolar quando estabilizada. Recomendado manter abaixo de 30 cmH20. -Auto-PEEP: no final da expiração, existe um volume residual, o qual impede desta forma o fechamento dos alvéolos. Quando o paciente está em VM, o ventilador é responsável por criar uma PEEP e evitar o fechamento alveolar, sendo muitas vezes a auto-PEEP desprezível. Porém quando não há tempo expiratório suficiente para esvaziar o ar inspirado, ocorre aprisionamento de ar e aumento da auto-PEEP, o que pode acarretar instabilidade hemodinâmica e redução no volume corrente com aumento progressivo das pressões. A diferença entre a PEEP final encontrada após a pausa expiratória e a PEEP configurada é a auto- PEEP. O tratamento da auto-PEEP é simples. No caso de iminente risco à vida, pode-se desconectar o paciente por poucos segundos e esperar o esvaziamento do ar. Porém o modo mais seguro é aumentar o tempo expiratório e manter a PEEP em até 80% da auto-PEEP. PARÂMETROS PROGRAMÁVEIS Concentração de oxigênio no ar inspirado (FiO2) È recomendável que se inicie com a FiO2 a 100 %, procurando reduzir progressivamente este valor a concentrações mais seguras, objetivando uma FiO2<50%. O ideal é manter uma FiO2 suficiente para o paciente manter saturação maior ou igual 92%. Frequência respiratória Deve ser ajustada conforme o PCO2 e o pH desejados, o ideal é mantê-la entre 12- 20 irpm. Volume corrente O ideal é oferecer de 5-8 ml/kg (peso ideal). Na SDRA oferecer volume <6 ml/Kg Relação inspiração/expiração Usualmente o tempo expiratório tende a ser 2 vezes maior que o tempo inspiratório, apresentando uma relação 1:2. Sensibilidade Deve ser compreendido como o esforço despendido pelo paciente para disparar uma nova inspiração assistida pelo ventilador. O sistema de disparo por pressão é encontrado na maioria dos ventiladores, sendo recomendado o valor de -0,5 à -2 cmH20. Fluxo inspiratório Nos ciclos controlados, a escolha do pico de fluxo determinará a velocidade com que o volume corrente será ofertado. Sendo assim, um maior pico de fluxo se correlaciona com o menor tempo inspiratório e maior pico de pressão nas vias aéreas. Nestes ciclos, um pico de fluxo entre 40-60 L/min, é suficiente. Modos ventilatórios Ventilação controlada: nesse modo o aparelho “ignora” os esforços do paciente e define inteiramente a frequência respiratória, o volume corrente ou pressão inspiratória, relação i:e e fluxo. Ventilação assistocontrolada: esforços inspiratórios podem ser detectados e deflagrar disparos do ventilador. Ventilação espontânea com pressão de suporte: modo espontâneo de ventilação a pressão. Modo bastante utilizado em paciente já acordados e para desmame ventilatório. Neste tipo existe um nível predeterminado de pressão na fase inspiratória. O volume corrente, o fluxo, a frequência respiratória, são variáveis e paciente-controlada. Ventilação mecânica não invasiva: engloba todos os modos de suporte ventilatório com pressão positiva que podem ser oferecidos, sem a necessidade de intubação. Está indicado em casos de DPOC, EAP, apnéia do sono etc. MODOS BÁSICOS DA VENTILAÇÃO MECÂNICA O ventilador não fornece gás de maneira desordenada; assim, existem duas programações básicas que o aparelho pode seguir: ventilação determinada a volume e ventilação determinada a pressão. VCV Na ventilação volume controlada cada respiração gerada pelo aparelho segue um padrão de curva fluxo/tempo predeterminado. Nela o volume corrente será determinado pelo aparelho e os valores de pressão nas vias aéreas podem oscilar, dependendo das condições do paciente. Nesse tipo de ventilação o risco de barotrauma é maior. 1-Fase inspiratória: insuflação pulmonar. Válvula inspiratória aberta. 2- Mudança de fase: ciclagem. Transição entre a fase inspiratória e a expiratória. 3- Fase expiratória: momento seguinte ao fechamento da válvula inspiratória e abertura da válvula expiratória. 4- Mudança da fase expiratória para a fase inspiratória. Disparo. PCV Na ventilação pressão-controlada, o ventilador aplica uma pressão predeterminada na via aérea e o volume corrente depende da impedância do sistema respiratório e do esforço do paciente. A pressão é constante e o volume variável, o fluxo também é variável. Cicladoa tempo. Nesse tipo de ventilação o risco de barotrauma é menor, porém há risco de hipoventilação, nos casos de rigidez de caixa torácica, resistência elevada das vias aéreas, complacência pulmonar diminuída.
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