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PRÁTICA DE ESTÁGIO: AVALIAÇÃO DE REDEFINIÇÃO DO PROJETO DE INTERVENÇÃO AULA 1 Profª Sandra A. Silva dos Santos 2 CONVERSA INICIAL Bem-vindo! Nesta aula, vamos abordar as dimensões da formação profissional do assistente social, que constroem a competência do profissional, presentes no processo de supervisão de estágio, e questões inerentes a instrumentalidade e uso de instrumentos na supervisão de estágio. TEMA 1 – AS DIMENSÕES DO PROCESSO DE TRABALHO A competência na formação e no exercício profissional dá-se para Lewgoy (2010) através da indissociabilidade das dimensões ético-política, teórico-metodológica e técnico-operativa. A indissociabilidade entre as dimensões diz respeito a completude entre as dimensões, realizando uma reflexão quanto aos diferentes âmbitos da intervenção que, segundo Lewgoy (2010, p.150), constitui-se em processo “vinculado à formação junto aos estagiários e ao exercício profissional no trabalho cotidiano dos supervisores acadêmicos e de campo”. A supervisão de estágio requer a reflexão quanto à competência profissional na formação do aluno, o que requer considerar as expertises necessárias e previstas nas dimensões ético-política, teórico-metodológica e técnico-operativa da profissão em cada espaço de atuação, no que tange para Lewgoy (2010, p.150) “aos meios, estratégias, instrumentos, referenciais técnicos, projetos de atuação, usuários lutas e direitos sociais”. A respeito da importância da complementaridade das dimensões, Iamamoto (2015, p.72) alerta quanto ao risco de as dimensões serem aprisionadas em si mesmas, transformarem-se em limites, o que interfere de forma ímpar no conhecimento do ser social e da vida em sociedade, domínio este necessário ao assistente social. Há que se considerar a necessidade de, na formação profissional durante a supervisão de estágio, ocorrer a apropriação de conhecimentos e competências exigidos nas três dimensões. Essa exigência aplica-se tanto à formação quanto ao exercício profissional dos supervisores acadêmico e de campo. 3 TEMA 2 – A DIMENSÃO ÉTICO-POLÍTICA Na dimensão ético-política, o pensamento e a ação seguem, segundo Lewgoy (2010), os princípios e fundamentos do projeto ético-político profissional que tem por referência o Código de Ética, a Lei de Regulamentação da Profissão e as Diretrizes Curriculares para os Cursos de Serviço Social, sempre alicerçado pelo pensamento crítico na busca da qualidade na formação profissional e na qualidade dos serviços prestados aos usuários. A exigência de respostas profissionais constitui-se em exigência do contexto social, político, econômico e educacional e demanda, de acordo com Lewgoy, (2010, p. 151) “um profissional com competência crítica e criativa” em constante e permanente capacitação”. Essa competência abrange, para Iamamoto (2015, p. 21), propor e negociar projetos, defendendo seu campo de trabalho, suas qualificações e funções profissionais, descobrindo alternativas para a formulação de propostas que respondam aos desafios sociais. Na supervisão de estágio, estabelece-se uma relação com a realidade, analisando e compreendendo a realidade, pautada no Código de Ética Profissional (1993), atendendo a prerrogativa, segundo Lewgoy (2010, p. 153), do “compromisso com a qualidade dos serviços prestados à população e com o aprimoramento intelectual, na perspectiva da competência profissional”. Esse posicionamento exige compromisso profissional e ético-político, habilitando o profissional para o trabalho que abrange a reflexão, a proposição e a intervenção. O compromisso ético-político permeia a relação teoria e prática e a relação entre campo de estágio e supervisoras, em que, segundo Lewgoy (2010, p. 158), garante-se a reflexão de “valores, posturas e atitudes que devem ser assumidas pelo assistente social em função de um posicionamento político e ético”. TEMA 3 – A DIMENSÃO TEÓRICO-METODOLÓGICA A dimensão teórico-metodológica requer conhecimento, conforme Lewgoy (2010), que apreenda a realidade, formada pela história, pela teoria e pelo método. 4 A questão teórico-metodológica no contexto da supervisão embasa-se, como esclarece Lewgoy (2010), nas Diretrizes Curriculares, orientada pela teoria crítica-teórica e pela história. A metodologia é compreendida como um conjunto de estratégias e táticas não neutras que, segundo Lewgoy (2010), incidem sobre o real e o transformam, sendo necessária a compreensão da sociedade, com as contradições a ela inerentes enquanto sociedade capitalista e as questões sociais dela advindas. O entendimento do ser social, da sociedade e das relações que nela se produzem tornam imprescindíveis ao assistente social o domínio segundo, Iamamoto (2015), dos fundamentos teórico-metodológico e ético-político da profissão. Referenciando o estágio, Lewgoy (2010) afirma a necessidade do conhecimento, pelo aluno da instituição, da realidade, do usuário e da forma de funcionamento do local onde estagia e onde se consubstancia o trabalho do assistente social, em uma postura investigativa de caráter permanente embasada pelo conhecimento teórico e técnico. A fim de subsidiar a atuação do estagiário em campo de estágio, Lewgoy (2010) esclarece que as teorias e os métodos pertinentes ao campo de estágio devem estar articuladas. A articulação deve ser realizada, segundo a autora, pelo supervisor acadêmico entrelaçando os conhecimentos ético, teórico e metodológico, sempre alicerçados pela teoria crítica na realização da supervisão com foco articulador entre todas as dimensões. TEMA 4 – A DIMENSÃO TÉCNICO-OPERATIVA As dimensões ético-política e teórico-metodológica deverão sempre estar em consonância com a dimensão técnico-operativa. Segundo Lewgoy (2010, p.169), a dimensão técnico-operativa é demarcada pela instrumentalidade respondendo a indagação do como e por que fazer. É importante salientar que a instrumentalidade não diz respeito apenas aos instrumentos necessários à prática, mas também ao fazer “conectando meios às finalidades”. Entendendo a possibilidade do risco do uso de técnicas em sobreposição à dimensão política da prática e ao papel social do profissional, Lewgoy (2010) alerta a respeito da ausência da articulação entre o crítico e 5 técnico no estágio, reforçando a necessidade dessa articulação na prática do estagiário. A respeito dos riscos do uso de técnicas como fim pelo profissional em campo, Martinelli (2010) ressalta a importância de se pensar criticamente os instrumentais técnico-operativos da profissão, em uma supervisão que supere o imediatismo e inclua a dimensão técnico-operativa em consonância com as demais dimensões, buscando transpor a preocupação do como fazer, levando a um saber fazer, imbuído de intencionalidade do profissional, com o entendimento pelo estagiário, segundo Lewgoy (2010), da complementariedade e da indissociabilidade entre as dimensões. O entendimento da universidade e do campo de estágio como esferas desarticuladas leva a dissociação entre esses dois espaços que erroneamente são entendidos, segundo Lewgoy (2010), como espaço da teoria e do saber e espaço da prática, concomitantemente. Esse entendimento, para Lewgoy (2010, p. 172), de restrição da supervisão de estágio leva à “mera reprodução da operacionalização dos instrumentos e técnicas é subtrair do processo de aprendizagem a apropriação dos processos de trabalho do Serviço Social em sua amplitude”. TEMA 5 – INSTRUMENTALIDADE/INSTRUMENTOS E O ESTÁGIO SUPERVISIONADO A instrumentalidade do trabalho, segundo Guerra (2000), relaciona-se à intenção da resposta profissional, e o profissional, ao transformar meios e instrumentos existentes em meios e instrumentos para o alcance de seus objetivos, dá às suas ações instrumentalidade, superando a simplesaplicação de técnicas. A intencionalidade constitui-se para Guerra (2000) como indispensável para a realização de qualquer projeto, necessitando de mobilização de meios necessários à sua consecução, ao alcance de seus objetivos, o que lhe dá uma instrumentalidade. Quanto aos instrumentos e às técnicas utilizados na supervisão de estágio, Lewgoy (2010) salienta que, para a operacionalização do estágio, são utilizados recursos pedagógicos, instrumentos e técnicas e estratégias de intervenção. O planejamento das ações do estágio constitui-se em recurso pedagógico que diz respeito à ação, constituindo-se em processo permanente. 6 O Plano de Supervisão permite para Lewgoy (2010, p. 173) a articulação junto às disciplinas articulando formação e operacionalização da prática profissional em consonância com o projeto ético-político da profissão, requerendo “amadurecimento e clareza do processo quanto a reciprocidade dos meios e dos fins apoiados sobre um saber em questão”. Os projetos de trabalho e planos de ensino operacionalizam a supervisão, constituindo-se o plano ao produto a ser alcançado e o projeto ao processo para o alcance do produto requerido pelo plano, Para a qualidade da supervisão, Lewgoy (2010) aponta a necessidade de garantia de espaço físico condizente que possibilite a supervisão de estágio tanto em momentos individuais quanto grupais e recursos humanos apropriados para sua execução, devendo ser garantidos tanto no espaço da universidade quanto no campo de estágio. NA PRÁTICA Durante seu estágio supervisionado, você deverá considerar as dimensões ético-política, teórico-metodológica e técnico-operativa de sua prática de estágio. Lembre-se: as dimensões são indissociáveis. FINALIZANDO As dimensões ético-política, teórico-metodológica e técnico-operativa são indissociáveis, e a instrumentalidade do serviço social relaciona-se à intencionalidade da resposta dada às questões que se apresentam, que se operacionalizam através de instrumentos e técnicas, não se constituindo, entretanto, esses instrumentos em fins de si mesmos. 7 REFERÊNCIAS ABEPSS – Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social. Diretrizes curriculares para o curso de serviço social. 1999. CFESS – Conselho Federal do Serviço Social. Código de Ética Profissional do Assistente Social. 1993. _____. Código de Ética Profissional do Assistente Social. 1986. GUERRA, Y. A instrumentalidade no trabalho do assistente social. 2000. IAMAMOTO, M. V. O serviço social na contemporaneidade: trabalho e formação profissional. São Paulo: Cortez, 2015. LEWGOY, A. M. B. Supervisão de estágio em serviço social: desafios para a formação e o exercício profissional. São Paulo: Cortez, 2010. MARTINELLI, M. L. Serviço social: identidade e alienação. 15. ed. São Paulo: Cortez, 2010. PRÁTICA DE ESTÁGIO: AVALIAÇÃO E REDEFINIÇÃO DO PROJETO DE INTERVENÇÃO AULA 6 Profª Sandra A.Silva dos Santos 2 CONVERSA INICIAL Bem-vindo! Nesta aula, vamos conversar a respeito do estágio, dos instrumentos utilizados em campo e da importância da documentação técnica para a formação de habilidades exigidas na aplicação dos instrumentos de trabalho do assistente social. TEMA 1 – INSTRUMENTALIDADE INSTRUMENTOS E FORMAÇÃO A utilização de instrumentos encontra-se, afirmam Santos e Noronha (2010), relacionada com condições tanto objetivas quanto subjetivas do trabalho associadas às necessidades e demandas que o profissional necessita atender. A utilização dos instrumentos contribui para efetivar a prática do profissional estando relacionados os instrumentos com os objetivos que se quer alcançar. No alcance dos objetivos e para o uso dos instrumentos, segundo Santos e Noronha (2010), faz-se necessário o domínio da técnica que diz respeito às habilidades do profissional em seu uso. O estágio supervisionado busca oportunizar ao aluno em formação a criação de habilidades na construção da documentação técnica, habilidades estas que facilitarão a utilização dos diferentes instrumentos pelo assistente social. O instrumento representa, para Santos e Noronha (2010), a passagem da teoria para a prática. A proposta da intervenção prática e do uso de instrumentos para o alcance dos objetivos possui, para as autoras, um caráter intencional expressando o entendimento da dimensão teórica e também política do serviço social, sem ter, portanto, neutralidade. Através do conhecimento da realidade, o profissional reconhece as razões para a realização da ação (por que), quando essa ação deve se efetivar e onde ela se efetivará, utilizando a técnica na definição do como atingir seus objetivos. 3 TEMA 2 – DOCUMENTAÇÃO E INSTRUMENTOS UTILIZADOS PELO SERVIÇO SOCIAL Entendida como subsídio à intervenção profissional, a documentação em serviço social constitui-se, para Marconsin (2010, p. 65), parte “da sistematização de dados para o desenvolvimento teórico prático profissional.” A respeito dos riscos a serem enfrentados na criação e utilização de documentação pelo serviço social, Marconsin (2010) alerta para o perigo da burocratização e do caráter de controle que a empobrece e a desqualifica. Vale, então, ressaltar que a documentação em serviço social apresenta terreno fértil para a análise da realidade e do trabalho, oportunizando a criação de novos conhecimentos, o que vem de encontro à necessidade da pesquisa e criação de conhecimento do serviço social em realidades em que atua. Prática e teoria compreendidas como indissociáveis devem carregar o nexo da processualidade, da totalidade, de relações e movimentos históricos e contraditórios, buscando no uso de documentos e instrumentos encontrar o caminho que possibilite a transformação através da ação interventiva comprometida com o projeto ético-político da profissão. Em campo de estágio, o aluno tem a oportunidade de conhecer a aplicação dos instrumentos e participar dela, além de utilizar os diferentes documentos que subsidiam a prática profissional do assistente social. A utilização dos documentos promove o conhecimento e a análise da realidade, oportunizando intervenção e produção de conhecimento da questão trabalhada. A escolha dos instrumentos pelo assistente social relaciona-se ao planejamento realizado e diz respeito aos objetivos que se quer atingir, estando relacionados, segundo Iamamoto (1998), às bases teóricas metodológicas da profissão. TEMA 3 – A IMPORTÂNCIA DA DOCUMENTAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL A respeito da sistematização da prática, Almeida (1995) esclarece que o serviço social historicamente sempre produziu informações, organizando seus processos de trabalho, apesar da pouca aproximação com a pesquisa. A sistematização da prática e o uso de documentação estão, para Almeida (1995), intrinsecamente relacionados a aporte teórico, condução 4 metodológica, definição da ação e reconhecimento do objeto de intervenção, dos objetivos da ação e da avaliação dos resultados alcançados. O uso de documentos do serviço social deve ter, além do objetivo de registro de informações, a pretensão, de acordo com Marconsin (2010), da reflexão para a ação e a produção de conhecimento, entendimento compartilhado por Almeida (1995) ao enfatizar que as elaborações teóricas da profissão necessitam da sistematização da prática. Ao se elaborar a documentação, deve-se observar a terminologia utilizada, o que, segundo Marconsin (2010), deve estar de acordo com quem vai receber a informação dada pela documentação: se outros profissionais, população usuária etc. Na documentação, o ordenamento dos dados deve ser observado, sendo categorizados os dados obtidos, cujos detalhes deverão ser nivelados, e destacados, entretanto, os dados mais relevantes, com o cuidado de explicar as informaçõescolhidas sem deformá-las ou modificá-las. Durante o estágio supervisionado, oportuniza-se ao aluno o conhecimento dos documentos utilizados e a formação de habilidades em sua produção realizada através de documentos técnicos exigidos em estágio. TEMA 4 – CONHECENDO A DOCUMENTAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL São diversos os documentos utilizados pelo assistente social em sua prática profissional. As informações permeiam o agir do assistente social, e por isso é necessária a criação de banco de dados com informações pertinentes ao atendimento e à clientela atendida, armazenando as informações que, esclarece Marconsin (2010), devem ser separadas conforme sua natureza. Durante a realização de estágio, o aluno é sempre orientado a conhecer os recursos e as informações pertinentes ao campo de atuação do espaço sócio-ocupacional onde está inserido, informações estas que podem subsidiar pesquisas e encaminhamentos do assistente social. A perícia e o laudo judicial constituem-se em documentos muito utilizados em âmbito jurídico e, assim como parecer social, diários, projetos e relatórios, necessitam de clareza na exposição da realidade analisada. Durante o estágio supervisionado, o aluno adquire a habilidade da descrição e análise durante a construção do plano de estágio, dos diários de campo, do relatório processual analítico e do projeto de intervenção. 5 Marconsin (2010) afirma que manter uma biblioteca básica com referenciais teóricos do serviço social é muito importante, pois embasa o planejamento, a análise, a execução e a avaliação das atividades desenvolvidas. TEMA 5 – INSTRUMENTOS DO SERVIÇO SOCIAL A observação consiste, segundo Sousa (2008), em instrumento do serviço social, sendo utilizada na prática de estágio permanentemente. Para a construção do plano de estágio e do projeto de intervenção, o aluno realiza a observação das atividades do campo de estágio, buscando conhecê-las e compreendê-las, a fim de realizar a descrição, a reflexão e a proposta de intervenção. Sousa (2008) esclarece que a entrevista se constitui em comunicação direta com o usuário, utilizando-se para isso o diálogo. A entrevista pode ser realizada tanto individual quanto grupalmente. A autora alerta quanto à necessidade de considerar a entrevista como espaço no qual o usuário do serviço pode expressar suas ideias e necessidades em uma escuta qualificada. A dinâmica de grupo consiste em instrumento advindo da psicologia social e que atualmente, segundo Sousa (2008), é muito utilizado na área de saúde mental e em empresas, utilizando jogos e simulações como facilitadores da reflexão. A reunião constitui-se em instrumento muito utilizado pelo assistente social, podendo ser realizada com usuários e com a equipe profissional, devendo considerar os objetivos para sua realização com uma condução democrática do profissional. A visita domiciliar proporciona ao profissional conhecer in loco as condições e o modo de vida da população, devendo o profissional que a realiza atentar para a necessidade da compreensão da realidade sob o parâmetro social e histórico que a determina. NA PRÁTICA Converse com seu supervisor a respeito dos documentos e instrumentos utilizados e sobre os objetivos para sua utilização. Verifique quais são os mais usados e busque acessar os registros construídos no espaço do estágio. 6 FINALIZANDO Diversos são os documentos e instrumentos utilizados pelo assistente social. O estagiário em campo de estágio acompanha o assistente social em sua utilização, adquirindo habilidades para sua construção através da documentação técnica de estágio. A documentação técnica também auxilia no preparo quanto a aplicação e utilização de instrumentos e documentos, visto remeter a observação, construção de relatórios e diários e construção, monitoramento e avaliação do projeto de intervenção. 7 REFERÊNCIAS ALMEIDA, N. L. T de. Retomando a temática da sistematização da prática em serviço social. Serviço social e saúde: formação e trabalho profissional. Rio de Janeiro: 1995. IAMAMOTO, M. O serviço social na contemporaneidade: trabalho e formação profissional. São Paulo: Cortez, 1998. MARCONSIN, C. Documentação em serviço social: debatendo a concepção burocrática e rotineira. In: GUERRA, Y; Forti, V. (Org.). Serviço social: temas, textos e contextos. Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 2010. SANTOS C. M. dos; NORONHA K. O Estado da Arte sobre instrumentos e técnicas na intervenção do assistente social – uma perspectiva crítica. In: GUERRA, Y; Forti, V. Serviço social: temas, textos e contextos. Rio de Janeiro: Lumen Júris, 2010. SOUSA, C. T. A prática do assistente social: conhecimento, instrumentalidade e intervenção profissional. Ponta Grossa (2008). Disponível em: <http://www.revistas2.uepg.br/index.php/emancipacao/article/view/119>. Acesso em: 5 jun. 2018. AVALIAÇÃO DE REDEFINIÇÃO DO PROJETO DE INTERVENÇÃO AULA 5 Profª Sandra Aparecida Silva dos Santos 2 CONVERSA INICIAL Bem-vindo! Nesta aula, vamos conversar a respeito da documentação técnica produzida na disciplina de Prática de Estágio. A produção da documentação técnica objetiva habilitar o estagiário para o uso dos instrumentos de trabalho do assistente social. TEMA 1 – A DOCUMENTAÇÃO TÉCNICA DO REGISTRO DA PRÁTICA Segundo o Regulamento da Prática de Estágio Supervisionado (2016), o estágio supervisionado requer a utilização de documentação de cunho administrativo e técnico. A documentação técnica do registro da prática envolve instrumentos que contribuem com o aprendizado envolvendo, segundo Niero e Albertino (S.d.), o saber e o fazer, buscando promover a integração teórica e prática, oportunizando reflexão a respeito da realidade do campo de estágio e das atividades nele desenvolvidas. A preocupação no que tange ao estagiário em campo de estágio centra- se, para Niero e Albertino (S.d., p. 14), no “potencial reflexivo e capacidade analítica acerca da ação profissional referida à sua situação de estágio”, e a documentação técnica que subsidia o estágio da faculdade propicia a observação e a análise necessárias à transposição da visão imediata captada da realidade estágio, buscando compreender essa realidade com profundidade e percepção crítica. Os instrumentais, inclusive os utilizados para o acompanhamento do estágio supervisionado, abrangem, de acordo com Niero e Albertino (S.d.), o campo da técnica, do conhecimento e de habilidades. A documentação técnica do registro da prática desvela a subjetividade do indivíduo na compreensão, segundo Turck (S.d.), de processos particulares e sociais que levam a intervenção. TEMA 2 – DIÁRIO DE CAMPO O diário de campo constitui-se em instrumento utilizado no estágio supervisionado para o registro diário da prática. O relato cotidiano da prática 3 cria a habilidade da descrição das atividades realizadas, permitindo apropriação/conhecimento dessa realidade. Através do diário de campo, o aluno identifica a atividade realizada, apontando os objetivos para a sua realização. Ao apontar as atividades realizadas em estágio, garante-se o conhecimento real das tarefas e ações diárias, o que muito contribui para a desmistificação do atendimento realizado pelo setor de Serviço Social e para o acompanhamento das atividades realizadas pelo estagiário. Os dados do diário de campo contribuem para o conhecimento da realidade, podendo ser utilizados em levantamentos e pesquisas. A descrição dos objetivos possibilita o entendimento da ação e do que se pretende alcançar. Algumas ações podem estar associadas a mais de um objetivo que deverá ser definido. A identificação de aluno, supervisores e local do estágio é obrigatória no diário de campo, devendo ser informado o número do CRESS do supervisorde campo e acadêmico/tutor. Relatando a atividade e os objetivos a ela inerentes, o aluno deverá realizar a avaliação da atividade desenvolvida, buscando apontar aspectos positivos e dificuldades encontradas na realização desta, deixando suas impressões quanto ao desenvolvimento da atividade. TEMA 3 – DIÁRIO DE CAMPO ANALÍTICO Procurando oportunizar o exercício de aprofundamento do conhecimento da realidade da prática do serviço social, a faculdade orienta para a construção do documento técnico diário de campo analítico, que oportuniza ao estagiário conhecer a atividade desenvolvida em campo de estágio e refletir a respeito dela. Conhecer a realidade utilizando subsídios teóricos para o entendimento da prática constitui-se em um avanço para o estagiário no que tange a utilização da teoria na compreensão e na crítica da ação profissional. O diário de campo analítico apresenta-se como instrumento que aprofunda o diário de campo e prepara o aluno para a construção do relatório processual analítico, pois nele o estagiário inicia o exercício de informar a ação realizada, buscando o conhecimento teórico e introduzindo reflexões éticas quanto a esta. 4 Neste instrumento, o estagiário inicia o exercício da interpretação que será consolidada na construção do relatório processual descritivo. Os elementos que compõem o diário de campo analítico são: data, atividade desenvolvida e aprofundamento teórico e ético relativo à atividade. O diário de campo analítico busca possibilitar a formação de habilidades no que tange a busca do conhecimento que embasa o serviço social e que diz respeito à ação desenvolvida, buscando aproximar o estagiário das reflexões relativas a comportamento e compromisso ético firmado pelo Código de Ética Profissional do Serviço Social. TEMA 4 – RELATÓRIO PROCESSUAL DESCRITIVO O relatório processual descritivo constitui-se em documento técnico utilizado pela faculdade para descrição da realidade, descrição que se constitui para Niero e Albertini (S.d.) em exercício teórico-prático profissional. O exercício de construção do relatório processual descritivo permite a apreensão da realidade com aprofundamento através de interpretação com base no conhecimento científico. A construção do relatório processual descritivo permite interpretar a situação real encontrada com base no conhecimento científico, possibilitando, de acordo com Niero e Albertini (S.d.), uma atuação eficaz profissional. Na construção do relatório processual descritivo, faz-se necessário descrever, interpretar e avaliar a ação. Na descrição, faz-se uma observação objetiva e não valorativa do ambiente físico e humano. Segundo Niero e Albertini (S.d.), detalhes relativos a atitudes, posturas e materiais devem ser descritos, devendo ser pormenorizados os acontecimentos que compõem a ação descrita, os diálogos e todos os acontecimentos que possam ser interpretados. Na interpretação, agregam-se referências científicas à descrição realizada. Consiste em reflexão fundamentada por diversas ciências que subsidiam a prática do assistente social. Na avaliação, segundo Niero e Albertini (S.d.), ocorre o desvelamento das conotações valorativas, éticas e ideológicas do serviço social, relacionando o objetivo com a ação efetuada. 5 TEMA 5 – ESQUEMATIZANDO A ELABORAÇÃO DA DOCUMENTAÇÃO TÉCNICA A formação do assistente social durante o estágio supervisionado prevê a formação de conhecimentos e habilidades que são adquiridos pelo aluno através do acompanhamento das questões sociais nos espaços sócio- ocupacionais do assistente social e nas reflexões realizadas em campo que dizem respeito à compreensão da prática utilizando o conhecimento teórico que embasa o serviço social. A respeito do aprendizado, a documentação técnica exigida contribui para a formação do aluno, visto sua construção exigir a observação e a aproximação teoria e prática com o objetivo de utilizar instrumentais que busquem, segundo Turck (S.d.), a efetivação de direitos. Durante a realização do estágio supervisionado, o aluno constrói o plano de estágio realizando o reconhecimento da instituição de estágio e do serviço social que nela atua, identificando e descrevendo as atividades desenvolvidas com o público-alvo dos serviços. A construção dos diários de campo possibilita o conhecimento das atividades e sua descrição, que é aprofundada no relatório processual descritivo, auxiliando na definição e na proposta do projeto de intervenção, que será ao longo e após sua implantação acompanhado e avaliado. Ao encerrar o estágio, o aluno realiza a avaliação de estágio, revisando e avaliando o plano de estágio, refletindo quanto à importância para sua formação profissional. NA PRÁTICA Discuta com seu supervisor de campo as atividades desenvolvidas por você, estagiário, lembrando-se de realizar o relato dessas atividades no diário de campo. Apresente e reflita em conjunto com seu supervisor as dimensões teórico-metodológica e ético-política referentes às atividades desenvolvidas. Este momento de revisão e análise permitirá a reflexão quanto a atuação e instrumentos utilizados na prática profissional. 6 FINALIZANDO A documentação técnica contribui para a formação do assistente social, e sua construção se dá ao longo de todas as etapas da prática de estágio. Ao final de sua formação, você estará apto a conhecer e relatar as questões sociais e refletir criticamente quanto a elas, realizando propostas de intervenção a fim de transformar a realidade. 7 REFERÊNCIAS NIERO, C.; ALBERTINI, S. E. Estágio supervisionado. Curitiba: S.d. TURCK, M. da G. Documentação em serviço social: uma estratégia metodológica. Disponível em: <http://slideplayer.com.br/slide/44833/>. Acesso em: 4 jun. 2018. UNINTER. Regulamento de estágio supervisionado em serviço social. Curitiba: 2016. AVALIAÇÃO DE REDEFINIÇÃO DO PROJETO DE INTERVENÇÃO AULA 4 Profª Sandra Aparecida Silva dos Santos 2 CONVERSA INICIAL Bem-vindo! Nesta aula, vamos abordar a pesquisa e sua importância para a prática do assistente social, contribuindo para a proposta de intervenção em campo de estágio. TEMA 1 – PESQUISA E SERVIÇO SOCIAL A condução da prática profissional do assistente social encontra-se diretamente relacionada ao conhecimento da realidade em que o profissional atua e ao domínio do conhecimento das variadas expressões da questão social. O conhecimento da realidade em termos históricos, quantitativos e qualitativos leva ao rompimento com a imediaticidade da compreensão dos fenômenos sociais e, segundo Setubal (2007,p.65), revela a essência de uma realidade desmistificada pela ação investigativa que identifica “a estrutura da realidade concreta, não na sua manifestação fenomênica, mas pela identificação das múltiplas determinações que lhes são peculiares e que lhes dão sentido e força para existir em determinado tempo e sociedade.” O assistente social e o estagiário em formação não devem incorrer no erro da compreensão superficial dos fenômenos, sendo necessário ao profissional, para Setubal (2007), “se por em ação pela práxis transformadora”, afastando-se da conduta de entendimento contemplativo. É necessário, portanto, requalificar a ação profissional, através da utilização da pesquisa, instrumento compreendido por Setubal (2007) como articulador entre a ação e o pensamento em uma interação dialética. Entender a utilização da pesquisa como instrumental da prática do assistente social é necessário, na visão de Setubal (2007), visto o pouco envolvimento do profissional de serviço social com a pesquisa. A autora questiona a pouca produção de conhecimento através de pesquisa indagando a pouca constância da pesquisa no fazer profissional do assistente social, a práticadescomprometida com o conhecimento das questões sociais em profundidade e os elementos que dificultam a prática da pesquisa no serviço social. 3 TEMA 2 – DADOS DE PESQUISA A fim de subsidiar a prática profissional do assistente social e também a proposta de intervenção em campo de estágio, utilizamos dados de pesquisa que se constituem em material que, segundo CFESS/ABEPSS/CEAD/UNB (2001), devem ser organizados pelo pesquisador. A coleta de dados realizada de forma sistemática abrange materiais e informações do espaço de atuação do assistente social, a bibliografia referente a situação a ser estudada, não devendo ser esquecida a diária transcrição das atividades realizadas no diário de campo. Os dados de pesquisa subdividem-se, na visão de CFESS/ABEPSS/CEAD/UNB (2001), em dados quantitativos e dados qualitativos. A coleta e a análise dos dados quantitativos dizem respeito a operações que envolvem categorização, codificação, tabulação, análise estatística e criação de gráficos, tabelas e quadros, sendo que, de acordo com CFESS/ABEPSS/CEAD/UNB (2001), a coleta e a análise dos dados quantitativos envolvem um procedimento que, segundo Niero et al (s/d), constitui-se em processo ao descrever a vida, o trabalho, a linguagem e as condições de uma realidade, devendo se proceder, após a coleta dos dados, a análise de conteúdo. TEMA 3 – A SUPERVISÃO EM PESQUISA E INTERVENÇÃO A realização de pesquisa constitui-se em atribuição do assistente social prevista no projeto da profissão e respaldada pelo Código de Ética do Serviço Social (1993), que prevê a liberdade do profissional na realização de pesquisas resguardados os direitos de participação dos indivíduos e grupos envolvidos, considerando a obrigatoriedade da devolutiva dos achados e a autorização de utilização das informações coletadas. No entanto, a pesquisa ainda não se efetiva na prática diária do assistente social. A respeito da dimensão investigativa do assistente social no exercício profissional, Guerra (s/d) enfatiza quanto à necessidade de formar profissionais identificando através da pesquisa as expressões da questão social a fim de construir estratégias que orientem o profissional em sua ação, aliando formação e capacitação durante a formação do assistente social. 4 O exercício profissional, segundo Guerra (2009), é constituído pela atitude de investigação e pela pesquisa, impactando no conhecimento e na construção do projeto de intervenção. A prática da supervisão é influenciada pelo cotidiano de trabalho do assistente social que se encontra inserido na divisão do trabalho como trabalhador assalariado sob a exploração capitalista de produção. A exploração do trabalho nos diferentes espaços sócio-ocupacionais e a exigência do atendimento ao imediato interferem sobremaneira na supervisão, dificultando a existência de momentos e situações que oportunizem discussão e entendimento crítico da realidade. TEMA 4 – A AVALIAÇÃO DA INTERVENÇÃO O processo de construção e aplicação da proposta de intervenção supõe o monitoramento e a avaliação das ações propostas no projeto de intervenção. O monitoramento e a avaliação se constituem para Cohen e Franco (2012, p.77) de processos diferentes. Para os autores, o monitoramento ou acompanhamento “é uma atividade gerencial interna que se realiza durante o período de execução e operação”. No acompanhamento, a administração realiza exame contínuo e periódico do modo como se efetivam as ações previstas conforme o plano detalhado no cronograma das etapas do projeto. A avaliação se ocupa para os autores do modo, da medida e das razões por que as pessoas foram beneficiadas. Na avaliação, deve-se considerar a objetividade da proposta, evitando a influência de interesses nos resultados da avaliação; a informação que necessita ser suficiente, porém não necessariamente completa, com instrumentos que meçam o que é necessário medir; a confiabilidade da informação, que se refere à qualidade e à estabilidade, não variando os resultados de acordo com o avaliador. A avaliação se realiza, segundo Cohen e Franco (2012), nos processos que envolvem a intervenção, nos resultados e nos impactos. Avalia-se antes do início, durante e após a implantação do projeto. 5 TEMA 5 – INDICADORES SOCIAIS DA INTERVENÇÃO O uso de indicadores no projeto de intervenção possibilita medir o alcance dos objetivos específicos, e, para Cohen e Franco (2012), determinar o grau de alcance das finalidades do projeto. Ao definir as metas de cada objetivo, define- se de que forma se medirá seu alcance através de indicadores. A respeito da escolha de indicadores, Cohen e Franco (2012) alertam quanto à necessidade de se construir uma grande quantidade de indicadores a fim de diminuir os efeitos negativos de uma escolha de indicador não efetivo. Os indicadores diretos apresentam uma relação lógica com o objetivo. Já os indicadores indiretos devem ser construídos possuindo, para Cohen e Franco (2012), um caráter probabilístico, e não de implicação lógica, devendo neste caso aumentar a sugestão de indicadores para cada meta definida. Vamos relembrar o esquema referente a objetivos e indicadores de Cohen e Franco (2012, p.154). O objetivo geral da proposta interventiva desdobra-se em objetivos específicos a fim de alcançar o objetivo geral proposto. Definem-se para cada objetivo específico metas a serem alcançadas, e para cada meta constroem-se indicadores que permitirão a verificação do alcance dos objetivos. Podemos exemplificar, baseados no projeto de redução dos acidentes envolvendo idosos atendidos no CRAS xxx, que o objetivo de reduzir o índice de acidentes envolvendo idosos no entorno do CRAS xxx tem por indicador o número de acidentes na região do CRAS, e este indicador constitui-se em indicador direto. Porém, também temos como objetivo específico, por exemplo, estimular a participação da comunidade em discussões que envolvam a prevenção de acidentes. Definimos, então, como metas para este objetivo realizar cinco reuniões comunitárias a fim de definir estratégias de prevenção a acidentes e determinamos como indicadores o número de reuniões realizadas considerando como indicador alto mais de 5 encontros, médio de 3 a 4 encontros, inferior a média 1 encontro e não atividade 0 encontro. NA PRÁTICA Realizar pesquisa constitui-se em ação de grande importância para o profissional assistente social, contribuindo para o conhecimento da realidade que subsidiará os projetos de intervenção. A supervisão acadêmica e de campo deverá preocupar-se também em oportunizar a formação para o 6 desenvolvimento de pesquisas que subsidiam a intervenção, cujo processo além do planejamento e da construção da proposta requer a previsão da avaliação e a definição de indicadores que possibilitem o acompanhamento da intervenção. Você conversou com seu supervisor a respeito da realização de pesquisas em campo? Você teve oportunidade de discutir com seus supervisores de que forma se dará a avaliação de seu projeto de intervenção? FINALIZANDO Pesquisa, planejamento e construção do projeto de intervenção, seu monitoramento e avaliação consistem em procedimentos que contribuem para o sucesso da proposta interventiva em campo de estágio. Converse com seu supervisor a respeito. 7 REFERÊNCIAS CARVALHO, M. do C. B. Avaliação de projetos sociais. In: Gestão de projetos sociais. Coordenação: ÁVILA, C. M. de. AAPCS. 3. ed. revista. São Paulo: 2001. CFESS/ABEPSS/CEAD/UNB. Intervenção e pesquisa em serviço social. Brasília: UNB, 2001. CFESS. Código de Ética Profissional do Assistente Social. Brasília, 1993. COHEN, E.; FRANCO, R. Avaliação de projetos sociais. Petrópolis: Vozes, 2012. GUERRA, I. A dimensão investigativa no exercício profissional. In: Serviço social, direitos sociais e competências profissionais.Brasília: CFESS, 2009. SETUBAL, A. A. Desafios à pesquisa no serviço social: da formação acadêmica à prática profissional. Rev. Katál. Florianópolis: 2007. p.64 a 72. AVALIAÇÃO DE REDEFINIÇÃO DO PROJETO DE INTERVENÇÃO AULA 3 Profª Sandra Aparecida dos Santos 2 CONVERSA INICIAL Bem-vindos Nesta aula, vamos dar continuidade à revisão das etapas do projeto de intervenção. TEMA 1 – PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS/METODOLOGIA O detalhamento dos procedimentos operacionais é realizado com vistas a informar minuciosamente as ações propostas no projeto de intervenção. Rezende (1994) explica que se deve explicitar a quem se dirige a ação, lembrando que no projeto de intervenção a ação pode ser direcionada ao público usuário do serviço, aos técnicos e trabalhadores da instituição onde se realiza o estágio ou a outros públicos que direta ou indiretamente se relacionem com o campo de estágio. Diferentes são os procedimentos que auxiliam no alcance dos objetivos, como palestras, reuniões, cartazes, folders etc. A informação dos procedimentos a serem utilizados são de grande importância vista a necessidade de previsão dos recursos e das estratégias utilizadas. Ao informar a respeito dos procedimentos, deve explicitar o conteúdo a ser abordado no material e nos encontros e reuniões, devendo ser anexada ao projeto de intervenção a proposta de folder e outros materiais informativos. A definição dos sujeitos envolvidos em cada procedimento são, segundo CFESS/ABEPSS/CEAD/UNB (2001), informações que deverão constar no item metodologia, apontando os responsáveis pela elaboração e operacionalização das ações. Além da apresentação das ações propostas, a periodicidade delas deverá ser informada. É preciso explicitar se o evento proposto se realizará diariamente, semanalmente etc. e quanto tempo será demandado para cada ação. TEMA 2 – PÚBLICO-ALVO Apresentar o público que se beneficiará de sua intervenção constitui-se em elemento obrigatório na construção do projeto. Segundo Rezende (1994), o público-alvo se refere a quem o objetivo geral se destina. Para construir seu público-alvo, é necessário que você tenha 3 coerência com seu objetivo geral, pois nele já ocorre o direcionamento do para quem é destinada a proposta do projeto. O público-alvo é composto pelos beneficiários do projeto, mas não somente por eles. Para Rezende (1994), o público-alvo divide-se em público- alvo direto e público-alvo indireto. O público-alvo direto diz respeito aos beneficiários diretos de sua ação. No nosso exemplo, se o projeto se destina aos idosos que são atendidos no Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) xxx, o público direto de seu projeto serão os idosos atendidos no CRAS xxx. O público-alvo indireto diz respeito às pessoas que indiretamente também se beneficiarão do projeto. Podemos dizer que os familiares dos idosos atendidos se beneficiarão da proposta de prevenção de acidentes, que a comunidade do bairro onde se situa o CRAS também se beneficiará, que os motoristas que trafegam no entorno também serão beneficiados. TEMA 3 – METAS DO PROJETO DE INTERVENÇÃO Definir as metas que se quer alcançar com o projeto de intervenção constitui-se em elemento obrigatório na construção do projeto, definindo o período para o alcance dos objetivos e percentual/quantidade que se quer atingir com a proposta. Rezende (1994) afirma que as metas se dividem em metas a curto prazo, médio prazo e longo prazo. Podemos considerar como metas a curto prazo aquelas que se pretende alcançar em um período inferior a um ano. As metas de médio prazo deverão ser alcançadas de um a cinco anos, e as metas de longo prazo têm previsão de alcance acima de cinco anos. O projeto de intervenção, por seu caráter de formação, terá metas a curto prazo, visto o tempo de realização do estágio supervisionado. As metas definidas dizem respeito ao objetivo geral e aos objetivos específicos, procurando, para Júnior (2012), apontar os prazos, as quantidades e os volumes a serem alcançados com as ações contempladas no projeto de intervenção. Isso quer dizer que, além de realizar as propostas de intervenção, você deverá esclarecer quanto a quantidade/alcance e tempo previsto para a concretização dos objetivos. 4 A definição das metas deve prever índices passives de serem concretizados, sempre considerando a realidade institucional, devendo ser analisadas pelo autor do projeto e pela equipe envolvida nele as metas viáveis de serem alcançadas. TEMA 4 – AVALIAÇÃO E CONTROLE DO PROJETO DE INTERVENÇÃO A avaliação e o controle do projeto de intervenção utilizam como parâmetros, segundo Rezende (1994), o objetivo geral e os objetivos específicos, as metas e o contexto sócio-histórico e político. Essa importante etapa do projeto de intervenção é realizada em termos quantitativos e qualitativos, de acordo com CFESS/ABEPSS/CEAD/UNB (2001), tanto em nível geral, no qual se considera o objetivo geral, quanto em nível parcial, quando se consideram os objetivos específicos. Avaliar o projeto de intervenção em nível quantitativo requer observar o universo a ser atingido pela proposta. Já para CFESS/ABEPSS/CEAD/UNB (2001), a avaliação em nível qualitativo requer a observância de indicadores que foram definidos em relação à questão escolhida como objeto de intervenção. O íntimo relacionamento entre as etapas de planejamento, implementação e avaliação é destacado por Cury (2001), que esclarece serem as etapas de importância similar que se complementam em movimentos dinâmicos e não lineares. Isso significa que a avaliação, por exemplo, está contida na fase do planejamento e também deve ser realizada na fase da implementação. A avaliação para Cury (2001) começa a partir do esboço da proposta do projeto de intervenção e objetiva analisar ambiente e contexto econômico, social e político local, sendo definida esta etapa como avaliação ex-ante. A avaliação prossegue, para Carvalho (2001, p.64), durante a implementação e a execução do projeto (avaliação de processos e indicadores de acompanhamento da ação) e com a avaliação dos resultados e impactos que deve ocorrer não só ao término da ação, mas também após um tempo de sua efetivação. 5 TEMA 5 – CRONOGRAMA, RECURSOS, BIBLIOGRAFIA E ANEXOS DO PROJETO DE INTERVENÇÃO Construir o cronograma do projeto de intervenção pressupõe, segundo Rezende (1994), planejar as fases da execução do projeto. No cronograma, os períodos de realização do projeto de intervenção com cada etapa especificada devem ser informados, sendo definidos os períodos de implantação do projeto, de execução propriamente dita, de avaliação e controle e de redefinição e ajustamentos. A especificação dos procedimentos de cada fase deverá ser feita, assim como a previsão dos períodos necessários para sua efetivação. Definir os recursos do projeto de intervenção requer considerar a viabilidade de execução da proposta e, segundo CFESS/ABEPSS/CEAD/UNB (2001), a informação dos recursos disponíveis deve estar condizente com a real existência dos mesmos. Os recursos a serem informados no projeto se referem a recursos humanos, que dizem respeito às pessoas que efetivamente contribuirão com a proposta de intervenção em suas diferentes fases; recursos materiais, que se referem a material a ser utilizado; e recursos financeiros, que dizem respeito a previsões de necessidade de investimento financeiro. A bibliografia deve seguir as normas da Associação Brasileira de Normas Técnica (ABNT), devendo ser informadas neste item todos os materiais de consulta utilizados na construção do projeto de intervenção. Nos anexos, segundo CFESS/ABEPSS/CEAD/UNB (2001), os instrumentais utilizados na intervenção deverão ser anexados, não devendo as páginas do anexoserem numeradas. Ao final da elaboração do projeto de intervenção, elabora-se a folha de rosto do projeto, contendo informações importantes para o entendimento da proposta que auxiliará o leitor em sua compreensão. NA PRÁTICA Os procedimentos operacionais devem informar minuciosamente as ações propostas em seu projeto de intervenção e deverão estar condizentes com os recursos levantados para a efetivação da intervenção. 6 Avalie com seus supervisores se sua proposta de intervenção requer a utilização de recursos e se os recursos necessários para sua efetivação, tanto humanos quanto materiais e financeiros, encontram-se disponíveis na instituição concedente de estágio. 7 FINALIZANDO A proposta de intervenção, além de objetivar capacitar o aluno na construção prática de uma intervenção, contribui com o campo de estágio, na realização de intervenção oriunda do conhecimento da realidade do campo e das necessidades encontradas para a melhoria da qualidade dos serviços. 8 REFERÊNCIAS CARVALHO, M. do C. B. Avaliação de projetos sociais. In: Gestão de projetos sociais. Coordenação: ÁVILA, C. M. de. AAPCS. 3. ed. revista. São Paulo: 2001. CFESS/ABEPSS/CEAD/UNB. Intervenção e Pesquisa em Serviço Social. Brasília, UNB, 2001. CURY, T. C. H. Elaboração de projetos sociais. In: Gestão de projetos sociais. Coordenação: ÁVILA, C. M. de. AAPCS. 3. ed. revista. São Paulo: 2001. JUNIOR, M. R. de C. Gestão de projetos: da academia à sociedade. Curitiba: InterSaberes, 2012. REZENDE, I. Síntese do roteiro simplificado para elaboração do projeto de intervenção. Rio de Janeiro: UFRJ, 1994. PRÁTICA DE ESTÁGIO: AVALIAÇÃO DE REDEFINIÇÃO DO PROJETO DE INTERVENÇÃO AULA 2 Profª Sandra A. Silva dos Santos 2 CONVERSA INICIAL Bem-vindo! Nesta aula, vamos revisar a construção do projeto de intervenção, discutindo os elementos que o compõem e pontuando as necessidades de abordagem de elementos obrigatórios para sua construção. TEMA 1 – CARÁTER DO PROJETO DE INTERVENÇÃO O projeto de intervenção constitui-se em ação proposta para o enfrentamento das questões sociais que requerem intervenções de caráter, segundo CFESS/ABEPSS/CEAD-UNB (2001), técnico-profissional e ético- político. A proposta de intervenção requer conhecimentos teórico e sócio- histórico advindos, de acordo com CFESS/ABEPSS/CEAD-UNB (2001, p. 47), da investigação articulada aos processos e das mediações relacionados a escolhas, gestão de programas e projetos serviços e benefícios e lutas pela ampliação de direitos. O projeto de intervenção apresenta, para Rezende (1994), caráter de documento institucional de natureza pública, constituindo-se de documento de negociação financeira e técnica que lhe imprime caráter estratégico. A fim de facilitar a compreensão da proposta de ação, facilitando a adesão à proposta do projeto, o caráter da clareza e objetividade torna-se primordial para o sucesso, auxiliando na melhor compreensão e aceitação da proposta de ação. O projeto de intervenção projeta atividades de investigação e de intervenção, consideradas por CFESS/ABEPSS/CEAD-UNB (2001) dimensões indissociáveis do projeto, ao realizar propostas de ação sempre imbuídas dos princípios e compromissos ético-políticos voltadas às necessidades dos usuários dos serviços, apresentando, segundo Rezende (1994), um caráter histórico que requer do profissional conhecimento teórico-metodológico, ético- político e técnico-operacional. TEMA 2 – A APRESENTAÇÃO NO PROJETO DE INTERVENÇÃO A sistematização e organização do projeto de intervenção se faz a priori com instrumentos pautados, segundo Lakatos e Marconi (2003), em 3 “elementos essenciais à compreensão do estudo que se pretende realizar”. A capa deve conter o nome da instituição, o título do projeto, o responsável pelo projeto, que no caso é você, estagiário, cidade, data e autor do projeto; a proposta de intervenção deve conter a apresentação do projeto. Explicita-se no item apresentação, de acordo com Rezende (1994), a razão da motivação para a elaboração do projeto. Você deve esclarecer quais foram as razões que o levaram a propor a intervenção. Esclareça por que o problema chamou sua atenção, quais foram as situações em que você se deparou com a questão e quais são as razões para a escolha do problema. Informe na apresentação do projeto qual é o tema da proposta e do que se trata a questão. Deve-se também informar autor ou autores do projeto esclarecendo se é um projeto inicial ou de continuidade. É necessário contemplar na apresentação quem vai executar o projeto e quais são as parcerias nele contidas. Na apresentação, você deve explicitar as fases do projeto, de que forma se organiza e divide sua proposta, apontando o(s) setor(es) envolvidos para sua execução. TEMA 3 – A JUSTIFICATIVA DO PROJETO DE INTERVENÇÃO A justificativa apresenta um caráter de convencimento da proposta de que trata o projeto de intervenção. A respeito da importância da justificativa, Rezende (1994) salienta que na justificativa a instituição se apropria da importância da ação proposta, podendo avaliar se ela encontra-se condizente com os objetivos e as metas por ela definidos para sua atuação. O problema na justificativa é explicitado, e a proposta para intervenção e resolução do problema é apresentada. Segundo Lakatos e Marconi (2003), o item justificativa se constitui em único tópico do projeto que responde por que está se propondo a ação, contribuindo diretamente na adesão dos envolvidos no projeto, e deve enfatizar a importância do tema do ponto de vista mais abrangente, a importância do tema para situações específicas, no caso encontradas na instituição concedente de estágio, a possibilidade de modificação da situação encontrada e as possibilidades de resolução do problema através das ações propostas no projeto de intervenção. 4 Na justificativa, responde-se por que pesquisar o problema, buscando apontar, segundo CFESS/ABEPSS/CEAD-UNB (2001), as contribuições da pesquisa para a compreensão teórica da questão, para a compreensão metodológica e/ou para a intervenção prática. Por possuir importância de convencimento da instituição para a adesão ao projeto e impactar na viabilização de parcerias, é necessário, para Lakatos e Marconi (2003), do autor do projeto criatividade no que se refere às propostas e exposição da proposta e boa capacidade de convencimento, inclusive com o uso adequado de terminologias e fluência do texto. TEMA 4 – PROBLEMATIZAÇÃO TEÓRICO-HISTÓRICA DO OBJETO DE INTERVENÇÃO O serviço social atua nas questões sociais que se modificam diante do panorama histórico, político e econômico e que busca a manutenção das condições que garantam a reprodução do sistema de produção. A respeito do significado das questões sociais, Iamamoto (2013, p. 27) as conceitua como “o conjunto de expressões da desigualdade da sociedade capitalista madura, que tem como raiz comum: a produção social é cada vez mais coletiva, o trabalho torna-se mais amplamente social, enquanto a apropriação de seus frutos mantém-se privada, monopolizada por uma parte da sociedade”. Ao se apropriar das questões da realidade de trabalho do campo de estágio, o aluno também deve entender as relações que envolvem a questão e a problemática por ele elencada que serão abordadas na sua proposta de intervenção. Compreender o objeto de intervenção, segundo CFESS/ABEPSS/CEAD-UNB (2001), requer abordar o objeto de intervenção buscando compreendê-lo como parte de um processo histórico de transformação social. Buscando a compreensão do processo histórico que envolve o objeto de intervenção, no caso a questão escolhida para seu projeto de intervenção, deve-se considerar as mudanças no mundo do trabalho, arelação Estado e sociedade civil e os impactos dessa relação na política social e nas condições de vida e de trabalho da população. Considera-se a problematização teórica-histórica do objeto de intervenção oportunidade ímpar para oportunizar a utilização de conhecimentos 5 teóricos discutidos ao longo do curso, buscando relacioná-los com a prática vivenciada em campo de estágio, refletindo a realidade do campo e aprofundando o entendimento quanto a suas causas e consequências. A problematização teórico-histórica do objeto de intervenção permite ao estagiário compreender, segundo Iamamoto (2009), que “as incidências do trabalho profissional não dependem apenas da atuação isolada do assistente social, mas do conjunto das relações e condições sociais por meio dos quais ele se realiza”. TEMA 5 – OBJETIVOS DO PROJETO DE INTERVENÇÃO No projeto de intervenção, delimitam-se o objetivo geral e os objetivos específicos. O objetivo geral, baseando-se em Lakatos e Marconi (2003, p.219), relaciona-se “a uma visão global e abrangente do tema”. O objetivo geral é o impacto que se quer alcançar, expressando a meta a longo prazo, devendo ser considerados a coerência e o alinhamento com a justificativa dada para a intervenção. Seguindo o conceito de CFESS/ABEPSS/CEAD-UNB (2001), estrategicamente deve-se considerar na construção do objetivo geral a relação das necessidades e dos interesses do público-alvo e os objetivos institucionais do campo onde se desenvolverá o projeto de intervenção. Os objetivos específicos consistem, segundo CFESS/ABEPSS/CEAD- UNB (2001), no desdobramento do objetivo geral, sendo especificadas atividades para o alcance do objetivo geral proposto. Os objetivos específicos referem-se, segundo Rezende (1994), às variáveis constituintes do problema que se quer resolver e que se constitui em objeto do projeto de intervenção. Para Rezende (1994), os objetivos específicos iniciam-se com verbos no tempo infinitivo, como promover, desenvolver, verificar, aumentar, implementar viabilizar, conhecer etc. Os objetivos específicos apresentam, para Lakatos e Marconi (2003), caráter mais específico com função intermediária e instrumental, atingindo o objetivo geral e aplicando-o a situações particulares, atingindo as particularidades e alcançando as diversas variáveis do problema. Como exemplo, podemos apontar como objetivo geral contribuir para a diminuição de acidentes de transito envolvendo idosos atendidos no CRAS e, como objetivos 6 específicos, aumentar a segurança dos idosos na região do CRAS; realizar a sensibilização dos motoristas quanto a segurança do idoso no transito etc. NA PRÁTICA Você, ao construir a proposta do projeto de intervenção, considerou as parcerias necessárias à sua implantação? Discuta com seu supervisor e tutor a respeito disso. FINALIZANDO O projeto de intervenção deve ser claro e objetivo e basear-se nas reais necessidades detectadas em campo de estágio. Lembre-se que a proposta do projeto de intervenção deve estar alinhada com os objetivos e as metas da instituição concedente do estágio. 7 REFERÊNCIAS CFESS – Conselho Federal de Serviço Social. ABEPSS – Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social. CEAD-UNB – Centro de Educação a distância da Universidade de Brasília. Intervenção e pesquisa em serviço social. Brasília, 2001. IAMAMOTO, M. O serviço social na contemporaneidade: trabalho e formação profissional. Cortez, Brasília, 2013. _____. O serviço social na cena contemporânea: serviço social, direitos sociais e competências profissionais. In: Serviço social, direitos sociais e competências profissionais. CFESS – Conselho Federal de Serviço Social, 2009. LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. de A. Fundamentos da metodologia científica. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2003. REZENDE, I. Síntese do roteiro simplificado para elaboração do projeto de intervenção. Rio de Janeiro: UFRJ, 1994.