Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Nervos Cranianos Exame Físico Lívia Mendes – 2020.1 – MEDICINA UNIFG Nervo Olfatório (I) Anamnese: Hiposmia: redução do olfato Anosmia: abolição do olfato Parosmia: perversão do olfato Cacosmia: sensação de olfato desagradável Como examinar? Emprega-se algumas substâncias aromáticas (café, baunilha, hortelã etc) em cada narina do paciente com os olhos fechados. 1) Percebe o cheiro? (indica continuidade da via) 2) Qual cheiro? (indica função cortical intacta) OBS: Certifique-se que não há obstrução nasal; OBS: Examinar primeiro o lado anormal; Nervo Óptico (II) Não é um nervo verdadeiro Via óptica: Retina >> Nervo óptico >> Trato óptico >> Corpogeniculado lateral >> Trato geniculocalcarino (radiação óptica) >> Córtex visual (Occipital) O nosso campo visual é basicamente dividido em dois, uma parte temporal e a parte nasal. O campo visual temporal, ele é captado pela retina nasal, e o campo visual nasal é captado pela retina temporal. Temos o nervo optico com imagem do campo nasal e temporal, a região B é onde fica o quiasma optico. O campo nasal direito em amarelo, essa via não cruza no quiasma optico, já o temporal cruza no quiasma optico pro outro lado, tanto o lado direito quanto o esquerdo. As fibras que captam os campos visuais temporais, eles cruzam a nível de quiasma óptico. Saindo do quiasma optico, nós temos o trato optico, o corpo geniculado e depois as radiações óticas que levam as informações até o nível cortical. A manifestação do paciente, depende de onde é a lesão na via optica. O paciente tem uma lesão a nível de A (Nervo óptico), qual a manifestação? Ele perde a visão completamente do lado direito (amaurose). Se a lesão é a nível de B (quiasma óptico), então você tem lesão do temporal do lado direito e esquerdo, logo ele perde parte da visão dos dois lados, uma hemianopsia heterônima bitemporal. Em cima do quiasma optico está a hipófise que pode comprimir o quiasma. Se a lesão for em C, ele vai ter uma hemianopsia nasal do olho direito. Lívia Mendes – 2019.1 – MEDICINA UNIFG Se a lesão for em D (trato óptico), como ocorre no AVC, onde junta fibra nasal do olho direito e temporal do esquerdo, o paciente tem uma hemianopsia homônima, porque é esquerda de um lado e de outro. Se ele tem uma lesão a nível de radiações opticas (E), ele vai manifestar uma quadrantopsia, porque tanto o nasal e o temporal Anamnese: Amaurose: perda visual Ambliopia: perda ou diminuição da visão na ausência de lesão estrutural Hemianopsia: metade do campo visual (homônima/heterônima) Escotomas (positivos/negativos) 1) Monocular ou binocular? 2) Todo campo visual? Ou algum ponto? 3) Súbita? Gradual? 4) Persistente ou flutuante? 5) Dor ocular? 6) Alterações palpebrais? Como examinar? Acuidade visual Snellen (20 pés – 6m) Cartão de Rosenbaum (36cm) Teste de Pinhole: Melhora: Erro de refração Piora: Maculopatia/neuropatia óptica OBS: No Teste de Snellen, o paciente deve acertar mais que 50% para passar para outra linha. Campimentria de Confrontação Olho esquerdo do examinador testa o olho direito do paciente; Grande valor localizatório; Distancia 50-70vm Olhos na mesma altura Como examinar? Objeto/dedo da periferia para o centro para testar os quadrantes visuais. Fundoscopia Direta x indireta Sala escura: dilatação da pupila Solicite ao paciente para fixar em um ponto distante; Disco óptico normal (amarelo/ovalado/posição nasal) Mácula (pálida/posição temporal) Parâmetros: coloração/escavação/contornos Como examinar? 1) Com o otoscópio em mãos, apoia-se 3 dedos na frente que ficarão em contato com o maxilar do paciente, e a outra mão espalmada no temporal. 2) Corre a luz por todo fundo de olho, localizando o disco óptico e a mácula. 3) Quando você quer avaliar a mácula, pede para o paciente olhar para a luz do aparelho, porque tende a deslocação da mácula para posição nasal Reflexo fotomotor Direto x consensual Via aferente (leva a informação): II NC Via eferente: III NC. Como examinar? Lívia Mendes – 2019.1 – MEDICINA UNIFG 1) Incide a luz lateralmente até a pupila; 2) No reflexo direto há contração da pupila que você incide a luz Nervos oculomotores (III/IV/VI) “OS4RL6”: Obliquo superior IV NC, reto lateral o VI, e o resto é inervado pelo 3. Anamnese: Diplopia: visão dupla Desvio do olho: estrabismo (convergente/divergente) Como examinar? 1) Inspeção (posição ocular/ptose/midríase) 2) Dinâmica: Solicitar para o paciente seguir um alvo em movimento; “vai e volta” em cruz, depois em X; 3) Sacades: nariz x dedo 4) Convergência: ponta do dedo 5) Reflexo fotomotor Nervo Trigêmio (V) 3 ramos: V1: Ramo oftálmico V2: Ramo maxilar V3: Ramo mandibular É responsável pela: Sensibilidade da face Sensibilidade 2/3 anterior da língua Musculos mastigatórios: (V3- masseter/temporal superficial/pterigoideos mediale lateral) Como examinar? Parte motora: Solicitar ao paciente que feche a boca e palpar o masseter/temporal Abra a boca contra resistência Movimentos de lateralização da mandíbula (pterigoideos); Impressão dentaria dos molares (abaixador da língua); Parte sensitiva: Calor/frio/tato/dor: Testar dos dois lados, pedir para o paciente fechar os olhos; Reflexo corneopalpebral: via aferente pelo trigêmeo, e eferente pelo palpebral. Nervo Facial (VII) Motora: musculatura mimica da face; Autonômica: glândulas lacrimais Sensitiva: gustação 2/3 ant. da língua/pavilhão auditivo Como examinar? 1) Observar a face do paciente (simetria x assimetria) – fissuras palpebrais e pregas nasolabiais; 2) Solicitar o paciente para franzir a testa/apertar os olhos/sorrir/mostrar os dentes; 3) Paralisia facial Quando o paciente tem paralisia do andar superior e inferior da face você tem uma paralisia periférica, se só a boca desviar, central. Isso porque a parte superior do face tem representatividade cortical bilateral; Lívia Mendes – 2019.1 – MEDICINA UNIFG Paralisia bilateral: Solicite o paciente para fechar os olhos, cerrar os lábios e inflar as bochechas) 4) Paladar: aplicadores com ponta de algodão (doce/azedo/salgado/amargo) – 2/3 anteriores da língua Nervo vestíbulo-coclear (VIII) Sensorial: Audição (coclear) Equilíbrio (vestibular) Anamnese: Hipoacusia: déficit auditivo Foi unilateral, bilateral, de forma súbita, progressiva, como foi percebida? Como examinar? Esfregar o polegar e o dedo indicador em conjunto cerca de 2 polegadas de distância de cada orelha Teste da voz sussurrada Teste de Rinner: 1) Fazer otoscopia antes 2) Colocar o diapasão vibrando sobre o processo mastoideo 3) Perguntar: Está sentindo a vibração? Quando parar, solicitar que o paciente avise. 4) Assim que parar de vibrar, colocar próximo ao conduto auditivo externo (condução área x óssea) RINNE POSITIVO: Se ele ainda estiver escutando, significa que CA > CO (NORMAL/NEUROSSENSORIAL) RINNE NEGATIVO: CO > CA (CONDUÇÃO) Condução: problemas relacionados com o conduto auditivo até o ouvido médio Neurossensorial: problemas na cóclea/nervo. Teste de Weber Realizado colocando o diapasão vibrando no vértice do crânio ou na fronte; Perguntar: está escutando igualmente dos dois lados ou lateraliza? Lateralização para ouvido bom: neurossensorial Lateralização para ouvido ruim: condução Sem lateralização: normal/hipoacusia bilateral SISTEMA VESTIBULAR Equilíbrio Estático (Roomberg) Equilibrio dinâmico (Marcha atáxica): Pedir para o paciente andar 10 passos para e para atrás, cinco vezes e com olhos fechados. Quando o problemaestá de um lado vestibular, ele começa a andar mais para esse lado, desenhando uma “estrela” no chão. Pesquisa de nistagmo (horizontal/vertical/rotatório) – óculos de Frenzel Reflexo vestíbulo ocular (RVO) 1. Teste do estimulo calórico 2. Teste do impulso da cabeça Manobra de Dix-Hallpike Diagnostica vertigem posicional paroxística benigna, que é um problema no sistema vestibular, no labirinto especificamente. É uma das principais causas de tonturas das vertigens. Lívia Mendes – 2019.1 – MEDICINA UNIFG 1) Posiciona o paciente sentado com as pernas em cima da maca 2) Examinador atrás do paciente, lateraliza a cabeça para o lado, faz um movimento rápido de descida e inclinação para trás e observa durante 30s se há presença de nistagmo. Resposta positiva é o aparecimento do nistagmo, indicativo de VPPB Teste do estimulo calórico (vestíbulo-ocular) 1. Fazer otoscopia 2. Paciente em decúbito dorsal, com cabeceira elevada 30º 3. Irrigar o conduto auditivo com 50 ml de agua fria por 60s 4. Observar desvio tônico do olhos para o lado estimulado (OBS: quente – lado oposto) 5. Esperar 5m para testar o lado contralateral Teste do impulso da cabeça 1) Segurando a cabeça do paciente sentado a sua frente, com as duas mãos na região bitemporal, o examinador solicita que ele fixe na ponta do nariz e realiza um movimento de grande aceleração e de pequena amplitude 2) Neste momento o examinar observa se os olhos mantem fixo no alvo 3) A existência de sácade para refixação significa diminuição do RVO Nervo Glossofaríngeo (IX) Sensitiva: 1/3 posterior da língua Parassimpática: inervação glândula parótida Motora: elevação e dilatação da faringe junto com o nervo vago Anamnese: Ageusia: abolição do gosto Hipogeusia: diminuição do gosto Parageusia: perversão do gosto Disfagia: dificuldade de engolir Neuralgia do glossofaríngeo: dor em pontada na faringe Como examinar? 4 sabores: doce, salgado, azedo e acido 1/3 posterior da língua: exteriorizar a língua, colocar um sabor de cada vez, seca com gazes entre um e outro, o examinador deve lentar a mão e apontar num papel Lívia Mendes – 2019.1 – MEDICINA UNIFG previamente escrito o gosto experimentado Sensibilidade geral: tocar o 1/3 posterior da língua com o abaixador Nervo Vago (X) Motora: palato mole/faringe e laringe (eferência nos reflexos de vômitos e tosse) Fibras autonômicas parassimpáticas Sensitiva: epiglote, laringe, faringe, conduto auditivo externo e área cutânea retroauricular. Como examinar? Inspeção estática e dinâmica do palato (solicite o paciente que diga “aaaa” varias vezes e observar a elevação do palato/úvula, se há desvio, paralisação etc) Reflexo do vomito: encosta o abaixador na região da faringe, de forma rápida. Associação com o IX NC Nervo Acessório (XI) Motor: Trapezio/esternocleidomastoideo (parte espinhal) Faringe/laringe Como examinar? ECOM: 1) Solicitar que o paciente gire a cabeça contra uma resistência fornecida pela mão do examinador que é colocada sobre a mandíbula. 2) Testar também empurrando a testa do paciente, e pedir que ele faça uma força contrária. TESTAR SEMPRE BILATERAL TRAPÉZIO: 1) Solicitar o paciente que eleve os ombros contra a resistência. Observar queda de escapula, que pode ser observado caso um ombro esteja mais baixo que o outro, ou solicitando o paciente para estender os braços e verificar a altura entre eles. Nervo Vago (XII) Motor: motricidade da língua Como examinar? Inspeção estática: solicitar ao paciente que abra a boca, ainda com a língua no interior e observar se há desvios, atrofia (quando há paralisia, pode haver atrofia ipsilateral pois são dois nervos) ou fasciculações que são contrações involuntárias. Inspeção dinâmica: 1) Solicitar ao paciente para exteriorizar a língua e realizar movimentos de lateralidade e verticalidade (se há desvio para o lado direito, o hipoglosso que está parado é o do lado direito, é sempre ipsilateral). Quando a língua retorna para a cavidade oral, a língua tende a ser puxada para o lado sã (nervo afetado do lado direito, língua desvia para a esquerda) 2) Pede ao paciente que movimento a língua para baixo, para cima, e para ambos os lados, para verificar se há paresia. Palpação: Solicitar ao paciente que empurre seu dedo com a língua dentro da cavidade oral, o examinador deve colocar o dedo na bochecha do paciente. Deve-se verificar tônus e trofismo.
Compartilhar