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Noções de Direito Penal

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL 
 
SECRETARIA DE ESTADO DE ADMINISTRAÇÃO PENITENCIÁRIA - SEAP 
NOÇÕES DE DIREITO PENAL 
- LEI 5.810/94 
 
 
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de licença ou direito de qualquer patente, direito autoral ou marca comercial da Loja 
do Concurseiro. 
 
SECRETARIA DE ESTADO DE ADMINISTRAÇÃO PENITENCIÁRIA - SEAP 
NOÇÕES DE DIREITO PENAL 
 
3 
 
 
1 – DA INFRAÇÃO PENAL 
 
O que diferencia as infrações de natureza penal das 
infrações civis ou administrativas é a sua gravidade; não 
há distinção essencial. 
Enquanto os ilícitos civis e administrativos são punidos 
de forma mais branda, as infrações penais levam à 
aplicação de penas, que são as mais graves sanções 
existentes no ordenamento jurídico, incluindo a privação 
de liberdade. 
 
No Direito Brasileiro dividem-se as infrações penais em: 
 CRIMES, aos quais são cominadas penas de detenção 
ou reclusão; e 
 CONTRAVENÇÕES, que são punidas com prisão 
simples ou multa. 
A diferença entre crimes e contravenções também está, 
unicamente, na sua gravidade. Os crimes, por atingirem 
bens jurídicos mais importantes, são punidos de maneira 
mais severa. 
Como denominador comum entre crimes e 
contravenções, a doutrina costuma usar a palavra 
“delito”, ou mesmo “crime”, em sentido amplo. No 
presente texto, quando nos referirmos a crime, 
estaremos abrangendo as contravenções. 
 
1.1 - Elementos da infração penal 
Qualquer delito possui os seguintes elementos: 
1. Tipicidade: enquadramento do fato ao modelo (tipo) 
descrito na lei penal; 
2. Ilicitude/Antijuridicidade: contrariedade entre o fato 
e o ordenamento jurídico; 
3. Culpabilidade: praticado de forma reprovável pelo 
seu agente. 
 
A punibilidade, embora deva existir para que seja 
aplicada a pena, não é considerada elemento do delito. 
1.2 - Espécies de infração penal 
A doutrina costuma esboçar diversas classificações dos 
crimes. Tratemos das principais: 
 
Crimes próprios, impróprios e de mão-própria: nos 
crimes próprios, exige-se uma especial qualificação do 
agente, como os crimes de funcionário público, ou o 
infanticídio, que só pode ser praticado pela mãe; os 
impróprios podem ser cometidos por qualquer pessoa, a 
exemplo do homicídio ou do furto. Os crimes de mão-
própria são aqueles que o agente tem de cometer 
pessoalmente, sem que possa delegar sua execução. Ex.: 
falso testemunho, prevaricação etc. 
 
Crimes unissubjetivos e plurissubjetivos: 
Unissubjetivos são os delitos que podem ser praticados 
por uma única pessoa, embora, eventualmente, sejam 
cometidos em concurso de agentes. 
Ex.: homicídio, roubo, estupro etc. 
Os plurissubjetivos necessariamente têm de ser 
praticados por mais de uma pessoa: associação 
criminosa, rixa, bigamia etc. 
 
Crimes de ação única e de ação múltipla: 
Nos de ação única, o tipo penal só descreve uma forma 
de conduta: matar, subtrair, fraudar; os tipos de ação 
múltipla descrevem variadas formas. 
No art. 122, pratica-se o delito induzindo, instigando ou 
auxiliando a prática do suicídio. Qualquer das 
modalidades de conduta é incriminada. 
 
Crimes unissubsistentes e plurissubsistentes: Se a 
conduta não pode ser fracionada, como na ameaça ou na 
injúria, em que o crime é praticado por um único ato, diz-
se que o delito é unissubsistente. 
Como consequência, a tentativa é impossível. A maioria 
dos delitos, entretanto, é plurissubsistente, pois o sujeito 
ativo pode dividir a conduta em vários atos (homicídio, 
roubo, peculato), daí a possibilidade de haver tentativa. 
 
Crimes simples e complexos: Quando o tipo penal 
descreve uma conduta em que apenas um bem jurídico 
é lesionado ou ameaçado de lesão, o crime será simples: 
homicídio (vida), furto (patrimônio) etc. 
 
NOÇÕES DE DIREITO PENAL 
SECRETARIA DE ESTADO DE ADMINISTRAÇÃO PENITENCIÁRIA - SEAP 
NOÇÕES DE DIREITO PENAL 
- LEI 5.810/94 
 
 
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Mas existem crimes em que mais de um bem jurídico é 
atingido ou exposto a perigo, e o tipo penal reúne 
elementos de outros crimes, formando um crime novo: 
roubo (furto + lesão corporal ou ameaça), extorsão 
mediante sequestro (extorsão + sequestro) etc. 
 
Crime Consumado: O crime consumado é aquele em que 
há a realização integral do tipo penal, ou seja, como 
afirma Nucci (2017, p. 287), é quando o tipo concreto se 
enquadra no tipo abstrato. Rogério Sanches Cunha 
(2015, p. 336) afirma ainda, sobre o crime consumado, 
que, “nos termos do art. 14, I do Código Penal, considera-
se consumado o crime 'quando nele se reúnem todos os 
elementos da sua definição legal'. Tem-se, assim, um 
crime completo, perfeito, realizado por inteiro, 
coincidindo o fato concreto e o tipo legal.” 
No entanto, é válido ressaltar que o momento da 
consumação varia de acordo com a natureza ou espécie 
do crime. Cunha (2015) efetua uma classificação quanto 
à natureza do crime e seu respectivo momento de 
consumação, tendo em vista o que prevê o dispositivo 
legal. Reproduziremos aqui a classificação realizada pelo 
autor em seu Manual de Direito Penal – Parte Geral. 
 
Crime tentado: Nucci, em seu Manual de Direito Penal 
(2017), assim conceitua crime tentado: “É a realização 
incompleta da conduta típica, que não é punida como 
crime autônomo”. Ainda conforme o autor citado, “o 
Código Penal não faz previsão, para cada delito, da figura 
da tentativa, embora a grande maioria comporte a figura 
tentada” (NUCCI, 2017, p. 287). 
 
Art. 14 - Diz-se o crime: 
Crime consumado 
I - consumado, quando nele se reúnem todos os 
elementos de sua definição legal; 
Tentativa 
II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma 
por circunstâncias alheias à vontade do agente. 
Pena de tentativa 
Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune-se 
a tentativa com a pena correspondente ao crime 
consumado, diminuída de um a dois terços. 
 
 
1.3 - ESPÉCIES DE TENTATIVA/DESDOBRAMENTOS DA 
TENTATIVA 
Segundo Cunha (2015) o instituto Tentativa se subdivide 
em espécies, de acordo com o iter criminis percorrido e 
conforme o resultado produzido na vítima. 
 
1.3.1 - QUANTO AO RESULTADO PRODUZIDO NA 
VÍTIMA: 
 
CRUENTA ou INCRUENTA 
A tentativa incruenta ou branca acontece quando é 
aquela na qual a vítima não chega a ser fisicamente 
atingida, ou seja, quando ela fica incólume. 
Difere da tentativa vermelha ou cruenta, na qual a 
vítima sofre lesões, sendo certo que, porém, o crime 
não chega a ser consumado. 
Se o agente tenta matar a vítima com uma faca, mas 
esta consegue dominá-lo no momento exato do golpe a 
ponto de escapar dele, será exemplo de tentativa 
branca. Acaso ocorram lesões em decorrência das 
facadas, configurará tentativa cruenta ou vermelha. 
A tentativa incruenta ou branca ganha relevância no 
contexto prático porque será necessário analisar 
cuidadosamente qual era o dolo do agente com a 
prática da conduta.Como ela não atinge fisicamente a 
vítima, somente o caso concreto poderá dizer qual erla 
realmente o dolo do agente, se de matar ou lesionar. E 
até mesmo, se não se tratava de uma atitude jocosa. 
Cumpre informar que a diferenciação entre tentativa 
cruenta ou incruenta é válida para crimes individuais ou 
pessoais. Para crimes cuja vítima é a coletividade, como 
os crimes massificados (crimes contra o consumidor, 
meio ambiente), tal diferenciação é inviável, uma vez 
que não é possível individualizar a vítima. 
 
1.3.2 - QUANTO AO INTER CRIMINIS PERCORRIDO: 
 
PERFEITA E IMPERFEITA 
Tentativa perfeita ou acabada ou crime falho: quando 
o agente faz TODOS OS ATOS executórios, porém não 
consegue consumar por circunstâncias alheias a sua 
vontade. 
Tentativa imperfeita ou inacabada: INICIADOS OS 
ATOS executórios, o agente não consegue esgotá-lo. 
 
SECRETARIA DE ESTADO DE ADMINISTRAÇÃO PENITENCIÁRIA - SEAP 
NOÇÕES DE DIREITO PENAL 
 
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1.3.3 - QUANTO À POSSIBILIDADE DE ALCANÇAR O 
RESULTADO 
Tentativa idônea: o resultado era possível, só não o foi 
por motivos alheios à vontade do agente. 
Tentativa inidônea: o crime mostra-se impossível de ser 
consumado, seja por ineficácio do meio empregado pelo 
agente, ou, por impropriedade do objeto material. 
 
1.4 - DA DESISTENCIA VOLUNTÁRIA, ARREPENDIMENTO 
EFICAZ, ARREPENDIMENTO POSTERIOR E CRIME 
IMPOSSIVEL. 
 
1.4.1 - A DESISTENCIA VOLUNTÁRIA 
A desistência voluntária ocorre quando o agente não dá 
prosseguimento à execução da infração penal por sua 
própria vontade, ou seja, o agente inicia a prática do 
delito, que somente não se consuma, porque ele desistiu 
da ação, que poderia ter continuado com os atos 
executórios, mas não o fez. 
Na desistência voluntária o agente, embora tenha 
iniciado a execução, não a leva adiante, desistindo da 
realização típica. 
Ex.: sujeito que ingressa na casa da vítima e desiste da 
subtração que pretendia efetuar; sujeito que efetua 
apenas um disparo, havendo mais munição, e desiste na 
ação criminosa. 
Necessário, portanto, que a desistência seja voluntária, 
ou seja, que o agente não tenha sido coagido, moral ou 
materialmente, à interrupção do iter criminis. 
Ocorre quando a desistência não é forçada por outros 
elementos circunstanciais. No entanto, não é preciso 
que a desistência seja espontânea, sendo que mesmo 
que o agente renuncie à prática da infração porque 
terceiro, ou a vítima implorou, a desistência voluntária 
estará configurada. 
Assim, segundo o art. 15 do Código Penal, "o agente que, 
voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou 
impede que o resultado se produza, só responde pelos 
atos já praticados". 
Ex.: agente desiste voluntariamente de matar a vítima, 
e responde apenas pelas lesões corporais que causou 
ou por periclitação à vida. 
 
1.4.2 - O ARREPENDIMENTO EFICAZ 
O agente, após ter esgotado todos os meios de que 
dispunha, necessários e suficientes para a obtenção do 
resultado, arrepende-se e evita que o mesmo aconteça. 
Assim, o agente pratica nova atividade para evitar que o 
resultado ocorra. Também não é necessário que o 
arrependimento seja espontâneo, bastando que seja 
voluntário (atuação livre). O êxito da atividade 
impeditiva do resultado é indispensável. Caso contrário, 
não será eficaz. 
Ex.: sujeito ministra antídoto à pessoa envenenada e 
esta se salva. 
Ressalta-se, porém, que o arrependimento deve ser 
eficaz (eficiente), posto que mesmo que o agente se 
arrependa de seus atos, mas não consiga evitar o 
resultado, não haverá o benefício. 
Também não há que se falar em arrependimento eficaz 
se ocorreu a consumação, mesmo que, para tanto, a 
vítima contribua. 
Ex: a vítima de um envenenamento se recusa a tomar o 
antídoto fornecido pelo envenenador e morre. 
No arrependimento eficaz o agente responderá somente 
pelos atos já praticados, se estes forem típicos (ex: lesões 
corporais, violação de domicílio se o agente se arrepende 
eficientemente de cometer roubo, etc). 
 
1.4.3 - ARREPENDIMENTO POSTERIOR 
O arrependimento posterior ocorre depois da 
consumação do delito, nos crimes cometidos sem 
violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou 
restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da 
queixa, por ato voluntário do agente, hipótese em que a 
pena será reduzida de um a dois terços (art. 16 do CP). 
O arrependimento posterior atinge não só os crimes 
contra o patrimônio, como todos os demais em que 
ocorra prejuízo material à vítima (Ex: peculato doloso). 
Porém, não se aplica aos crimes em que não haja lesão 
patrimonial direta (ex.: lesões corporais culposas quando 
o agente repara o dano patrimonial ao ofendido). 
 
1.4.4 - CRIME IMPOSSÍVEL 
O crime impossível - também chamado de tentativa 
impossível, tentativa inidônea, tentativa inadequada ou 
quase crime - não é punível, posto que o agente emprega 
meios absolutamente ineficazes que tornam impossível 
a consumação do crime. Neste sentido, determina o art. 
17 do CP que, "não se pune a tentativa quando, por 
ineficácia absoluta do meio ou por absoluta 
impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o 
crime". Portanto, dá-se o crime impossível: 
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NOÇÕES DE DIREITO PENAL 
- LEI 5.810/94 
 
 
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a) por ineficácia absoluta do meio empregado: o objeto 
material do crime se apresenta absolutamente impróprio 
para alcançar o resultado criminoso. Diz-se inadequado, 
ineficaz, inidôneo o meio quando, por si só, não pode 
produzir o resultado. 
Ex.: alguém tenta envenenar o inimigo e dá açúcar no 
lugar de arsênico; agente que aciona o gatilho, mas a 
arma está descarregada ou com cápsulas já deflagradas. 
b) absoluta impropriedade do objeto: há integral 
impropriedade do objeto quando o bem jurídico inexiste, 
ou, se existente, torna impossível a consumação. Ex.: a 
mulher que pensa estar grávida e pratica manobras 
abortivas; disparo de revólver contra um cadáver. 
Ademais, a impropriedade deve ser completa, e não 
parcial. Exemplo: se o agente entra no cômodo em que 
acreditava se encontrar a vítima, e dispara vários tiros no 
leito vazio, responderá por tentativa de homicídio, já que 
o resultado poderia ter sido alcançado. 
Não há punição no crime impossível uma vez que o bem 
jurídico protegido pela Lei não sofre risco algum, ou seja, 
inexiste perigo real aquele bem. 
Porém, a tentativa será punida quando os meios 
utilizados forem relativamente inidôneos. 
Exemplo: quando o agente usar substância letal para 
envenenar alguém, mas em dose insuficiente, 
responderá pela tentativa. Se, no entanto, o agente 
utilizar substância totalmente inofensiva, não será 
punido pois configurado está o crime impossível (meio 
absolutamente ineficiente). 
 
2 – SUJEITOS DA INFRAÇÃO PENAL 
 
2.1 - Sujeito ativo (da infração penal) 
Sujeito ativo de uma infração penal é aquele que ofende 
o bem jurídico (ou seja, que comete a infração penal). 
Um sujeito pode praticar uma infração penal 
isoladamente ou em concurso com outras pessoas. 
O sujeito ativo da infração penal pode ser pessoa física 
ou pessoa jurídica (neste último caso, apenas em crimes 
ambientais- Constituição Federal art. 225 p.3). 
Não podem ser penalizados de acordo com a lei: 
Quem possui doença mental ou desenvolvimento mental 
incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da 
omissão de ação, inteiramente incapaz de entender o 
caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com 
esse entendimento, 
Os menores de 18 (dezoito) anos, que são penalizados de 
acordo com legislação própria. 
 
2.2 - Sujeito Passivo (da Infração Penal) 
É o titular do bem jurídico ofendido, isto é, aquele que 
foi lesado pela infração penal cometida pelo sujeito 
ativo. 
Uma infração penal sempre possui dois sujeitos passivos: 
Sujeito passivo formal: o Estado, que é sempre 
prejudicado quando ocorre a infração; 
Sujeito passivo material: titular propriamente dito do 
bem jurídico, que pode ser uma pessoafísica ou jurídica. 
 
Em determinados casos, o Estado pode ser, ao mesmo 
tempo, o sujeito passivo formal e o sujeito passivo 
material, quando, por exemplo, ocorre roubo de bem 
público. 
Em alguns crimes, obrigatoriamente deve existir dois ou 
mais sujeitos passivos (dupla subjetividade passiva): por 
exemplo, a violação de correspondência (CP Art. 151) os 
sujeitos passivos do crime são o remetente e o 
destinatário de correspondência. 
Crime bipróprio é o crime que exige que o sujeito ativo e 
o sujeito passivo possuam uma qualidade especial (i.e. 
não podem ser qualquer pessoa). 
Por exemplo: o infanticídio (Código Penal Brasileiro art. 
123) exige que o agente ativo deve ser obrigatoriamente 
a mãe da vítima e o agente passivo o filho. 
 
3 - DA IMPUTABILIDADE PENAL 
 
No Direito Penal, imputabilidade significa a possibilidade 
de atribuir a autoria ou responsabilidade de um ato 
criminoso a alguém. Ou seja, uma pessoa imputável é 
uma pessoa que já pode responder por seus atos e ser 
condenada a alguma pena por causa deles. 
SECRETARIA DE ESTADO DE ADMINISTRAÇÃO PENITENCIÁRIA - SEAP 
NOÇÕES DE DIREITO PENAL 
 
7 
 
É a capacidade de entender o caráter ilícito do fato e de 
determinar-se de acordo com esse entendimento. 
O agente deve ter condições físicas, psicológicas, morais 
e mentais de saber que está realizando um ilícito penal. 
Mas não é só. Além dessa capacidade plena de 
entendimento, deve ter totais condições de controle 
sobre sua vontade. 
Em outras palavras, imputável é não apenas aquele que 
tem capacidade de intelecção sobre o significado de sua 
conduta, mas também de comando da própria vontade, 
de acordo com esse entendimento. 
 
3.1 - IMPUTABILIDADE E RESPONSABILIDADE 
Responsabilidade é a aptidão do agente para ser punido 
por seus atos e exige três requisitos: imputabilidade, 
consciência da ilicitude e exigibilidade de conduta. 
 
CAUSAS QUE EXCLUEM A IMPUTABILIDADE: 
1. Doença Mental, 
2. Desenvolvimento mental incompleto, 
3. Desenvolvimento mental retardado e 
4. Embriaguez completa proveniente de caso 
fortuito ou força maior. 
 
Vejamos cada um: 
1. Doença mental - CAUSA QUE EXCLUEM A 
IMPUTABILIDADE 
É a perturbação mental ou psíquica de qualquer ordem, 
capaz de eliminar ou afetar a capacidade de entender o 
caráter criminoso do fato ou a de comandar a vontade de 
acordo com esse entendimento. 
Exemplos: epilepsia, psicose, neurose, esquizofrenia, 
paranoia, psicopatia, epilepsia etc. A dependência 
patológica, como drogas configura doença mental 
quando retirar a capacidade de entender ou querer. 
 
2. DESENVOLVIMENTO MENTAL INCOMPLETO - CAUSA 
QUE EXCLUEM A IMPUTABILIDADE 
É o desenvolvimento que ainda não se concluiu, devido 
à recente idade cronológica do agente ou a sua falta de 
convivência na sociedade, ocasionando imaturidade 
mental e emocional. 
Exemplos: menores de 18 anos e dos indígenas 
inadaptados a sociedade, os quais têm capacidade de 
chegar a sua plena potencialidade, com o acumulo de 
experiência. 
STF e indígenas: “é desnecessário o exame 
antropológico destinado a aferir o grau de integração do 
paciente na sociedade se o juiz afirma sua 
imputabilidade plena com fundamento na avaliação do 
grau de escolaridade, influencia portuguesa e do nível 
de liderança exercida na quadrilha, ou comunidade”. 
Menores de 18 anos: como não sofrem sanção penal 
pela pratica de ilícito penal, em decorrência da ausência 
de culpabilidade, estão sujeitos ao procedimento 
medidas sócio educativos prevista no ECA. 
 
3. DESENVOLVIMENTO MENTAL RETARDADO - CAUSA 
QUE EXCLUEM A IMPUTABILIDADE 
É o incompatível com o estágio de vida em que se 
encontra a pessoa, estando, portanto, abaixo do 
desenvolvimento normal para aquela idade cronológica. 
Sua capacidade não corresponde às experiências para 
aquele momento de vida, o que significa que a plena 
potencialidade jamais será atingida. 
Exemplo: os oligofrênicos, pessoas com reduzidíssimo 
coeficiente intelectual. Classificados numa escala de 
inteligência: débeis mentais, imbecis e idiotas. 
Compreendem-se também os surdos-mudos que 
devidos sua anomalia, não tem capacidade de 
entendimento e de autodeterminação. Assim, estes, não 
teriam condições de entender o crime que cometeram. 
 
 
 
 
 
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8 
ATENÇÃO! Questões processuais sobre 
inimputabilidade 
A prova da inimputabilidade do acusado é fornecida pelo 
exame pericial, através do médico legal, exame 
chamado: incidente de insanidade mental, onde 
suspende-se o processo até o resulto final. Com prazo de 
10 dias para provar a existência da causa excludente da 
culpabilidade (Lei nº 11.719, de junho de 2008). 
 
4. EMBRIAGUEZ 
A embriaguez seria a causa capaz de levar à exclusão da 
capacidade de entendimento e vontade do agente, em 
virtude de uma intoxicação aguda e transitória causada 
por álcool ou qual substancia de efeitos psicotrópicos 
como morfina, ópio, cocaína entre outros. 
As drogas psicotrópicas, ou seja, substâncias que 
provocam alterações psíquicas podem ser subdivididas 
em três espécies: 
 
4.1 - FASES DA EMBRIAGUEZ 
Excitação: estado inicial provocado pela inibição dos 
mecanismos de autocensura. O agente torna-se 
inconveniente, perde a intensidade visual e tem seu 
equilíbrio afetado. 
Depressão: passada a excitação inicial, estabelece-se 
uma confusão mental e há irritabilidade, tornando o 
sujeito mais agressivo. 
Sono: quando grandes doses são ingeridas, o agente fica 
em estado de dormência profunda, com perda do 
controle sobre as funções fisiológicas. 
 
4.2 - ESPÉCIES DA EMBRIAGUEZ 
Embriaguez não acidental: pode ser voluntaria (dolosa 
ou intencional) e culposa. 
 
Voluntária, dolosa ou intencional: o agente ingere 
substâncias alcoólicas com intenção de embriagar-se. Há, 
portanto, um desejo de ingressar em um estado de 
alternação psíquica, daí embriaguez dolosa. 
Culposa: o agente não tem intenção de embriagar-se, 
porém isso corre devido sua imprudência e excessivo 
consumo. Neste caso ocorre devido ao descuido, 
conduta culposa, e imprudência. 
Completa: a embriaguez voluntária ou culposa tem 
como consequência à perda total e completa do 
entendimento e vontade do agente. 
Incompleta: tem como consequência a perda parcial de 
sua autodeterminação, que ainda consegue manter um 
resíduo de compreensão e vontade. 
Consequência: a embriaguez não acidental jamais 
excluir a imputabilidade do agente, seja voluntária, 
culposa, completa ou incompleta, ou seja, no momento 
em que ingeria a substância, o agente tinha plena 
capacidade de sua conduta ilícita. A embriaguez surge de 
um ato de livre-arbítrio do sujeito. Considera-se então, o 
momento da ingestão da substância e não o da prática 
delituosa. 
 
4.3 - EMBRIAGUEZ COMPLETA PROVENIENTE DE CASO 
FORTUITO OU FORÇA MAIOR 
Agora o caso de embriaguez que EXCLUI a 
imputabilidade, tornando a pessoa inimputável. Ficando 
isento da culpa. 
Embriaguez acidental: pode decorrer de caso fortuito ou 
força maior, (neste caso de embriaguez há exclusão da 
imputabilidade, ou seja, a pessoa NÃO tem capacidade 
de entender o caráter ilícito que está praticando, assim, 
portanto, sendo uma pessoa inimputável-irresponsável 
pelos seus atos ilícitos praticados). Ficando isento da 
culpa. 
Caso fortuito: é toda ocorrência episódica, ocasional, 
rara, de difícil verificação. Exemplo: se alguém tropeça a 
cai de cabeça em um tonel de vinho, embriagando-se, ou 
ainda, quando ingere bebida na ignorância de que tem 
conteúdo alcoólico ou dos efeitos psicotrópicos que 
provoca. Nessas hipóteses, o sujeito não se embriagou 
porque quis, nem porque agiu com culpa. 
Força maior: deriva de uma força externa ao agente, que 
o obriga a consumir a droga. É o caso do sujeito obrigado 
a ingerir álcool por coação física ou moral irresistível, 
perdendo em seguida, o controle sobre suas ações. 
Segundo Frederico Marques“na embriaguez fortuita, a 
alcoolização decorre de fatores imprevistos, enquanto 
na derivada de força maior a intoxicação provém de 
força externa que opera contra a vontade de uma 
pessoa, compelindo-a a ingerir a bebida”. 
Completa ou incompleta: tanto uma como outra podem 
retirar total ou parcialmente a capacidade de entender e 
querer. 
 
 
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9 
Consequências da embriaguez acidental 
Regras: 
Quando completa: exclui a imputabilidade, e o agente 
fica isento de pena; 
Quando incompleta: não exclui, mas permite a 
diminuição da pena de 1/3 a 2/3, conforme o grau de 
perturbação. 
Lembrando que neste caso, o agente não teve livre-
arbítrio para decidir se consumira ou não a substância. 
3. Embriaguez Patológica: é o caso dos alcoólatras e dos 
dependentes, que se colocam em estado de embriaguez 
em virtude de uma vontade invencível de continuar a 
consumir a droga. 
4. Embriaguez Preordenada: Ocorre quando o sujeito se 
embriaga propositalmente para cometer um crime, 
incidindo sobre a pena uma circunstância agravante. 
Exemplo são os assaltantes que consomem substâncias 
estimulantes para prática de assalto. 
 
NA PROVA: E NO CASO DA EMOÇÃO E PAIXÃO? 
 
Emoção é um sentimento abrupto, súbito, repentino, 
arrebatador. A paixão sendo um sentimento lento. Como 
o ciúme excessivo, deformado pelo egoísmo sentimento 
de posse, é a paixão em sua forma mais perversa. 
Consequência: nenhum desses casos exclui a 
imputabilidade, ou seja, uma pessoa que age com 
emoção de seus atos age com repleta capacidade de 
entendimento do ato ilícito que praticou. Portanto, a 
pessoa não se isenta de culpa. 
Emoção como causa minorante: Pode funcionar como 
causa específica de diminuição de pena (privilégio) no 
homicídio doloso e nas lesões corporais, porém exigem-
se quatro requisitos: 
 Deve ser violenta. 
 O agente deve estar sob o domínio dessa 
emoção, e não mera influencia. 
 A emoção deve ter sido provocada por um ato 
injusto da vítima, e 
 A reação do agente deve ser logo em seguida a 
essa provocação. 
Nesses casos a pena pode ser reduzida de 1/6 a 1/3. Já 
a paixão não funciona sequer como causa de diminuição 
de pena. 
 
 Inimputáveis 
Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença 
mental ou desenvolvimento mental incompleto ou 
retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, 
inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato 
ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. 
 
Redução de pena 
Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois 
terços, se o agente, em virtude de perturbação de saúde 
mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou 
retardado não era inteiramente capaz de entender o 
caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com 
esse entendimento. 
 
Menores de dezoito anos 
Art. 27 - Os menores de 18 (dezoito) anos são 
penalmente inimputáveis, ficando sujeitos às normas 
estabelecidas na legislação especial. 
Emoção e paixão 
Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal: 
I - a emoção ou a paixão 
Embriaguez 
II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou 
substância de efeitos análogos. 
§ 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez 
completa, proveniente de caso fortuito ou força maior, 
era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente 
incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de 
determinar-se de acordo com esse entendimento. 
§ 2º - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o 
agente, por embriaguez, proveniente de caso fortuito ou 
força maior, não possuía, ao tempo da ação ou da 
omissão, a plena capacidade de entender o caráter ilícito 
do fato ou de determinar-se de acordo com esse 
entendimento. 
 
 
4 – ERRO DE TIPO E ERRO DE PROIBIÇÃO 
 
Erro é “o ato ou efeito de errar; juízo falso; desacerto, 
engano”. Para o Direito Penal, erro pode denotar tanto 
ausência de conhecimento acerca de alguma questão, 
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algum objeto, quanto uma visão equivocada da 
realidade. 
Para que o erro se configure é preciso a prática de uma 
ação ou omissão, desta forma, analisar o erro é verificar 
todo o desdobramento de um ilícito penal. 
A grosso modo, tem-se como por conduta toda prática 
humana volitiva em que há uma ação (evento positivo) 
ou omissão (evento negativo). Tal prática, para que se 
ateste a culpabilidade é necessário que haja um nexo 
causal, que significa a relação de causalidade entre a 
conduta do agente e o resultado produzido, entendido 
este, como o fim a que se pretende, ou, em caso de 
atipicidade, o fim destinado à vítima, em qualquer 
hipótese. 
Eis então, a perfeita estrutura do crime. Ocorre que o 
homem, ser pensante que é, manifesta sua conduta de 
inúmeras formas, o que, por si só, facilita a configuração 
de erros. 
No terreno do Direito Penal, tais erros podem ser de tipo 
ou de proibição. O primeiro incide sobe os elementos do 
tipo em si, interferindo na estrutura do crime (norma, 
conceito etc). O segundo reflete-se sobre o próprio 
comportamento do agente, incidindo diretamente sobre 
a ilicitude da conduta. 
 
4.1 - Erro de tipo 
Tipo é a descrição legal da norma proibitiva, vale dizer, é 
a norma que descreve condutas (previstas 
abstratamente) que são criminosas. Quando o indivíduo 
pratica um fato e ele se subscreve na descrição legal, 
tem-se o crime, surgindo ai o "ius puniendi" do Estado. 
Porém, podem ocorrer circunstâncias que, se 
objetivamente constatadas, excepcionarão o poder de 
punir do Estado e dentre estas exceções encontra-se o 
erro de tipo. 
O erro de tipo previsto no art. 20, "caput" do Código 
Penal, ocorre no caso concreto quando o indivíduo não 
tem plena consciência do que está fazendo, imagina 
estar praticando uma conduta lícita, quando na verdade, 
está a praticar uma conduta ilícita, mas que por erro, 
acredite ser inteiramente lícita. 
O erro sobre o fato típico diz respeito ao elemento 
cognitivo, o dolo, vale dizer, a vontade livre e consciente 
de praticar o crime, ou assumir o risco de produzi-lo (art. 
18, I, CP). 
Por isso, de acordo com o que dispõe o art. 20, “caput” 
do CP, o erro de tipo exclui o dolo e, portanto, a própria 
tipicidade. Observe não há qualquer mácula à 
culpabilidade, por força disso, se o erro for vencível, 
haverá punição por crime culposo desde que previsto no 
tipo penal. 
 
4.2 - Espécies de erro de tipo 
O erro de tipo pode ser de duas formas, quais sejam, o 
erro essencial e o erro acidental. 
 
4.2.1 - Erro de tipo Essencial 
O erro essencial ocorre quando ele recai sobre 
elementares, qualificadoras, causas de aumento de pena 
e agravantes, ficando-as excluídas se o erro foi escusável. 
Nesta forma, o agente não tem plena consciência ou 
nenhuma de que esta praticando uma conduta típica. 
Por sua vez o erro essencial se desdobra em duas 
modalidades: 
Escusável ou invencível, que está previsto no art. 20, 
"caput", (1ª parte). Verifica-se quando o resultado 
ocorre, mesmo que o agente tenha praticado toda 
diligência necessária, em suma, naquela situação todos 
agiriam da mesma forma. 
Ocorrendo esta modalidade, ter-se-á por excluído o dolo 
e também a culpa. Logo, se o erro recai sobre uma 
elementar, exclui o crime, se recai sobra qualificadora, 
exclui a qualificadora e assim por diante. 
As consequências processuais são de suma importância 
pois, havendo inquérito, deve o membro do Ministério 
Público pedir seu arquivamento, e se houver ação penal, 
deve pedir o trancamento. 
O erro essencial pode ser também vencível ou 
inescusável, previsto no art. 20, “caput” (2ª parte) do CP, 
que se dá quando o agente, no caso concreto, não agindo 
com a cautela necessária e esperada, acaba atuando 
abruptamente cometendo o crime que poderia ter sido 
evitado. 
Ocorrendo essa modalidade de erro de tipo, há a 
exclusão do dolo, porém subsiste a culpa,e o réu 
responde por crime culposo se existir a modalidade 
culposa. 
 
4.2.2 - Erro de tipo acidental 
Erro acidental é o que não versa sobre os elementos ou 
circunstâncias do crime, incidindo sobre dados 
acidentais do delito ou sobre a conduta de sua execução, 
não impede o sujeito de compreender o caráter ilícito de 
seu comportamento e por isso não exclui o dolo. São 
casos de erro acidental o erro sobre o objeto, sobre 
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pessoa, na execução, erro sobre o nexo causal, e o 
resultado diverso do pretendido. Vejamos: 
a) O erro sobre objeto, ou error in objecto, ocorre 
quando o sujeito supõe que sua conduta recai sobre 
determinada coisa, sendo que na realidade incide sobre 
outra, é o caso do sujeito subtrair açúcar supondo 
tratar-se de farinha. 
b) Erro sobre pessoa, ou error in persona, ocorre 
quando há erro de representação, em face do qual o 
sujeito atinge uma pessoa supondo tratar-se da que 
pretendia ofender, ou seja, ele pretende atingir certa 
pessoa, vindo a ofender outra inocente pensando 
tratar-se da primeira. 
Observe que não houve falha na execução do delito, 
apenas ocorreu uma falsa representação da realidade. 
Ocorrendo o erro de pessoa, o agente responde como se 
tivesse atingindo a pessoa que pretendia e não a que 
efetivamente atingiu. 
c) Erro na execução, ou aberratio ictus, ocorre quando 
o sujeito, pretendendo atingir uma pessoa, vem a 
ofender outra. Há disparidade entre a relação de 
causalidade pretendida pelo agente e o nexo causal 
realmente produzido, ou seja, ele pretende que em 
consequência de seu comportamento se produza um 
resultado contra Antônio, realiza a conduta, e causa 
evento contra Pedro. 
Porém, pode ocorrer resultado duplo, vale dizer, atingiu 
dolosamente a pessoa que queria e culposamente um 
terceiro, neste caso há concurso formal perfeito, uma vez 
que não existem desígnios autônomos, devendo ser 
considerada uma só pena aumentando-se de 1/6 a 1/2 
(Sistema da Exasperação). 
Pode ocorrer também, que esteja no "animus" do agente 
atingir as duas pessoas, portanto um resultado duplo 
doloso. Neste caso afirma-se haver desígnios 
autônomos, devendo então as penas serem somadas, 
(Sistema do Cúmulo Material). Tem-se na hipótese 
manejada o concurso formal impróprio. 
Não podemos confundir o erro na execução com o erro 
sobre a pessoa, porque neste, o agente atinge a vítima 
pensando que é a desejada, aqui há uma falsa 
representação da realidade. No erro na execução, o 
agente quer atingir a vítima desejada e sabe que é ela, só 
que erra na execução, e atinge outra pessoa. 
d) Neste caso o erro recai sobre o nexo causal 
("aberratio causae"), é a hipótese do dolo geral. Um 
exemplo nos leva à compreensão da espécie, ex: “A” dá 
várias facadas em “B” e, presumindo que esteja morto, 
atira-o de um precipício, mas “B” vem a morrer com a 
queda e não em razão das facadas, nesses casos, não 
haverá exclusão do dolo, punindo-se o autor por crime 
doloso. 
e) Resultado diverso do pretendido (“aberratio 
criminis”), significa desvio do crime, no qual ocorre erro 
na execução do tipo, ou seja, o agente quer atingir um 
bem jurídico e ofende outro de espécie diversa. Por 
exemplo: “A” quer atingir a vidraça, mas por erro de 
pontaria acaba por acertar a cabeça de “B”, neste caso 
o agente só responde por lesões culposas, que absorve 
a tentativa de dano. 
Porém se ocorrer duplo resultado, o agente responde 
por crime de dano consumado em concurso formal com 
crime de lesões corporais culposas, aplicando-se o 
sistema da exasperação. 
 
4.3 - Erro de proibição 
O desconhecimento da lei é inescusável (art. 21, “caput” 
do CP). O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, 
isenta de pena, se evitável, poderá diminuir a pena de 
um sexto a um terço. 
Para se saber o que é erro de proibição, o que se exige 
não é uma consciência induvidosa da ilicitude, e sim uma 
potencial consciência, que decorre necessariamente do 
conjunto de valores éticos e morais de cada indivíduo, 
pois hoje existem mais de mil tipos penais, o que 
acarreta uma multiplicidade de leis, motivo pelo qual 
torna-se por vezes impossível, até para nós operadores 
do direito, saber o que é permitido ou que é proibido. 
Na primeira parte do art. 21, nosso Código Penal foi fiel 
à regra de que o desconhecimento da lei não é escusável, 
ou seja, se o agente desconhece a lei que proíbe 
abstratamente aquele comportamento, essa ignorância 
não o exime de responsabilidade. Até porque, se 
pudesse alegar o desconhecimento da lei, para alguém 
se eximir da responsabilidade, não haveria possibilidade 
positiva de aplicação, e tantas seriam as desculpas de 
desconhecimento. 
O legislador determinou que o erro de proibição exclui a 
culpabilidade, por ausência de potencial consciência de 
ilicitude. 
Verificarmos que o agente atua com vontade, ou seja, 
dolo, portanto o primeiro requisito do fato típico punível 
encontra-se superado. A solução da questão se dará na 
culpabilidade. Esta não há, uma vez que se pratica o fato 
por erro quanto à ilicitude de sua conduta. Observe que 
podemos falar em injusto penal, que é o fato já valorado 
como típico e antijurídico, mas não punível, por faltar a 
culpabilidade. 
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O erro de proibição se faceta nas seguintes formas: 
direto e indireto, ambos denominados de 
descriminantes. 
O erro de proibição direto recai sobre seu 
comportamento, o agente acredita sinceramente que 
sua conduta é lícita. Pense, por exemplo, em um turista 
que trazia consigo maconha para consumo próprio, pois 
em seu país era permitido tal uso. 
Por outro lado, o erro de proibição indireto se dá quando 
o agente supõe que sua ação, ainda que típica, é 
amparada por alguma excludente de ilicitude pode 
ocorrer em duas situações, quais sejam: 
a) Quanto aos limites: O agente pratica o fato porém 
desconhece seus limites, como por exemplo, “A” 
ameaça “B”, este por sua vez vai à sua casa, pega a arma 
e mata “A”. Este se enganou, pois pensou que a legítima 
defesa poderia se dar em relação a mal futuro. 
Desconhecia “B” que a referida excludente de ilicitude 
se refere à agressão atual e iminente. 
b) Quanto à existência: O agente supõe presente uma 
causa que está ausente, a exemplo pode-se citar o caso 
de alguém que, sendo credor de outrem, entende que 
pode ir à casa deste pegar o dinheiro devido, sendo 
certo que tal atitude configura crime de Exercício 
Arbitrário das Próprias Razões (art.º 345 CP). 
Não se deve olvidar que, apesar de o desconhecimento 
da lei ser inescusável, é previsto como circunstância 
atenuante pelo art. 65, II, do Código Penal. 
 
4.4 - Descriminantes putativas fáticas 
As Descriminantes Putativa Fáticas é um dos temas do 
nosso direito material onde não há um consenso entre 
os doutrinadores. Trata-se de modalidade de erro que 
recai sobre os pressupostos fáticos de uma causa de 
justificação. 
A grande divergência que se instala sobre o instituto se 
refere à sua natureza jurídica. Desse modo, seria as 
descriminantes putativas, erro de tipo ou erro de 
proibição? 
 
Na doutrina podemos encontrar algumas teorias que 
tentam solucionar o problema, vejamos algumas: 
1) Teoria limitada da culpabilidade: seria erro de tipo 
permissivo e, por analogia, teria o mesmo tratamento 
do erro de tipo, ou seja, se escusável, há atipicidade, e 
se inescusável, aplica-se a pena do crime culposo. 
2) Teoria dos elementos negativos do tipo: Seria erro de 
tipo, ou seja se invencível, atipicidade, e se vencível, 
pena do crime culposo. 
3) Teoria extremada da culpabilidade: Trata-se de erro 
de proibição, ou seja, se invencível, isenção de pena e 
se vencível, seria culpabilidade dolosa atenuada. 
4) Teoria do erro orientada às consequências: O agente 
comete um crime doloso quando atua com essa espécie 
de erro, mas deve sofreras consequências de um crime 
culposo se evitável o erro, porque o desvalor da ação é 
menor, e se inevitável, há isenção de pena. 
O art. 20, §1º do Código Penal dispõe que é isento de 
pena quem, por erro plenamente justificado pelas 
circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, 
tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena quando 
o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime 
culposo. 
Da leitura do dispositivo conclui-se que a teoria adotada 
pelo nosso Código Penal foi a Teoria Limitada da 
Culpabilidade, sendo o erro que incide sobre as 
descriminantes putativas o erro de tipo, que exclui o 
dolo, por conseguinte a tipicidade se for invencível, ou 
permite a punição por crime culposo se o erro for 
vencível. 
Por fim, não se pode deixar de mencionar, que responde 
pelo crime o terceiro que determina o erro, na forma do 
art. 20, § 2º do Código Penal. 
No caso de erro provocado por terceiro, o agente atua 
por erro em virtude de provocação ou determinação de 
terceiro, que pode ser dolosa ou culposa. A provocação 
culposa decorre de uma ação de terceiro, eivada de 
imprudência, negligência ou imperícia, neste caso o 
terceiro responderá culposamente pelo delito culposo a 
que o sujeito foi induzido a praticar (art. 20, § 2º, c/c art. 
18, II, CP). Já a provocação dolosa é decorrente de erro 
preordenado pelo terceiro. Este, desejando a prática do 
fato delituoso, induz o sujeito a fazê-lo, face ao erro. 
Neste caso, o terceiro responderá pelo crime 
dolosamente (art. 20, § 2º, c/c art. 18, I, CP). 
A situação do sujeito provocado dependerá da análise 
do tipo de erro: 
a) Se invencível, será excluído o dolo e a culpa, não 
sendo responsabilizado. 
b) Se vencível, será responsabilizado a título de culpa, 
se esta for prevista (art. 20, CP). 
É de se salientar, porém, o caso em que o terceiro 
provocador e o provocado agem dolosamente e o caso 
em que o terceiro provocador age culposamente e o 
provocado dolosamente. No primeiro caso, ambos 
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13 
desejam a consumação do fato delituoso, sendo 
responsabilizados, igualmente, a título de dolo. No 
segundo caso, o terceiro age culposamente na 
provocação do sujeito (por imprudência, negligência ou 
imperícia) e este, desejando a prática do fato delituoso, 
aproveita-se da provocação culposa do terceiro e age de 
acordo com sua vontade, livre e conscientemente. Nesta 
situação, haverá a responsabilização do terceiro por 
delito culposo e a do sujeito provocado por delito doloso. 
 
 
 
5 – CONCURSO DE PESSOAS 
O concurso de pessoas (também chamado de concurso 
de agentes) pode ser definido como a concorrência de 
duas ou mais pessoas para o cometimento de um ilícito 
penal. 
O Código Penal Brasileiro, em seu artigo 29, não define 
especificamente o concurso de pessoas, porém, afirma 
que “quem, de qualquer modo, concorre para o crime 
incide nas penas a este cominadas, na medida de sua 
culpabilidade”. 
 
Art. 29. Concurso de pessoas 
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime 
incide nas penas a este cominadas, na medida de sua 
culpabilidade. 
§ 1º - Se a participação for de menor importância, a pena 
pode ser diminuída de um sexto a um terço. 
§ 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime 
menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena 
será aumentada até metade, na hipótese de ter sido 
previsível o resultado mais grave. 
 
Na doutrina, tem-se definido o concurso de agentes 
como a reunião de duas ou mais pessoas, de forma 
consciente e voluntária, concorrendo ou colaborando 
para o cometimento de certa infração penal. 
Para a caracterização de um ilícito penal, é necessário, 
primeiramente, uma conduta humana, positiva ou 
negativa, cometida por uma ou várias pessoas, não 
sendo todo comportamento do homem um delito, em 
face do princípio de reserva legal somente os que estão 
tipificados pela lei penal podem assim ser considerados. 
Já os requisitos para a caracterização do concurso de 
pessoas serão demonstrados a seguir. 
 
5.1 - TEORIAS 
 Quando um crime é cometido por mais uma de uma 
pessoa, ocorre o concurso de pessoas. Nas palavras do 
doutrinador Fábio Miranda Mirabete, o concurso pode 
ser definido como a ciente e voluntária participação de 
duas ou mais pessoas na mesma infração penal, havendo 
uma convergência de vontades visando um fim comum, 
sendo dispensável um acordo prévio entre as pessoas. 
Seguindo essa mesma linha, Guaracy Moreira adiciona 
mais uma característica ao concurso de pessoas, ao 
salientar que nem todos praticam a mesma ação num 
evento criminoso. Há os que praticam o verbo previsto 
no tipo penal, os coautores, e há os que colaboram para 
o resultado, os participes. 
Discordando de certa parte da doutrina, o mestre Nelson 
Hungria, adota outra postura quando se trata da questão 
de haver ou não um acordo prévio entre os agentes. Em 
sua doutrina ensina que, deve haver um acordo de 
vontades que o acordo de vontades verse sobre o 
objetivo crime e sobre os meios de alcança-lo. Enquanto 
não se fundem em uma só as opiniões dos co-partícipes, 
ou enquanto não se estabelece entre eles a perfeita 
unidade de intenção (desígnios) e de planos, não é 
atingido o summatum opus, ou seja, não é atingida a 
consumação do concurso de agentes. Contudo, para que 
se tenha o concurso de pessoas é preciso preencher os 
seguintes requisitos: 
a. Pluralidade de condutas: é necessária a participação 
de duas ou mais pessoas, cada uma com a sua conduta 
delituosa; 
b. Relevância causal de cada uma: a participação deve 
ser relevante para a concretização do delito; 
c. Liame subjetivo: deve existir um vinculo entre os 
agentes, um liame subjetivo, ou seja, as condutas 
devem ser homogêneas: todos devem ter a consciência 
de que estão colaborando para a realização de um 
crime; e 
d. Identidade de infração para todos participantes: 
todos devem responder pelo mesmo crime. 
Quando ao requisito b. relevância causal, é pelo código 
penal no art. 29, §1º do Código Penal, que deve ser 
apurado no caso concreto, em que a pena será reduzida 
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de um sexto a um terço. Tratando deste assunto, o 
mestre Marcelo Fortes Barbosa utiliza como exemplo de 
participação de menor importância a do motorista que 
se limitou a levar os latrocidas ao local do crime sem 
espera-los para dar-lhes fuga. Emprestar um veículo para 
a prática de furto se nos afigura como uma participação 
de menor importância. 
No Direito Penal Brasileiro, existem duas principais 
teorias adotadas no concurso de pessoas: a teoria 
monista e a pluralista. 
Na teoria monista crime é único e indivisível, ainda que 
tenha sido praticado em concurso de várias pessoas. Não 
se distingue entre as várias categorias de pessoas (autor, 
partícipe, instigador, cúmplice e etc.), sendo todos 
autores (ou coautores) do crime. 
A crítica para essa teoria, que se baseia no fato de que 
essa posição dificulta o estabelecimento da 
“equivalência das condições”, que torna assunto de 
grande discussão, pois a própria lei estabelece que seja 
unitário o crime, mas admite causas de agravação e 
atenuação da pena. 
Na teoria pluralista, a pluralidade de agentes 
corresponde a um real concurso de ações distintas, 
tendo como consequência uma multiplicidade de delitos, 
praticando cada agente um crime próprio, autônomo, 
independente dos demais. 
A crítica existente para essa teoria baseia-se na ideia de 
que a participação de cada agente não são autônomas, 
nem independentes, pois conversem para uma mesma 
ação de um único resultado derivado de todas as causas 
diversas. 
A lei penal vigente adota a teoria monista ou unitária. 
Assim, todos aqueles que concorrem para a produção do 
crime, devem responder por ele. A teoria comporta 
algumas exceções, como por exemplo, no caso de aborto 
consentido,a gestante responde por infração ao art. 124 
(consentir que outrem lhe provoque) e quem realizou o 
aborto pelo crime do art. 126 (provocar aborto com 
consentimento da gestante), nesses casos é aplicada a 
teoria pluralista, que admite que cada um dos 
concorrentes responda pela sua própria conduta, pois 
cada um pratica um crime próprio, autônomo. 
 
5.1 - REQUISITOS CARACTERIZADORES 
Para que se configure o concurso (eventual) de pessoas 
é indispensável a existência de requisitos de natureza 
objetiva e subjetiva, somados a outros que possam 
complementar e aperfeiçoar a prática criminosa. 
É possível extrair, pelo menos quatro requisitos básicos 
para o concurso de pessoas na prática criminosa, os quais 
se algum desses inexistentes, não há de se falar em 
concurso de pessoas. São eles: 
 
1) Pluralidade de agentes e de condutas 
Concorrência de mais de uma pessoa na execução de 
uma infração penal. No concurso de pessoas nem todos 
os participantes, embora assim o desejem, contribuem 
com sua ação na infração penal. Alguns praticam o fato 
material típico, núcleo do tipo; outros praticam atos que, 
por si sós, configurariam atos atípicos. 
Todos os participantes de um evento criminoso não o 
fazem necessariamente da mesma forma, nas mesmas 
condições e nem com a mesma importância, mesmo que 
contribuindo livre e espontaneamente para o seu 
resultado. Para Esther Ferraz, “enquanto alguns 
praticam o fato material típico, representado pelo verbo 
núcleo do tipo, outros se limitam a instigar, a induzir, a 
auxiliar moral ou materialmente o executor ou 
executores praticando atos que, em si mesmos, seriam 
atípicos”. Contudo, como disposto no caput do artigo 29 
do Código Penal, a participação de cada um deve se 
conjugar, para colaboração causal de obtenção resultado 
criminoso, razão pela qual, todos respondem pelo 
mesmo crime. 
Todavia, é necessária a diferenciação de autor do mero 
partícipe, até pelo primado maior da culpabilidade, ou 
seja, da responsabilização das pessoas "na medida de 
sua culpabilidade", como dispõe o caput do art. 29 do 
Código Penal. Por autor entende-se aquele que executa 
com suas próprias mãos todos os elementos do tipo 
penal, em que poderá ainda utilizar de outra pessoa 
como instrumento ou aquele que realiza a parte 
necessária de decisão criminosa para prática criminosa. 
Este é o principal requisito para que se caracterize o 
concurso de pessoas. 
 
2) Relevância causal das condutas 
A conduta de típica ou atípica de cada participante deve 
se integrar em uma corrente causal que determina o 
resultado. Para configurar participação a conduta precisa 
ter eficácia causal, provocando, facilitando, estimulando 
a conduta principal. Portanto, conduta irrelevante para a 
produção do crime não possui qualquer eficácia causal. 
Não satisfaz a multiplicidade de agentes e condutas para 
que se configure o concurso de agentes, é necessário 
ainda que o crime se faça por meio de condutas nas quais 
se possa vislumbrar o nexo de causalidade entre elas e o 
resultado obtido. Desse modo, cada conduta deve ser 
relevante para a contribuição objetiva do crime, no 
encadeamento causal dos eventos. Caso a conduta típica 
ou atípica de cada participante não seja da corrente 
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15 
causal para determinação do resultado, será ela por si só 
irrelevante. Obviamente, se conclui que nem todo 
comportamento vai caracterizar a participação, pois é 
necessário que haja, no mínimo, estimulação, 
induzimento ou facilitação para prática criminosa. Nesse 
sentindo, condutas irrelevantes ou insignificantes para 
existência do crime serão desprezadas, não constituindo 
sequer participação criminosa. 
 
3) Vínculo Subjetivo 
Para aperfeiçoamento do concurso de pessoas, devem 
existir vários agentes que contribuam para uma ação 
comum. Não satisfaz o agente atuar com dolo/culpa. É 
necessário que haja uma relação subjetiva entre os 
participantes do crime, pois, do contrário, várias 
condutas poderão ser isoladas, autônomas e até mesmo 
desprezíveis. Deve haver, portanto, um vínculo 
psicológico e normativo entre os diversos autores do 
crime, de forma a se analisar essas condutas como um 
todo, e a ser possível a aplicação do art. 29 do Código 
Penal. 
Ensina Cezar Roberto Bittencourt que, todavia, o simples 
conhecimento da realização de uma infração penal ou 
mesmo a concordância psicológica caracterizam, no 
máximo, “conivência”, que não é punível, a título de 
participação, se não constituir, pelo menos, alguma 
forma de contribuição causal, ou, então, constituir, por si 
mesma, uma infração típica. 
“Somente a adesão voluntária, objetiva (nexo causal) e 
subjetiva (nexo psicológico), à atividade criminosa de 
outrem, visando à realização do fim comum, cria o 
vínculo do concurso de pessoas e sujeita os agentes à 
responsabilidade pelas consequências da ação.” 
(MIRABETE, Manual, v.1, p.226) 
Portanto, deve haver uma participação consciente e 
voluntária no fato, mas não é indispensável o acordo 
prévio de vontade para a existência do concurso de 
pessoas. A adesão tem que ser antes ou durante a 
execução do crime, nunca posterior. No caso de acordo 
posterior a execução do crime, esse caracteriza o 
favorecimento pessoal ou real previsto nos art. 348 e 349 
do Código Penal, e não o concurso de pessoas. 
Nos crimes dolosos, basta apenas que o agente adira à 
vontade do outro, em que os participantes deverão atuar 
com vontade homogênea, no sentido todos visarem a 
realização do mesmo tipo penal. A existência de vínculo 
subjetivo não significa a necessidade de ajuste prévio 
(pactum sceleris) entre os delinquentes. Rogério Greco 
afirma que se não se conseguir vislumbrar o liame 
subjetivo entre os agentes do crime doloso, cada um 
responderá isoladamente por sua conduta. 
Já nos delitos culposos há divergência doutrinária. 
Antigamente, se pesava a possibilidade de concurso de 
agentes, porém, atualmente tem se admitido, até com 
certa tranquilidade que alguém possa conscientemente 
contribuir para a conduta culposa de terceiro. Aqui, 
deve-se verificar o elemento vontade na realização da 
conduta, mas não na produção do resultado. 
Diferentemente do concurso de pessoas no crime 
doloso, o binômio consciência e vontade não conectam 
para um objetivo de prática criminosa, mas sim de 
realizar a conduta culposa pela imprudência, negligência, 
ou imperícia. Sendo assim, é importantíssimo diferenciar 
o vínculo subjetivo que existe no concurso de pessoas 
(crimes dolosos) com o normativo (crimes culposos). 
 
4) Identidade de fato 
O quarto e último requisito para se configurar o concurso 
de pessoas, as infrações praticadas pelos concorrentes 
sejam únicas – Unidade da Infração Penal. É 
imprescindível que todos atuem com esforços 
conjugados a fim do mesmo objetivo criminoso. 
Damásio de Jesus considera que se trata de identidade 
de infração para todos os participantes, não 
propriamente de um requisito, mas sim de verdadeira 
consequência jurídica diante das outras condições. 
Desse modo, não há de se falar em concurso de pessoas 
se a concorrência entre dois ou mais agentes não se 
destinar a mesma prática de certa e determinada 
infração penal. 
Deve-se existir, portanto, uma unidade da infração 
penal, requisito básico para concurso de pessoas e 
produto lógico-necessário em face do concurso de 
agentes. Essa infração penal deverá ser ao menos 
tentada, bem como dispõe o art. 31 do Código Penal, em 
casos de impunibilidade de ajuste, determinação ou 
instigação e o auxílio, salvo disposição expressa em 
contrário. 
 
6 – DOS CRIMES CONTRA A PESSOA 
 
Os crimes contra a pessoa são aqueles que mais 
imediatamente afetam a pessoa (ente humano). Os 
bens físicos ou morais que eles ofendem ou ameaçam 
estão intimamente consubstanciados com a 
personalidade humana. Tais são: a vida, a 
intangibilidade corpórea (integridade corporal), a honra 
e a liberdade do indivíduo.Os quatro são requisitos fundamentais para a vida 
comunitária, logo o bem jurídico tutelado tem caráter 
eminentemente público (o Estado os resguarda e 
defende). 
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16 
TÍTULO I 
DOS CRIMES CONTRA A PESSOA 
CAPÍTULO I 
DOS CRIMES CONTRA A VIDA 
Homicídio simples 
Art. 121. Matar alguém: 
Pena - reclusão, de seis a vinte anos. 
 
Caso de diminuição de pena 
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de 
relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de 
violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação 
da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um 
terço. 
 
Homicídio qualificado 
§ 2° Se o homicídio é cometido: 
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por 
outro motivo torpe; 
II - por motivo fútil; 
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, 
tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa 
resultar perigo comum; 
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação 
ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a 
defesa do ofendido; 
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade 
ou vantagem de outro crime: 
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. 
 
Feminicídio 
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo 
feminino: 
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 
e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema 
prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no 
exercício da função ou em decorrência dela, ou contra 
seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até 
terceiro grau, em razão dessa condição: 
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. 
§ 2o-A Considera-se que há razões de condição de sexo 
feminino quando o crime envolve: 
I - violência doméstica e familiar; 
II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher. 
 
Homicídio culposo 
§ 3º Se o homicídio é culposo: 
Pena - detenção, de um a três anos. 
 
Aumento de pena 
§ 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 
(um terço), se o crime resulta de inobservância de regra 
técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa 
de prestar imediato socorro à vítima, não procura 
diminuir as consequências do seu ato, ou foge para evitar 
prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é 
aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado 
contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 
(sessenta) anos. 
§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá 
deixar de aplicar a pena, se as consequências da infração 
atingirem o próprio agente de forma tão grave que a 
sanção penal se torne desnecessária. 
 § 6o A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade 
se o crime for praticado por milícia privada, sob o 
pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por 
grupo de extermínio. 
§ 7o A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um 
terço) até a metade se o crime for praticado: 
I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores 
ao parto; 
II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 
60 (sessenta) anos, com deficiência ou portadora de 
doenças degenerativas que acarretem condição 
limitante ou de vulnerabilidade física ou mental; 
III - na presença física ou virtual de descendente ou de 
ascendente da vítima; 
IV - em descumprimento das medidas protetivas de 
urgência previstas nos incisos I, II e III do caput do art. 22 
da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006. (Incluído pela 
Lei nº 13.771, de 2018) 
 
Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio ou a 
automutilação (Redação dada pela Lei nº 13.968, de 
2019) 
Art. 122. Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou a 
praticar automutilação ou prestar-lhe auxílio material 
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17 
para que o faça: (Redação dada pela Lei nº 13.968, de 
2019) 
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos. 
(Redação dada pela Lei nº 13.968, de 2019) 
§ 1º Se da automutilação ou da tentativa de suicídio 
resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, 
nos termos dos §§ 1º e 2º do art. 129 deste Código: 
(Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019) 
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos. (Incluído pela 
Lei nº 13.968, de 2019) 
§ 2º Se o suicídio se consuma ou se da automutilação 
resulta morte: (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019) 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos. (Incluído pela 
Lei nº 13.968, de 2019) 
§ 3º A pena é duplicada: (Incluído pela Lei nº 13.968, de 
2019) 
I - se o crime é praticado por motivo egoístico, torpe ou 
fútil; (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019) 
II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer 
causa, a capacidade de resistência. (Incluído pela Lei nº 
13.968, de 2019) 
§ 4º A pena é aumentada até o dobro se a conduta é 
realizada por meio da rede de computadores, de rede 
social ou transmitida em tempo real. (Incluído pela Lei 
nº 13.968, de 2019) 
§ 5º Aumenta-se a pena em metade se o agente é líder 
ou coordenador de grupo ou de rede virtual. (Incluído 
pela Lei nº 13.968, de 2019) 
§ 6º Se o crime de que trata o § 1º deste artigo resulta 
em lesão corporal de natureza gravíssima e é cometido 
contra menor de 14 (quatorze) anos ou contra quem, por 
enfermidade ou deficiência mental, não tem o 
necessário discernimento para a prática do ato, ou que, 
por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência, 
responde o agente pelo crime descrito no § 2º do art. 129 
deste Código. (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019) 
§ 7º Se o crime de que trata o § 2º deste artigo é 
cometido contra menor de 14 (quatorze) anos ou contra 
quem não tem o necessário discernimento para a prática 
do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode 
oferecer resistência, responde o agente pelo crime de 
homicídio, nos termos do art. 121 deste Código. (Incluído 
pela Lei nº 13.968, de 2019) 
Infanticídio 
Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o 
próprio filho, durante o parto ou logo após: 
Pena - detenção, de dois a seis anos. 
Aborto provocado pela gestante ou com seu 
consentimento 
Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que 
outrem lhe provoque: 
Pena - detenção, de um a três anos. 
 
Aborto provocado por terceiro 
Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da 
gestante: 
Pena - reclusão, de três a dez anos. 
Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da 
gestante: (Vide ADPF 54) 
Pena - reclusão, de um a quatro anos. 
Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a 
gestante não é maior de quatorze anos, ou é alienada ou 
débil mental, ou se o consentimento é obtido mediante 
fraude, grave ameaça ou violência. 
Forma qualificada 
Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores 
são aumentadas de um terço, se, em consequência do 
aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a 
gestante sofre lesão corporal de natureza grave; e são 
duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém 
a morte. 
Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico: 
Aborto necessário 
I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante; 
Aborto no caso de gravidez resultante de estupro 
II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é 
precedido de consentimento da gestante ou, quando 
incapaz, de seu representante legal. 
 
CAPÍTULO II 
DAS LESÕES CORPORAIS 
Lesão corporal 
Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de 
outrem: 
Pena - detenção, de três meses a um ano. 
Lesão corporal de natureza grave 
§ 1º Se resulta: 
I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de 
trinta dias; 
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18 
II - perigo de vida; 
III - debilidade permanente de membro, sentido ou 
função; 
IV - aceleração de parto: 
Pena - reclusão, de um a cinco anos. 
§ 2° Se resulta: 
I - Incapacidade permanente para o trabalho; 
II - enfermidade incurável;III perda ou inutilização do membro, sentido ou função; 
IV - deformidade permanente; 
V - aborto: 
Pena - reclusão, de dois a oito anos. 
Lesão corporal seguida de morte 
§ 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que 
o agente não quis o resultado, nem assumiu o risco de 
produzi-lo: 
Pena - reclusão, de quatro a doze anos. 
Diminuição de pena 
§ 4° Se o agente comete o crime impelido por motivo de 
relevante valor social ou moral ou sob o domínio de 
violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação 
da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um 
terço. 
Substituição da pena 
§ 5° O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda 
substituir a pena de detenção pela de multa, de duzentos 
mil réis a dois contos de réis: 
I - se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo 
anterior; 
II - se as lesões são recíprocas. 
 
Lesão corporal culposa 
§ 6° Se a lesão é culposa: 
Pena - detenção, de dois meses a um ano. 
Aumento de pena 
§ 7o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se ocorrer 
qualquer das hipóteses dos §§ 4o e 6o do art. 121 deste 
Código. 
§ 8º - Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art. 
121. 
 
Violência Doméstica 
§ 9o Se a lesão for praticada contra ascendente, 
descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com 
quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, 
prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de 
coabitação ou de hospitalidade: 
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos. 
§ 10. Nos casos previstos nos §§ 1o a 3o deste artigo, se 
as circunstâncias são as indicadas no § 9o deste artigo, 
aumenta-se a pena em 1/3 (um terço). 
§ 11. Na hipótese do § 9o deste artigo, a pena será 
aumentada de um terço se o crime for cometido contra 
pessoa portadora de deficiência. 
§ 12. Se a lesão for praticada contra autoridade ou 
agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição 
Federal, integrantes do sistema prisional e da Força 
Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou 
em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, 
companheiro ou parente consanguíneo até terceiro 
grau, em razão dessa condição, a pena é aumentada de 
um a dois terços. 
 
CAPÍTULO III 
DA PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE 
Perigo de contágio venéreo 
Art. 130 - Expor alguém, por meio de relações sexuais ou 
qualquer ato libidinoso, a contágio de moléstia venérea, 
de que sabe ou deve saber que está contaminado: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. 
§ 1º - Se é intenção do agente transmitir a moléstia: 
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
§ 2º - Somente se procede mediante representação. 
 
Perigo de contágio de moléstia grave 
Art. 131 - Praticar, com o fim de transmitir a outrem 
moléstia grave de que está contaminado, ato capaz de 
produzir o contágio: 
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
Perigo para a vida ou saúde de outrem 
Art. 132 - Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo 
direto e iminente: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato não 
constitui crime mais grave. 
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19 
Parágrafo único. A pena é aumentada de um sexto a um 
terço se a exposição da vida ou da saúde de outrem a 
perigo decorre do transporte de pessoas para a 
prestação de serviços em estabelecimentos de qualquer 
natureza, em desacordo com as normas legais. 
Abandono de incapaz 
Art. 133 - Abandonar pessoa que está sob seu cuidado, 
guarda, vigilância ou autoridade, e, por qualquer motivo, 
incapaz de defender-se dos riscos resultantes do 
abandono: 
Pena - detenção, de seis meses a três anos. 
§ 1º - Se do abandono resulta lesão corporal de natureza 
grave: 
Pena - reclusão, de um a cinco anos. 
§ 2º - Se resulta a morte: 
Pena - reclusão, de quatro a doze anos. 
Aumento de pena 
§ 3º - As penas cominadas neste artigo aumentam-se de 
um terço: 
I - se o abandono ocorre em lugar ermo; 
II - se o agente é ascendente ou descendente, cônjuge, 
irmão, tutor ou curador da vítima. 
III – se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos 
Exposição ou abandono de recém-nascido 
Art. 134 - Expor ou abandonar recém-nascido, para 
ocultar desonra própria: 
Pena - detenção, de seis meses a dois anos. 
§ 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: 
Pena - detenção, de um a três anos. 
§ 2º - Se resulta a morte: 
Pena - detenção, de dois a seis anos. 
 
Omissão de socorro 
Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível 
fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou 
extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo 
ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses 
casos, o socorro da autoridade pública: 
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. 
Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se da 
omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e 
triplicada, se resulta a morte. 
Condicionamento de atendimento médico-hospitalar 
emergencial 
Art. 135-A. Exigir cheque-caução, nota promissória ou 
qualquer garantia, bem como o preenchimento prévio 
de formulários administrativos, como condição para o 
atendimento médico-hospitalar emergencial: 
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa. 
Parágrafo único. A pena é aumentada até o dobro se da 
negativa de atendimento resulta lesão corporal de 
natureza grave, e até o triplo se resulta a morte. 
Maus-tratos 
Art. 136 - Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob 
sua autoridade, guarda ou vigilância, para fim de 
educação, ensino, tratamento ou custódia, quer 
privando-a de alimentação ou cuidados indispensáveis, 
quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequado, 
quer abusando de meios de correção ou disciplina: 
Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa. 
§ 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: 
Pena - reclusão, de um a quatro anos. 
§ 2º - Se resulta a morte: 
Pena - reclusão, de quatro a doze anos. 
§ 3º - Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é 
praticado contra pessoa menor de 14 (catorze) anos. 
 
CAPÍTULO IV 
DA RIXA 
Rixa 
Art. 137 - Participar de rixa, salvo para separar os 
contendores: 
Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa. 
Parágrafo único - Se ocorre morte ou lesão corporal de 
natureza grave, aplica-se, pelo fato da participação na 
rixa, a pena de detenção, de seis meses a dois anos. 
 
CAPÍTULO V 
DOS CRIMES CONTRA A HONRA 
Calúnia 
Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente 
fato definido como crime: 
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa. 
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20 
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a 
imputação, a propala ou divulga. 
§ 2º - É punível a calúnia contra os mortos. 
Exceção da verdade 
§ 3º - Admite-se a prova da verdade, salvo: 
I - se, constituindo o fato imputado crime de ação 
privada, o ofendido não foi condenado por sentença 
irrecorrível; 
II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas 
no nº I do art. 141; 
III - se do crime imputado, embora de ação pública, o 
ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível. 
Difamação 
Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo 
à sua reputação: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. 
Exceção da verdade 
Parágrafo único - A exceção da verdade somente se 
admite se o ofendido é funcionário público e a ofensa é 
relativa ao exercício de suas funções. 
Injúria 
Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou 
o decoro: 
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. 
§ 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena: 
I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou 
diretamente a injúria; 
II - no caso de retorsão imediata, que consista em outra 
injúria. 
§ 2º - Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, 
que, por sua natureza ou pelo meio empregado, se 
considerem aviltantes: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa,além 
da pena correspondente à violência. 
§ 3o Se a injúria consiste na utilização de elementos 
referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a 
condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência: 
Pena - reclusão de um a três anos e multa. 
Disposições comuns 
Art. 141 - As penas cominadas neste Capítulo aumentam-
se de um terço, se qualquer dos crimes é cometido: 
I - contra o Presidente da República, ou contra chefe de 
governo estrangeiro; 
II - contra funcionário público, em razão de suas funções; 
III - na presença de várias pessoas, ou por meio que 
facilite a divulgação da calúnia, da difamação ou da 
injúria. 
IV – contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou 
portadora de deficiência, exceto no caso de injúria. 
§ 1º - Se o crime é cometido mediante paga ou promessa 
de recompensa, aplica-se a pena em dobro. 
 Exclusão do crime 
Art. 142 - Não constituem injúria ou difamação punível: 
I - a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela 
parte ou por seu procurador; 
II - a opinião desfavorável da crítica literária, artística ou 
científica, salvo quando inequívoca a intenção de injuriar 
ou difamar; 
III - o conceito desfavorável emitido por funcionário 
público, em apreciação ou informação que preste no 
cumprimento de dever do ofício. 
Parágrafo único - Nos casos dos ns. I e III, responde pela 
injúria ou pela difamação quem lhe dá publicidade. 
Retratação 
Art. 143 - O querelado que, antes da sentença, se retrata 
cabalmente da calúnia ou da difamação, fica isento de 
pena. 
Parágrafo único. Nos casos em que o querelado tenha 
praticado a calúnia ou a difamação utilizando-se de 
meios de comunicação, a retratação dar-se-á, se assim 
desejar o ofendido, pelos mesmos meios em que se 
praticou a ofensa. 
Art. 144 - Se, de referências, alusões ou frases, se infere 
calúnia, difamação ou injúria, quem se julga ofendido 
pode pedir explicações em juízo. Aquele que se recusa a 
dá-las ou, a critério do juiz, não as dá satisfatórias, 
responde pela ofensa. 
Art. 145 - Nos crimes previstos neste Capítulo somente 
se procede mediante queixa, salvo quando, no caso do 
art. 140, § 2º, da violência resulta lesão corporal. 
Parágrafo único. Procede-se mediante requisição do 
Ministro da Justiça, no caso do inciso I do caput do art. 
141 deste Código, e mediante representação do 
ofendido, no caso do inciso II do mesmo artigo, bem 
como no caso do § 3o do art. 140 deste Código. (Redação 
dada pela Lei nº 12.033. de 2009) 
 
 
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7 – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMONIO 
 
TÍTULO II 
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 
CAPÍTULO I 
DO FURTO 
Furto 
Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia 
móvel: 
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
§ 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é 
praticado durante o repouso noturno. 
§ 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a 
coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão 
pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou 
aplicar somente a pena de multa. 
§ 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou 
qualquer outra que tenha valor econômico. 
Furto qualificado 
§ 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, 
se o crime é cometido: 
I - com destruição ou rompimento de obstáculo à 
subtração da coisa; 
II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, 
escalada ou destreza; 
III - com emprego de chave falsa; 
IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas. 
§ 4º-A A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos 
e multa, se houver emprego de explosivo ou de artefato 
análogo que cause perigo comum. (Incluído pela Lei nº 
13.654, de 2018) 
§ 5º - A pena é de reclusão de três a oito anos, se a 
subtração for de veículo automotor que venha a ser 
transportado para outro Estado ou para o exterior. 
§ 6o A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos se a 
subtração for de semovente domesticável de produção, 
ainda que abatido ou dividido em partes no local da 
subtração. 
§ 7º A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e 
multa, se a subtração for de substâncias explosivas ou de 
acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem 
sua fabricação, montagem ou emprego. (Incluído pela Lei 
nº 13.654, de 2018) 
Furto de coisa comum 
Art. 156 - Subtrair o condômino, co-herdeiro ou sócio, 
para si ou para outrem, a quem legitimamente a detém, 
a coisa comum: 
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. 
§ 1º - Somente se procede mediante representação. 
§ 2º - Não é punível a subtração de coisa comum 
fungível, cujo valor não excede a quota a que tem direito 
o agente. 
 
CAPÍTULO II 
DO ROUBO E DA EXTORSÃO 
Roubo 
Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para 
outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, 
ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à 
impossibilidade de resistência: 
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. 
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de 
subtraída a coisa, emprega violência contra pessoa ou 
grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime 
ou a detenção da coisa para si ou para terceiro. 
§ 2º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) até metade: 
 II - se há o concurso de duas ou mais pessoas; 
III - se a vítima está em serviço de transporte de valores 
e o agente conhece tal circunstância. 
IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a 
ser transportado para outro Estado ou para o exterior; 
V - se o agente mantém a vítima em seu poder, 
restringindo sua liberdade. 
VI – se a subtração for de substâncias explosivas ou de 
acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem 
sua fabricação, montagem ou emprego. (Incluído pela 
Lei nº 13.654, de 2018) 
 VII - se a violência ou grave ameaça é exercida com 
emprego de arma branca; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 
2019) 
 § 2º-A A pena aumenta-se de 2/3 (dois terços): (Incluído 
pela Lei nº 13.654, de 2018) 
I – se a violência ou ameaça é exercida com emprego de 
arma de fogo; (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018) 
II – se há destruição ou rompimento de obstáculo 
mediante o emprego de explosivo ou de artefato 
SECRETARIA DE ESTADO DE ADMINISTRAÇÃO PENITENCIÁRIA - SEAP 
NOÇÕES DE DIREITO PENAL 
- LEI 5.810/94 
 
 
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análogo que cause perigo comum. (Incluído pela Lei nº 
13.654, de 2018) 
§ 2º-B. Se a violência ou grave ameaça é exercida com 
emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido, 
aplica-se em dobro a pena prevista no caput deste artigo. 
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
§ 3º Se da violência resulta: (Redação dada pela Lei nº 
13.654, de 2018) 
I – lesão corporal grave, a pena é de reclusão de 7 (sete) 
a 18 (dezoito) anos, e multa; (Incluído pela Lei nº 13.654, 
de 2018) 
II – morte, a pena é de reclusão de 20 (vinte) a 30 (trinta) 
anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018) 
Extorsão 
Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou 
grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para 
outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar 
que se faça ou deixar de fazer alguma coisa: 
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. 
§ 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, 
ou com emprego de arma, aumenta-se a pena de um 
terço até metade. 
§ 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência 
o disposto no § 3º do artigo anterior. 
§ 3o Se o crime é cometido mediante a restrição da 
liberdade da vítima, e essa condição é necessária para a 
obtenção da vantagem econômica, a pena é de reclusão, 
de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa; se resulta 
lesão corporal grave ou morte, aplicam-se as penas 
previstas no art. 159, §§ 2o e 3o, respectivamente. 
Extorsão mediante sequestro 
Art. 159 - Sequestrar pessoa com o fim de obter, para si 
ou para outrem, qualquer vantagem, como condição ou 
preço do resgate: 
Pena - reclusão, de oito a quinze anos.. (Redação dada 
pela Lei nº 8.072,

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