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Saliva: Função e Composição

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Saliva 
Camyla Oliveira – Odontologia 2020.2 UFPE 
 
A saliva é uma secreção aquosa transparente secretada 
pelas glândulas salivares diretamente na cavidade bucal. 
A saliva presente na cavidade oral (saliva total), é 
composta pela secreção das diferentes glândulas, 
juntamente com restos alimentares, microrganismos e 
células descamadas do epitélio oral. A saliva é um dos 
sistemas de defesa mais potentes do organismo, sendo 
essencial para a preservação da saúde oral, regulando os 
tecidos moles e duros da cavidade oral. Alterações na 
saliva podem levar ao comprometimento do dente, fala 
e deglutição, aumento do risco de infecções bucais e 
aumento do risco de cárie. 
A saliva é produzida na sua maior parte (90%) pelas 
glândulas salivares maiores (parótidas, 
submandibulares e sublingual) e uma pequena parte 
pelas glândulas salivares menores dispersas pela 
mucosa bucal (borda lateral da língua, parte posterior do 
palato e mucosa labial e bucal). As glândulas salivares 
menores funcionam continuamente durante o dia e 
durante a noite, enquanto que as glândulas salivares 
maiores têm função, sobretudo quando estimuladas. A 
média de produção salivar de um indivíduo sadio é de 
0,5 à 1,5L/dia. 
Glândulas salivares menores 
As glândulas salivares menores são estimadas entre 600 
a 1000 pequenas glândulas independentes, 
encontrando- se em toda a cavidade oral, tonsilas 
palatinas, faringe e laringe. Essas glândulas adquirem o 
nome correspondente à sua localização, por isso, 
definem-se: as labiais, as linguais, palatinas, jugais, 
glossopalatinas e as glândulas de Von Ebner. 
Tipos de Saliva 
O tipo de secreção salivar varia de acordo com a 
glândula. As secreções podem ser serosas, mucosas ou 
mistas. 
Serosa - Atua preponderantemente na mastigação dos 
alimentos. Parótidas são constituídas quase 
exclusivamente por células serosas e produzem uma 
secreção aquosa, diluída e rica em enzimas e anticorpos. 
Mucosa - É a saliva rica em mucinas. Atua na gustação 
e deglutição, está envolvida com a lubrificação e 
proteção da cavidade bucal. As glândulas sublinguais 
constituem principalmente de células acinares mucosas. 
Mista - Tem ação importante tanto na mastigação dos 
alimentos como na gustação e deglutição. As gl 
submandibulares são mistas. As glândulas menores são 
mistas, exceto pelas glândulas palatinas, que são 
mucosas, e as glândulas linguais de von Ebner, que são 
serosas. 
Quais as Glândulas salivares menores? 
Acessórias labiais: estão na mucosa labial e secretam 
saliva mucosserosa. 
Acessórias jugais: estão na mucosa jugal (mucosa das 
bochechas) e secretam saliva mucosserosa. 
Acessórias sublinguais ou glândulas de Rivinus: 
secretam saliva mucosserosa pelos ductos de Rivinus; 
localizam-se no assoalho bucal na região sublingual e 
são chamados também de acessórias bucais. 
Acessórias palatinas: secretam saliva apenas mucosa e 
se localizam na metade posterior do palato duro. 
Acessórias do palato mole e úvula: secretam saliva 
mucosa. 
Acessórias glossopalatinas: secretam saliva mucosa. 
Acessórias do coxim retromolar: secretam saliva 
mucosa e estão na mucosa retromolar. 
Acessórias linguais: 
- Glândulas de Blandim e Nuhn: secretam saliva 
seromucosa e estão na porção anterior da língua. 
- Glândulas de Ebner: secretam saliva apenas serosa e 
estão associadas às papilas calciformes. 
- Glândulas da raiz da língua: secretam saliva apenas 
mucosa. 
Formação de Saliva 
O processo secretor inicia-se nas células acinares e sofre 
posterior modificação nos ductos. Os ácinos constituem 
a parte inicial da glândula, e distribuem-se formando 
cachos. 
Ácinos – secreção primária semelhante ao plasma; 
Ductos – ocorre modificação da saliva à medida que flui 
através dos ductos para a cavidade oral (reabsorção de 
Na+ eCl- e secreção de K+ e HCO3-, deixando a saliva 
hipotônica e menos ácida.). 
Cerca de 10 a 20% da produção da saliva se caracteriza 
por uma secreção basal contínua (ou de repouso), que 
serve para umedecer e proteger a mucosa oral, o restante 
da produção diária (80-90%) é induzida por estímulos. 
Sua produção varia durante o dia, segue o ritmo 
circadiano. O fluxo de saliva é maior durante a tarde do 
que de manhã ou à noite, sendo que o atinge o seu pico 
máximo às seis horas da tarde e o seu pico mínimo pelas 
seis horas da manhã. O fluxo de saliva não estimulada é 
superior no Inverno comparativamente ao Verão, 
confirmando assim que existe também um ritmo 
circanual. Além de que a temperatura é também um 
fator que influencia o fluxo salivar. 
Estímulos para a secreção salivar 
As excitações salivares ocorrem através de dois 
mecanismos reflexos básicos que podem ser divididos 
em: 
Reflexos salivares não condicionados 
(incondicionados): São aqueles que estimulam a 
salivação sem que haja o aprendizado (estímulos 
térmicos, mecânicos, químicos e biológicos. 
Reflexos salivares condicionados: as repostas salivares 
precisam de treino repetitivo, sendo que a origem do 
estímulo não está na boca, mas em outro órgão 
sensorial, sobretudo na olfação e na visão. Por exemplo, 
“ficar de água na boca” ao se ver ou se pensar num 
alimento apetitoso. 
Tipos de estímulo para a secreção salivar 
- Psíquicos: Odor, sabor, cor dos alimentos, e estado 
nutricional do indivíduo; 
- Estímulos mecânicos: Pressões, mastigação, 
intervenção odontológica; 
- Estímulos químicos: Substâncias ácidas, básicas, 
doces, amargas, salgadas, medicamentos e “variações 
do pH do meio bucal”; 
- Biológicos: Inflamações. 
Controle da secreção salivar 
A secreção salivar é controlada pelo sistema nervoso 
autônomo. 
REFLEXO NÃO CONDICIONADO - Quando os 
quimiorreceptores das papilas gustativas e 
mecanorreceptores dos ligamentos periodontais 
respondem a presença de alimento eles iniciam 
impulsos nas fibras aferentes que transportam a 
informação ao centro salivar. 
REFLEXO CONDICIONADO - a salivação ocorre sem 
estímulo oral. Sinais externos associados com o prazer 
do alimento atuam no córtex cerebral para estimular o 
centro salivar. 
As terminações nervosas simpática e parassimpática 
liberam neurotransmissores acetilcolina, norepinefrina, 
substância P e polipeptídeo intestinal vasoativo (VIP) 
que ligam-se a receptores específicos na membrana 
basolateral da célula acinar e por meio da geração de um 
2º mensageiro ativam os processos da secreção salivar. 
Esse estímulo causa contração das células mioepiteliais 
que circunda os ácinos. Essa contração ajuda a lançar o 
conteúdo acinar nos canais e, dessa forma, aumentar o 
fluxo salivar. Na prática clínica a medição do fluxo 
salivar é chamada sialometria. 
Fatores que afetam fluxo e composição da saliva 
O fluxo salivar e consequentemente a composição da 
saliva pode ser influenciada pelo tipo de glândula da 
qual a saliva é secretada, grau de hidratação (Quando o 
conteúdo de água do organismo é reduzido para 8% o 
fluxo salivar se reduz quase que totalmente), estado 
nutricional, hora da coleta, natureza e duração do 
estímulo, estado emocional e sexo. O fluxo salivar não 
estimulado pode se alterar de acordo com a posição 
corpórea - Em pé > sentado > deitado. 
Composição da saliva 
A saliva é formada por 99,5% de água, 0,3% de 
proteínas variadas e 0,2% de substâncias inorgânicas e 
substâncias vestigiais. 
- Componentes orgânicos: proteínas salivares, 
carboidratos, hormônios esteróides, uréia, aminoácidos, 
amônia, entre outros 
• Proteínas enzimáticas: 
- Amilase; 
- Lactoperoxidase; 
- Lisozima. 
• Proteínas ricas em prolina: 
- Mucinas 
• Proteínas aromáticas: 
- Gustina; 
- Estaterina; 
- Histatina; 
- Lactoferrina; 
- Albumina. 
 
• Imunoglobulinas; 
 
- Componentes inorgânicos: Cálcio, Flúor, Sódio, 
Potássio, Bicarbonato, Fosfato, Cloro, Magnésio, entre 
outros. 
 
Mucinas 
As mucinas são glicoproteínas. Consistem de um 
esquelético protéico principalde onde partem cadeias 
laterais de carboidratos. As mucinas contribuem para a 
viscosidade da saliva devido a seu alto teor de 
carboidrato (70-80% do peso da molécula) que retêm 
muita água, resistindo à desidratação, sendo efetivas na 
lubrificação, manutenção da superfície mucosa úmida, 
controlam a permeabilidade da superfície mucosa, 
limita a penetração de agentes irritantes e tóxicos, bem 
como protege as membranas das células mucosas da 
ação de proteases produzidas por bactérias da placa 
bacteriana e ainda controla a colonização da cavidade 
oral por bactérias e vírus. 
Os Streptococcus e outras espécies orais podem 
empregar as mucinas como fonte de carbono e energia. 
Isto é possível graças à glicosidases que degradam os 
oligossacarídeos das mucinas em unidades menores que 
podem ser transportadas para dentro das células 
bacterianas. 
α- Amilases 
A α-amilase é uma das enzimas salivares mais 
importantes, contribuindo com 40-50% do total de 
proteína salivar produzida pelas glândulas. 
A amilase salivar: Participa na função digestiva 
(hidrolisa as ligações α(1-4) do amido e glicogênio). 
Atua na limpeza dos restos alimentares (carboidratos). 
Modula a adesão de bactérias (papel importante na 
colonização e metabolismo de estreptococos) levando a 
formação de placa dental e cáries. 
O conteúdo da α-amilase na saliva secretada pela 
glândula parótida sofre influência tanto do processo 
mastigatório quanto gustativo. O ato mastigatório 
aumenta a secreção da amilase. 
Estaterina 
É uma pequena fosfoproteína ácida encontrada na 
saliva, secretada pelas glândulas sublingual e 
submandibular. 
A função da estaterina é a inibição da precipitação dos 
sais de fosfato de cálcio, da solução supersaturada da 
saliva bucal e de glândulas salivares. 
Após sua adsorção na hidroxiapatita, a estaterina pode 
promover a aderência de algumas bactérias orais, como 
P. gingivalis e Actinomyces viscous. 
Proteínas ricas em prolina (PRPs) 
As PRPs têm diversas funções biológicas. Em solução 
essas proteínas mantêm a saliva em estado 
supersaturado com relação ao fosfato de cálcio. Elas são 
componentes da película adquirida e podem ser 
importantes na adesão dos microrganismos ao dente. 
Apesar de estarem presentes na saliva integral, as PRPs 
também são susceptíveis de degradação proteolítica 
pelos microrganismos orais. 
Lactoferrina (LF) 
A lactoferrina é uma glicoproteína ligadora de ferro, 
sintetizada pelas células epiteliais glandulares e 
presente em secreções como leite, lágrima e saliva. 
Considerada uma proteína multifuncional com 
atividade bacteriostática (inibe o crec.), bactericida, 
fungicida, antiviral, antiparasítica, antinflamatória e 
imunomoduladora. 
Lisozima 
É uma proteína catiônica pequena presente em todos os 
principais fluidos biológicos. Esta enzima age nas 
paredes celulares bacterianas causando lise e morte 
celular. Entretanto, muitos microorganismos orais 
podem resistir à lisozima pela formação de cápsulas 
protetoras ou outras variantes de paredes celulares. 
Imunoglobulinas 
As imunoglobulinas pertencem a classe das proteínas 
plasmáticas que exibem propriedades imunológicas. As 
imunoglobulinas diferem em peso molecular, conteúdo 
em carboidratos, mobilidade eletroforética e 
antigenicidade, sendo designadas pelas siglas: IgG, 
IgM, IgA, IgD e IgE. 
Histatinas 
Histatinas são uma família de peptídeos básicos 
pequenos (3 a 5kDa), com um alto conteúdo de 
histidina. Da mesma forma que outras proteínas da 
saliva, as histatinas são multifuncionais. Elas estão 
implicadas na formação da película adquirida; 
apresentam propriedades fungistáticas e fungicidas e 
também bactericidas e inibem a precipitação de 
Ca3(PO4)2. 
Cistatinas 
Cistatinas são uma família de fosfoproteínas contendo 
cisteína. Cistatinas atuam principalmente como 
inibidores de cisteíno-proteases. Considerada como 
tendo ação protetora contra proteólise indesejada por 
proteases bacterianas e leucócitos lisados. Pode inibir 
proteases em tecidos periodontais. 
Peroxidase salivar 
O sistema de peroxidases salivar humano compreende 2 
enzimas: a peroxidase salivar (SP) e a mieloperoxidase 
(MP), além dos íons tiocianato (SCN-) e peróxido de 
hidrogênio (H2O2). 
A peroxidase salivar catalisa a redução do H2O2 a H2O 
com a oxidação concomitante do tiocianato, através da 
seguinte reação: 
H2O2 + SCN- → H2O + OSCN- (hipotiocianato = 
OSCN-) 
O hipotiocianato (OSCN-), o qual é bastante tóxico à 
célula bacteriana, principalmente das espécies 
Streptococcus, pois inibe a enzima gliceraldeído-3-
fosfato desidrogenase, levando a um bloqueio na 
glicólise bacteriana e prevenindo o acúmulo de lisina e 
ácido glutâmico essenciais ao seu crescimento. 
O sistema peroxidase salivar têm duas funções 
biológicas principais: 
1- Atividade antimicrobiana - O hipotiocianato 
(OSCN-) é capaz de oxidar tióis, o que confere 
atividade bactericida ao sistema salivar 
peroxidase-H2O2-SCN-. Adicionalmente, o 
OSCN- potencializa o efeito antimicrobiano da 
lisozima e lactoferrina. 
2- Proteção de proteínas e células hospedeiras 
contra a toxicidade do peróxido de hidrogênio. 
Diversos organismos orais produzem H2O2 
que indiretamente pode ser tóxico ao tecido do 
hospedeiro e pode levar a ulceração da mucosa. 
Anidrase carbônica 
A anidrase carbônica é uma metaloenzima que contém 
um Zn ligado ao sítio catalítico. Esta enzima catalisa a 
seguinte reação: 
CO2 + H2O → H2CO3 ↔ H+ + HCO3- 
Esta enzima é importante para o poder de neutralização, 
pelo bicarbonato do fluido onde está presente. 
Defensinas 
As defensinas são peptídeos, relativamente ricos em 
arginina, não glicosilados, com seis resíduos de cisteína, 
o que as torna capazes de formar três pontes dissulfeto, 
intramoleculares. As glândulas contribuem pouco para 
a produção de defensinas salivares, que derivam das 
células epiteliais, dos neutrófilos, macrófagos, 
monócitos e células dendríticas. 
Componentes inorgânicos 
- Sódio (Na+) e Potássio (K+): Suas concentrações 
variam com o fluxo salivar. As concentrações de Na e 
K na saliva sofrem alterações em algumas doenças. Por 
exemplo em portadores de paralisia cerebral há um ↑ K+ 
e ↓ Na+, na síndrome de Down a concentração de K+ é 
menor do que o controle e a de Na+ é maior. 
- Cloreto (Cl-): Varia em relação a taxa de fluxo e possui 
taxa inferior a plasmática. 
- Cálcio (Ca2+) e fosfato (PO43-): A saliva é uma 
solução supersaturada de cálcio e fosfato que à medida 
que o pH diminui alcançando o pH crítico(pH 5,5) ela 
se torna subsaturada e o esmalte perde mineral, quando 
o pH é reestabelecido a saliva volta a ser supersaturada 
propiciando o a formação de hidroxiapatita. 
- Bicarbonato (HCO3-): Baixa concentração na saliva 
não estimulada. Varia segundo o fluxo salivar e pode 
exceder a taxa plasmática. Defesa contra ácidos 
produzidos por bactérias. Eleva o pH da saliva até 8. 
- Flúor: na saliva o F se encontra principalmente na 
forma iônica, e muito pouco ligada a macromoléculas, 
e dependendo do pH da saliva pode precipitar-se com 
cálcio e fosfato. É importante nos tratamentos de 
prevenção às cáries. Possui concentrações baixas e 
sobre seu mecanismo de eliminação, acredita-se que 
seja igual ao do cloreto. 
- Magnésio: Presença nos ossos e dentes (esmalte e 
dentina), além de participar na respiração celular e na 
mobilização de cálcio do osso. 
Propriedades físico-químicas 
- Tem aspecto opalescente, as vezes límpido e incolor; 
- A secreção diária varia de 0,8 a 1,5L, com um valor 
médio de 1L; 
- O pH varia entre 6,2 – 7,2 (varia com o fluxo); 
- Tem viscosidade elevada pela presença das mucinas; 
- 80-90% da produção diária ocorre por estímulos 
durante a alimentação (paladar, olfação e forças 
mastigatórias), baixa secreção: sono; 
- Quanto mais viscosa a saliva, maior chance de 
formação de cárie, pois a mucina facilitaa formação de 
placa bacteriana. 
 
Características macromoleculares 
Multifuncionalidade – A maioria dos componentes 
salivares apresentam um caráter multifuncional, 
podendo um componente desempenhar várias funções 
(ex.: mucinas desempenham papel na lubrificação e 
interagem com as bactérias; estaterinas podem 
funcionar na lubrificação, na mineralização e em 
interações com bactérias). 
Redundância com relação a ação protetora – diferentes 
componentes desempenhar a mesma função. Ex. 
estaterinas, PRPs e histatinas inibem a precipitação de 
sais de fosfato de cálcio, embora em graus diferentes. 
Anfifuncionalidade – a molécula pode agir de forma 
favorável ou contrária ao hospedeiro. Por exemplo, a α-
amilase exerce importante papel na digestão de restos 
de alimentos aderidos aos espaços interdentais, 
colaborando assim em sua solubilização e limpeza, mas 
pode também garantir o fornecimento de alimento as 
bactérias criogênicas da placa e promover a cárie. 
Funções da Saliva 
A saliva é um dos fluidos mais complexos, versáteis e 
importantes do corpo. A saliva é responsável pela 
proteção da cavidade oral, epitélio gastrointestinal e 
orofaringe; umidifica os tecidos; participa da digestão 
dos alimentos e na sua transformação em bolo alimentar 
e controla a quantidade de água no organismo pelo 
mecanismo da sede. 
A saliva é um dos fluidos mais complexos, versáteis e 
importantes do corpo. A saliva é responsável pela 
proteção da cavidade oral, epitélio gastrointestinal e 
orofaringe; umidifica os tecidos; participa da digestão 
dos alimentos e controla a quantidade de água no 
organismo pelo mecanismo da sede. 
Principais fatores específicos e inespecíficos de 
defesa da saliva 
A cavidade bucal é a porta principal de entrada de 
patógenos para o corpo humano. No entanto, devido a 
um complexo mecanismo de defesa, os inúmeros 
agentes infecciosos que colonizam ou penetram a 
cavidade bucal não ocasionam patologias. A função de 
proteção é desempenhada por componentes celulares e 
moleculares. As proteínas constituem a primeira linha 
de defesa do organismo, e as imunoglobulinas 
potencializam esse mecanismo protetor. 
Ação tamponante da saliva 
As variações do pH desestabilizam as condições do 
meio bucal, e o ideal é que o pH seja mantido entre 6,8 
e 7,0. Quando o pH é inferior a 5,5 (pH crítico) ocorre 
desmineralização do esmalte dentário e um pH alcalino 
favorece a precipitação de minerais (formação de 
cálculo). 
A saliva dispõe de mecanismos capazes de manter o seu 
pH constante, em torno de 6,9 sempre que houver 
adição de ácido ou de base. O principal componente da 
saliva responsável por esta capacidade tamponante é o 
bicarbonato ((HCO3/H2CO3) e contribuem 
secundariamente os fosfatos (HPO4 / H2PO4), e 
mucinato/mucina. 
Além disso, é um importante fator de resistência à cárie 
dental, e o reduzido fluxo salivar, que geralmente está 
associado a uma baixa capacidade tamponante, causa 
infecções da mucosa oral e periodontites. A 
neutralização dos ácidos pela saliva na realidade não é 
uma ação tamponante. Embora seja verdade que o 
bicarbonato possa atuar como tampão este não é o caso 
em um sistema aberto como a boca, o bicarbonato atua 
principalmente neutralizando o ácido. 
H+ + HCO3- ↔ H2CO3 ↔ H2O + ↑CO2 (anidrase 
carbônica) 
A saliva estimulada contém mais bicarbonato do que a 
saliva secretada sem estimulação, isto é conveniente 
porque é durante a alimentação, quando o fluxo de 
saliva é aumentado que os ácidos da placa são 
produzidos em maior quantidade. Isso assegura a 
presença de concentrações adequadas de bicarbonato 
para eliminar o ácido formado. 
Anfifuncionalidade da Saliva 
Uma determinada substância pode ter propriedade 
protetora ou nociva. Depende da localização da 
molécula e de seu local de ação. 
Amilases - Em solução, facilita a remoção de viridans 
streptococci. Absorvida na superfície dos dentes, pode 
promover a adesão de bactérias e promover a digestão 
do amido levando a produção de ácidos pelos 
microrganismos. 
Estaterina e proteínas ricas em prolina - Na superfície 
do esmalte, desempenham um papel chave na 
mineralização por inibir a formação de sais de fosfato 
de cálcio. Quando adsorvidas na superfície do esmalte, 
elas promovem a adesão de microrganismos 
cariogênicos. 
Ação protetora da saliva 
A saliva protege os dentes de diversas maneiras. 
- Atua diretamente na regulação da microbiota – a 
capacidade antimicrobiana é importante para controlar 
o crescimento bacteriano e consequentemente seu 
metabolismo acidogênico 
- Dilui e remove substâncias da cavidade oral - com a 
deglutição bactérias e substâncias nocivas são 
eliminadas da boca. 
- Capacidade tamponante - atua para equilibrar as 
mudanças de pH que podem favorecer a 
desmineralização da estrutura dentária. 
- O esmalte se encontra em um estado constante de 
mineralização e desmineralização em condições 
fisiológicas (conteúdo de fosfato de cálcio 
supersaturados, pH 6.8). 
A saliva tem grande importância na retenção das 
próteses totais e no conforto do paciente ao usá-las. 
Múltiplas funções da saliva no trato digestório 
• Cabe a saliva dissolver os alimentos de modo 
que as papilas linguais captem os sabores; 
• Limpeza mecânica de alimentos e bactérias; 
• Lubrificação das superfícies orais; 
• Proteção dos dentes e mucosa oro-esofageal; 
• Facilitação da fala, mastigação e deglutição 
(formação do bolo alimentar); 
• Digestão inicial de amido; 
• Limpeza esofagiana e tamponamento do ácido 
gástrico após refluxos normais; 
• Atividade antimicrobiana. 
 
Importância sistêmica da saliva 
A saliva atua na manutenção do pH do trato 
gastrintestinal superior. Além disso, possui fatores de 
defesa como anticorpos, citocinas e fatores de 
crescimento que estão associados aos mecanismos de 
defesa e cicatrização de processos inflamatórios e 
infecciosos não restritos à boca, mas também à 
orofaringe, ao esôfago e ao estômago. 
Principais problemas da saliva 
- Contaminação do preparo cavitário; 
- Alteração química dos materiais restauradores; 
- Alteração na composição da saliva; 
- Alteração da viscosidade da saliva; 
- Alteração no fluxo salivar; 
- Halitose; 
- Fonte de transmissão de doenças. 
 
Hipossalivação 
Existem diversas situações que afetam a produção 
salivar: 
 
- Desidratação pela pouca ingestão de água ou perda de 
líquidos; 
- Alterações emocionais; 
- Radioterapia; 
- Tipo de dieta alimentar e dificuldades na mastigação; 
- Uso de medicamentos; 
- Uso de drogas lícitas e ilícitas; 
- Algumas doenças; 
- Obstrução das vias aéreas superiores. 
 
Causas fisiológicas: 
Os lactantes têm uma descarga salivar maior até que se 
desenvolvam os reflexos musculares iniciais da 
deglutição e do selamento labial. Mais adiante a erupção 
da dentição, com incremento da atividade oral podem 
provocar salivação excessiva. Durante a gravidez 
também existe um amento da salivação, principalmente 
entre o segundo e o quinto mês de gestação. 
Causas patológicas: 
Origem bucal: dor oral, pulpites, periodontites e 
irritações locais (feridas produzidas por próteses mal 
adaptadas ou por dentes fraturados). O fluxo salivar 
aumenta por excitação das terminações sensitivas da 
região, desencadeando o mecanismo de defesa. 
Alterações inflamatórias faríngeas ou amidalites 
também podem originar ptialismo. 
Causas esofágicas: espasmos, câncer, introdução de 
corpos estranhos no esôfago. 
Causas gástricas: hérnia de hiato, úlcera duodenal que 
provoca pirose e hipercloridria e produz uma 
hipersalivacão para neutralização do ácido. 
Causas intestinais: helmintíases. 
Causas hepáticas: litíase e hepatite viral. Intoxicações 
exógenas por mercúrio, iodo ou chumbo e endógenas 
como uremia. Na fase crítica de determinadas 
enfermidades infecciosas. 
Causas neurológicas: neuralgias faciais, doença de 
Parkinsone epilepsia. 
Causas endócrinas: hipertireoidismo e pseudo-
hiperparatireoidismo. 
Causas farmacológicas: determinadas drogas podem 
alterar a produção de saliva. 
Outras causas: Síndrome de Riley-Day (caracterizada 
pela transpiração excessiva, sialorréia, erupções 
cutâneas e flutuação na pressão arterial). 
 
Consequências da Hipossalivação 
Variam dependendo da intensidade da hipersecreção. 
- Frequentemente há descamação dos lábios, queilite 
angular e dermatite ao nível do mento. 
- Pode apresentar ocasionalmente fadiga muscular por 
uma constante deglutição. Também pode haver 
mudança no paladar (ácido, doce, metálico). 
- Em alguns casos, pode haver uma barreira social, pois 
os pacientes acabam possuindo um aspecto 
desagradável e incômodo, com uma face característica 
e odor desagradável pelo acúmulo constante de saliva.

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