Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Bioquímica da saliva ↪ A cavidade bucal é banhada por um fluido aquoso e transparente chamado saliva, produzido pelas glândulas salivares, cuja função principal é manter a saúde bucal. A saliva possui um pH neutro variando entre 6 e 7 , sua composição pode variar ,mas de forma geral é formada por 99% de água e o 1% restante são partículas sólidas de moléculas orgânicas e Inorgânicas. ↪ Glândulas salivares: 1. Glândula Parótida: Situa-se na lateral da face e anteriormente ao pavilhão do ouvido. Lançam sua secreção na altura do segundo molar superior. É a maior das glândulas e produz 25% da secreção salivar. Sua secreção é predominantemente do tipo seroso. 2. Glândula Submandibular : Glândula mucosa - serosa situada próximas à parótida, sendo protegida pela mandíbula. Lança sua secreção na cavidade bucal por meio de canais que desembocam no assoalho da boca. Tem aproximadamente metade do tamanho da parótida e produz 70% da secreção salivar de aspecto mais viscoso por ser rico em mucina. 3. Glândula sublingual: Situa-se na parte inferior lateral à língua, apresenta secreção Predominantemente mucosa, e a lança na porção anterior da língua, por meio de canais que desembocam no assoalho da boca e Contribui com 5% da secreção salivar BIOQUÍMICA BUCAL / AMANDA PINHEIRO total juntamente com as glândulas menores. 4. Glândulas menores: Secretam basicamente saliva mucosa, à exceção das glândulas serosas linguais (glândulas de Ebner), localizam na borda lateral da língua, na parte posterior do palato e nas mucosas labial e bucal. ↪ Secreção das Glândulas salivares: As células serosas liberam principalmente íons e glicoproteínas com funções enzimáticas, antimicrobianas, quelantes de cálcio, entre outros; já as células mucosas são ricas em mucina. A mucina também é glicoproteína, mas difere da glicoproteína serosa na estrutura do centro da proteína, na natureza e extensão da glicosilação, e na função. A saliva é de suma importância para manutenção da saúde oral além de garantir a integridade dos tecidos moles e dentes. ↪ Estímulos que aumentam a secreção salivar : 1. Psíquicos: Odor, sabor, cor dos alimentos e estado emocional do indivíduo. 2. Mecânicos: Pressões, mastigações, intervenção odontológica. 3. Químicos: Substâncias ácidas, básicas, doces , salgadas, variações do pH no meio bucal e medicamentos. 4. Biológicos: inflamações. ↪ Funções salivares: BIOQUÍMICA BUCAL / AMANDA PINHEIRO 1. Capacidade tamponante: é a propriedade de a saliva manter o seu pH constante a 6,9-7,0, através de seus tampões mucinato/mucina, HCO3 / H2CO3 e HPO4 / H2PO4, que bloqueiam o excesso de ácidos e de bases, mantendo a integridade dos dentes e da mucosa bucal. 2. Formação da película adquirida: a saliva é responsável pela formação de uma película rica em glicoproteínas sobre a superfície dentária. Essa película é responsável pela proteção da superfície dentária contra agentes químicos e mecânicos. Sua espessura varia conforme a superfície e é proporcional ao contato com o fluido salivar. 3. Efeito antimicrobiano: a saliva faz a aglutinação microbiana e a limpeza da boca, mantendo o equilíbrio entre potencial patógeno e cavidade bucal, ela tanto inibe como suporta seletivamente o crescimento de certos tipos de bactérias, controlando aderência dos microrganismos ao tecido dentário, crescimento e virulência. ↪ Papel das proteínas salivares: 1. Mucina: Apreendem algumas bactérias e inibem a adesão de células bacterianas a tecidos moles por bloqueio das adesinas na superfície bacteriana, protegendo a mucosa de infecção. As mucinas também interagem com tecido duro, mediando a adesão de bactérias à superfície dos dentes. São responsáveis por lubrificação, proteção contra desidratação e manutenção da viscoelasticidade., além de exercer a função tamponante. A lubrificação tem importante papel na mastigação, fala e deglutição. 2. Lisozimas: A lisozima é secretada pelas glândulas salivares (maiores e menores), pelo fluido gengival e pelos leucócitos desde o nascimento. A lisozima pode ativar autolisinas bacterianas, que destroem paredes celulares. As bactérias gram-negativas são mais resistentes à ação da lisozima por apresentarem uma camada de lipopolissacarídeos. Já as bactérias gram-positivas podem ser protegidas pela produção de polissacarídeos extracelulares. 3. Lactoferrina: A lactoferrina é proteína não enzimática produzida por glândulas salivares (maiores e menores) e leucócitos e tem efeito antibacteriano até a lactoferrina se tornar saturada. BIOQUÍMICA BUCAL / AMANDA PINHEIRO 4. Peroxidase: Atividade antimicrobiana e ainda protege proteínas e células da toxicidade promovida pelo peróxido de hidrogênio. 5. α-Amilase e lipase : Responsável pela degradação do amido, produzindo maltose, maltotriose e dextrina, e pela limpeza de restos alimentares, além de modular a ligação de bactérias à película, sendo inativada no estômago quando deglutida. 6. Cistatina e histatina : Inibe a proteólise pela ação bacteriana e de leucócitos. Além das atividades antibacteriana e antiviral (controle da proteólise), também afeta a precipitação de fosfato de cálcio. 7. Imunoglobulinas salivares: A IgA é a principal imunoglobulina na saliva, seguida por IgG e IgM. Essas proteínas agem principalmente na inibição da aderência e colonização bacteriana, tendo mais efeito em bactérias transitórias. ↪ Compostos inorgânicos: 1. uréia: sua concentração na saliva varia de 2 a 4 mM, dependendo da quantidade de proteína ingerida ou degradada. A ureia pode ser quebrada pela urease bacteriana, formando amônia e CO2, aumentando o pH do biofilme. 2. Cálcio: íons encontrados na saliva, e são responsáveis pela manutenção da estrutura dentária, bem como pela formação de cálculo. Quanto menor o pH, mais cálcio iônico, sendo este responsável pelo equilíbrio de des-remineralização. 3. Fosfato: Inibe a precipitação e a formação de cálculo, tem importante papel na manutenção dos dentes e como nutriente da microbiota bucal. 4. Fluoreto : o mais importante o biofilme, pela ligação a bactérias e ao cálcio. O fluoreto pode ainda ter efeito antimicrobiano, por meio da ligação com o magnésio, evitando que a enzima enolase participe da via glicolítica. ↪ OBS: A saliva faz a autolimpeza bucal, reduzindo a concentração de substâncias exógenas. Quando se ingere alguma substância, a saliva é estimulada até que se acumule o volume máximo para a deglutição. O restante da substânciapermanece na saliva residual até que se acumule novamente o volume BIOQUÍMICA BUCAL / AMANDA PINHEIRO máximo de deglutição. Dessa maneira, o processo continua até que toda a substância seja eliminada. Portanto, o fluxo salivar é importante para determinar o tempo de limpeza da substância. ↪ Hipofunção salvar: Está associada a patologias da glândula salivar do tipo infecciosa, não infecciosa e neoplásica. A infecção das glândulas salivares por bactérias ou vírus não é de ocorrência tão comum, sendo mais comum em pacientes imunocomprometidos, e envolve, na maioria das vezes, a glândula parótida Pode está ocasionar a xerostomia ou a hipossalivação. 1. Xerostomia: Situação clínica caracterizada por uma impressão subjetiva de sensação de boca seca, mucosa seca e dolorida, sensação de queimação; dificuldade de fonação e deglutição, distúrbios no paladar, sede e lábios secos e queilite angular; Quadro atípico de lesões de cárie e alta frequência de infecções orais (candidíase). 2. Hipossalivação: Hipossalivação é característica em indivíduos que apresentam FNE abaixo, com alteração na composição salivar. A hipossalivação pode ser assintomática e pode ser causada por : medicamentos, radioterapia na região da cabeça e pescoço, AIDS, síndrome de Sjögren (doença autoimune), diabetes (redução no fluxo salivar devido poliúria) e cálculo nas glândulas salivares. BIOQUÍMICA BUCAL / AMANDA PINHEIRO
Compartilhar