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MANDADO DE INJUNÇÃO

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MANDADO DE INJUNÇÃO 
 
HISTÓRICO 
 
Assim como a ação de habeas data e o mandado 
de segurança coletivo, o mandado de injunção 
surgiu no ordenamento jurídico brasileiro com a 
Constituição Federal de 1988. 
 
LEGISLAÇÃO PERTINENTE 
 
Sua identificação constitucional está 
consagrada no art. 5, LXXI. Em nível 
infraconstitucional, hoje existe a Lei n. 13.300, de 
23.06.2016 Inexistência da norma regulamentadora 
inviabilizando o exercício dos direitos, liberdades e 
prerrogativas supracitados, caracterizando, assim, a 
omissão do poder público. 
 
CABIMENTO 
 
Fazer injunção significa completar lacunas, 
preencher vazios. 
Segundo a previsão do inciso LXXI do art. 5 do Texto 
Maior, terá cabimento o mandado de injunção 
sempre que a falta de norma regulamentadora torne 
inviável o exercício dos direitos e liberdades 
constitucionais, e das prerrogativas inerentes à 
nacionalidade, à soberania e à cidadania. 
a) Existência de uma norma constitucional de 
eficácia limitada consagradora de direitos e 
liberdades constitucionais e de prerrogativas 
inerentes à nacionalidade, soberania e cidadania. 
b) Inexistência da norma regulamentadora 
inviabilizando o exercício dos direitos, liberdades e 
prerrogativas supracitados, caracterizando, assim, a 
omissão do poder público. 
Uma norma de eficácia limitada, conforme já foi 
sinalizado quando do estudo da temática 
envolvendo aplicabilidade e eficácia das normas 
constitucionais, é aquela que, desde a sua 
promulgação e entrada em vigor, não está apta a 
produzir todos os seus efeitos, necessitando de 
regulamentação infraconstitucional. 
Nesse sentido, assim como a ação direta de 
inconstitucionalidade por omissão , o mandado de 
injunção também se presta a sanar a chamada 
síndrome da inefetividade das normas 
constitucionais. 
Na precisa síntese do professor Dirley da Cunha 
Júnior, voz autorizada na matéria, a diferença entre 
o mandado de injunção e a ação direta de 
inconstitucionalidade por omissão é que o primeiro é 
uma ação constitucional de garantia individual, 
enquanto a segunda, numa perspectiva mais 
abrangente, é uma ação constitucional de garantia 
constitucional. 
Lembrando que, com o art. 2, parágrafo único da 
LMI, admite-se a omissão total ou parcial, e define-se 
parcial a regulamentação quando forem 
insuficientes as normas editadas pelo órgão 
legislador competente. 
 
 
 
 
ATIVA 
 
A legitimidade ativa para a impetração do 
mandado de injunção é ampla, assim como no 
mandado de segurança. Com o art. 3 da LMI, são 
legitimadas como impetrantes as pessoas naturais ou 
jurídicas que se afirmam titulares dos direitos e 
liberdades constitucionais, e das prerrogativas 
inerentes à nacionalidade, à soberania e à 
cidadania. 
Lembrando que com a jurisprudência do STF, 
pessoas jurídicas de direito público também podem 
impetrar mandado de injunção. 
 
PASSIVA 
 
Já no que se refere ao polo passivo da ação, ao 
contrário de todas as outras que a antecederam, 
apenas será possível a existência de pessoas estatais. 
Atenção: Não poderá, portanto, o particular aparecer 
como réu de uma ação de mandado de injunção pelo 
simples fato do mesmo não possuir o dever de 
regulamentar a Constituição 
Nesse sentido, deverá o mandado ser impetrado 
contra o Poder, o órgão ou a autoridade com 
atribuição para editar a norma regulamentadora. 
Com o art. 4 da LMI, a petição inicial deverá 
preencher os requisitos estabelecidos pela lei 
processual e indicará, além do órgão impetrado, a 
pessoa jurídica que ele integra ou aquela a que está 
vinculado. 
 
 
CABIMENTO DE TUTELA PREVENTIVA 
 
Malgrado seja cabível a concessão de medida 
liminar em sede de ação direta de 
inconstitucionalidade por omissão, conforme será 
visto quando do estudo da temática atinente ao 
controle de constitucionalidade, em sede de 
mandado de injunção, por sua vez, não se admite a 
concessão de tutela preventiva. 
Ressalte-se que Hely Lopes Meirelles até pensa ser 
cabível a concessão da medida initio littis no bojo 
dessa ação, entretanto, a jurisprudência dominante 
no Supremo Tribunal Federal é no sentido do não 
cabimento. Por último, finalizando o estudo desse 
remédio, dada a importância do julgamento bem 
como dos efeitos da decisão, cabe registrar aqui a 
posição do Supremo Tribunal Federal no que se refere 
ao direito de greve dos servidores públicos. 
Tal direito está previsto na Constituição Federal 
no art. 37, VII. Com esse dispositivo, o direito de greve 
será exercido nos termos e limites definidos em lei 
específica. 
Antes da Emenda Constitucional n. 19/98, que 
versou sobre a Reforma Administrativa, essa lei 
específica que deveria disciplinar o direito de greve 
dos servidores públicos deveria ser uma lei 
complementar, pois assim se manifestava a norma 
constitucional expressamente. 
Após a reforma, como a Constituição agora só 
fala em lei específica, tem-se que nesse caso deverá ser 
uma lei ordinária. Ocorre que a referida lei específica 
ainda não foi editada, o que deu ensejo à impetração 
de várias ações no âmbito do Supremo Tribunal 
Federal visando a combater a inertia deliberandi. 
Observação: Nos mandados de injunção de n. 670, 708 
e 712, o STF, por unanimidade, declarou a omissão 
legislativa de regulamentação do direito de greve dos 
servidores públicos, e, por maioria, determinou a 
aplicação, no que couber, da lei de greve vigente no 
setor privado estabelecer as condições em que se dará 
o exercício dos direitos, das liberdades ou das 
prerrogativas reclamados ou, se for o caso, as 
condições em que poderá o interessado promover ação 
própria visando a exercê-los, caso não seja suprida a 
mora legislativa no prazo determinado. 
 
RECURSO CONTRA O INDEFERIMENTO DA PETIÇÃO 
INICIAL 
 
Caso o juiz de 1 instância indefira a petição 
inicial, o recurso cabível é o recurso de apelação, 
sendo admitido o juízo de retratação. Se o 
indeferimento se der em decisão monocrática do 
relator, no caso de competência originária do 
Tribunal, então o recurso será o de agravo interno. 
Atente-se que esse agravo interno não tem o mesmo 
contorno do agravo interno do NCPC, eis que o prazo 
é outro. Na Lei 13.300, o agravo interno é de 5 dias, 
enquanto no NCPC esse recurso é de 15 dias. 
 
MINISTÉRIO PÚBLICO 
 
Não sendo caso de mandado de injunção 
coletivo, mas sim individual, após terminar o prazo 
para o impetrado apresentar as suas informações, o 
Ministério Público é ouvido, dando o seu parecer no 
prazo de 10 dias. Esgotado o prazo, quer tenha ou não 
dado o parecer, os autos são conclusos para a decisão, 
sentença ou acórdão . 
 
Qual é a primeira providência quando o juiz julga 
procedente o mandado de injunção? 
O juiz reconhece a mora, deferindo a injunção. 
Nesse caso, o impetrado tem um prazo para editar a 
norma regulamentadora. Se ele não supre essa 
omissão, o Poder Judiciário estabelece as condições 
em que o direito será exercido. 
Cabe ressaltar que esse prazo para 
regulamentação poderá ser dispensado, cabendo ao 
Poder Judiciário regulamentar diretamente. Nesse 
caso, será necessário demonstrar que outros 
mandados de injunções já foram julgados, e que já 
foram concedidos prazos, e aquele poder ou órgão 
não supriu a omissão no prazo estabelecido no 
mandado de injunção anterior à norma objeto de 
apreço. Dessa forma, não precisaria adotar a 
primeira providência, que seria a concessão do prazo, 
podendo regulamentar o tema desde já. 
Como se vê, a eficácia adotada pela Lei n° 13.300 
é a eficácia subjetiva individual da decisão. A Lei n° 
13.300 estabelece no art. 9, §1, que poderá ser 
conferida eficácia ultra partes ou erga omnes à 
decisão, quando isso for inerente ou indispensável ao 
exercício do direito, da liberdade ou da prerrogativa 
objeto da impetração. Isso poderá ocorrer tanto no 
mandado de injunção individual como no coletivo.A Lei n° 13.000/16 traz uma regra específica sobre 
coisa julgada. No mandado de injunção, a sentença 
faz coisa julgada, mas, no mandado de injunção 
coletivo, a sentença faz coisa julgada limitadamente 
às partes integrantes da coletividade e do grupo, 
substituídas pelo impetrante. 
O mandado de injunção coletivo não induz 
litispendência em relação aos individuais; então, se 
o sujeito impetrou mandado de injunção individual 
e, posteriormente, outro veio impetrar mandado de 
injunção coletivo, não haverá litispendência. 
Todavia, os efeitos da coisa julgada não irão 
beneficiar o impetrante se ele não requereu a 
desistência da demanda individual no prazo de 30 
dias a contar da ciência comprovada da impetração 
coletiva. 
Se houver uma norma posterior regulamentando 
a matéria, já tendo inclusive transitado em julgado 
a decisão concessiva do MI, a nova norma vai 
produzir efeitos ex nunc, ou seja, não retroage, 
devendo respeitar o ato jurídico perfeito, o direito 
adquirido e a coisa julgada. Poderá retroagir desde 
que seja mais favorável. O que a Constituição veda é 
que a lei prejudique o ato jurídico perfeito, o direito 
adquirido e a coisa julgada, razão pela qual, se for 
para beneficiar, poderá retroagir. 
 
 
Referência Bibliográfica: 
BATISTA, Tatiana dos Santos e NÁPOLI, Edem Direito 
Constitucional; 2ª edição; Brasilia; CP Iuris; 2021.

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