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1 Gabriela Rodrigues DEFINIÇÃO A potenciometria é um processo eletroanalítco que se baseia na medida de potencial de células eletroquímicas. É usado para localizar o ponto final em titulações; É usado para identificar a concentração das espécies iônicas. O EQUIPAMENTO É um equipamento bastante simples e inclui um eletrodo de referência, um eletrodo indicador e um dispositivo de medida do potencial. Eletrodo de referência | ponte salina | solução do analito | Eletrodo indicador Ecel = Eind – Eref Em 25º o potencial é 0,799V, fora das condições padrão: +/ = º +/ – / ln (1/[ +]) ELETRODOS DE REFERÊNCIA É uma meia célula com um potencial de eletrodo exatamente conhecido, constante e completamente insensível à composição da solução do analito. Se mantendo então constante mesmo quando há passagem de corrente. Os eletrodos de referência atuam então como de fato, referência para as leituras de potencial do sistema e devem possui algumas características desejáveis: a) Potencial de meia-célula conhecido e fixo; b) Resposta constante; c) Insensível à composição da solução em estudo e mudanças de temperatura; d) Obedece a equação de Nernst; e) Reversível. ▪ Eletrodo de referência de calomelano É constituído por uma pasta de mercúrio/cloreto de mercúrio (I) e cloreto de potássio em um tudo interno, conectado com uma solução de KCl presente no tudo externo. VANTAGENS: É facilmente preparado, e por isso é o mais, amplamente utilizado. DESVANTAGENS: É dependente da temperatura. Eref Eind 2 Gabriela Rodrigues ½ H2Cl2(s) + e- → Hg(l) + Cl- Eº=+0,268 V ▪ Eletrodo de referência de Ag/AgC É um eletrodo bastante utilizado. Consiste em um fio de prata recoberto com cloreto de prata em contato com uma solução de cloreto de potássio (KCl) saturada. VANTAGENS: Podem ser utilizados em processos com temperaturas acima de 60°C. ELETRODOS INDICADORES Um eletrodo indicador ideal responde de forma rápida e reprodutível a variações na concentração de um analito (ou grupos de analitos iônicos). ▪ Eletrodo indicador metálico Desenvolvem um potencial elétrico em resposta a uma reação redox que se passa na superfície do metal. É conveniente classifica-lo como: eletrodos de primeiro tipo, eletrodo de segundo tipo e eletrodos redox inertes. Eletrodos de primeiro tipo São aqueles de metal puro que está em equilíbrio com seu cátion em solução. Uma única reação está envolvida: Xn+(aq) + ne- ⇋ X(s) Normalmente, o potencial desse tipo de eletrodos é medido em termos da função “p” do cátion, de modo que (pX = -log axn+): Eind = Eo – 0,0592 pX n Esses sistemas não são muito utilizados em determinações potenciométricas, uma vez que esses eletrodos não são muito seletivos e respondem não apenas a seus próprios cátions, mas também a outros cátions que sejam mais redutíveis. Muitos eletrodos metálicos só podem ser empregados em soluções neutras ou alcalinas porque estes se dissolvem na presença de ácidos. Outro fator é que muitos metais são facilmente oxidáveis, sendo utilizados apenas quando as soluções do analito são desaeradas, removendo o oxigênio. E certos metais mais duros não fornecem potenciais reprodutíveis, como o ferro, cromo, cobalto e níquel. Eletrodos de segundo tipo Metais não servem apenas como eletrodos indicadores de seus próprios íons, como são os eletrodos do primeiro tipo. Respondem também a atividade de ânions que foram precipitados, sendo pouco solúveis ou complexos estáveis de tais cátions. O potencial de um eletrodo de prata, por exemplo, se relaciona de forma reprodutível com a atividade do íon cloreto em uma solução saturada de cloreto de prata. De modo que: AgCl(s) + e- ⇋ Ag(s) + Cl-(aq) Eletrodos redox inertes São os eletrodos que participam da reação, mas não reagem. São inertes, como o ouro (Au), a platina (Pt) e o paládio (Pd). 3 Gabriela Rodrigues Eles respondem a um par redox que está em solução, agindo então como condutores metálicos na transferência de elétrons de uma espécie para a outra em solução. Para que o eletrodo seja utilizado, a reação ocorre de forma rápida e reversível. São utilizados para monitorar pontos finais de titulação. O potencial depende então da razão do par redox que participa da reação em solução. Esses métodos são absolutos? Métodos absolutos são aqueles em que se pode imediatamente calcular a concentração a partir de um componente físico-químico. A potenciometria não é um método absoluto, porque nãoo se pode pegar medidas de potencial e aplicar a equação de nernst e para calcular a concentração de forma direto, ou seja, não se pode achar a concentração a partir do potencial. E por que não? É preciso considerar o potencial de junção, que é a diferença de potencial originado nas interfaces presentes no meio do sistema, formado por soluções de composições diferentes. → Potencial de junção O potencial da célula não depende somente da concentração, mas também dessas interfaces, que são dependes da mobilidade de cada um dos compostos presentes ali. Dessa forma, existe um fator a mais que faz com que a célula não dependa apenas do potencial indicador e o do potencial de referência. Ecel = Eind – Eref + Ej Os íons possuem mobilidades diferentes, e tendem a se movimentar de uma solução concentrada para uma mais diluída. No exemplo da imagem, se o Cl- for mais rápido que o Na+ isso cria diferença de cargas no espaço, causando diferença de potencial que está no meio do circuito elétrico que esta sendo medido. A ponte salina faz com que o potencial da célula tenha mais uma dependência, que é o potencial de junção, originado pelas interfaces de composições diferentes e pelas mobilidades diferentes dos íons. A mobilidade dos íons é a velocidade que a partícula atinge em um campo elétrico de 1 V m-1. Mobilidade = velocidade/campo. Cálculo do potencial de junção Potencial de junção líquida: - Se desenvolve através da interface entre duas soluções que possuam composições diferentes. - Previne que as soluções se misturem. - A grandeza desse potencial é minimizada em presença de uma ponte salina entre as duas soluções MOBILIDADE RELATIVA 4 Gabriela Rodrigues O sinal positivo indica que o lado da direita da junção é mais positivo que o lado esquerdo. ▪ Eletrodo indicador de membrana Eletrodo íon-seletivo São eletrodos fundamentalmente diferentes dos eletrodos metálicos, pois os eletrodos íons-seletivo não envolvem um processo redox. Sua principal característica é a presença de uma fina membrana que idealmente, se liga apenas ao íon de interesse. O potencial elétrico é gerado devido à ligação seletiva de um determinado íon com uma membrana do eletrodo. Considerando como exemplo uma membrana que se liga seletivamente ao íon potássio. O que acontece é que de um lado da membrana tem-se um concentração fixa do íon que se quer determinar, e do outro lado não sabemos a quantidade. A diferença de potencial gerado nessa interface é medida pelo voltímetro, usa-se então a interação seletiva para gerar uma diferença de carga no espaço que é sentida no multímetro, logo, o potencial de junção pode ser usado, nesse caso, como benefício. Logo, o potencial de junção pode ser usado como benefício para criar o eletrodo íon-seletivo. → Eletrodo indicador de vidro É o modo mais conveniente de determinar pH tem sido pela medida da diferença de potencial através de uma membrana de vidro que separa a solução do analito de uma solução de referência. Uma célula moderna para medida de pH consiste de um eletrodo indicador de vidro e de um eletrodo de referência. Esse eletrodo é imerso então na solução cujo pH quer se determinar. 5 Gabriela Rodrigues Apesar de o eletrodo interno ser parte do eletrodo de vidro, ele não é sensível ao pH. Só é sensível ao pH a fina membrana de vidro presente na ponta do eletrodo que responde ao pH. O vidro é formado por tetraedros de silício (silicatos). Dentro da membrana há cátions fixos que interagem com o oxigênio presentes na parede no vidro. E na solução externa tem-se cátions de concentração variada, que é a qual se quer medir o pH. Considerando que a solução externa possua menos cátions, esses reagem com os grupos oxigenados, gerando uma diferença de potencial que será medido. Erros na medida de pH ▪ Soluções de referência: Uma medida de pH não pode ser mais exata que os padrões disponíveis (+/- 0,01 unidades de pH); ▪ Potencial de junção: Existe um potencial de junção na membrana próxima à parte inferior do eletrodo. Se a composição iônica da solução contendo o analito é diferente da composição do tampão- padrão, o potencial de junção vai variar, mesmo que o pH das duas soluções seja igual. Esse efeito, produz uma incerteza de 0,01 unidades de pH; ▪ Erro alcalino: Quando a concentração de H+ é muito baixa e a concentração do Na+ é alta, o eletrodo responde ao Na+ e o pH medido é menor que o pH verdadeiro. ▪ Erro ácido: Em um ácido forte, o pH medido é maior do que o pH verdadeiro, isso talvez porque a superfície do vidro esteja saturada com H+ e não pode ser protonada em mais nenhum sítio. ▪ Tempo para atingir o equilíbrio: Decorre algum tempo para que um eletrodo entre em equilíbrio com uma solução. Uma solução bem tamponada, com agitação adequada, precisa de 30s para atingir o equilíbrio. Uma solução mal tamponada precisa de muitos minutos; ▪ Temperatura: Um medidor de pH deve ser calibrado na mesma temperatura em que a medida será feita; ▪ Limpeza; ▪ Hidratação do vidro: Um eletrodo seco deve ser imerso por várias horas antes que ele responda corretamente ao H+. → Eletrodo de membrana cristalina O tipo de membrana cristalina mais importante é constituído de um composto iônico ou de mistura homogênea de compostos iônicos. Em alguns casos, a membrana é cortada de um monocristal. → Eletrodo de membrana líquida Membranas líquidas são formadas de líquidos imiscíveis que se ligam seletivamente a determinados íons. As membranas desse tipo são particularmente importantes porque permitem a determinação potenciométrica direta das atividades de vários cátions polivalentes assim como de certos ânions e cátions com carga unitária. TITULAÇÃO POTENCIOMÉTRICA O aparato experimental utilizado é esse: No exemplo, conforme faz-se a titulação anota-se o pH e os volumes de hidróxido de sódio (NaOH) adicionados, para que seja possível a realização da curva de titulação. Assim, faz-se possível a determinação da concentração de ácido clorídrico (HCl) a partir dos cálculos. Sabendo o volume de NaOH sabe-se o número de mols de NaOH e então pode-se calcular o número de mols de HCl e assim, a sua concentração. 6 Gabriela Rodrigues APLICAÇÃO Quantificação de Ácido Acetilsalicilico (AAS) em comprimidos: O ácido acetilsalicílico que possui o nome comercial de aspirina é um analgésico, antitérmico, anti-inflamatório e dificulta a coagulação do sangue, tornando-o menos espesso. Quando o AAS é dissolvido em água ocorre a liberação de H3O+ que é monitorado na titulação potenciometrica, conforme mostra a reação: Para realização do experimento, utiliza-se os seguinte aparato: O eletrodo utilizado é um eletrodo combinado, contém então, um eletrodo indicador de vidro e um eletrodo de referência de Ag/AgCl. Na reação de titulação ocorre a seguinte situação: É uma reação ácido/base de neutralização, onde o hidróxido de sódio (NaOH) reage com a aspirina formando um sal e uma água. Sabendo que a estequiometria da reação é 1:1 pode-se estimar a quantidade em volume de NaOH que será usado na titulação do ASS, como se segue: 500 mg de AAS MMAAS = 180,16 g mol-1 180,16 g AAS – 1 mol AAS 0,5 g AAS – n AAS N AAS = 2,7753 × 10-3 mol Como a reação é 1:1 N NaOH = 2,7753 × 10-3 mol [NaOH] = 0,247 mol L-1 0,247 mol – 1000 mL 2,7753 × 10-3 mol – VNaOH VNaOH = 11,24 mL Parte experimental: 1) Pese um comprimido do medicamento e transfira para um béquer de 100 mL; 2) Adicione cerca de 10 mL de álcool etílico (é para ajudar na solubilização do AAS em água); 3) Mantenha sob agitação até a dissolução do comprimido e adicione cerca de 50 mL de água destilada; 4) Faça a montagem para a titulação; 5) Meça o potencial inicial da solução; 6) Inicie a titulação com a solução padrão de NaOH. Com os resultados obtidos durante a titulação é possível construir uma tabela do volume de NaOH que foi adicionado e do valor do potencial determinado naquele volume. O experimento foi feito em triplicata. O potencial da célula é dado por: Ecel = Eind - Eref O potencial de referência é invariável, possuindo um valor fixo. Já o potencial varia com a concentração de H3O+, que pode ser calculado segundo a equação de Nernst. 7 Gabriela Rodrigues Eind = k -0,0592 pH No potenciômetro, é possível fazer o ajuste para que as medidas sejam realizadas já em termos do pH, ou medir o potencial de célula. Nesse caso, utilizou-se o potencial de célula. O uso de indicadores ácido/base não se faz necessário nesse tipo de titulação, isso porque essa técnica permite que se enxergue o ponto de equivalência com os valores obtidos de potencial medidos, a partir do ponto de inflexão obtido no gráfico. Para se obter uma melhor resolução dos gráficos, em pontos próximos ao ponto de equivalência diminui-se os incrementos de NaOH adicionados. A curva de titulação obtida é um sigmoide, e é plotada com o volume de NaOH no eixo X e o potencial/pH no eixo Y. Não é aconselhável a determinação do ponto de inflexão somente com a curva de calibração, isso porque é bastante incerto dizer, exatamente, qual o valor exato do volume. Para tal, usa-se então o método das derivadas. Começando pela derivada primeira (dy/dx). Faz-se a derivação da curva de titulação. O vale presente no gráfico é o ponto de inflexão, que é o ponto de equivalência do NaOH. Como mostrado, o gráfico é plotado com o eixo Y equivalendo a variação do potencial divido pela variação do volume e no eixo X tem-se o volume médio. E por que volume médio? Quando levamos em conta a variação do volume e do potencial, o último dado é perdido, assim, faz-se a média dos valores do volume para se iguale a quantidade de pontos nos dois eixos. No entanto, só com a primeira derivada ainda é possível errar ao tentar predizer qual o valor exato do volume no ponto de inflexão, assim, pode-se derivar mais uma vez. Fazendo então a derivada segunda: O método da segunda derivada é encontrado utilizando os valores da primeira derivada. O comportamento dessa curva até o ponto estequiométrico é um, após ele, a curva surge em outra direção. Agora é possível encontrar com clareza o valor do volume de NaOH no ponto de equivalência, sendo esse encontrado no ponto em que a curva corta o eixo X em zero. Para achar os valores para que se possa plotar o gráfico, faz-se no eixo Y: (E/V)Vmédio2, já no eixo X: faz-se um segundo volume médio. Novamente perde-se um dado final devido a variação, por essa razão é necessário que seja feito um segundo volume médio dos dados, para que a quantidade de dados seja a mesma nos dois eixos. Para encontrar então, de fato, o ponto de equivalência, plota-se uma reta. E que reta é essa? 8 Gabriela Rodrigues Plotando então a reta referente a região realçada em laranja: Com a equação da reta em mãos, e sabendo que nosso ponto de interesse é o X, faz-se Y=0 e acha o valor de X. Sendo esse o volume que representa o volume de equivalência. Tendo encontrado o volume, é possível determinar quantidade de AAS em cada comprimido: Como o experimento foi realizado em triplicata, todo esse processo foi feito para as três medidas. Ainda que se tenha encontrado o volume através do método das derivadas, há um erro associado às medições e esse é preciso ser considerado, para isso, faz-se o desvio padrão e o desvio padrão relativo. E ainda calcula-se o intervalo de confiança. No DPR (desvio padrão relativo) faz-se o desvio padrão dividido pela média dos resultados das três medidas e multiplica por 100%. E isso para saber se o desvio padrão foi alto ou baixo. Na equação do intervalo de confiança: m = média; t = parâmetro tabelado; s = desvio padrão; e n = número de medidas. OBS: Os valores encontrados podem estar errados, tendo em vista que se utilizou o desvio padrão sem a raiz quadrada. REFERÊNCIAS Parte teórica: Materiais de aula e resumo próprio. Vídeo aula (USP). Link de acesso: CLIQUE Parte experimental: Vídeo 1. Link de acesso: CLIQUE Vídeo 2: Link de acesso: CLIQUE Vídeo 3: Link de acesso: CLIQUE 1/2 https://www.youtube.com/watch?v=694-byry9ek https://www.youtube.com/watch?v=hUc1xOUrGVg&t=1s https://www.youtube.com/watch?v=QsaCPG2-WTk https://www.youtube.com/watch?v=G4sbwR53ea8
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