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MICROBIOLOGIA MÉDICA Bruna Pitanga MED 104C IN���D�ÇÃO A MI���B�O����A ES���T��A BA���R�A�� SISTEMAS DE CLASSIFICAÇÃO Então considerando o sistema de classificação dos organismos, nós observamos ao longo da história que os organismos de uma forma geral foram classificados e reclassificados considerando alguns aspectos que permitiam o agrupamento de organismos semelhantes baseados em estruturas que permitiam essa correlação. “RE FI CO FA GE” Em 1894 o primeiro modelo de classificação dos organismos era formado por três reinos distintos: Protista, Plantae e Animalia . Conforme os anos foram passando outras estruturas foram observadas de forma que em 1959 houve uma reclassificação apresentando agora cinco reinos . Então o que era antes o reino protista foi desmembrado em dois reinos: Reino Monera e Reino Protista. Posteriormente em 1977 essa classificação teve uma nova classificação e o reino monera passou a ser desmembrado em dois reinos: Reino Eubacteria e Reino Archaebacteria. Em 1990 o Woese fez uma atualização em cima dessa classificação. Essa atualização foi baseada numa estrutura, no estudo de uma estrutura que está presente em todos os organismos vivos que são os ribossomos. Então a partir do estudo do RNAr (RNA-ribossomal) permitiu uma melhor caracterização dos organismos. Em 1990, Woese fez essa atualização, o que era anteriormente classificado em reinos passou a ser classificado em domínios. Agora a classificação vigente é a de Woese de 1990 que classifica os organismos em três grandes domínios: Domínio Bactéria, Domínio Archaea e Domínio Eukarya. Quando a gente fala sobre a característica de cada domínio, nós temos dois domínios que falam sobre seres procariotos que são o bactéria e o archaea e um domínio que está relacionado às células eucariotas que é o domínio eukarya. Esse primeiro momento vamos falar das bactérias, que são seres procariotos. Os seres procariotos estão presentes nos domínios Bacteria e Archaea. Considerando características específicas das bactérias que veremos são as bactérias de importância em saúde , elas estão presentes no domínio Bacteria . No domínio Archaea estão as bactérias relacionadas a ambientes extremos, alta concentração de metano, alta concentração de temperatura, ambientes inóspitos que são muito diferentes do ambiente in vivo que é caracterizado pelas bactérias que têm esse potencial em promover processos infecciosos em animais. → A classificação de Carl Woese determina a formação de três grandes domínios. → Esse modelo foi baseado em aspectos evolutivos a partir da comparação de sequências do RNAr. Então a partir desse estudo da comparação das sequências 1 MICROBIOLOGIA MÉDICA Bruna Pitanga MED 104C do RNAr dos diferentes organismos foi possível a classificação em três domínios. → Domínios: Archaea, Bacteria e Eukarya → O domínio Archaea é formado por procariontes, geralmente quimiotróficos e muitos são extremófilos. São formados por bactérias que vivem em ambientes extremos, com temperaturas discrepantes, excesso de metano, etc. Por serem criaturas de ambiente extremo não sobrevivem no nosso organismo. → O domínio Eukarya nós temos os eucariontes, que são organismos unicelulares e multicelulares como protozoário, algas, fungos, plantas e animais. → O domínio que iremos estudar é o domínio bactéria que são formados por seres procariontes que incluem bactérias que causam doenças ao homem e aquelas que vivem em água e solo por conta do caráter oportunista que essas bactérias apresentam. PROCARIOTOS X EUCARIOTOS Aqui nós temos a estrutura de três modelos de células: a célula animal, a célula vegetal e a célula procariota. Então quando comparamos essas estruturas a primeira coisa que nos salta os olhos é a questão da complexidade em relação ao número de organelas que as células animais e as células vegetais possuem quando comparamos com as células procariotas. Nas células procariotas não observamos estruturas organelas como mitocôndrias, retículo endoplasmático liso, retículo endoplasmático rugoso, complexo de golgi; não observamos um núcleo individualizado por uma membrana chamada carioteca; não observamos tais estruturas, então comentamos que as células procariotas são muito simples em relação a estrutura dela. No citoplasma dela não observamos organelas, não observamos núcleo individualizado. Então a partir dessa simplicidade vamos começar a estudar os aspectos da estrutura da célula bacteriana para entender como ela funciona. DIMENSÃO X METABOLISMO Nesta imagem temos uma célula eucariota se sobrepondo a ela uma célula procariota. → Importante lembrarmos que os termos procariota = procarionte = bacteria são sinônimos; estão relacionados ao mesmo tipo celular. Aqui quando a gente compara a célula bacteriana com a célula eucariota, muitas vezes a célula bacteriana tem o tamanho/a dimensão de uma organela da célula eucariota. Então isso poderia nos remeter a simplicidade muito grande. Realmente é muito simples se olharmos a figura anterior. O importante é entendermos que a simplicidade da célula bacteriana não torna ela menos importante, pelo contrário ela é um ser diminuto, simples, mas que possui um metabolismo muito eficiente. O metabolismo dela permite que que ela dentro dasimplicidade estrutural que ela apresenta se manter, ser viável, produzir energia, utilizar componentes para a sua nutrição e dessa forma ela consegue manter a sua viabilidade e desenvolver processos patogênicos. TEORIA DA ENDOSSIMBIOSE: De acordo com essa teoria, as mitocôndrias e cloroplastos descendem de bactérias primitivas que passaram a viver dentro de células eucarióticas primitivas, há milhões de anos atrás. Para isso, uma célula eucariótica primitiva englobou, por fagocitose, uma célula procarionte autotrófica, que passou a viver em seu citoplasma. As células eucarióticas passaram a consumir o gás oxigênio, enquanto ofereciam abrigo e alimento às células procariontes. Assim foi estabelecida a relação de endossimbiose, na qual as duas células estavam intimamente relacionadas , sem poder viver 2 MICROBIOLOGIA MÉDICA Bruna Pitanga MED 104C separadamente uma da outra. Basicamente, uma célula englobou a outra ficando como uma organela. Endossimbiose é uma relação ecológica que ocorre quando um organismo vive no interior de outro. ESTRUTURA DA CÉLULA Entendendo um pouco sobre a estrutura da célula bacteriana. A figura vem desmembrando essas regiões de dentro para fora como se fosse uma cápsula. ESTRUTURAS CELULARES INTERNAS Então considerando as estruturas relacionadas internamente nós observamos as estruturas que estão no citoplasma da célula bacteriana: ribossomos, inclusões, material cromossômico e extracromossômico. O primeiro aspecto que vamos falar é a questão dos ribossomos . Os ribossomos nas células procariotas podem estar livres no citoplasma ou associados a superfície interna da membrana plasmática. Como já vimos em outras disciplinas a importância dos ribossomos está diretamente relacionada à síntese proteica. É o ribossomo que vai fazer a leitura daquele RNAm formando ao final do processo de tradução a proteína. Esse ribossomo, o RNAr, é formado por duas estruturas: subunidade maior e subunidade menor. Quando nós comparamos o ribossomo bacteriano e o ribossomo das células eucariotas (que são as células dos animais e dos humanos) temos uma diferença nessa composição. Então o ribossomo procarioto (ribossomo bacteriano) quando unimos a subunidade maior com a subunidade menor temos uma estrutura 70S (50S - índice de segmentação da subunidade maior e 30S - índice de segmentação da subunidade menor, juntando 50 com 30 não é uma soma exata por conta das características desse índice, então somando 50 com 30 temos o ribossoma 70S). Já os ribossomos das células animais têm uma composição distinta, a subunidade maior 60S ao se juntar com a subunidade menor 40S dá um ribossomo ao final 80S. Importante saber dessa diferença porque o antimicrobiano que são utilizados no controle de infecção que atuem inibindo a atividade do ribossomo 70S acabam inibindo a reação específica do ribossomo bacteriano. Como o ribossomo das células animais têm uma composição diferenciada não são afetados por este antimicrobiano. Temos uma terapia seletiva, uma terapia direcionada. 3 MICROBIOLOGIA MÉDICA Bruna Pitanga MED 104C Uma outra estrutura que encontramos no citoplasma das células bacterianas são os grânulos. Os grânulos são substâncias químicas que vão se acumulando ali no citoplasma. Tem funções muito próprias, principalmente reserva de energia. Considerando como esses grânulos nós temos: os grânulos metacromáticos que são constituídos de polifosfato, quando quebrados liberam fosfato que são importantes na produção de energia; temos os poli-beta-hidroxibutirato, PHB, e grânulos de glicogênio que estão relacionados diretamente a reserva de carbono e consequentemente utilizados como fonte de energia. O citoplasma da célula bacteriana tende a ser mais concentrado que o ambiente externo. Assim ,se ela está em um ambiente rico em nutrientes, ela reserva os mesmos para garantir a manutenção da durabilidade da célula uma vez que esses substratos não estejam mais disponíveis. O material cromossômico e extracromossômico que temos nas células procariotas essa característica desse material cromossômico não estar individualizado , não estar delimitado por uma membrana como vimos nas células eucariotas, mas isso não faz com que esse material cromossômico esteja disperso de forma aleatória no interior da célula bacteriana. Esse material genético é encontrado numa região determinada nucleoide . Esse sufixo oide determina semelhança, então uma região semelhante ao núcleo que alberga esse cromossomo único e circular, que é material cromossômico, que é o cromossoma bacteriana. Então ele não é envolto por uma membrana nuclear, mas não está disposto de qualquer forma dentro da célula bacteriana ; por exemplo: se pegar mil células bacterianas fizer um corte transversal e avaliar na microscopia todas essas bactérias vão conter o seu material do tipo cromossômico na mesma região. Uma outra forma que existe de material genético numa célula bacteriana é o dito material extracromossômico que são chamados de plasmídeos ; algumas bactérias podem apresentar plasmídeos e outras não. Quando a gente fala de uma estrutura que algumas bactérias podem apresentar e outras não e se essa estrutura está relacionada à informação genética, nós percebemos que os plasmídeos carream informações genéticas adicionais, não vitais, não tão importantespara a viabilidade e manutenção da célula bacteriana. Em contrapartida o material cromossômico, ele alberga as informações genéticas, alberga genes que estão diretamente relacionados com a manutenção e viabilidade da célula bacteriana. No material cromossômico estão contidos genes chamados housekeeping , que são genes que são capazes de manter a casa, ou seja, manter a estrutura, manter a viabilidade da célula bacteriana , ou seja, genes que estão relacionados com síntese de importante proteínas, genes que estão relacionados com informação de estruturas importantantes para essa manutenção, genes que estão relacionados com o processo de produção de energia, ou seja, no cromossoma bacteriano estão contidas informações vitais, as informações essenciais; já os plasmídeos são informações adicionais. Podemos observar dentro desses plasmídeos as informações principalmente genes de resistência, e não somente genes de resistência microbiano, temos genes de resistência a desinfetantes, genes de virulência que estão relacionados com o potencial de patogenicidade dessas doenças. Então informações adicionais estão contidas nos plasmídeos. MEMBRANA CITOPLASMÁTICA Chegando na membrana citoplasmática a gente já consegue entender porque o citoplasma bacteriano é tão simples em relação às estruturas que estão ali. A membrana citoplasmática é considerada o centro metabólico da célula bacteriana, é nela que vão estar 4 MICROBIOLOGIA MÉDICA Bruna Pitanga MED 104C inseridos importantes componentes para a viabilidade da célula bacteriana, principalmente produção de energia. Importante saber que a membrana citoplasmática da célula bacteriana é o centro metabólico da célula bacteriana, vai ser nela que estarão presentes importantes estruturas relacionadas a produção de energia, ela que é responsável por apresentar transportadores que vão permitir a passagem de moléculas importantes pro metabolismo da célula bacteriana. Como característica dessa membrana citoplasmática observamos que ela não possui esteróis e por conta dessa deficiência em esteróis ela acaba apresentando uma menor rigidez;o que favorece esse modelo de mosaico fluído muito importante para facilitar essas trocas que acontecem na membrana citoplasmática. Como funções básicas da membrana citoplasmática temos que: → envolve o conteúdo celular → sítio de diversas atividades enzimáticas (produção de energia, síntese de proteína → barreira osmótica em relação à permeabilidade seletiva, no sentido de selecionar aquilo que entra e sai da célula → importante, principalmente, no quesito de transporte para esses componentes Quando falamos em transporte transmembrana temos que lembrar principalmente das características da membrana citoplasmática: → formada por fosfolipídios que tem a sua porção hidrofílica e a sua porção hidrofóbica que é o caráter anfipático que a membrana possui (no desenho: em azul temos as cabeças com características hidrofílica, ou seja, afinidade com a água, temos as cabeças com a afinidade da água voltada para ambiente externo e para o ambiente interno que é o citoplasma e temos os ácidos graxos representados em amarelo que caracteriza a porção hidrofóbica). Quando a gente fala de transporte de componentes transmembrana temos que levar em consideração essa característica da membrana citoplasmática, porque nem todo componente vai conseguir passar por essa membrana por difusão simples, o que vai depender a forma como determinado componente/constituinte vai atravessar a membrana citoplasmática das bactérias depende da composição do mesmo. Se tiver uma composição que seja equivalente a essa característica antipática da membrana ele consegue passar por difusão simples; caso contrário preciso de facilitadores, preciso de proteínas que façam esse transporte. Então vai depender da característica desse componente. Quando falamos de transporte sabemos que os transportes transmembrana podem ser de dois tipos: passivo ou ativo. O transporte passivo não envolve gasto de energia e o processo ativo envolve gasto de energia. As bactérias não gastam energia à toa, então o principal transporte relacionado ao gasto de energia, principalmente ejeção de componentes tóxicos produzidos como subprodutos das reações metabólicas que se ficassem concentrado no ambiente interno, no ambiente citoplasmático dessas bactérias poderiam levar essa célula à morte. Então componentes tóxicos geralmente são expulsos das células bacterianas por transporte que envolve gasto de energia, envolve quebra da molécula de ATP, que é uma das principais moléculas de energia que encontramos. COMPARAÇÃO DAS ESTRUTURAS A gente consegue observar que apesar da célula eucariota conter várias organelas em seu citoplasmas e a gente observar uma ausência dessas estruturas na célula procariota, que consegue compensar na sua estrutura mais simples componentes que estão presentes na forma de organela na célula procariota, ou seja, a célula bacteriana apesar de ser mais simples consegue desempenhar as funções básicas para manter a sua estrutura, a manutenção e viabilidade da célula bacteriana. 5 MICROBIOLOGIA MÉDICA Bruna Pitanga MED 104C ESTRUTURAS CELULARES EXTERNAS Considerando agora as estruturas externas da membrana citoplasmática, nós podemos citar: → Parede celular → Cápsula → Fímbrias → Flagelos → Filamentos axiais → diferentescomponentes Vamos começar pelo principal componente externo das células bacterianas que é a parede celular. A parede celular nessa composição é uma estrutura exclusiva de bactérias. Então qual é a estrutura que permite que a parede celular seja única? as bactérias. COMPOSIÇÃO A base formada por peptideoglicano ou mureína - é formada por dois polissacarídeos que é o N-acetilglicosamina, chamado de NAG e o Ácido N-acetilmurâmico, chamado de NAM, elas são ligadas de formas adjacentes por ligações do tipo Beta ¼. Partindo de cada molécula de NAM temos uma cadeia de tetrapeptídeos, nessa cadeia nós temos os seguintes aminoácidos ligados: L-alamina, D-glutamina, L-lisina ou DAP - dependendo do microrganismo - e D-alanina. Dentre essas cadeias de tetrapeptídeos temos as ligações cruzadas e as junções das ligações adjacentes entre NAG e NAM que são do tipo Beta ¼ e as ligações cruzadas das cadeias de tetrapeptídeos que partem de cada molécula de NAM permitem a estrutura da parede celular ser extremamente rígida e compacta. É importante que essa estrutura seja rígida, densa para permitir que o ambiente citoplasmático bacteriano seja mais concentrado. Por isso que qualquer fragilidade na parede celular, qualquer antimicrobiano que atue inibindo uma das etapas da formação dessa parede celular, leva a bactéria à morte. A partir dessa parede celular em algumas bactérias conseguimos observar uma estrutura chamada membrana externa que é rica em lipídeos, polissacarídeos e proteínas. É a parede celular que permite que o ambiente citoplasmático bacteriano seja mais concentrado. Sem a parede celular, o ambiente hipertônico sofre por conta do equilíbrio osmótico FORMAÇÃO Quando falamos de parede celular que é uma estrutura extremamente importante para as bactérias, temos que lembrar que a produção desse componente se dá em três níveis: existe a participação de estruturas que estão presentes no 6 MICROBIOLOGIA MÉDICA Bruna Pitanga MED 104C citoplasma da célula bacteriana que precisam ultrapassar o processo na membrana citoplasmática para serem de fato formados/montados na parte extracelular. Isso é importante porque antimicrobianos que atuem inibindo a síntese da parede celular seja inibindo processos que ocorram no citoplasma, na membrana ou na parte externa na montagem vão inibir a parede celular de uma forma geral, seja atuando inibindo translocações, transglicosilação, transpeptidases, ou seja, em qualquer esfera que um determinado antimicrobiano atue inibindo essa formação da parede celular com objetivo final a parede celular não será formada ou será formada de forma ineficiente. Obs.: O termo antimicrobianos é mais correto do que antibióticos, uma vez que o primeiro engloba todos os fármacos, tanto os naturais (antibióticos) e os sintéticos. ESTRUTURAS ANTIGÊNICAS Então nessa figura começamos a entender que existem bactérias distintas e essas bactérias vão apresentar características distintas em relação à parede celular. A parede celular naquela composição NAG, NAM com as cadeias de tetrapeptídeos são exclusivas de bactérias, mas as bactérias vão apresentar uma diferença na composição dessa parede, no número de camada dessa parede. Então por exemplo, bactérias GRAM+ (membrana citoplasmática + parede celular) apresentam na sua parede celular de 25 a 40 camadas de peptideoglicano; já as bactérias GRAM- (membrana citoplasmática + parede celular + membrana externa) apresentam 3 a 5 camadas e associado a essa parede celular delgada nas células bacterianas do tipo Gran - temos a membrana externa rica em lipopolissacarídeos. Essa classificação se dá a partir das características da parede celular. Agora vamos falar um pouco da membrana externa, então aqui temos o arranjo de uma célula bacteriana GRAM- (podemos ver a membrana citoplasmática, o peptideoglicano ou mureína que é a base da parede celular bem delgado, externamente à ele a membrana externa). Na membrana externa estão acoplados lipopolissacarídeos, esses lipopolissacarídeos tem uma porção lipídica e uma porção sacarídica (uma porção de açúcar). Dentre esses componentes temos como principal componente o lipídio A. O lipídio A tem ação endotóxica, acaba tendo essa característica de toxina e está ligado intimamente à membrana externa. Por exemplo, se tenho um paciente que está num processo de sepse (infecção generalizada), essa bactéria já alcançou a sua corrente sanguínea e ele é uma bactéria GRAM-, ou seja, apresenta essa estrutura (estrutura da figura). Quando utilizo um antimicrobiano que vai lisar essa bactéria (vai matar essa bactéria), vou destruir todas aquelas bactérias que estavam causando aquela infecção. Eliminei o microrganismo, porém com a lise dessas células, com a lise dessas estruturas acabo liberando grandes porções do lipídio A. O lipídio A tem essa característica de endotoxidade, então elimino as bactérias, mas meu paciente vai a óbito por choque tóxico. É importante conhecermos o agente que está envolvido no processo infeccioso, seja um GRAM positivo ou um GRAM negativo para podermos entender e compreender qual seria a melhor opção terapêutica para ser utilizada no combate daquele processo infeccioso. 7 MICROBIOLOGIA MÉDICA Bruna Pitanga MED 104C FUNÇÕES Como funções importantes da parede celular: →Está presente na maioria das bactérias, com exceção do micoplasma e algumas bactérias do domínio Archaea. Em relação ao micoplasma é uma bactéria que tem importância em saúde pública, em saúde humana, diferentemente das Archaea, não possui parede celular, mas ele acaba sendo um parasita intracelular obrigatório, ele acaba se beneficiando desse ambiente intracelular para se proteger. → É uma estrutura rígida e é ela que vai dar forma à célula → Previne contra a expansão e consequentemente o rompimento da célula bacteriana → Envolve a membrana plasmática → Ponto de ancoragem para estruturas importantes (flagelos e estruturas antigênicas) → É essencial para o crescimento e divisão da célula bacteriana. DIVISÃO CELULAR Então toda vez que a célula bacteriana está se dividindo, está se multiplicando o processo de formação de parede celular acontece. Então uma célula bacteriana metabolicamente ativa, que se multiplica de forma ativa está sempre produzindo parede celular, está sempre gerando uma maior quantidade dessa estrutura. A célula bacteriana se multiplica por divisão. Então ocorre um aumento da parede celular, um aumento dessa estrutura, uma duplicação do material genético e posteriormente a divisão dessa estrutura. Então é um processo que não envolve participação de gametas, ou seja, é um processo que não ocorre variabilidade genética, onde uma célula bacteriana produz uma célula filha geneticamente idêntica. Uma vez que estão em um ambiente favorável, as bactérias se multiplicam de 15 em 15min e dobram exponencialmente. Elas produzem a parede celular sempre no momento de divisão e não há troca de material genético nem formação de gametas, ocorre mitose, não há variabilidade genética. Então a parede celular tem diferentes tipos de funções, diferentes importâncias e que é à ela que vai dar forma a célula bacteriana, ela é importante para a gente entender quais são esses microrganismos, se serão GRAM positivo ou GRAM negativo. A parede celular acaba sendo uma estrutura importante para a classificação dos microrganismos. Em 1884 o pesquisador Christian Gram desenvolveu um método de coloração e baseado nesse método de coloração conseguimos observar a característica morfológica, ou seja, a forma que essa célula bacteriana apresenta e a característica tintorial que está relacionada com a coloração se ela vai ser GRAM positiva ou GRAM negativa. → 1884 - Christian Gram: método de coloração de bactérias. Evidencia características morfotintoriais . Como esse processo de coloração se baseia? Primeiramente tem a bactéria crescida no meio, a gente seleciona a colônia, fixa ela na superfície de uma lâmina e começa o processo de coloração. O primeiro corante que utilizamos é o cristal violeta , tem uma cor roxa. Quando aplicamos o cristal violeta sobre essa bactéria fixada e depois olhamos a estrutura podemos ver que fica tudo corado em roxo, ou seja, aquele cristal violeta vai corar a parede celular. Esse corante penetra na parede celular, penetra entre o peptideoglicano, entre as ligações de NAG e NAN e fica aderido a essas estruturas. Quando 8 MICROBIOLOGIA MÉDICA Bruna Pitanga MED 104C utilizo o cristal violeta tenho todas as células coradas em roxo, ainda não diferenciei quem é GRAM negativo ou GRAM positivo, todas as células se coram em roxo nesse processo. Próxima etapa: Lugol . O lugol é uma solução mordente, que contém iodo. Quando na parede celular ele se complexa com o cristal violeta de forma a reter, ele expande esse corante e retém corante no interior da parede celular. Coloquei o lugol, lavei e ao final continuo tudo roxo, tudo ainda corado pelo cristal violeta, ainda não diferenciamos quem é GRAM positivo e quem é GRAM negativo. Próxima etapa: Álcool . Quando a gente acrescenta o álcool na estrutura bacteriana ele danifica as membranas. Então lembrando da estrutura GRAM negativa que tem aquela membrana externa e aí quando colocamos o álcool a membrana externa é eliminada, então temos a parede celular de ambas estruturas tanto da célula bacteriana GRAM negativa quanto a célula bacteriana GRAM positiva está exposta. A diferença é que a célula GRAM positiva possui mais camadas, de 25 a 40 camadas, já as células GRAM negativa é bem delgadas, de 3 a 5 camadas; então o álcool vai atuar sobre a parede celular dessas estruturas, a parede celular também sofre com esse álcool, ela também é desidratada de forma a perder parte do corante, porém a GRAM positiva que tem muitas camadas o corante, o complexo formado pelo cristal violeta e iodo ainda fica muito retida naquelas inúmeras camadas que ela possui. Já as bactérias GRAM negativas que possuem apenas de 3 a 5 camadas acaba perdendo o corante, o componente cristal violeta e o lugol que estavam aderidos na parede celular de forma mais fácil por conta dessa parede mais delgada. Então ao final do processo do álcool quando visualizamos vimos que estruturas continuam sendo roxas, coradas em roxa, e algumas ficam sem coloração. Na etapa do álcool é a etapa de diferenciação do processo de coloração de GRAM , porque é no álcool que a gente consegue diferenciar quem é GRAM positivo de quem é GRAM negativo, baseado na estrutura da parede celular. A GRAM positiva continua corada em roxo porque ela tem uma espessa camada de peptideoglicano de 25 a40; GRAM negativa perde o complexo cristal violeta-lugol por conta de apresentar poucas camadas, de 3 a 5 camadas de peptideoglicano, perdendo todo o corante. Etapa subsequente: Fucsina . Quando vamos para a etapa subsequente que é a coloração com fucsina que é um corante avermelhado. Quem antes estava incolor se cora em vermelho. Então ao final da coloração de GRAM podemos observar dois resultados: bactérias que se coram em roxo e bactérias que se coram em vermelho. As bactérias que se coram em roxo são chamadas GRAM positivas. Já as bactérias que se coram em vermelho são chamadas GRAM negativo. A partir do conhecimento dessa informação a gente parte para grupos bacterianos específicos (representante específicos) o que vai facilitar/direcionar o nosso diagnóstico, compreensão de qual é o agente que está envolvido naquele processo infeccioso. Então quando a gente fala de coloração de GRAM não podemos nos basear apenas em GRAM positivo é roxo e GRAM negativo é vermelho, temos que entender o processo que leva a esse resultado, ou seja, as características desses agentes que permitem a visualização desse fenótipo. A coloração de GRAM avalia a morfologia e a coloração propriamente dita. *exceções: micoplasmas e micobactérias Aqui temos uma microscopia mista mostrando células GRAM negativas coradas em vermelho e células GRAM positivas coradas em roxo. Quando falamos em coloração de GRAM a gente classifica as células bacterianas como GRAM positivas e GRAM negativas baseadas então na composição e estrutura das paredes celulares. Só que a gente viu que a coloração de GRAM evidencia características morfotintoriais quando classifico como GRAM positiva e GRAM negativa, estamos falando apenas da característica colorimétrica. 9 MICROBIOLOGIA MÉDICA Bruna Pitanga MED 104C A forma é um dos aspectos que está relacionada a essa estrutura. No centro dessa imagem temos uma microscopia mista, ou seja, observamos células GRAM positivas e GRAM negativas. Pegamos uma célula GRAM positiva corada em roxo e ampliar na figura. Vemos uma forma mais esférica. Fazemos um corte em sua estrutura e ampliamos, dessa forma podemos observar a estrutura: membrana citoplasmática e cadeia de peptideoglicano espessa de 25 a 40 camadas. Quando observamos uma célula GRAM negativa então conseguimos observar uma forma diferente mais alongada; fizemos um corte na sua superfície e ampliamos essa estrutura e conseguimos observar os componentes: membrana citoplasmática, peptideoglicano delgado e externa à ele uma membrana externa rica em lipopolissacarídeos. Dessa forma, conseguimos entender que GRAM positivo e GRAM negativo essa classificação está relacionada a estrutura específica dessa parede celular. obs.: vimos a importância da parede celular é ela que dá forma a célula; é a partir da coloração dessa estrutura que conseguimos classificar as bactérias. obs.: célula GRAN- é chamada bacilo por ser uma estrutura mais alongada. É composta por membrana citoplasmática + delgada parede celular + membrana externa rica em lipopolissacarídeo (LPS). A GRAN+ não possui membrana externa e possui bem mais camadas de peptideoglicano em sua espessa membrana citoplasmática, é uma estrutura esférica. É a diferença na estrutura que leva a classificação. Agora vamos estudar as formas que essas células bacterianas podem apresentar. Quanto à forma as células bacterianas podem apresentar: → Esféricas - chamadas cocos → Cilíndricas ou bastão - chamadas bacilos → Espiraladas - chamadas espirilos ou espiroquetas Juntando a informação: forma e a coloração de GRAM conseguimos identificar e diagnosticar qual é aquele possível agente. COCOS Cocos GRAM positivos - temos alguns que são importantes em saúde: estafilococos, estreptococos. Essas células bacterianas podem se apresentar em arranjos específicos relacionados aos planos de divisão dessas células. Então podem se apresentar: → em pares - diplococos; → em cadeia - forma de cordão - como é o caso dos estreptococos; → em cachos - arranjo típico de estafilococos BACILOS Os bacilos também vão apresentar uma forma própria, tem uma forma mais alongada; se dividem ao longo do seu eixo curto e podem apresentar arranjos, podendo se apresentar: → em forma de diplobacilos 10 MICROBIOLOGIA MÉDICA Bruna Pitanga MED 104C → em forma de paliçadas - como se fossem uma cerca → em forma de cordões - estreptobacilos Quando falamos em bacilos é importante a gente entender que o termo bacilo está relacionado a forma bacteriana; diferentemente do termo bacillus que é um gênero bacteriano. Ainda em relação aos bacilos eles podem se apresentar na forma cocobacilar, ou seja, não é tão esférico quanto um coco e nem tão alongado ou cilíndrico como um bacilo. Existem ainda os bacilos em forma de vírgula recebendo o nome de víbrío. ESPIRAIS Existem ainda as espirais que tem essa forma helicodal apresentando uma ou mais curvaturas. Dentre esse grupo temos as espiroquetas que é uma forma de espiral flexível com várias curvaturas como representantes temos os gêneros Borrelia e Leptospira e temos aquelas espirais que apresentam uma morfologia de espiral incompleta e mais rígida que são os agentes/microrganismos que pertencem ao gênero Spirillum . Dessa forma, até o momentofalamos de estruturas, com exceção dos micoplasmas, estão presentes em todas as células bacterianas. Então falamos de estruturas que estão no citoplasma - ribossomo, material genético do tipo cromossômico, vimos que tem material genético do tipo extracromossômico; vimos as características da membrana citoplasmática. Externamente a membrana citoplasmática vimos a parede celular que ela é o objetivo na coloração de GRAM, é ela que dá forma à célula. Agora vamos começar a falar de estruturas ditas apêndices que são estruturas ancoradas nessa parede celular, mas que algumas células apresentam e algumas não; sendo consideradas adicionais. A primeira estrutura que vamos falar são os flagelos. Os flagelos são filamentos longos e finos, helicoidais, cuja função básica é locomoção. A proteína que configura essa estrutura é a flagelina e a posição e número dessa estrutura é utilizada como classificação, ou seja, a partir da observação desse aspecto conseguimos classificar, o que auxilia na classificação desse agente. A movimentação flagelar é uma movimentação que envolve gasto de energia, então para a bactéria se locomover ela gasta energia. Então precisamos ter em mente que a bactéria não gasta energia a toa. Em relação aos flagelos, as bactérias que não apresentam essa estruturas são chamadas atríquias, então o sufixo “tríqui” está relacionado a flagelo, então se ela não possui flagelos, ausência de flagelos - atríquias, ou seja, sem projeções, imóveis. Já as bactérias que possuem flagelos, o flagelo possui a seguinte constituição: possui um corpo basal chamado motor, um ganho e um filamento helicoidal. O filamento helicoidal é o que muitas vezes chamamos de flagelo, que é a estrutura que sofre com o movimento. No entanto, o flagelo possui todas essas estruturas. O flagelo é uma estrutura que para que ele se movimente envolve gasto de energia, o centro metabólico da célula bacteriana está na membrana citoplasmática, então esse motor (corpo basal) tem que estar ancorado no ambiente que vai disponibilizar energia para ele. Na imagem a gente consegue observar a diferença no processo de ancoragem dessa estrutura quando a gente avalia células GRAM negativas e GRAM positivas. Baseada na diferença estrutural que essas células apresentam. Por exemplo: temos a membrana citoplasmática que é o centro metabólico da célula bacteriana, onde vai ter a disponibilidade da produção de energia; a parede celular e uma membrana externa - uma estrutura típica de bactérias GRAM negativas; Na outra ilustração temos a membrana citoplasmática e a parede celular - típico de bactérias GRAM positivo. Considerando a ancoragem dessa estrutura vemos que o motor estar ancorado na membrana 11 MICROBIOLOGIA MÉDICA Bruna Pitanga MED 104C citoplasmática em ambos os tipos celulares, no entanto, nas bactérias GRAM negativas preciso ultrapassar uma outra estrutura que é a membrana externa, acaba apresentando mais anéis ao longo do seu eixo. Já na GRAM positiva não, apenas observo esse anel duplo presente no motor (corpo basal). Outra estrutura importante é o gancho. O gancho, na verdade, é uma estrutura que liga o centro de energia (motor) com o filamento que vai sofrer o movimento gerado. O gancho liga essas estruturas e o filamento sendo a estrutura que se movimenta. Lembrando que esse filamento é um filamento rígido, não sofre dobras, o movimento flagelar é rotacional. Em relação às bactérias que possuem flagelos podem ser classificadas em: → Peritríqueos - possuindo flagelos ao longo da sua superfície celular → Polares - estão presentes em um ou ambos os polos da célula bacteriana. O polar ainda se subdivide em: → Monotríqueo - quando tenho um filamento em uma extremidade → Lofotríqueo - quando tenho um tufo, ou seja, vários filamentos ligados a uma extremidade Anfitríqueo - quando tenho um ligamento em cada extremidade da célula bacteriana. obs.: As bactérias que têm a capacidade de se locomover, o fazem em busca de nutrientes, substratos. Ocorre um movimento direcionado, a partir do reconhecimento da quantidade de determinado componente importante, por quimiotaxia, ela vai até esse determinado componente. Considerando o movimento flagelar entre as bactérias que apresentam flagelação do tipo polar, essa flagelação pode ser reversível ou unidirecional. Na reversível a rotação desse flagelo no sentido anti-horário permite que ele vá para frente, quando a bactéria quer alterar a sua direção, ela altera o seu eixo de rotação para o sentido horário e vai para trás. No movimento unidirecional a bactéria só apresenta um tipo de rotação que é a rotação do sentido horário. Então quando ela rotaciona no sentido horário ela vai para frente, ela para, reorienta a célula bacteriana, mas uma vez no sentido horário, rotaciona o seu flagelo e se movimenta. Já as células que apresentam flagelação peritríquea, flagelos ao longo da superfície da sua célula, esse movimento precisa ser coordenado, todos esses flagelos precisam rotacionar num sentido único. Então para que essas bactérias se movimentam primeiramente fazem uma rotação no sentido anti-horário vão para frente, para, redireciona através de um sentido de rotação horária, começa a frear essa rotação, se reorienta e volta a rotação anti-horária e se movimenta. O movimento flagelar é um movimento que envolve o gasto de energia.A característica que faz com que a bactéria se movimente, principalmente, são 12 MICROBIOLOGIA MÉDICA Bruna Pitanga MED 104C movimentos direcionados. Esses movimentos direcionados são chamados de taxia, são movimentos coordenados por gradientes, sejam gradientes vantajosos, químicos ou atrativos, ou seja, quando um substrato ou elemento químico que seja atrativo para a célula bacteriana, nós temos o movimento quimiotaxia, ou seja, uma movimentação direcionada por um agente químico. Em casos de bactérias fotossintéticas esse direcionamento pode ser relacionado a luz, fototaxia. Então existe um gradiente atrativo que permite que a bactéria vá em direção a esse componente e existe um gradiente repelente, ou seja, alguma concentração de algum componente que seja tóxico ou nocivo para aquela bactéria, então ela se afasta desse gradiente. Então as bactérias inicialmente se movimentam de forma randômica sem um direcionamento específico e a partir do momento que ela vai percebendo as características do ambiente ela faz o movimento, seja ele em direção ao gradiente atrativo ou seja ele desviando de um gradiente repelente. FILAMENTOS AXIAIS Outros filamentos que estão relacionados à movimentação, mas de forma mais restrita são os filamentos axiais. Os filamentos axiais são feixes de fibrila, que se originam nas extremidades das células e recobrem parcialmente a superfície da célula bacteriana. É semelhante a um flagelo, mas a movimentação é mais restrita permitindo a esses agentes desenvolverem movimentação ao longo do seu próprio eixo, como o treponema e borrelia. FÍMBRÍAS Outro componente importante são as fímbrías. As fímbrías são estruturas filamentosas, diferentes do flagelo, não são helicoidais, são menores, retas e finas, muito mais numerosas que os flagelos. A sua natureza proteica é fimbrilina e possui função de adesinas, ou seja, função de adesão, ela facilita a adesão das células bacterianas a superfícies (célula do hospedeiro, abióticas e bióticas). FÍMBRÍA E PÍLÍ Um outro tipo de fímbria que é o pílí também tem essa mesma função que previne que as células bacterianas sejam retiradas do local pelo muco ou fluidos corporais, sabemos como a imunidade inata nós temos, por exemplo, o muco que recobre o nosso epitélio ciliado protegendo contra ação de agentes. Então se tenho uma bactéria que possui uma estrutura que fixa ela, ou seja, que torna ela resistente a esse muco/fluídos corporais, acaba favorecendo a permanência desse agente nessas áreas. São antigenicamente distintas, ou seja, possuem composições diferenciadas. Existe ainda um pílí importante no processo de transferência de informação genética que é o pílí chamado de pílí sexual, que está envolvido na variabilidade genética bacteriana a partir de um processo chamado conjugação. Então as bactérias que possuem informação genética para produzirem o pílí sexual conseguem fazer uma ponte e essa ponte permite a passagem dos plasmídeos que são aquelas estruturas extracromossômicas que albergam informações de resistência/virulência. Então a partir da formação dessa estrutura ocorre a disseminação dessa informação. Nesta imagem conseguimos observar a diferença entre as fímbrias e os flagelos. As fímbrias são bem mais curtas e muito mais numerosas e os flagelos mais alongados e em menor número. Uma outra estrutura importante é a cápsula. A cápsula bacteriana tem a função de proteção e adesão. Então se ela tem essa função de adesão ela permite a ligação dessa célula bacteriana às células do hospedeiro, ela dificulta a fagocitose, porque uma vez que uma determinada bactéria invade a célula, invade o organismo do paciente a primeira defesa do nosso corpo é a fagocitose pelos macrófagos, então 13 MICROBIOLOGIA MÉDICA Bruna Pitanga MED 104C uma vez que a cápsula é formada por componentes não nocivos, mucopolisacarídeos, muitas vezes essas estruturas não reconhecem de cara como algo nocivo, então elas conseguem driblar o sistema imune num primeiro momento, dificultando a fagocitose, favorecendo a proteção desses microrganismo dentro do nosso hospedeiro. É fonte de nutrientes por conta dessa composição, por ser rica em mucopolissacarídeos. obs.: a cápsula bacteriana não se cora. Fenotipicamente uma bactéria que apresenta uma cápsula apresenta esse aspecto mucoide. Sendo importante pro diagnóstico, para favorecer a identificação desse agente. O glicocálice é uma estrutura desorganizada e fracamente aderida à parede celular. Não é tão compacta, tão aderida, tão organizada quanto a cápsula, mas possui função idêntica: → virulência, uma vez que permite uma proteção, uma vez que dificulta a fagocitose → adesão → fonte de nutriente Os esporos são estruturas de resistência, que algumas bactérias possuem a capacidade de produzir esporos. Por exemplo, algumas bactérias, do gênero Clostridium e o gênero Bacillus (ambos possuem a forma bacilar, são bacilos, a célula é alongada) possuem a capacidade de produzir esporos. Eles possuem informação genética que permitem à eles quando presente em ambiente desfavorável criem esporos, que são essas formas latentes para sobrevivência em condições desfavoráveis. Então esses gêneros bacterianos são ambientais, estão amplamente disseminados no ambiente; então eles estão constantementeexpostos a condições ambientais desfavoráveis como calor, dessecamento, falta de nutrientes. Uma vez que as bactérias formam esses esporos, essa estrutura é uma forma de repouso metabolicamente inativas, ou seja, não ocorre crescimento. A bactéria reduz todo o seu metabolismo, ela para de se multiplicar até porque o ambiente não está favorável e fica em latência aguardando que o ambiente fique favorável. Então em condições ambientais favoráveis esses esporos germinam formando células vegetativas. Essas células vegetativas se tornam metabolicamente ativas. A forma e a localização na célula desses esporos é variada e é um processo que permite a gente identificar qual é esse agente. Então o processo de formação desses esporos envolve diferentes etapas. Essas etapas duram cerca de 8 horas. A bactéria está num ambiente, esse ambiente está desfavorável, então ela começa todo o processo de formação dessa célula de resistência, que é o esporo, e esse processo leva em torno de 8 horas. Comentamos que existem bactérias como os Clostridium e Bacillus que possuem informação genética para isso. São utilizados cerca de 200 genes para que esse processo aconteça. Então a bactéria está em um ambiente desfavorável e a primeira coisa que ela para de fazer é se multiplicar e aí quando ela ativa o processo de esporulação, primeira coisa que acontece é duplicação do seu material genético, isola ele numa porção da sua 14 MICROBIOLOGIA MÉDICA Bruna Pitanga MED 104C célula e começa o processo de diferenciação desse componente que vai permitir a formação do esporo. 1. O septo do esporo começa a isolar o DNA recém replicado e uma pequena porção de citoplasma. 2. A membrana citoplasmática começa a circundar o DNA, conseguimos observar uma diferença dessas áreas. 3. O septo do esporo circunda toda a porção isolada do pré-esporo em formação, já conseguimos observar uma dupla membrana. 4. No interior dessa dupla membrana é formada uma camada de peptideoglicano. 5. A partir desse momento começa todo o preparo desse endósporo para que ele seja liberado. Então começa a perder água, começa a acontecer a concentração de componentes que vão dar mais rigidez e consequentemente resistência desse esporo no ambiente que é o dipicolinato de cálcio. 6. Então esse esporo vai ficando cada vez mais rígido, cada vez mais forte para que ele consiga suportar as condições ambientais. Existe uma perda significativa de água, então o interior desse endósporo possui de 10-30% de água quando comparado com a célula vegetativa original, então esse núcleo dele acaba sendo viscoso e formado por essa espessa camada de dipicolinato de cálcio que vai permitir maior rigidez e consequentemente uma maior resistência dessa estrutura no ambiente em que ele está sendo liberado. Então os esporos ficam em latência, podendo ficar anos e mais anos no ambiente até que a condição se tornem favoráveis e essa estrutura seja ativada havendo a formação/germinação da célula vegetativa que é metabolicamente ativa. 15
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