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Resumo da Malu – 2020.2 Imunoterapia Imunidade Passiva → Natural: • IgG transplacentária: - Passagem da IgG da mãe para o feto - Efetiva durante os primeiros 6 meses de vida do bebê - Por isso, nos primeiros meses de vida é administrada as vacinas para estimular o sistema imune da criança • IgA do colostro: - A IgA é um anticorpo que sobrevive nas secreções - Imunidade adquirida passada da mãe para o filho através de secreções (leite materno) - Colostro – primeiro leite que a criança recebe - Durante o aleitamento materno • Ao longo do tempo esses anticorpos são metabolizados e não são repostos após o nascimento → Artificial: • Imunoterapia: - Tratamento utilizando imunobiológicos - O sistema imune não participa da montagem da resposta imunológica - Não gera memória imunológica - Realiza uma proteção imediata mesmo sem o individuo produzir seus próprios mecanismos, mas que garante momentaneamente a proteção - Soroterapia – muitos desses soros são produzidos em animais, sendo usados para a proteção contra doenças que possuem uma evolução muito rápida com risco de morte caso não haja uma proteção imediata, ou para doenças que não se tem vacina (botulismo) Aplicações → Para diminuir a resposta imune: • Doenças autoimunes – tratamento com imunobiológicos tende a diminuir a resposta imune para diminuir os efeitos da autoimunidade • Prevenção da rejeição a transplantes – é necessário para se diminuir a resposta imune para aceitar o transplante, pois independente da compatibilidade, se a resposta imune do indivíduo for muito ativa pode ocorrer rejeição → Para modular a resposta imune: • Alergias – o objetivo é modular a resposta contra os alérgenos, de maneira que se possa realizar um desvio da resposta imune diminuindo os efeitos da alergia, através do aumento de uma outra modalidade de resposta que não seja por IgE para aquele alérgeno (pode ser por IgG) → Para aumentar a resposta imune: • Tumores – é necessário aumentar/acelerar a magnitude da resposta imune para combater melhor os tumores • Imunodeficiências – utilizar de artifícios terapêuticos que permitam o indivíduo ficar protegido contra as infecções de uma maneira geral, mesmo que ele esteja deficiente de anticorpos • Transplante de medula óssea – adota-se uma serie de estratégias que visam diminuir a resposta imune, através da radioterapia, para adaptar a medula transplantada ao indivíduo que a recebeu, seguida da recuperação da radioterapia auxiliada por imunobiológicos que fortaleçam o sistema imune desse indivíduo • Recuperação após radioterapia – após o transplante deve se ter um tempo de recuperação do sistema imune, feito com auxilio de imunobiológicos que tendem a potencializar essa recuperação Estratégias → Soroterapia: • Consiste na transferência de anticorpos previamente formados em um individuo (doador) para outro (receptor) → Terapia Imunossupressora: • Uso de agentes imunobiológicos que bloqueiam: - A sinalização que ativa a resposta imune das células imunologicamente competentes - A célula propriamente dita • Aplicação prática em doenças autoimunes e transplantes → Terapia Imunomoduladora: • Uso de agentes imunobiológicos que modulam a resposta imune para menos ou mais dependendo das circunstâncias • Aplicação prática em alergias, imunodeficiências graves ou pacientes que fizeram uso de radioterapia Soroterapia → Características: • Consiste na transferência de anticorpos previamente formados em um indivíduo doador para outro receptor • Não confere memória imunológica • Fornece um bloqueio inicial que previne o avanço da doença, mas deve-se vacinar para induzir uma resposta mais eficiente e com memoria imunológica Resumo da Malu – 2020.2 • Pode ser: » Homólogo: - Soro humano → soro de indivíduos de mesma espécie recuperados que tenham anticorpos contra o patógeno - São mais caros - Atualmente utiliza-se anticorpos monoclonais (mAc) – obtidos especificamente de uma célula B estimulada com o epítopo de um determinado antígeno - É um soro muito mais homogêneo e a sua reatividade é reprodutível de forma mais rápida, por vir de um único clone de linfócito B - Nível de proteção maior que o soro heterólogo » Heterólogo: - Produzido em cavalo - Proteção de curta duração - Não se pode usar por grandes períodos de tempo → pois o anticorpo é uma glicoproteína de um animal, e sendo inoculado em outro, mesmo que seja de grupos próximos, quando se administra grandes quantidades por um longo prazo, o receptor pode desenvolver anticorpos contra o soro heterólogo (doença do soro) - Doença do soro – ocorre quando o soro que está protegendo contra uma toxina, acaba funcionando como um antígeno, fazendo o individuo desenvolver anticorpos contra ele, desenvolvendo uma reação de hipersensibilidade do tipo III que consiste na formação de anticorpos contra o soro do cavalo → Classificação dos soros: • Especificidade: - Antitóxico – contra uma determinada toxina - Antiviral – contra um determinado vírus - Antipeçonhento – contra a peçonha de um determinado animal peçonhento (cobras, aranhas, escorpião) • Proteção: - Monovalentes – age contra apenas um tipo sorológico do agente ou toxina (soro antitetânico, antiofídico) - Polivalentes – age contra um ou mais tipos sorológicos (soro anti-toxina botulínica A, B, C, D e E) → como o botulismo mata muito rápido pela sua toxina ser muito potente, não há tempo de se fazer um diagnóstico para se descobrir qual a toxina que está causando o botulismo e com isso, se utiliza o soro antibotulínico que cobre os 5 tipos sorológicos → Tipos de Soros: • Antidiftérico – contra a difteria • Antitetânico – contra o tétano • Antibotulínico – contra o botulismo • Antigangrenoso – contra a gangrena • Anti-rábico – contra a raiva • Antiofídico – contra serpentes peçonhentas • Anticaranídeo – contra aranhas peçonhentas → Aplicações Práticas: • Neutralização dos efeitos toxico do veneno de animais • Tratamento de doenças que possuem uma evolução muito rápida, que muitas vezes o indivíduo não foi vacinado, ou não existe vacina contra a doença - Difteria, tétano, botulismo e raiva • Redução da possibilidade de rejeição de certos órgãos transplantados - Soro anti-timocitário – contra células T iniciais do timo • Prevenção da eritroblastose fetal - Feita pela vacina anti-D – chamada de vacina, porém, é um soro que contém anticorpos contra o epítopo D do fator Rh - Deve ser administrado na mulher após o primeiro parto, em até 72 horas depois, visto que durante o parto há sempre a troca de sangue entre a mãe e o feto, e caso a mãe seja Rh negativo e o filho Rh positivo, o organismo da mulher é estimulado a produzir anticorpos anti-Rh, que leva à memória imunológica pelo fator Rh ser uma proteína, diferente do sistema AB0 que é polissacarídeo - Soro anti-D – lisa as hemácias Rh positivas do feto, para impedir que elas circulem e fixem complemento, e além disso, os complexos imunes formados pela administração em grande quantidade, se ligam à célula B pelo anticorpo e pelo antígeno, logo, um LB que já esteja reconhecendo hemácias Rh positivas, mas que esteja com o anticorpo ligado (lembrando que o LB possui receptor pro Fc da Ig), ela se liga ao soro, bloqueando a sinalização da hemácia que se ligou ao BCR do LB - Ou seja, o soro anti-D promove a lise das hemácias do feto e previne a sinalização de novas células B que poderiam produzir memoria imunológica → Reações Adversas: • Doença do soro: - Igs heterólogas – por serem de outro animal, podem causar a formação de anticorpos anti-Ig que estava protegendo o individuo anteriormente - Anti-Igs formam imunocomplexos que se depositam em diversos órgãos etecidos, desencadeando inflamação muito intensa que levam a hipersensibilidade tipo III • Transmissão acidental de agentes infecciosos: - Caso o soro não seja bem purificado → Hiperimunoglobulina Humana: • Mecanismo usado para se obter proteção utilizando anticorpos pré-formados • Específica – tem anticorpos contra determinado patógeno • Obtida a partir de doadores imunizados (pela vacina) ou doadores convalescentes (pela doença) - Anti-hepatite B, antitetânica, antirrábica, antivaricela- zóster • Se tem a purificação da imunoglobulina, administrando-a pura → de forma geral, elas podem ser administradas de forma injetável ou através de comprimidos Resumo da Malu – 2020.2 • Indicações: - Pós-exposição de imunodeprimidos, não vacinados ou pessoas com esquema incompleto de vacinação para o vírus da hepatite B - Recém-nascidos de mães positivas para hepatite B (HBsAg+) - Indivíduos que possuem reação de hipersensibilidade aos soros heterólogos (como na hipersensibilidade tipo III) - Indivíduos suscetíveis a determinadas doenças com exposição ao vírus por contato íntimo e contínuo – gestantes por um mecanismo de aceite do feto diminuem alguns mecanismos de resposta imune, imunodeprimidos que já são deficientes em resposta imune e recém- nascidos que ainda não possuem seu sistema imune completamente desenvolvido → Imunoglobulina Humana Normal ou Padrão (IGHN): • Polivalente – contra diversos isotipos da doença • Obtida de plasma de doadores sadios (vacinados ou que tiveram a doença) • 95% das Igs pertencem à classe IgG – Ac encontrado em maior quantidade no sangue periférico) • Esses indivíduos possuem um grupo de IgGs contra Ags ou patógenos que circulam em uma determinada população • Correspondem a anticorpos contra as doenças prevalentes no local onde a IgG foi coletada • A meia-vida dura de 3 a 4 semanas • Indicações: - Terapia de reposição nas imunodeficiências (ID) humorais primarias – com defeitos na maturação dos linfócitos - Terapia de reposição em ID humoral causada por drogas ou radiação - Terapia de reposição em ID causada por mieloma ou leucemia linfocítica crônica – defeitos de células imunes (associada com hipogamaglobulinemia) - Prevenção de infecções - Prevenção da doença do enxerto contra o hospedeiro após transplante de medula óssea alogênica Estratégias de Imunossupressão → Drogas Imunossupressoras: • Tem como objetivo a redução da resposta imune 1. Anti-inflamatórias (Glicocorticóides): ▪ Voltadas exclusivamente para diminuição da inflamação ▪ Possuem uma ação geral contra a inflamação, como contra a produção de citocinas inflamatórias, migração de células fagocíticas e inflamatórias, etc ▪ São os mais poderosos fármacos atualmente disponíveis para o tratamento das doenças inflamatórias ▪ Corticoides naturais: - Cortisol – diminui a inflamação atuando a nível do eixo HPA, na indução da resposta imune - Prednisona – derivado do cortisol ▪ Mecanismo genômico direto: - Interação com o DNA de forma que ocorre interferência na transcrição gênica – se ligam diretamente a um receptor esteroide e são transportados para o núcleo, induzindo genes que regulam negativamente a produção de substancias inflamatórias ▪ Mecanismo genômico indireto: - Interação com fatores de transcrição de substancias importantes para a regulação da inflamação - Cortisol – induz expressão de genes anti-inflamatórios através da sua ligação à receptores que ativam a ANEXINA I, que codifica uma proteína que inibem a fosfolipase A2 (PLA2), enzima que degrada fosfolipídios de membrana, liberando ácido araquidônico, que será degradado, formando as substâncias inflamatórias (prostaglandinas e leucotrienos) - O cortisol pode se ligar aos bloqueadores do NF-kB que induz as vias inflamatórias, mas se liga à receptores que ativam a ANEXINA 1 bloqueando a fosfolipase A2 ▪ Mecanismos gerais: - Inibe transcrição de genes para moléculas de MHC-II - Inibe transcrição dos genes de citocinas inflamatórias, especialmente da tríade inflamatória (IL-1, IL-6, TNF) - Inibe citocinas que contribuem para a proliferação das células imunes em um momento mais avançado da resposta imune (IL-2, IL-4, IL-5, IL-13) - Inibe o fator estimulador de colônias (GSM-CSF) - Inibe receptores de citocinas e moléculas de adesão, que precisam manter a interação inicialmente com as células fagocíticas e depois para a apresentação aos linfócitos, especialmente LT - Inibe a transcrição de genes de enzimas: ♥ Óxido nítrico sintase – diminui efeitos microbicidas principalmente de macrófagos ♥ Ciclo-oxigenase-2 – produtora da via de leucotrienos e prostaglandinas Resumo da Malu – 2020.2 ♥ Elastase e colagenase – diminuindo a inflamação - Induz expressão de IL-10 – citocina anti-inflamatória que desvia a resposta do macrófago, que deveria produzir substancias inflamatórias, para o macrófago M2, que produz uma resposta IL-10, que bloqueia a síntese da tríade inflamatória - Inibe a atividade da fosfolipase A2 ▪ Efeitos imunossupressores: - Diminui a ativação e proliferação de linfócitos T - Diminui a produção de prostaglandinas e leucotrienos, que são fatores quimiotáticos - Diminui o recrutamento celular de leucócito, neutrófilo, monócito, eosinófilo → ocorre leucocitose neutrofílica, monocitopenia e eosinopenia - Diminui atividade bactericida de monócito e macrófago visto que inibe a óxido nítrico sintase - Diminui a liberação de mediador lipídico da inflamação visto que inibe a cicloxigenase 2. Citotóxicas: ▪ Drogas de alta toxicidade pada determinadas células ▪ Inespecíficas – atuando em qualquer célula em divisão ▪ Não possui toxicidade seletiva – pode matar qualquer célula em proliferação, impedir a ativação das células ou eliminar determinadas células ▪ A tendência é diminuir ou bloquear a proliferação, visto que atuam em células que estão em divisão celular ▪ Azatioprina: - Análogo de purina (anti-metabólito) - Toma o lugar da purina na síntese do DNA - Quando administrada no indivíduo, se transforma em 6-mercaptopurina - A enzima que normalmente incorpora a purina ao DNA, adiciona o 6-mercaptopurina no lugar da purina, inibindo a síntese de bases purínicas, inibindo então a síntese do DNA - Utilizada em: poliomiosite artrite reumatóide severa, doença intestinal inflamatória - Base para prevenção da rejeição de enxerto após transplante em pacientes com efeitos tóxicos por ciclosporina ou manutenção da imunossupressão após a suspensão da mesma ▪ Micofenolato de Mofetil (MMF): - Muito usado em transplantes de órgãos - Bloqueia a biossíntese de purinas através do bloqueio da enzima inosina monofosfato desidrogenase - Quando ocorre a rota de salvação das bases, para serem reutilizadas na síntese do DNA para fechar o ciclo celular, a inosina monofosfato desidrogenase realiza uma desidrogenação na inosina monofosfato transformando-a em guanosina monofosfato, que será recuperada para a célula montar seu DNA passando a célula da fase S para a fase G2 - Logo, bloqueando essa enzima, ocorre o bloqueio do reaproveitamento de uma substância que daria origem a uma guanina → inibe o ciclo celular bloqueando a passagem da fase S para fase G2 ▪ Metotrexato: - Único antagonista do ácido fólico de uso clinico atual - O composto ativo é a aminopterina - Inibe as vias que dependem do folato - O ácido fólico incorpora diversos radicais CH4 através da enzima diidrofolato, até formar o tetrahidrofolato, que doa radicais CH4 para montar o DNA - O metotrexato inibe a síntese da enzima diidrofolato impedindo a formação da tetrahidrofolato, e a síntese do DNA consequentemente - Utilização: psoríase, lúpus e artrite reumatóide - Não deve ser utilizada durantea gravidez 3. Bloqueadores de sinalização das células T: ▪ Ciclosporina, Tracolimus (FK506) e Rapamicina ▪ Seletivas para linfócitos T alterando sua função celular ▪ Algumas interferem na expansão clonal de linfócitos de uma maneira geral, mas em princípio direcionado à LT ▪ Inibe a proliferação de LT e consequentemente de LB, visto que muitas citocinas dos linfócitos T interferem na proliferação dos linfócitos B ▪ Drogas mais usadas para inibir rejeição a transplantes ▪ Ciclosporina (CsA) e Tracolimus (FK506): - Bloqueiam a produção de IL-2 através da inibição da transcrição do gene da IL-2 - Limita a expressão do CD25 (molécula que compõe o receptor de IL-2, sendo a porção com maior afinidade por ela) - Inibe a atividade fosfatase da calcinerina (enzima importante para a via de formação do NF-ATc que é um fator de transcrição que induz o gene da IL-2 e do seu receptor) necessária a ativação do NF-AT - Seletivos para célula T → expressa pouca calcinerina, logo, a via da calcinerina já está baixa nos linfócitos T fazendo com que eles sejam mais suscetíveis aos efeitos inibidores dessa droga Resumo da Malu – 2020.2 - As células T possuem moléculas chamadas imunofilinas (FKBP e CpN) que se ligam à droga, e através dessa ligação ocorre a inibição da calcinerina (CsN), que é ativada pelo aumento de cálcio devido a sinalização do receptor de reconhecimento - A inibição da calcinerina inibe desfosforilação do NF- ATc, impedindo a sua entrada no núcleo ▪ Rapamicina (Sirolimus): - Inibe especificamente células T, porém sem ir ao núcleo, inibindo uma fase intermediária da proliferação celular - Reduz a proliferação de células T através da ligação ao mTOR (Ser/Thre quinase, envolvida na regulação do crescimento e proliferação celular), fazendo uma retenção na fase G1, promovendo apoptose - O mTOR pode ser ativado pela IL-2, IL-4 e IL-6, que são citocinas com fatores de crescimento, através de duas vias diferentes, através do adaptador Raptor (Via Ras/MAPK) e do adaptador Rictor (Via PI 3-quinase) - IL-2 – específica para o crescimento de LT - IL-4 e IL-6 – juntas interferem na proliferação dos LB - Logo, o mTOR é fundamental para a via de proliferação celular e para a via do citoesqueleto que permite que a movimentação das moléculas de adesão e a migração celular - O Sirolimus quando se liga à imunofilina FKBP, forma um complexo que se liga à Raptor que bloqueia o mTOR do tipo 1, bloqueando a via de proliferação celular dos LT, automaticamente aumentando o número de LT reg pois inibe a fase de crescimento → Anticorpos Monoclonais (Mabs): • Possuem objetivo e capacidade de suprimir a resposta imune • Específicos para determinados marcadores de superfície de algumas células • Bloqueiam a sinalização de várias células, de forma que se o sinalizador está bloqueado pelo anticorpo, ele não consegue se ligar ao seu ligante não havendo sua ativação • Por ser um anticorpo monoclonal pode eliminar a célula através de ADCC, opsonização ou ativação do complemento 1. Mabs de humanos obtidos por clonagem: ▪ Obtidos por clonagem de células B de indivíduos que foram imunizados por vacina ou tiveram a doença 2. Mabs de camundongos humanizados: ▪ Produzidos em larga escala em camundongos ▪ Antes geravam problemas devido a incompatibilidade entre espécies, mas com o avanço da biotecnologia, esses anticorpos foram humanizados ▪ Sufixo -omabe – quando os anticorpos eram formados apenas em camundongos antigamente ▪ Sufixo -ximabe – com estudo da biotecnologia e auxilio da biologia molecular, foram produzidos anticorpos monoclonais quiméricos, onde toda a cadeia pesada e um pedaço da cadeia leve era de humanos, mas a região variável Fab era produzida em camundongos, dessa forma, a imunogenicidade dos mAb de camundongo pode ser reduzida pela produção de anticorpos quiméricos nos quais as regiões V do camundongo são colocadas nas regiões constantes dos anticorpos humanos ▪ Sufixo -zumabe – anticorpo humanizado, onde todo o anticorpo praticamente é humano, e apenas algumas determinadas sequências da região variável são resgatadas do anticorpo monoclonal produzido em camundongos, ou seja, a humanização é o processo de colocar apenas as regiões de determinação de complementariedade do anticorpo de camundongos ▪ Sufixo -umabe – anticorpos monoclonais totalmente humanizados, ou seja, atualmente o anticorpo inteiro é produzido em humanos → Indicações: • Terapia anti-inflamatória e imunossupressora: - Doença se manifestações alérgicas - Doenças e condições inflamatórias - Doenças autoimunes - Prevenção e tratamento de rejeição à transplantes • Terapia de doenças neoplásicas: - Doenças neoplásicas do sistema linfóide – onde se tem uma intensa proliferação de células, formando linfomas e leucemias, logo, se tende a tentar diminuir a proliferação dessas células (associação com quimioterapia apropriada) - Para reduzir o edema cerebral em pacientes com tumores cerebrais primários e metastáticos (dexametasona) • Terapia com uso de Mab: - Neutralização de mediadores inflamatórios: ♥ Artrite reumatóide ♥ Mab anti-TNF-alfa (Infliximabe ®) – Mab contra TNF Resumo da Malu – 2020.2 ♥ TNF-R-Ig (Etanocerpt ®) – anticorpo monoclonal não humanizado contra o receptor do TNF ♥ Mab anti-IL-6R (Natalizumabe ®) – Ac monoclonal de uso clinico contra o receptor da IL-6 - Bloqueio da co-estimulação ou sinapse imunológica: ♥ Psoríase ♥ CD58-Ig (LFA-3 – Alefacept ®) – CD58 é o antígeno LFA3 que é uma molécula que se liga ao CD2 dos linfócitos, bloqueando a sinapse imunológica ♥ Mab anti-CD11a (LFA-1 – Efalizumab ®) – LFA-1 é uma molécula de adesão, que inibe a interação com ICAM-1, que são moléculas de adesão intracelular - Bloqueio da migração celular: ♥ Mab anti-VLA-4 – bloqueia as moléculas de adesão nos vasos - Bloqueio da ativação celular: ♥ Mab anti-CD40 → Hipersensibilidade do tipo I (Alergia): • Alergia – reação imunológica mediada pela IgE contra um alérgeno • Terapia vigente para a asma • Estratégias de imunossupressão: - Anticorpo monoclonal humanizado anti-IgE (omalizumab) - Anti-IgE – se ele bloqueia IgE, ele não consegue se ligar aos mastócitos pelo Fc, impedindo a degranulação deles - Muito usado na prevenção e reversão da inflamação que ocorre normalmente pela degranulação do mastócito - Como consequência há o relaxamento da musculatura lisa das vias respiratórias → Terapia com alvo em respostas de células T: Estratégias de Imunomodulação → Imunoterapia Específica (ITE): ▪ Específica para as alergias respiratórias ▪ Há produção de grandes quantidades de IgE ▪ Pode-se realizar dessensibilização - Primeiramente se tira todo o contato com o alérgeno, e depois de introduz o alérgeno em micro doses de forma que se induza tolerância àquele alérgeno - As micro doses fazem com que se produza pouca IgE e muita IgG, e cada vez que se aumenta a dose o alérgeno, a IgG está presente e bloqueia o alérgeno impedindo a produção crescente da IgE - Feito principalmente em alergias alimentares ▪ Por outro lado, existem as vacinas subcutâneas e sublinguais - Primeiro se diminui a resposta por Th2, que seria a resposta por IgE, regredindo inicialmente para uma resposta que seria Th1, em que se diminui cada vez mais a resposta imune até produzir uma resposta do tipo T reg - Com a introdução de doses muito pequenas e crescentes do alérgeno, ocorre o desvio da resposta imune até chegar na produção de T reg, geralmente do tipo 1 com produção de IL-10 (anti-inflamatória) com desvio do anticorpo para IgG4, pois como não fixa anticorpo, não há inflamação pelo complemento ▪ São tratamentos muito longos de 3 a 5 anos → Terapias ImunopotenciadorasInespecíficas: ▪ Usado em pacientes imunodeficientes, ou para recuperação após o uso de radioterapia ▪ Uso do BCG como adjuvante: - Principalmente no câncer de bexiga - Promove a potencialização inespecífica da resposta imune Resumo da Malu – 2020.2 - Faz com que o macrófago responda mais rápido, mas sem especificidade para um determinado agente - Quando o macrófago é estimulado com BCG, é estimulado de uma tal forma, que no segundo contato com qualquer patógeno, ele responde muito rápido ▪ Administração sistêmica de citocinas: - IL-2 – fator de crescimento para linfócito T - IFN-alfa – efeitos anti-proliferativos, anti-angiogênicos, e aumenta a expressão de MHC-I - GM-CSF – reconstitui a população de APC e NO (restaura a função da medula óssea após terapia anti-tumoral) - IL-10 – atividade imunossupressora e anti-inflamatória Imunoterapia dos Tumores → Interesse em tratamento de câncer: ▪ A imunoterapia de tumor se prevalece dos avanços dos conhecimentos sobre o bloqueio, estimulação e modulação da resposta imune ▪ Fármacos (quimioterápicos) ou radiações que matem células em divisão ou bloqueiem a divisão celular (tóxicos) ▪ De uma forma geral, os efeitos podem ser prejudiciais as células normais em proliferação ▪ Tratamento causa significativa morbidade e mortalidade ▪ Muitos desses fármacos tem fracassado em promover benefícios duradouros ▪ A resposta imune pode ser altamente específica para células tumorais sem lesar as células normais e levar a uma imunidade duradoura ▪ Logo, a medida que se conhece melhor os tumores, pode-se manipular a resposta imune para que ela seja específica para o tumor sem causar danos à célula hospedeira ▪ É fundamental a identificação dos antígenos tumorais e específicos de cada tumor, para se montar abordagens inovadoras no controle dos tumores ▪ As terapias atuais para o câncer envolvem medicamentos que destroem as células em divisão, que possuem morbidade e mortalidade significativas ▪ Imunoterapia – apresenta grande potencial para ser um tratamento mais específico → Imunoterapia Ativa: ▪ Há estimulação e participação do sistema imune da pessoa ▪ Específica: - Combate células tumorais mortas ou extratos do tumor - Pode-se usar antígeno purificados ou recombinantes ▪ Não específica: - BCG – aumenta a eficácia dos macrófagos - Propionibacterium acne – bactéria capaz de estimular uma resposta imune semelhante ao BCG → Imunoterapia Passiva: ▪ O sistema imunológico do indivíduo não participa da resposta imune ▪ Específica: - Se administra células que já estão prontas para atacar o tumor, como anticorpos livres ou conjugados com agentes e células T ativadas ▪ Não específica: - Células LAK - Citocinas Imunoterapia Específica Ativa → Bloqueio de pontos de controle da RI (checkpoints): ▪ Um dos mais utilizados atualmente ▪ Baseia-se no bloqueio de moléculas que inibem as células T efetoras (que matam o tumor) ▪ O tumor escapa dessa resposta, pois muitas vezes, ele paralisa a proliferação da célula que vai mata-lo → Inibição do CTLA-4: ▪ Um dos mecanismos do tumor é a indução de CTLA-4 na célula que está agindo contra ele - Dessa forma, a DC apresenta um antígeno tumoral para a célula T, que entra em ativação, passa por todo o ciclo e morre, pois, expressa CTLA-4 - Com o bloqueio do CTLA-4 o LT não entra em apoptose, e fica condicionada a permanecer ativa o tempo todo ▪ Mab anti-CTLA-4 – mantém o sinal B7 x CD28 ligado pois ele bloqueia o CTLA-4 que a célula T está expressando no final da sua ativação, dessa forma, a célula T permanece ligada o tempo todo conseguindo atuar no tumor (resposta imune ativa) ▪ Existe uma Treg natural que atua expressando CTLA-4, e o uso do anticorpo também inibe a T reg ▪ Aprovada para uso em melanoma avançado (Ipilimulab) → Inibição do PD-1 ou PD-L1: ▪ PD-1 – molécula que induz a apoptose ▪ PD-L1 – ligante do PD-1 ▪ A célula T à medida em que é ativada pela apresentação dos antígenos tumorais pela APC, ela expressa o PD-1, e a célula tumoral expressa o PD-L1, levando à morte da célula T ▪ Mab anti PD-1 ou PD-L1 – o bloqueio do PD-1 no linfócito T ou do PD-L1 da célula tumoral, promove o bloqueio do sinal que inibe o CTL, intensificando a morte mediada por CTL visto que ele permanece ligado à célula tumoral, pois inibe a via apoptótica (expressão de PDL-1 por células tumorais e PD-1 pelo LT) Resumo da Malu – 2020.2 ▪ Aprovado para uso em cânceres metastásicos – melanoma, carcinoma de pulmão, rim, bexiga, colón e linfoma de Hodgkin ▪ Estudos comprovam que essa técnica funciona em apenas 50% das pessoas ▪ Alguns tumores não expressam PD-L1, não sendo efetivo usar essa manobra como tratamento → Vacinas Tumorais: ▪ A imunização de indivíduos portadores de tumores com antígenos tumorais resulta em melhora da resposta imune ▪ Pode-se utilizar uma célula dendrítica e inserir nessa célula plasmídeos de antígenos virais, que vão carregar com ele genes do antígeno tumoral → com isso, a célula dendrítica vai apresentar para o LT o antígeno tumoral, ativando as células T para aquele determinado antígeno ▪ Pode-se utilizar uma célula dendrítica em cultura e pulsar (estimular) com antígeno tumoral, que ela vai degradar e apresentar na sua superfície, ativando células T tumores específicas ▪ Vacina aprovada para o tratamento de câncer de próstata: leucócitos de sangue periférico enriquecido em DCs + PTN de fusão recombinante contendo GM-CSF e PSA (fosfatase ácida prostática, que é o antígeno do câncer de próstata) → Uso de citocinas: ▪ Citocinas – estimulam a proliferação e diferenciação de linfócitos T e células NK ▪ IL-2 em altas doses: - Produziu rejeição tumoral em animais - Usado em ensaios clínicos de melanoma, câncer renal, câncer de cólon - Sucesso limitado com taxa de resposta <15% - Obteve regressão tumoral em cerca de 16% em melanomas (também em carcinoma renal) - Resposta duradoura cerca de 3,7% ▪ IFN-alfa: - Não obteve rejeição tumoral em animais - Inibe a proliferação de células tumorais principalmente em cânceres formados por vírus oncogênicos - Aumento da atividade citotóxica das células NK - Aumento da expressão do MHC-I - Aprovado para melanoma ▪ TNF: - Rejeição tumoral em animais apenas com administração local - Usado em ensaios clínicos de sarcoma e melanoma (com perfusão de membro isolado) Imunoterapia Passiva para Tumores → Terapia Celular Adotiva Clássica: ▪ Interesse renovado com base em novas tecnologias na identificação de neo-Ags ▪ A partir de um extrato tumoral, em cultura pode-se separar as células T do indivíduo e cultivar em um meio de cultura essas células, que serão purificadas a partir do extrato do tumor ▪ Nesse meio, essas células que entraram em contato com os antígenos tumorais (tumores específicas) serão estimuladas com fator de crescimento (IL-2), e as células que crescerem melhor serão separadas e essa cultura será amplificada com base nas células que possuem um melhor desempenho, que serão então inoculadas no indivíduo ▪ Células tumorais dos pacientes são usadas na estimulação dos linfócitos in vitro, e após o aumento do número e atividade funcional de linfócitos específicos para os neoAgs, serão transferidas de volta ao indivíduo ▪ Só pode fazer do indivíduo para ele próprio devido ao MHC ▪ O grande avanço nesse processo, foi a produção da molécula com gene CAR Resumo da Malu – 2020.2 → Terapia Celular Adotiva com T-CAR: ▪ Receptores de antígenos quimérico – CAR ▪ CAR – receptor de células ativadas que contém sítios de ligação específicos (Ig recombinante) para antígenos tumorais (especificidade para o Ag) - Pode ser produzida em laboratório - Em cultura, a célula T específicapara o antígeno tumoral desse paciente pode ser transfectada pelo gene do CAR e depois pode-se fazer a amplificação dessas células - Sua Ig recombinante (sítio de ligação) é obtida a partir de um anticorpo monoclonal específico para o Ag tumoral - Logo, o gene para o Fab será introduzido na célula T do indivíduo, junto com genes para ITAMs (motivos de sinalização), CD28 (auxilia a proliferação pois induz PTNs anti-apoptóticas), 4-1BB (coestimulador semelhante ao CD28 importante na co-estimulação de LTCD8) → promovem uma robusta ativação de LT ▪ A célula T do paciente foi modificada, pois foi inserido um plasmídeo que ao invés do TCR, tinha genes Fab específicos para determinado Ag tumoral, com cauda citoplasmática contendo motivos de sinalização para produção de fosfato (ITAM) e motivos co-estimuladores (CD28 e 4-1BB) ▪ Pela célula T ter especificidade por esse antígeno tumoral, ela vai caçar esse Ag se ligando ao tumor, mas como não há presença de MHC, essa estrutura (construto T-CAR) pode ser estar em qualquer indivíduo por ela não ser restrita ao MHC ▪ Com isso, é possível utilizar o T-CAR construído para vários antígenos tumorais, em qualquer paciente que possua aquele tumor - Muito utilizado no tratamento de cânceres de células B – pois o T-CAR foi desenvolvido especificamente para CD19 presente em células B (leucemia linfocítica crônica e leucemia linfoblástica aguda) - Estudos avançaram tentando produzir essa resposta contra outros tipos de câncer, além de célula B - Destrói os LBs normais, mas pacientes podem ser suplementados com pool de Igs, os plasmócitos de vida longa não são destruídos pois não tem CD19 e a imunidade por anticorpos é preservada - A T-CAR de memória pode persistir por vários meses de modo que a vigilância contra a recorrência tumoral é mantida → Terapia Humoral Adotiva: ▪ Uso de anticorpos monoclonais contra antígenos associados a tumores ▪ Anticorpo ativador de complemento – se ele for direcionado monoclonalmente devido a sua ligação ser específica para o tumor, quando há produção do anticorpo, ele vai se ligar apenas ao tumor para o qual ele foi fabricado ▪ Anticorpo fixador de complemento – ele vai lisar o tumor ▪ Anticorpo monoclonal com sítio de ligação ao fagócito – o fagócito vai englobar o tumor matando-o ▪ Anticorpo que se liga à célula NK – a célula NK vai matar o tumor formando poros com as perforinas, que vão introduzir granzimas induzindo sua apoptose ▪ Anticorpo ligado à toxina – o anticorpo monoclonal vai direto se ligar ao tumor, mas como ele possui uma toxina, ele carrega um sítio para que a toxina entre no tumor ▪ Anticorpo associado a um radioisótopo – quando associado a uma radioatividade, se direciona o tratamento com a radioatividade exclusivamente para a célula tumor, visto que o anticorpo é monoclonal para aquele tumor ▪ Anticorpo associado a uma enzima (pró-droga) – ocorre a administração do anticorpo monoclonal, que se liga ao tumor, seguida pela administração de uma droga, e o Ac monoclonal só ativa essa droga em presença do tumor, e não em presença de outras drogas, pois a enzima que ativa a droga esta ligada no anticorpo que está ligado ao tumor ▪ Hoje em dia, se tem os anticorpos monoclonais chamados de BITES (engajadores bi-específicos de células T) – nesse caso se tem um anticorpo direcionado para o tumor, engajado ao linfócito T anti-tumor, de forma que ele direciona o linfócito T para o tumor Resumo da Malu – 2020.2 Imunoterapia Não-específica • Podem ser usados de forma inespecífica • Produzem principalmente o treinamento da imunidade inata → Produtos Bacterianos: ▪ BCG, P. acnes, dipeptídeo muramil – macrófagos ativados e células NK (via citocinas) → Moléculas sintéticas: ▪ Pirano, poli I:C – produção de interferon → Citocinas: ▪ São mais tóxicos ▪ IFN-alfa, IFN-beta, IFN-gama, IL-2 e TNF-alfa – macrófagos ativados e células NK
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