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Resumo da Malu – 2020.2 Diabetes Mellitus Tipo II Características • Doença onde as células desenvolvem resistência à insulina levando o organismo a uma condição de hiperglicemia crônica • A hiperglicemia crônica é responsável pelas complicações tardias ou crônicas debilitantes da saúde do paciente • O tratamento farmacológico visa controlar a glicemia do indivíduo, e normalmente é realizado com auxílio de agentes antidiabéticos, administrados em sua maioria por via oral • Por conta disso, esses fármacos antidiabéticos são conhecidos como agentes hipoglicemiantes orais ou anti-hiperglicêmicos orais, e normalmente sua ação esta associados ao: - Aumento da quantidade de insulina secretada pelo pâncreas - Aumento da sensibilidade de órgãos-alvo à insulina - Diminuição da taxa de absorção de glicose pelo TGI • A combinação desses fármacos usados no tratamento da DM2 costuma ser frequente • Essa combinação terapêutica pode incluir também a insulina, para garantir um bom controle da glicemia Sulfoniluréias • Foram os primeiros medicamentos hipoglicemiantes orais amplamente utilizados • São secretagogos de insulina – substancias que promovem ou estimulam a secreção desse hormônio • Esses fármacos possuem ação direta no canal de potássio dependente de ATP das células beta pancreáticas → Fármacos de Primeira Geração: • Tolbutamida (orinase) • Acetohexamida (dymelor) • Tolazamida (tolinase) • Cloropropamida (diabinese) → Fármacos de Segunda Geração: • Glipizida (glucotrol) • Gliburida (diabeta, micronase, glynase) • Glimepirida (amaryl) • Glicazida (diamicron) • São os mais usados que os fármacos de 1ª geração por serem mais efetivos e possuírem menos efeitos colaterais → Efeitos Colaterais: • O efeito colateral primário da utilização das sulfoniluréias é a hipoglicemia • Todas podem causar ganho de peso • Esses fármacos funcionam melhor em pacientes acima dos 40 anos de idade, nos quais a patologia existe há menos de 10 anos • Podem ser usados em segurança em associação com a metformina e glitazonas (outros agentes hipoglicemiantes orais) Meglitinidas • Auxiliam o pâncreas a produzir insulina • Frequentemente chamadas de secretagogos de ação curta • Atuam afetando os canais de potássio - Ao fechar os canais de potássio das células beta do pâncreas eles acabam abrindo os canais de cálcio, melhorando dessa forma a secreção de insulina • São ingeridos junto com as refeições para auxiliar a resposta da insulina • As reações adversas incluem ganho de peso e hipoglicemia • Repaglinida (prandin): - Dosagem máxima 16mg/dia - Ingerir de 0 a 30 minutos antes das refeições - Deixar de ingerir o medicamento ao não realizar a refeição • Nateglinida (starlix): - Dosagem máxima 360mg/dia - Ingerir normalmente 120mg 3x ao dia Biguanidas • Estão no grupo dos fármacos denominados sensibilizadores dos tecidos para ação da insulina, reduzindo a resistência à insulina • Reduzem a produção de glicose hepática • Aumentam a absorção de glicose pelos tecidos periféricos, incluindo o musculo esquelético • Devem ser usados com cautela, em pacientes com pacientes com função hepática ou renal prejudicadas • Metformina (glucophage): - Agente mais comumente usado para tratar DM2 em crianças e adolescentes - Melhor escolha para pacientes com falência cardíaca - Único que não causa ganho de peso - Muito usado no tratamento da síndrome do ovário policístico - Seu uso deve ser temporariamente interrompido antes de qualquer procedimento radiográfico que envolva o emprego de contraste iodado intravenoso, uma vez que os pacientes ficam com risco aumentado de acidose lática - Disponível comercialmente na forma combinada a outros medicamentos orais para o tratamento da diabetes - Ingerir de 500 a 1000mg (2x ao dia) • Fenformina (DBI): - Usado na década de 60 – 80 - Foi retirada do mercado por causar acidose metabólica • Buformina: - Foi retirada do mercado por causar acidose lática Resumo da Malu – 2020.2 Tiazolidinadionas ou Glitazonas • São fármacos sensibilizadores • Se ligam às PPAR-gama: - Proteína regulatória nuclear envolvida na transcrição de genes reguladores do metabolismo da glicose e de lipídios - As PPARs atuam em elementos responsivos proliferadores de peroxissomos (PPRE) – influenciam genes sensíveis à insulina - Isso incrementa a produção de RNAs mensageiros de enzimas dependentes de insulina - O resultado final é um melhor uso de glicose por parte das células • Troglitazona (rezulin): - Usado na década de 90 - Foi retirado do mercado devido ao risco de dano ao fígado e hepatite • Rosiglitazona (avandia): - A maior preocupação é relacionada ao aumento do número de eventos cardíacos graves observados em pacientes que usavam esse fármaco • Pioglitazona (actos): - Pode diminuir a incidência global de eventos cardíacos em pessoas com DM2 que já haviam tido um ataque cardíaco - Estudos sobre a segurança dessa droga continuam a ser realizados Inibidores de alfa-glicosidase • Não são tecnicamente agentes hipoglicemiantes, pois não apresentam um efeito sobre a sensibilidade ou sobre a secreção de insulina • Esses agentes retardam a digestão do amido no intestino delgado, dessa forma, a glicose do amido de uma refeição entra na corrente sanguínea mais lentamente, e pode competir mais efetivamente, mesmo quando há uma menor sensibilidade à insulina • Esses agentes só são efetivos por si próprios nos estágios iniciais de menor tolerância à glicose • Em estágios mais avançados, sua utilidade fica vinculada à combinação com outros agentes usados no tratamento da DM2 • A aceitação desses medicamentos por parte dos pacientes é baixa, devido a severidade dos seus efeitos colaterais, como: - Flatulência e inchaço • Esses fármacos possuem potencial para causar perda de peso, por diminuir a quantidade de açúcar metabolizada • Miglitol (glyset) • Acarbose (precose/glucobay) Mimetizadores de Incretinas • As incretinas são hormônios intestinais que potencializam a secreção de insulina, sendo um evento conhecido como efeito incretina • O efeito incretina é estritamente dependente da glicose ingerida, sendo um fator essencial para a manutenção da homeostase da glicose • Sendo assim, a resposta da insulina à glicose administrada por via oral é maior do que aquela observada após uma infusão endovenosa de glicose • As incretinas mais conhecidas atualmente são GIP e GLP-1 que são hormônios peptídicos com 42 resíduos de aas cada um • GLP-1: - Peptídeo-1 semelhante ao glucagon - Liberado principalmente pelas células L (localizadas no íleo e cólon) após o processamento pós-translacional de pró- glucagon • GIP: - Peptídeo insulinotrópico dependente de glicose ou peptídeo inibitório gástrico - Sintetizado no segmento proximal do intestino delgado, por células K endócrinas (localizadas no duodeno e jejuno) • Cada hormônio se liga ao seu receptor de membrana ativando a adenilato ciclase através da proteína G, e o resultado é o aumento da exocitose dos grânulos contendo insulina, a proliferação das células beta, e a inibição da apoptose • Embora o GIP tenha sido identificado primeiro, o GLP-1 é a incretina mais estudada atualmente • Efeitos fisiológicos da GLP-1: - Estimula a secreção de insulina - Forte inibição do esvaziamento gástrico - Inibição potente da secreção de glucagon - Redução da ingestão de alimentos e do peso corporal • Efeitos fisiológicos do GIP: - Estimula a secreção de insulina - Efeito modesto no esvaziamento gástrico - Nenhuma considerável inibição da secreção de glucagon - Nenhum efeito considerável sobre a saciedade e o peso corporal • O aparecimento transitório e a rápida eliminação das incretinas no plasma foram predominantemente atribuídosà degradação enzimática via DPP-4 (dipeptidil-peptidase 4) combinada à depuração renal • A enzima DPP-4 é conhecida como CD26, e se expressa como um homodímero na superfície de diferentes células, incluindo as células endoteliais e linfócitos Resumo da Malu – 2020.2 • A maior parte de DPP-4 é extracelular, existindo em 2 formas: - Ligada as membranas celulares - Forma solúvel – podendo ser detectada no sangue, saliva, urina e liquido sinovial • A rápida metabolização faz com que a meia-vida do GLP-1, por exemplo, seja de 90 segundos → este pode ser o maior desafio para se usar o GLP-1 no tratamento da DM2 • Os agonistas do GLP se ligam à um receptor de membrana de GLP, como consequência disso, a liberação de insulina pelas células beta pancreáticas é aumentada • O GLP endógeno possui uma meia vida de apenas poucos minutos, então um análogo de GLP não seria prático • Exenatida (exendina-4, comercializada como beta): - 1º agonista de GLP-1 provado para o tratamento de DM2 - Produzida a partir da saliva do lagarto monstro-de-gila - Possui apenas 53% de homologia com o GLP-1, o que aumenta a sua resistência à degradação pela enzima DPP-4 - Com isso, possui uma meia-vida estendida • Liraglutida (novo Nordisk): - Análogo humano que deve ser empregado 1x por dia - Possui 97% de homologia - Ainda está em desenvolvimento • Injeção subcutânea: • Efeitos colaterais: - Esses agentes podem causar redução na mobilidade gástrica sendo responsável pelo efeito colateral comum de náusea - Esse provavelmente é o mecanismo por trás da perda de peso - Em alguns estudos com essas substancias houve um aumento de até 114% da capacidade das células beta do pâncreas secretarem insulina • Nenhum dos análogos de GIP conhecidos é aprovado pela FDA Inibidores de DPP-4 • As incretinas GLP-1 e GIP são rapidamente inativadas pela enzima dipeptidil-peptidase 4 (DPP-4) • Podem aumentar a concentração sanguínea de GIP e GLP-1 • Vildagliptina • Sitagliptina • Linagliptina • Alogliptina Inibidores da Reabsorção Renal de Glicose • Atuam nos rins bloqueando a reabsorção de glicose no túbulo renal proximal • São conhecidos como inibidores de SGLT-2 (transportador 2 de glicose dependente de sódio) • Dapagliflozina • Canagliflozina Análogos de Amilina • A amilina é um hormônio peptídico de 37 aminoácidos, que é co-secretado com a insulina pelas células beta do pâncreas em resposta à hiperglicemia - Parece atuar em conjunto com a insulina, com objetivo de regular as concentrações plasmáticas de glicose suprimindo a excreção pós-prandial de glucagon e diminuindo o índice de esvaziamento gástrico • Os análogos da amilina exercem essas mesmas funções • Pramlintida: - Único análogo de amilina disponível clinicamente - Como a insulina, ele é administrado por injeção subcutânea • Efeitos adversos: - Náusea – ocorre principalmente no início do tratamento e é reduzido gradualmente Agentes Experimentais • Muitos fármacos potenciais para o tratamento da DM2 estão sob investigação atualmente em companhias farmacêuticas • Alguns deles são novos membros das classes mencionadas anteriormente, mas outros funcionam através de novos mecanismos • Um composto que aumenta a sensibilidade da glicoquinase à glicose está no estágio de pesquisa com animais • Outros compostos estão passando por estudos de fase 1, 2 e 3 • Ligantes de PPAR-alfa e PPAR-gama: - Importantes fatores de transcrição limitantes do acumulo de gordura hepática - Muraglitazar, Tesaglitazar e Aleglitazar – tiveram o seu desenvolvimento interrompido devido ao perfil de risco adverso • Inibidores de SGLT de dupla ação: - São capazes de inibir SGLT-1 e SGLT-2 ao mesmo tempo, diminuindo a absorção intestinal de glicose e sua reabsorção renal - SGLT-1 – transportador de glicose dependente de sódio presente no intestino - SGLT-2 – transportador de glicose dependente de sódio presente nos rins • Inibidores de FBPase (frutose-1,6-difosfatase): - Diminui a gliconeogênese no fígado
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