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Diabetes Mellitus Gestacional SUMÁRIO 1. DEFINIÇÃO ..................................................................................................................3 2. EPIDEMIOLOGIA .........................................................................................................5 3. FISIOPATOLOGIA ........................................................................................................5 4. DIAGNÓSTICO .............................................................................................................7 5. COMPLICAÇÕES .........................................................................................................8 6. TRATAMENTO ..........................................................................................................10 7. SEGUIMENTO ............................................................................................................15 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................18 Diabetes Mellitus Gestacional 3 1. DEFINIÇÃO Para melhor compreendermos as repercussões da hiperglicemia ao longo da ges- tação, é importante partirmos da definição de conceitos importantes, que, dentro do próprio estudo da Clínica Médica, acabamos por nos apropriar. De modo simplificado, o Diabetes Mellitus (DM) é um conjunto de alterações me- tabólicas que acarretam em hiperglicemia decorrente de uma deficiência insulínica, a qual pode ser fruto de: redução na produção pancreática, inadequada liberação e/ou resistência periférica à insulina. Com isso, temos diversas classificações etiológicas que configuram variadas apresentações do DM; dentre, elas está o DM tipo 1, o DM tipo 2 e o DM Gestacional (DMG). Tal distinção é de extrema importância, pois, considerando o período da gestação, algumas mulheres já serão previamente diagnosticadas com alguns dos tipos etio- lógicos de DM; outras, que possivelmente já tinham DM, no entanto, só chegam a receber tal diagnóstico durante a gestação, enquanto outras terão esta apresentação exclusivamente no ciclo gravídico-puerperal, o qual chamamos DMG. Com isso, há uma diferença entre DM diagnosticado na gestação (ou Overt Diabetes, como vimos na aula de Dr. Vinicius Carruego) ou DMG. Logo: Conceito: DMG: Mulher com hiperglicemia detectada pela pri- meira vez durante a gestação, com níveis glicêmicos que não atingem critérios diagnósticos para DM. DM diagnosticado na gestação (DM prévio): Mulher sem diagnóstico prévio de DM, em que a hiperglicemia foi detectada na gestação, mas que os níveis glicê- micos encontrados nos exames atingem os critérios da Organização Mundial da Saúde (OMS) para DM prévio, ou seja, na ausência da gestação. Diabetes Mellitus Gestacional 4 HIPERGLICEMIA NA GESTAÇÃO DM antes da gestação HIPERGLICEMIA NA GESTAÇÃO DM durante a gestação: Glicemia em jejum ≥ 126mg/dL ou 2h após TOTG(75g) ≥ 200mg/dL DMG Fonte: Elaborado pelo autor Diante disso, é preponderante frisar fatores de risco associados à hiperglicemia na gravidez, os quais não devem ser entendidos como necessários estar presentes para iniciar o rastreio para DMG, uma vez que, segundo os protocolos mais recentes, o diagnóstico para DMG é universal. Dentre os fatores de risco apresentados abaixo, vale ressaltar que o principal risco para o desenvolvimento de DM tipo 2 em mulheres é o antecedente obstétrico de DMG, o que faz da hiperglicemia no ciclo gravídico- -puerperal um relevante problema de saúde. Tabela 1. Fatores de risco para hiperglicemia na gravidez. FATORES DE RISCO Idade (aumento do risco com o progredir da idade) Sobrepeso/obesidade (IMC ≥ 25 kg/m2) Antecedentes familiares de DM em parentes de 1º grau Antecedentes pessoais de alterações metabólicas: • HbA1c ≥ 5,7% • Síndrome dos ovários policísticos • Hipertensão arterial sistêmica • Doença cardiovascular aterosclerótica • Uso de medicamentos hiperglicemiantes (corticoides, diuréticos tiazídicos) Antecedentes obstétricos: • 2 ou + perdas gestacionais prévias • DMG • Polidrâmnio • Macrossomia (peso > 4kg) • Óbito neonatal/fetal • Malformação fetal Fonte: Elaborado pelo autor Highlight Diabetes Mellitus Gestacional 5 Além disso, a hiperglicemia na gestação representa riscos para que o bebê tenha no futuro maior predisposição a desenvolver obesidade, síndrome metabólica e diabetes. Se liga! Independente dos fatores de risco, toda gestante deve ter garantida a possibilidade de diagnóstico de DMG. 2. EPIDEMIOLOGIA O DM e suas complicações estão entre as principais causas de morte na maioria dos países, de modo que 1 a cada 12 mortes no mundo pode ser atribuída ao DM. O Brasil é o quarto país com maiores taxas de DM na população adulta, com um total de 14,3 milhões de pessoas entre 20-79 anos. E, apesar da prevalência de DMG variar a depender dos critérios diagnósticos e da população estudada, muitos estudos mostram um aumento nas últimas décadas de mulheres com diagnóstico de diabetes na idade fértil e durante o ciclo gravídico puerperal. A prevalência média mundial de DMG é de 16,2% estimando-se que, na atualidade, 1 em cada 6 nascimentos ocorra em mulheres com alguma forma de hiperglicemia durante a gestação, sendo 84% dos casos decorrentes de DMG. 5DIABETES MELLITUS GESTACIONAL 3. FISIOPATOLOGIA A compreensão das alterações fisio- lógicas que ocorrem no organismo feminino decorrente das demandas metabólicas do feto nos auxiliarão no entendimento da fisiopatologia da DMG. O organismo materno passa a ser responsável pelo crescimento e desenvolvimento do feto e, para isto, é desencadeado um estado de hipo- glicemia de jejum, um catabolismo exagerado de lipídeos e progressiva resistência à insulina. A partir do 2º trimestre da gestação desenvolve-se uma resistência à in- sulina comandada pelos hormônios contrainsulínicos (lactogênio placen- tário, estrogênio, cortisol, progeste- rona, prolactina) que reduzem a atu- ação da insulina em seus respectivos receptores como forma de direcionar os produtos do metabolismo da gli- cose para o feto, deixando a gestan- te com os produtos do metabolismo dos lipídeos. Cerca de 80% do gasto energético fetal é realizado pelo me- tabolismo da glicose. Com isso, há um aumento da produ- ção de insulina nas gestantes saudá- veis, pois aquelas que já estavam com sua produção de insulina “no limite”, não conseguem elevar sua produção de insulina, o que leva ao estado hi- perglicêmico, podendo desenvolver diabetes durante a gestação. Aquela resistência à insulina que se inicia no 2º trimestre progride por toda a gestação, elevando as neces- sidades de insulina no organismo materno até próximo ao termo. Já no puerpério, por não haver mais atua- ção de hormônios contrainsulínicos há uma queda brusca da necessida- de de insulina. 1 em cada 6 puérperas apresenta alguma forma de hiperglicemia durante a gestação Figura 1: 1 em cada 6 puérperas apresenta alguma forma de hiperglicemia durante a gestação Fonte: Elaborado pelo autor. 3. FISIOPATOLOGIA A compreensão das alterações fisiológicas que ocorrem no organismo feminino decorrente das demandas metabólicas do feto nos auxiliarão no entendimento da fisio- patologia da DMG. O organismo materno passa a ser responsável pelo crescimento e pelo desenvolvimento do feto e, para isso, é desencadeado um estado de hipoglicemia de jejum, um catabolismo exagerado de lipídeos e progressiva resistência à insulina. Diabetes Mellitus Gestacional 6 A partir do 2º trimestre da gestação, desenvolve-se uma resistência à insulina comandada pelos hormônios contrainsulínicos (lactogênio placentário, estrogênio, cortisol, progesterona, prolactina) que reduzem a atuação da insulina em seus res- pectivos receptores como forma de direcionar os produtos do metabolismo da glicose para o feto, deixando a gestante com os produtos do metabolismo dos lipídeos. Cerca de 80% do gasto energético fetal é realizado pelo metabolismo da glicose.Com isso, há um aumento da produção de insulina nas gestantes saudáveis, pois aquelas que já estavam com sua produção de insulina “no limite” não conseguem elevar sua produção de insulina, o que leva ao estado hiperglicêmico, podendo desenvolver diabetes durante a gestação. Aquela resistência à insulina que se inicia no 2º trimestre progride por toda a ges- tação, elevando as necessidades de insulina no organismo materno até próximo ao termo. Já no puerpério, por não haver mais atuação de hormônios contrainsulínicos, há uma queda brusca da necessidade de insulina. ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS NAS NECESSIDADES DE INSULINA NO ORGANISMO DA GESTANTE 1º TRIMESTRE Tendência a hipoglicemia 2º TRIMESTRE Hormônios contrainsulínicos ↑ necessidade de insulina 3º TRIMESTRE ↑ necessidade de insulina Próximo ao termo: ↓ necessidade de insulina PUERPÉRIO ↓ brusca da necessidade de insulina Fonte: Elaborado pelo autor. Saiba mais! Como aprendemos na aula de Dr. Vinicius Carruego, as gestantes costumam apresentar algumas alterações decorrentes deste pro- cesso fisiológico, sendo alguns sinais bem marcantes naquelas que apresentam uma DMG: glicosúria (mesmo nas que não têm DM devido ao aumento da taxa de filtração glomerular), maior predisposição à infecção urinária, candidíase vaginal, progressão de lesões vasculares (retinopatia diabética, sobretudo nas que pos- suem DM prévio), associação com pré-eclâmpsia (importância das profilaxias). Diabetes Mellitus Gestacional 7 4. DIAGNÓSTICO Neste ponto, além do que trataremos a seguir acerca dos passos para o diag- nóstico, é importante ressaltar que a depender da disponibilidade técnica do local e viabilidade financeira da paciente será disponibilizado o melhor recurso para inves- tigação diagnóstica. O teste atualmente com melhor sensibilidade e especificidade para o diagnóstico de DMG é o Teste Oral de Tolerância à Glicose (TOTG) com 75g. Porém, ressalta-se que todas as gestantes devem dosar a glicemia em jejum até as 20 semanas de gestação. Naqueles locais em que é viável oferecer à gestante o teste de TOTG, o mesmo deve ser realizado entre 24-28 semanas para gestantes com resultado de glicemia em jejum < 92mg/dL. E, para aquelas que realizaram o início do pré-natal tardiamente (após 20 semanas), deve ser realizado o TOTG o mais breve possível. DIAGNÓSTICO DE DMG EM CONDIÇÕES ONDE É VIÁVEL REALIZAR O TOTG (75G). ≥ 92 mg/dL e < 125 mg/dL< 92 mg/dL GLICEMIA EM JEJUM (SOLICITADA NA 1ª CONSULTA) ≥ 126 mg/dL DMG Fazer TOTG com 24-28 semanas Repetir glicemia DG (DM prévio) ≥ 126 mg/dL (DM prévio) Um ou mais destes valores alterados diagnostica DMG. Se na 2ª hora > 200mg/dL TOTG (75g): 0h: < 92 mg/dL 1h: < 180 mg/dL 2h: < 153 mg/dL rastreio negativos Fonte: Elaborado pelo autor. Em situações onde a gestante tem reduzida viabilidade financeira e/ou não há disponibilidade técnica no local para realização do TOTG, todo rastreio para DM prévio e DMG deve ser feito com base no exame de glicemia em jejum independen- temente da idade gestacional que seja iniciado o pré-natal. Com isso, valores de glicemia em jejum entre 92 e 125mg/dL diagnosticam DMG; já os valores = 126mg/ dL representam que a gestante possui DM prévio. Valores < 92mg/dL representam normalidade na glicemia. Highlight Highlight Diabetes Mellitus Gestacional 8 DIAGNÓSTICO DE HIPERGLICEMIA NA GESTAÇÃO EM SITUAÇÕES DE REDUZIDA VIABILIDADE FINANCEIRA E/OU DISPONIBILIDADE DIAGNÓSTICA. GLICEMIA EM JEJUM (SOLICITADA NA 1ª CONSULTA INDEPENDENTE DA IDADE GESTACIONAL) ≥ 126 mg/dL< 92 mg/dL92 -125mg/dL DM prévioRepetir glicemia em jejum 24-28 semanasDMG Normal < 92 mg/dL rastreio negativos Fonte: Elaborado pelo autor. Devido ao risco aumentado de desenvolver DM tipo 2 em mulheres que tiveram DMG, recomenda-se repetir TOTG 6 semanas após o parto naqueles locais em que este teste é disponível, sendo este o padrão-ouro para diagnóstico de DM após a gestação, devendo ser realizado também a dosagem da glicemia em jejum concomitantemente. Na ausência deste teste, realiza-se a dosagem da glicemia em jejum apenas. Vale ressaltar que não há validação para uso de hemoglobina glicada no puerpério, deven- do todo seguimento da gestante ser realizado com glicemia em jejum e TOTG (75g). 5. COMPLICAÇÕES Diversas são as complicações decorrentes do DM durante a gestação, sendo ele prévio ou gestacional. A figura abaixo sintetiza as principais complicações tanto materna quanto neonatais, fetais e a longo prazo tanto para mãe como para o filho associadas ao DMG. No que tange ao DM prévio à gestação, este é mais associado ao risco de mal- formações fetais (cerca 6-10%), assim como está mais associado a abortamento, oligodramnia e anomalias congênitas (cardíaca é a mais comum). É importante que as mulheres que possuem DM previamente à gestação realizem controle glicêmico periconcepcional, buscando reduzir os riscos de complicações como abortamento. Diabetes Mellitus Gestacional 9 Se liga! A anomalia congênita mais cobrada nas provas de residência, apesar de não ser a mais comum, é a síndrome de regressão caudal! COMPLICAÇÕES MATERNAS, NEONATAIS, FETAIS E A LONGO PRAZO DO DMG. M AT ER N A FE TA IS N EO N AT A IS A L O N G O P RA ZO TPP RPMO Polidrâmnio Pré-eclâmpsia Infecções Atonia uterina Feto GIG Macrossomia Óbito fetal Hipoglicemia Hipocalemia Icterícia Desconforto respiratório Obesidade DM HAS Legenda: TPP = trabalho de parto prematuro; RPMO = ruptura prematura de membranas ovulares; Feto GIG = feto gigante para idade gestacional; DM = diabetes mellitus; HAS = hipertensão arterial sistêmica. Fonte: Elaborado pelo autor. Apesar da macrossomia e do Diabetes serem fatores de risco para distócia de om- bro, estes não são bom preditores para a ocorrência da mesma, uma vez que quase 50% dos bebês com esta complicação pesam menos de 4kg. No entanto, como vimos na aula de Dr. Vinicius, é importante estar atento para a ocorrência das distócias de ombro e saber como manejá-las. Um sinal importante que revela esta distócia é a saída e posterior retração da cabeça do bebê. A principal manobra a ser realizada como tratamento é a de McRoberts e pressão suprapúbica: Highlight Highlight Diabetes Mellitus Gestacional 10 Posição de McRoberts Rotação da pelve para horizontalização da sínfise facilitando o parto dos ombros Figura 2. Posição de McRoberts e pressão suprapúbica simultânea. Fonte: Acervo Sanar. 6. TRATAMENTO O reconhecimento precoce e tratamento do DMG é fundamental não só para gestante, mas também para o feto. Com isso, a Organização Pan-americana da Saúde (OPAS) em Consenso acerca do tratamento da DMG no Brasil, publicado em 2019, delimita que os objetivos primordiais do tratamento da gestante com DMG são a diminuição da morbimortalidade perinatal e da morbidade materna a curto e longo prazo. Logo, o controle eficaz da glicemia materna aumenta a probabilidade do nascimen- to de um recém-nascido vivo, com parto a termo, com crescimento adequado e sem distúrbios respiratórios e/ou metabólicos após o nascimento. Se liga! Ao diagnosticar o DMG, é fundamental que o médico expli- que para a paciente do que se trata este diagnóstico, os riscos de complicações para a mesma e para o feto, bem como explique as mudanças no estilo de vida e talvez uso de insulina que a mesma precisará fazer, ressaltando a importância do tratamento do DMG logo após o diagnóstico. Diabetes Mellitus Gestacional 11 • Terapia Nutricional: Orientações nutricionais devem ser dadas à gestante logo após o diagnóstico como forma de atingir as metas glicêmicas, ganho de peso adequado e para prevenir desfechos desfavoráveis. Com isso, a orientação dietética pode ser baseada tanto na distribuição ener- gética dos macronutrientes nas refeições quanto pela contagem de carboi- dratos, cabendo à gestante a decisão do melhor método. É fundamental para adesão da gestante a esta terapêutica um acompanhamentocom nutricionista (quando possível). Independentemente do método para orientação nutricional empregado, o cálculo do valor energético total (VET) deve ser individualizado, devendo a distribuição dos macronutrientes ocorrer com base neste VET: 40-55% carboi- dratos (restrição de açúcar e sacarose), 15-20% proteínas e 30-40% lipídios. • Exercício Físico: A prática regular de exercício físico deve ser encorajada, sendo ressaltado que sua execução é um dos pilares do tratamento do DMG. É fundamental que os profissionais de saúde avaliem as comorbidades clíni- cas e obstétricas antes de recomendar exercícios durante a gravidez. Alguns exemplos de atividades físicas seguras são: natação, caminhada, aeróbica de baixo impacto, yoga e pilates (ambos devendo evitar posturas que dificultem o retorno venoso), treinamento de força e exercícios ergométricos. A monitorização glicêmica deve ser realizada desde o diagnóstico e até o pós-parto, buscando adequada avaliação da eficácia e adesão terapêutica, bem como obtenção de controle glicêmico adequado. O método mais indicado para realizar a monitorização é a automonitorização da glicemia capilar com glicosímetro. Com isso, as gestantes devem anotar os valores de glicemia capilar e mostrar os resultados que devem ser analisados em cada consulta médica. Abaixo, as metas para controle glicêmico independentemente da idade gestacional: Tabela 2. Limites de glicemia capilar em pacientes com DMG HORÁRIO JEJUM 1H PÓS-PRANDIAL 2H PÓS-PRANDIAL Limites de Glicemia < 95mg/dL < 140mg/dL < 120mg/dL Em uso de insulina: < 70 mg/dL Em uso de insulina: 100mg/dL No trabalho de parto e durante o parto: 70-120mg/dL Fonte: Elaborada pelo autor. Diabetes Mellitus Gestacional 12 Saiba mais! A análise de 1h pós-prandiais, ou seja, 1h após o início das refeições, é a que melhor reflete os valores dos picos pós-prandiais avaliados pela monitorização glicêmica, estando mais associada ao risco de macrossomia fetal. Fonte: Ministério da Saúde, 2019. A frequência da monitorização glicêmica em pacientes que não fazem uso de me- didas farmacológicas deve acontecer 4 vezes por dia (jejum, pós-café, pós-almoço, pós-jantar) e, para aquelas que fazem uso de insulina, a medida deve ser 6 vezes ao dia (jejum, pós-café, antes do almoço, pós-almoço, antes do jantar, pós-jantar). FLUXOGRAMA. FREQUÊNCIA DO CONTROLE GLICÊMICO. SEM uso de terapia farmacológica EM USO de terapia farmacológica FREQUÊNCIA DE MONITORIZAÇÃO GLICÊMICA 4x 6x Jejum Pós-almoço Antes almoço Antes jantar Pós-café Pós-jantar Pós-almoço Pós-jantar Jejum Pós-café Fonte: Elaborado pelo autor. Diabetes Mellitus Gestacional 13 Para aquelas pacientes diagnosticadas com DMG, é possível tentar o controle gli- cêmico dentro dos limites adequados, adotando mudanças de estilo de vida (terapia nutricional e exercício físico). Caso os primeiros 15 dias não sejam suficientes para realizar este controle, indica-se a insulinoterapia. • Insulinoterapia: Esta abordagem medicamentosa, com base em evidências cientí- ficas, continuam sendo a 1ª escolha no tratamento medicamentoso da hiperglice- mia na gestação. As insulinas mais utilizadas e disponíveis são: a NPH, de ação intermediária, utilizada para o controle da glicemia de jejum e pré-prandiais; e a Regular, de ação rápida, indicada para o controle das glicemias pós-prandiais. A Sociedade Brasileira de Diabetes recomenda a dose inicial entre 0,3 e 0,5 UI/kg/dia via subcutânea, devendo ser realizados ajustes a cada 15 dias até a 30ª semana e semanalmente após a 30ª semana, baseados nos resultados da monitorização glicêmica. Dependendo da dose diária calculada, a mesma pode ser dividida em múltiplas aplicações diárias, com maior concentração pela manhã, antes do café da manhã. Importante: Para aquelas gestantes que usam insulina à noite, deve-se reforçar a necessidade de realizar uma ceia contendo 25g de carboidratos, proteínas e lipídios para prevenir a ocorrência de hipoglicemia. Conceito: A insulina é a 1º escolha no tratamento de hiperglice- mia na gestação, na dose inicial entre 0,3 e 0,5UI/kg/dia, dividida entre múltiplas aplicações diárias, com maior concentração no jejum. A dose da insulina deve ser ajustada nas consultas subsequentes, a depender da monitorização glicêmica apresentada pela gestante. Saiba mais! Cerca de 86% das gestantes com DMG não necessitam de controle glicêmico intraparto; no entanto, caso seja necessário, o mesmo deve ser mantido entre 70-120mg/dl. Valores < 70mg/dL devem ser corrigidos com infusão contínua de glicose a 5 ou 10%, assim como, caso os níveis glicêmicos estejam = 120mg/dL, deve-se aplicar insulina regular subcutânea devido a sua ação rápida. (Fonte: Organização Pan-Americana da Saúde. Ministério da Saúde. Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia. Sociedade Brasileira de Diabetes. Tratamento do diabetes mellitus gestacional no Brasil. Brasília, DF: OPAS, 2019. 57 p.: il.) Diabetes Mellitus Gestacional 14 • Antidiabéticos Orais: Em Consenso sobre Tratamento do DMG no Brasil realizado entre a OPAS, Ministério da Saúde e FEBRASGO, no ano de 2019, recomenda-se que a 1ª escolha para o tratamento do DMG e de hiperglicemias na gestação é a insulina, porém o uso de antidiabéticos orais (como a Metformina) pode ser considerado apenas nas seguintes situações: • Não acessibilidade à insulina; • Dificuldade na administração da insulina; • Estresse exacerbado decorrente do uso da insulina, seguido de restrição ali- mentar mesmo após orientação adequada; • Necessidade de altas doses de insulina (> 100UI) sem resposta adequada no controle glicêmico e ganho de peso excessivo em uso de insulina. Se liga! Mulheres com DM prévio a gestação que estavam em uso de antidiabéticos orais devem ter os mesmos substituídos pela insulina durante a gestação, retornando com os respectivos antiabéticos orais e suas doses logo após o parto. MAPA MENTAL DO TRATAMENTO Exercício físico Terapia nutricional Insulinoterapia Antidiabéticos orais 40 – 55% de carboidratos 15- 20% proteínas 30 – 40% de lipídios 0,3 - 0,5 UI/Kg, SC Somente se: - Não acessibilidade à insulina; - Dificuldade na administração da insulina; - Estresse exacerbado decorrente do uso da insulina, seguido de restrição alimentar mesmo após orientação adequada; - Necessidade de altas doses de insulina (> 100UI) sem resposta adequada no controle glicêmico e ganho de peso excessivo em uso de insulina. Jejum: < 70 mg/dL Controles 1 – 2h pós-prandial: 100 mg/dL Fonte: Ministério da Saúde, 2012. Diabetes Mellitus Gestacional 15 7. SEGUIMENTO No seguimento desta gestação é importante que as consultas sejam realizadas quinzenalmente até a 30ª semana e semanalmente após a 30ª semana, assim como deve-se proceder com a realização trimestral de: função renal e proteinúria, urocultura, fundo de olho. O Ministério da Saúde, em seu Manual Técnico para Gestação de Alto Risco publicado em 2012, determina as seguintes condutas de avaliação fetal: Tabela 3. Indicação de avaliação fetal de acordo com gravidade do diabetes. DIABETES GESTACIONAL BEM CONTROLADO COM DIETA GESTANTES DIABÉTICAS INSULINO-DEPENDENTES SEM VASCULOPATIA GESTANTES DIABÉTICAS INSULINO-DEPENDENTES COM VASCULOPATIA Ultrassonografia e ecografia inicial 18-20 semanas ou no diagnótico 18-20 semanas 18-20 semanas Início da contagem de movimentos fetais não indicada 26-28 semanas 26-28 semanas Início da avaliação do crescimento fetal 28 semanas 28 semanas 28 semanas Periodicidade da avaliação do cresci- mento fetal Cada 4 semanas Cada 4 semanas Cada 4 semanas Cardiotocografia basal ou PBF início não indicada 32 semanas 28-32 semanas Periodicidade da Cardiotocografia basal ou PBF não indicada 2 vezes por semana, podendo alternar os dois exames 2 vezes por semana, podendo alternar os dois exames Dopplerfluxometria de artéria umbilical fetal não indicada não indicadanão indicada Limite para o parto 40 semanas Pode ser anterior ao termo das condições maternofetais Com evidências de maturidade pulmonar ou 38 semanas Fonte: Ministério da Saúde, 2012 Diabetes Mellitus Gestacional 16 Interrupção da gestação: A idade gestacional ideal para programação do parto depende do controle metabólico materno e de alterações no crescimento fetal. As gestações em que há bom controle metabólico, adequado crescimento fetal e/ ou líquido amniótico não devem passar 40 semanas e 6 dias. Porém, aquelas em que houve difícil controle glicêmico, alterações no crescimento fetal e no líquido amnióti- co não se devem passar de 39 semanas e 6 dias, devendo individualizar cada caso. Gestantes em uso de insulina devem ter o parto realizado até 38 semanas. Quanto à via do parto, a vaginal é a preferencial, devendo a cesárea ser indicada em situações em que não há boa progressão do trabalho de parto. Atenção! DMG não é indicação de parto cirúrgico. O mesmo deve ser indicado pelo obstetra de acordo com as individualidades de cada caso. Diabetes Mellitus Gestacional 17 MAPA MENTAL DMG COMPLICAÇÕES DIAGNÓSTICO Glicemia de jejum Controle alimentar Antidiabéticos orais Insulinoterapia Exercício físico MATERNA TPP Polidrâmnio Pré-eclampsia NEONATAIS Hipoglicemia Hipocalemia Icterícia FETAIS Feto GIG Macrossomia Óbito feta A LONGO PRAZO Obesidade DM HAS ≥ 92 mg/dL e < 125 mg/dL TRATAMENTO FISIOPATOLOGIA Resistência à insulina comandada pelos hormônios contrainsulínicos FATORES DE RISCO - Antecedentes familiares de DM em parentes de 1º grau - HbA1c ≥ 5,7% - Síndrome dos ovários policísticos - Hipertensão Arterial Sistêmica - DMG - Polidrâmnio - Macrossomia (peso > 4kg) - Óbito neonatal/fetal - Malformação fetaL DMG Catabolismo exagerado de lipídeos TOTG com 24-28 semanas 0h: < 92 mg/dL e/ou 1h: < 180 mg/Dl e/ou 2h: < 153 mg/dL Fonte: Elaborado pelo autor. Diabetes Mellitus Gestacional 18 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Organização Pan-Americana da Saúde. Ministério da Saúde. Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia. Sociedade Brasileira de Diabetes. Rastreamento e diagnóstico de diabetes mellitus gestacional no Brasil. Brasília, DF: OPAS, 2016. Organização Pan-Americana da Saúde. Ministério da Saúde. Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia. Sociedade Brasileira de Diabetes. Tratamento do diabetes mellitus gestacional no Brasil. Brasília, DF: OPAS, 2019. 57 p.: il. REZENDE. Obstetrícia Fundamental/ Carlos Antônio Barbosa Montenegro, Jorge de Rezende Filho. 13ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Gestação de alto risco: manual técnico. Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. – 5. ed. – Brasília : Editora do Ministério da Saúde, 2012. 302 p. ALMEIDA, M. C. et al. Consenso “Diabetes Gestacional”: Atualizações 2017. Revista Portuguesa de Diabetes. 2017; 12 (1): 24-38. sanarflix.com.br Copyright © SanarFlix. Todos os direitos reservados. Sanar Rua Alceu Amoroso Lima, 172, 3º andar, Salvador-BA, 41820-770 1. DEFINIÇÃO 2. EPIDEMIOLOGIA 3. FISIOPATOLOGIA 4. DIAGNÓSTICO 5. COMPLICAÇÕES 6. TRATAMENTO 7. SEGUIMENTO REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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