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UNVERSIDADE PAULISTA – UNIP Engenharia Civil 10° semestre ISRAEL DE SOUZA LENADRO APS – Atividades Práticas Supervisionadas Conceitos sobre Pontes Estaiadas Ribeirão Preto – SP 2020 ISRAEL DE SOUZA LENDRO RA: C09EEC-5 TURMA:TT0T18 APS – Atividades Práticas Supervisionadas Conceitos sobre Pontes Estaiadas Esse trabalho técnico apresentado como requisito parcial para obtenção de aprovação na disciplina 585x Atividade Pratica Supervisionada, 9° semestre, do curso de engenharia civil na Universidade paulista de Ribeirão Preto. Orientador: Prof. Mestre Fernando Brant Ribeirão Preto – SP 2021 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ............................................................................................ 8 2. JUSTIFICATIVA ......................................................................................... 8 3. OBJETIVO .................................................................................................. 9 4. DESENVOLVIMENTO .............................................................................. 10 4.1. PONTES ESTAIADAS NO MUNDO ............................................................. 10 Imagem 1 - Embarcação egípcia com estais de corda e passarela arcaica em Borneo com estais de trepadeiras. ........................................ 10 Fonte: MACHADO, Daniel de Souza. Caracterização aerodinâmica de cabos de pontes estaiadas submetidos à ação combinada de chuva e vento. 2008. .............................................................................................. 10 5. PONTES ESTAIADAS.............................................................................. 11 Imagem 2 – A imagem mostra quatro disposições para a viga estaiada .................................................................................................... 12 Fonte: https://digomes.wordpress.com/2010/04/29/estruturas-e- sistemas-construtivosponte-estaiada-da-normandia ................................ 12 5.1. ALGUMAS DAS CARACTERÍSTICAS IMPORTANTES .................................... 12 Imagem 3 – Estais de uma ponte estaiada .................................... 14 Fonte: Google imagens, 2021 ........................................................ 15 Imagem 4 – Ponte Pasco-Kennewick nos EUA ............................. 15 Fonte: Google imagens, 2021 ........................................................ 15 5.2. SISTEMAS DE CABOS ............................................................................ 15 Imagem 5 – Principais configurações longitudinais de cabos ........ 16 Fonte: Google imagens, 2021 ........................................................ 16 Imagem 6 – Ponte Teresina / PI (sistema em harpa) ..................... 16 Fonte: Google imagens, 2021 ........................................................ 16 Imagem 7 – Ponte Octávio Frias de Oliveira / SP (sistema em leque) ................................................................................................................. 17 Fonte: Google imagens, 2021 ........................................................ 18 6. COMPONENTE DOS SISTEMAS ESTRUTURAL ................................... 19 7. COMPONENTE ESTRUTURAL E SUAS DIVERSAS APLICAÇÕES ..... 21 Imagem 8 – Componentes estruturais ........................................... 22 Fonte: Google imagens, 2021 ........................................................ 22 Imagem 9 – Geometria da categoria 1 ........................................... 22 Fonte: Google imagens, 2021 ........................................................ 22 Imagem 10 – Geometria da categoria 2 ......................................... 23 Fonte: Google imagens, 2021 ........................................................ 23 Imagem 11 – Geometria da categoria 3 ......................................... 23 Fonte: Google imagens, 2021 ........................................................ 23 7.1. ESTAIS ................................................................................................ 24 Imagem 12 – Componentes dos estais Ponte Octavio Frias e Oliveira ................................................................................................................. 24 Fonte: Google imagens, 2021 ........................................................ 24 Imagem 13 – Sistema de ancoragem e proteção de um estai ....... 25 Fonte: Google imagens, 2021 ........................................................ 25 7.2. CONCEPÇÃO DO PROJETO .................................................................... 26 7.3. LIGAÇÃO ENTRE OS ESTAIS E O TABULEIRO ............................................ 26 7.4. ARRANJOS PARA A DISPOSIÇÃO DOS ESTAIS .......................................... 26 Imagem 14 – Idealização de ponte estaiada tipo Harpa em Ilhéus, Bahia. ....................................................................................................... 27 Fonte Google imagens, 2021 ......................................................... 27 7.5. PLANOS DE ESTAIS ............................................................................... 28 Imagem 15 – Ponte estaiada Great Belt Brigde, com dois planos de estais ........................................................................................................ 29 Fonte: Google imagens, 2021 ........................................................ 29 7.6. CONFIGURAÇÃO DAS TORRES ................................................................ 30 8. INFLUÊNCIA AERODINÂMICA ............................................................... 30 Imagem 16 - Colápso da Ponte Tacoma Narrow em 1.940 ........... 31 Fonte: Google Imagens, 2021........................................................ 31 9. MODELOS DE ANÁLISE ESTRUTURAL ................................................ 32 10. PROCESSO DE EXECUÇÃO ............................................................... 33 Imagem 17 – Vista lateral da Ponte do Saber em construção ....... 33 Fonte: Google imagens, 2021 ........................................................ 33 Imagem 18 – Distribuições dos estais e pontos notáveis do tabuleiro ................................................................................................................. 35 Fonte: Google imagens, 2021 ........................................................ 35 11. TIPOS DE MATERIAIS ......................................................................... 35 12. VANTANGENS E DESVANTAGENS ................................................... 38 12.1. VANTAGENS DE ALTURA ........................................................................ 38 12.2. VANTAGENS DE CONSTRUÇÃO ............................................................... 38 12.3. VANTAGENS E DESVANTAGENS DE FLEXIBILIDADE ................................... 38 12.4. DESVANTAGENS DE FUNDAÇÃO ............................................................. 38 12.5. CARGAS PESADAS ................................................................................ 38 13. LIMITAÇÕES DO SITEMA ESTRUTUTAL ........................................... 38 14. EXEMPLOS DE OBRAS JÁ EXECUTADAS E OS MAIORES VÃOS JÁ VENCIDOS 40 14.1. PONTE AKASHI-KAIKYO – JAPÃO (1.991M) ............................................ 40 Imagem 19 – Vista da ponte Akashi-Kaikyo no Japão ................... 40 Fonte: Google imagens, 2021 ........................................................ 40 14.2. PONTE XIHOUMEN – CHINA (1650M) ...................................................... 41 Imagem 20 – Vista da ponte Xihoumen na China .......................... 41 Fonte: Google imagens, 2021 ........................................................ 41 14.3. PONTE GREAT BELT – DINAMARCA (1624M ........................................... 41 Fonte: Google imagens,2021 ........................................................ 41 14.4. PONTE RUNYANG – CHINA (1490M) ....................................................... 42 Imagem 22 – Vista da ponte Runyang na China............................ 42 Foto: Google imagens, 2021 .......................................................... 42 14.5. PONTE HUMBER – INGLATERRA (1410M) ............................................... 42 Imagem 23 – Vista da ponte Humber na Inglaterra ....................... 42 Fonte: Google imagens, 2021 ........................................................ 42 14.6. PONTE JIANGYIN SUSPENSION – CHINA (1385M) .................................... 43 Imagem 24 – Vista da Ponte Jiangyin Suspension na China ......... 43 Fonte: Google imagens, 2021 ........................................................ 43 14.7. PONTE TSING MA – CHINA (1377M) ....................................................... 43 Imagem 25 – Vista da ponte Tsing Ma na China ........................... 43 Fonte: Google imagens, 2021 ........................................................ 43 14.8. PONTE VERRAZANO NARROWS - EUA (1298M) ...................................... 44 Imagem 26 – Vista da ponte Verrazano Narrows nos EUA ........... 44 Fonte: Google imagens, 2021 ........................................................ 44 14.9. PONTE GOLDEN GATE – EUA (1280M).................................................. 44 Imagem 27 – Vista da Ponte Golden Gate no EUA ....................... 44 Fonte: Google imagens, 2021 ........................................................ 44 14.10. PONTE YANGLUO – CHINA (1280M) ....................................................... 45 Imagem 28 – Vista da ponte Yangluo na China ............................. 45 Fonte: Google imagens, 2021 ........................................................ 45 14.11. PONTE DA NORMANDIA – FRANÇA (2143,21M) ....................................... 45 Imagem 28 – Vista da ponte da Normandia no norte da França ... 45 Fonte: Google Imagens, 2021........................................................ 46 15. CONCLUSÃO ........................................................................................ 46 16. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................... 46 RESUMO O princípio estrutural das pontes estaiadas não é tão recente quanto as pontes propriamente ditas. Em algumas estruturas, tais como passarelas, embarcações e tendas, já se usavam cabos como sustentação. Com a evolução da tecnologia e dos materiais, houve a possibilidade de um aperfeiçoamento dessas técnicas e sua utilização nas mais diversas áreas. As pontes estaiadas surgiram como uma alternativa eficaz para transpor grandes vãos, possibilitando a utilização de estruturas mais leves, esbeltas e econômicas. Este trabalho apresenta à evolução das pontes estaiadas no mundo e no Brasil, enfatizando os seus aspectos históricos, as novas tecnologias empregadas nestes projetos, as diversas possibilidades de geometria da estrutura e os métodos construtivos empregados nestas pontes. Para as pontes estaiadas ao redor do mundo, é elaborada uma análise geral, demonstrando sua importância ao longo da história e as vantagens que as mesmas propiciaram para o suprimento das necessidades da humanidade. Fazendo uma análise especial das pontes estaiadas brasileiras, é elaborada uma listagem das mesmas por ordem cronológica, indicando suas principais características. Finalmente, para as pontes estaiadas nacionais de maior destaque, é feita uma análise mais detalhada das suas principais características quanto ao vão central, geometria da ponte, processo construtivo, curiosidades sobre o empreendimento e período de construção. Com o objetivo de ambientar o tema em questão antes de aprofundá-lo. Nesta etapa, são abordados: o início da utilização dos estais, registros dos primeiros projetos de pontes estaiadas e a grande disseminação deste tipo de ponte durante o período de reconstrução após a segunda guerra mundial. O contexto histórico também é apresentado em relação à situação deste tipo de ponte no cenário nacional. Na sequência abordam-se as considerações gerais e informações importantes a cerca da circunstância atual das pontes estaiadas. O trabalho tem prosseguimento com os aspectos conceituais relacionados aos principais elementos estruturais que compõem as pontes estaiadas. No tópico desenvolvimento das pontes estaiadas, trata-se dos avanços evidenciados na fase de concepção do projeto. Também são apresentados argumentos sobre a otimização dos processos relativos à análise, ao projeto e às possibilidades de dimensionamento de estruturas complexas, proporcionada pelos softwares de análise estrutural. Um dos principais progressos na análise das pontes estaiadas, está na melhor compreensão do comportamento das pontes estaiadas submetidas à ação do vento visando reduzir ou suprimir vibrações nos elementos estruturais que a compõem. Muitas das limitações das pontes estaiadas foram superadas pelo desenvolvimento de métodos construtivos específicos e de materiais com maiores capacidades de resistência. A ponte estaiada é uma tendência e tem inspirado a construção de diversas outras pontes no âmbito nacional. Palavras – Chave: Pontes, Cabos e Grandes Vãos ABSTRACT The structural principle of cable-stayed bridges is not as recent as bridges themselves. In some structures, such as walkways, boats and tents, cables were already used as support. With the evolution of technology and materials, there was the possibility of improving these techniques and their use in the most diverse areas. Cable-stayed bridges have emerged as an effective alternative to bridge large spans, enabling the use of lighter, slimmer and more economical structures. This work presents the evolution of cable-stayed bridges in the world and in Brazil, emphasizing their historical aspects, the new technologies used in these projects, the different possibilities of structure geometry and the construction methods used in these bridges. For cable- stayed bridges around the world, a general analysis is carried out, demonstrating their importance throughout history and the advantages they have provided for meeting the needs of humanity. Making a special analysis of the Brazilian cable-stayed bridges, a list of them is prepared in chronological order, indicating their main characteristics. Finally, for the most prominent national cable-stayed bridges, a more detailed analysis of their main characteristics is made regarding the central span, geometry of the bridge, construction process, curiosities about the project and construction period. the use of the estais, records of the first cable-stayed bridge projects and the great dissemination of this type of bridge during the reconstruction period after the Second World War. The historical context is also presented in relation to the situation of this type of bridge in the national scenario. Following, general considerations and important information about the current circumstance of cable-stayed bridges are addressed. The work continues with the conceptual aspects related to the main structural elements that make up the cable-stayed bridges. In the topic development of cable-stayed bridges, it is about the advances evidenced in the project design phase. Arguments about the optimization of processes related to analysis, design and the possibilities of dimensioning complex structures are also presented, provided by structural analysis software. One of the main advances in the analysis of cable-stayed bridges lies in a better understanding of the behavior of cable-stayed bridges subjected to the action of the wind in order to reduce or suppress vibrations in the structural elements that compose it. Many of the limitations of cable-stayed bridges have been overcome by the development of specific construction methodsand materials with greater resistance capacities. The cable-stayed bridge is a trend and has inspired the construction of several other bridges nationwide. Keywords: Bridges, cables and large span 8 1. INTRODUÇÃO Atualmente as pontes estaiadas estão em grande destaque, tanto no cenário nacional como também no internacional. O crescimento desse tipo de ponte é cada vez maior o número de obras de arte especiais de grande porte e visibilidade sendo projetadas e executadas utilizando esta solução estrutural, que tem como premissa básica a sustentação do tabuleiro através dos estais. Já no Brasil as pontes estaiadas encontram-se cada vez mais presentes, pois além de unirem beleza e esbeltez, conseguem vencer vãos livres que chegam a centenas de metros. O projeto de pontes deste tipo envolve ambiente com múltiplos objetivos, no qual se devem atender a diversos critérios de projeto como segurança, funcionalidade e economia, a ponte estaiada consiste de um tabuleiro suportado por cabos retos e inclinados fixados nos mastros, esse tipo de ponte tem se tornado mais comum devido a sua economia e estabilidade para grandes vãos. Esse tipo de estrutura é altamente hiperestática bastante sensível a sequência construtiva, mas mesmo assim por conta da flexibilidade do tabuleiro uma considerável gama de esforços de instalações de estais. O trabalho vem mostrar um pouquinho de como é o processo estrutural, alguns dos materiais, os maiores vãos e outros. 2. JUSTIFICATIVA Pontes Estaiadas encontram-se cada vez mais presentes em obras brasileiras, pois além de unirem beleza e Esbeltez, conseguem vencer vãos livres que chegam a centenas de metros. O projeto de pontes deste tipo envolve ambiente com múltiplos objetivos, no qual se devem atender a diversos critérios de projeto como segurança, funcionalidade e economia. Torna-se necessário, portanto uma compreensão adequada do comportamento estrutural deste sistema. No projeto de pontes, as decisões mais importantes são feitas geralmente nas fases iniciais, tornando-se fundamental, na fase de pré-dimensionamento, o entendimento do comportamento da estrutura. Para o mesmo problema, mais de uma solução pode ser viável, no entanto, algumas serão mais eficientes no que diz respeito ao consumo de materiais, facilidades construtivas, prazo de execução e comportamento físico da estrutura. O pré-projeto de uma ponte compreende, em síntese, a determinação da geometria e da configuração a ser adotada e do material utilizado em cada componente, todos eles obedecendo à um conjunto de restrições e critérios de projeto. 9 No caso de uma ponte Estaiada, nos deparamos com várias alternativas e possibilidades de projeto, sendo de extrema importância uma ferramenta capaz de dar suporte à esse empreendimento. A determinação das configurações geométricas de uma ponte deste tipo e das forças de protensão nos cabos é função de alguns fatores como: a relação entre os vãos livres, número de apoios, estética e custos. O conhecimento da evolução histórica da concepção estrutural e dos materiais utilizados neste tipo de ponte, bem como seus possíveis arranjos, são subsídios básicos para uma boa compreensão e análise do comportamento das pontes Estaiadas. Atualmente as pontes Estaiadas encontram-se em grande destaque, em evidência, tanto no cenário nacional quanto no cenário internacional. É notável o crescimento cada vez maior do número de obras de arte especiais de grande porte e visibilidade sendo projetadas e executadas utilizando esta solução estrutural, que tem como premissa básica a sustentação do tabuleiro através dos estais. A quantidade de estudos e pesquisas realizados tendo este tipo de ponte como foco é consideravelmente restrita e a disseminação da sua utilização em larga escala são relativamente recentes, principalmente no que se refere ao Brasil, país no qual esta alternativa foi introduzida a pouco mais de dez anos. Entretanto, mesmo em face à estas constatações, é possível observar que os desenvolvimentos alcançados nessa área são de importância extremamente relevante e figuram em diversos aspectos, como por exemplo a concepção estrutural dos projetos, os métodos de cálculo utilizados e os limites transpostos. Justificando o aprimoramento gerado por estes avanços existentes, que ainda são pouco conhecidos e explorados, os estais já são capazes de proporcionar às pontes a superação de vãos com mais de mil metros de extensão. Ainda assim, mesmo sendo tão extensas, as pontes Estaiadas são capazes de adotar seções transversais bastante esbeltas para compor o tabuleiro, consequentemente, as superestruturas infligem uma carga menor sobre os apoios e não deixam a desejar nem em termos de segurança e nem no aspecto estético. 3. OBJETIVO Objetivo principal do trabalho é abordar os aspectos construtivos, tecnológicos, os materiais empregados na construção desse tipo de ponte, trazer as vantagens e desvantagens no sistema estrutural e descrever o seu processo de execução. 10 4. DESENVOLVIMENTO 4.1. Pontes estaiadas no mundo O conceito estrutural básico e característico das pontes estaiadas é representado por uma estrutura sustentada por estais. A utilização deste mesmo esquema estrutural pode ser facilmente identificada, através dos mais diversos registros históricos, como uma alternativa frequentemente utilizada em algumas das mais antigas civilizações. O legado cultural deixado por estas civilizações torna possível a constatação do emprego dos mais variados tipos de materiais na composição dos estais. Nas construções das embarcações egípcias, por exemplo, era feito o uso de cordas conectadas ao mastro principal que serviam de apoio para as vigas. Já nos castelos medievais, que possuíam valas e fossos para dificultar a entrada, eram utilizadas correntes que atuavam como sustentáculo para pontes e portões levadiços. Existem ainda, evidencias da utilização de cordões de trepadeiras como elementos de sustentação de passarelas primitivas em Borneo, na Oceania (MACHADO, 2008) Imagem 1 - Embarcação egípcia com estais de corda e passarela arcaica em Borneo com estais de trepadeiras. Fonte: MACHADO, Daniel de Souza. Caracterização aerodinâmica de cabos de pontes estaiadas submetidos à ação combinada de chuva e vento. 2008. Em relação às pontes estaiadas propriamente ditas, existem vários esboços de projetos, inclusive alguns da autoria de Leonardo da Vinci, de estruturas de pontes onde se nota a existência de estais. Entretanto, a primeira ponte estaiada a sair do papel foi projetada e construída pelo carpinteiro alemão Immanuel Löscher em 1784, 11 o material utilizado tanto para o tabuleiro como para os estais foi a madeira (TORNERI, 2002). Mais adiante, em 1817, os avanços na utilização dos materiais permitiram que os engenheiros britânicos, Brown e Redpath, projetassem e construíssem a passarela de King’s Meadow, concebida com estais de ferro e um vão com 34 metros de extensão (TORNERI, 2002). Ao longo da história é possível evidenciar registros de importante marcos na concepção das pontes estaiadas. No ano de 1821, o arquiteto francês Poyet confeccionou o projeto de uma ponte estaiada na qual todos os cabos convergiam para um mesmo ponto no apoio principal, configurando o atualmente chamado arranjo em leque. Em contra partida, no ano de 1840, foi proposto por Hatley um novo tipo de arranjo, no qual os cabos se encontravam dispostos paralelamente ao longo dos apoios principais, conhecido como harpa (TORNERI, 2002). 5. PONTES ESTAIADAS Como o próprio nome já diz ponte com estais, ou melhor um tipo de ponte que é suspensa por cabos de sustentação que partem diretamente de um mastro e vão até o tabuleiro da ponte. Essa ponte serve pra desafogar o trânsito, sobre um rio, ou até mesmo oceano, alguns pontos não são levamos em conta, pontos estes que vão alémda simples função inicial dela, a função de vincular duas extremidades, e sim sua beleza que pode ser projetada, dando outro aspecto. A ponte da Normandia situada na França, na foz do rio Sena entre Honfleur e Le Havre, essa obra foi finalizada em 1995 com seu vão livre central de 856m, superou na época o maior vão já construído, com um vão central livre de 856m de extensão sobre o rio, podemos contemplar tal beleza, com seus estais agregado à grandes estacadas, teremos a sensação de leveza e que o próprio tabuleiro esteja flutuando sobre as águas. Esse tipo de ponte é considerado econômico para vãos na faixa de 100 a 350m. As pontes de vigas estaiadas podem ser comparadas com as pontes pênseis convencionais como estruturas pênseis, porém é melhor constar imediatamente que essa semelhança não é muito profunda. Os principais problemas em relação a projeto são diferentes para as duas estruturas. A baixa rigidez da ponte pênsil enrijecida traz o comportamento não-linear e à instabilidade aerodinâmica. Nenhum desses problemas é sério em pontes de vigas 12 estaiadas. Mais importantes são a escolha da disposição e o projeto dos detalhes dos estais. Imagem 2 – A imagem mostra quatro disposições para a viga estaiada Fonte: https://digomes.wordpress.com/2010/04/29/estruturas-e-sistemas-construtivosponte- estaiada-da-normandia ➢ Leque: Uma série em que todos os cabos se encontram para um ponto no topo da torre. ➢ Harpa: Os cabos são dispostos em linhas paralelas. ➢ Leque Modificado: Tem as intersecções dos cabos parcialmente separa das nas torres e é intermediário entre o leque e a harpa. ➢ Harpa com Ancoragem Externa: O tabuleiro pode ser apoiado em um pilar em cada ancoragem do cabo (estais) no lado do acesso. A ponte estaiada requer maior estrutura de cabos, e também uma ponte fixa que requer uma estrutura de sustentação mais cara e bem elaborada, hoje em dia é mais comum a construção desse tipo de ponte porque além de dar uma estabilidade maior entre os grandes vãos (usualmente acima de 200m), para vãos superiores, a solução de pontes pênseis é mais empregada e economicamente mais competitiva. A ponte estaiada também tem uma aparência atrativa, ou seja, serve para um novo cartão postal da cidade. 5.1. Algumas das características Importantes • Uso de cabos de alta resistência à tração representa economia de material, redução de peso e menor custo. https://digomes.wordpress.com/2010/04/29/estruturas-e-sistemas-construtivosponte-estaiada-da-normandia https://digomes.wordpress.com/2010/04/29/estruturas-e-sistemas-construtivosponte-estaiada-da-normandia 13 • Comparada com os de pontes pênseis enrijecidas, os cabos são retos ao invés de curvos, o que proporciona maior rigidez a estrutura. Lembrando que a não-linearidade da ponte pênsil enrijecida torna o cabo mais propicio a mudanças de curvatura e da variação do momento fletor da reação que absorve a tração exercida pelo cabo. E esse fenômeno não pode ocorrer em disposições com cabos retos. • Os cabos são fixados (ancorados) no tabuleiro, no qual produzem forças de compressão. Em projetos que visam a economia, a superfície do tabuleiro deve trabalhar juntamente na absorção dessas forças. Em estruturas de concreto, essa força que se encontra no eixo aplica tensões ao tabuleiro. • Todos os cabos individualmente são mais curtos que o comprimento total da superestrutura em si. Eles normalmente são construídos de fios metálicos, fornecidos com extremidades próprias, esticados e não- torcidos. O problema da montagem dos cabos é bem diferente do das pontes pênseis convencionais. • Há grande liberdade de escolha na seleção da disposição da estrutura. • Comparadas com as pontes pênseis enrijecidas, as pontes de vigas estaiadas tendem a ser menos eficientes no suporte da carga continua e permanente, só que mais eficientes sobre a carga móvel. Como resultante, é provável que não sejam econômicas para vãos mais longos. São consideradas econômicas na faixa de 100 a 350m, em alguns projetos chegam a aumentar esse limite. • Os cabos podem ser implantados em um único plano, na linha central e longitudinal do tabuleiro, essa disposição tem a vantagem de apresentar a resistência à torção inerente a um sistema de vigas e reduzindo ao máximo o número de pernas das estacadas que distribuem os cabos. Também simplifica a aparência da estrutura e evita a poluição visual dos cabos, de maneira intercalada, quando a ponte é vista diagonalmente. • Na maioria das vezes é conveniente a utilização de equipamentos que reforcem e modificam as forças dos cabos, esses equipamentos são inseridos nas ancoragens dos cabos as torres, ou também podem ser implantados nos topos delas. É necessária essa utilização pelos ajustes 14 que podem vir à acontecer com os cabos, devido à deformação lenta que ocorre, ou também a erros técnicos, como: erros no comprimento dos cabos ou a variações no seu cálculo de elasticidade. Podem também ser usados para modificar a distribuição de tensões, devida à carga que sempre é encontrada naquele eixo, podendo trazer as tensões do vão principal pra cima. • A presença dos cabos facilita a construção das pontes de vigas estaiadas. Estais provisórios desse tipo são comuns na construção, em balanço, de vigas das pontes. • A instabilidade aerodinâmica, por meio de ventos, não tem sido considerada como problema em estruturas construídas até o presente. • A frequência natural de vibração é diferente quando é observado de estruturas convencionais, como em pontes pênseis que possuem maior facilitada e estão expostas a essa vibração, pelo seu modo de concepção. No caso de disposição em harpa na ponte estaiada, os cabos tendem a equilibrar uma carga exercida em uma das extremidades da torre com a carga no lado oposto, produzindo uma redução menor no momento devido à carga contínua no tabuleiro e uma possível redução na rigidez do tabuleiro. Com isso, a ponte pode chegar a vibrar de um modo pelo qual pontos nas duas extremidades de um cabo tenham movimentos verticais em sentidos opostos. A contribuição dos cabos para a rigidez do tabuleiro pode ser pequena e levar a frequências naturais de vibração indesejáveis, para estes casos a disposição de estais em leque ou harpa com ancoragem externa são mais recomendadas, evitando e amenizando esse aspecto. Imagem 3 – Estais de uma ponte estaiada 15 Fonte: Google imagens, 2021 Com o passar dos anos, as pontes Estaiadas passaram a ficar mais esbeltas e mais flexíveis. Inicialmente as pontes possuíam poucos estais e eram muito espaçados que suportavam tabuleiros muito rígidos. Estes tabuleiros eram responsáveis por resistir às solicitações de flexão entre os pontos de ancoragem dos cabos. Exemplo deste tipo de ponte é a ponte Knee. Em seguida, as pontes Estaiadas passaram a apresentar um grande número de estais, sendo eles pouco espaçados. Neste caso, o tabuleiro possui um comportamento similar a uma viga apoiada em apoios elásticos, conduzindo a uma baixa rigidez à flexão do tabuleiro. Neste mesmo período elas também se caracterizavam pela suspensão parcial, ou seja, os estais eram interrompidos a certa distância da torre. Como exemplo, tem a ponte Friedrich Ebert, na Alemanha. Até então o comportamento mecânico destas obras podiam ser comparados a o de uma treliça, onde o tabuleiro era o elemento comprimido e os estais eram as diagonais tracionadas. Logo em seguida, as pontes Estaiadas passaram a apresentar múltiplos estais com suspensão total do tabuleiro, inclusive próximo às torres. Um exemplo deste tipo de ponte é a ponte Pasco-Kennewick, nos Estados Unidos. Imagem 4 – Ponte Pasco-Kennewick nos EUA Fonte: Google imagens, 2021 5.2. Sistemas de cabos A configuração do sistema de cabos é um dos itens fundamentais no projeto deste tipo de ponte, uma vez que é responsávelpelo comportamento estrutural global. 16 Portanto, especial atenção deve ser dada ao estudo destes elementos, pois além de elevada importância, possui um custo marginal se comparado ao custo global da obra, sendo da ordem de 10 a 20% do custo global da obra para estruturas de pequenos e médios vãos, mas para pontes de grandes vãos as condições são totalmente diferentes (VARGAS, 2007). As principais configurações longitudinais de cabos são ilustradas na Figura a Seguir. Imagem 5 – Principais configurações longitudinais de cabos Fonte: Google imagens, 2021 O sistema em harpa no qual os estais são dispostos em paralelos uns aos outros e fixados a diferentes alturas da torre, em geral, não é, do ponto de vista estrutural e econômico a melhor solução, mas muitas vezes é a adotada por fatores estéticos. Imagem 6 – Ponte Teresina / PI (sistema em harpa) Fonte: Google imagens, 2021 17 Já o sistema em leque, onde os cabos são presos ao topo da torre, possui diversas vantagens, além de também ser aceito esteticamente por diversos projetistas. Neste sistema o peso final dos cabos é menor se comparado ao sistema em harpa com uma altura de torre igual. Isto acontece porque os estais possuem uma inclinação maior, possuindo assim um componente vertical de força maior, necessitando, portanto, de seções de estais menores para suportar uma mesma carga permanente. Além disso, essa configuração induz forças de compressão normal menores no tabuleiro, devido à inclinação maior em relação ao tabuleiro. O sistema em leque também dá mais flexibilidade horizontal à estrutura no sentido transversal, incrementando estabilidade frente a ações sísmicas. Segundo Vargas (2007), a maior desvantagem do sistema em leque está no projeto e na construção dos topos das torres, direção na qual onde todos os cabos convergem. Uma convergência ideal não pode ser atingida na prática, necessitando estender as ancoragens a uma dimensão adequada. Deste modo, o sistema em harpa é menos indicado para grandes vãos, uma vez que ele induziria altas tensões de compressão no tabuleiro, levando à necessidade de seções mais enrijecidas. Vale ressaltar também que neste sistema a linha elástica é caracteriza dá por flechas maiores a um quarto do vão do que no meio. Isto acontece porque a seção central está presa ao topo da torre, que por sua vez está preso aos blocos de ancoragem. Já os demais estais estão presos ao vão lateral, que é mais flexível. Imagem 7 – Ponte Octávio Frias de Oliveira / SP (sistema em leque) 18 Fonte: Google imagens, 2021 Em projetos mais recentes, encontra-se também uma combinação dos dois, onde os pontos de ancoragem estão suficientemente separados para poderem ser ancorados um a um. É o caso do sistema em semi-harpa ilustrado por Walther Et. Al, (1985). É importante ressaltar que a configuração longitudinal dos cabos depende também de fatores topográficos e do comprimento do vão. Para Vargas (2007), do ponto de vista de economia dos estais, a disposição ótima seria a que fizesse um ângulo de 45°(graus) com a horizontal. No entanto, existe ainda uma tendência de redução do ângulo de inclinação dos cabos de ancoragem visando a redução da componente vertical da força proveniente dos estais. Na maioria dos casos, o vão lateral deve ser dimensionado com comprimento inferior a metade do vão central (WALTHER Et. Al, 1985). Para pontes com vãos muito grandes, ocorrem normalmente curvaturas elevadas dos cabos, podendo-se, nesse caso, dispor cabos secundários que interceptam os principais em um ângulo de 90° (graus). Dentre os sistemas mais usuais, podemos citar: Sistema com suspensão central: Do ponto de vista estético é muito valorizado, mas do ponto de vista estático não é a melhor solução, pois cargas assimétricas no tabuleiro causam torção no tabuleiro exigindo, por tanto, uma seção mais rígida. Entretanto, este sistema não deve ser descartado totalmente, pois possui a vantagem de diminuir o número de estais e proporciona à estrutura uma boa distribuição dos esforços nos estais graças à maior rigidez do tabuleiro. Outra desvantagem deste sistema é que, para pontes com vãos muito grandes, necessita- se de bases de torres muito largas e, ao colocar a torre no centro da pista, acabamos impondo uma seção mais larga do tabuleiro. Sistema com suspensão lateral: É o sistema mais adotado para pontes estaiadas, principalmente para pontes com tabuleiros muito largos. Neste sistema os momentos torções podem ser totalmente equilibrados na seção transversal do tabuleiro, permitindo seções mais esbeltas. Neste caso, os momentos fletores transversais são máximos no meio da seção e os cortantes máximos ocorrem nas ancoragens dos estais devendo-se dar uma atenção especial do detalhamento das 19 armaduras destas regiões. Em tabuleiros muito largos, os momentos fletores transversais podem ser maiores que os longitudinais. Neste caso, torna-se necessário a utilização de três planos de cabos (WALTHER Et. Al, 1985). Dentre as pontes com suspensão lateral, temos ainda as com suspensão vertical, onde sua ancoragem com o tabuleiro não provoca nenhum problema como o gabarito sobre o tabuleiro e torna a construção das torres verticais simples e econômicas. Já o sistema com suspensão lateral de cabos inclinados transversalmente, geralmente com torres em forma de “A”, possui a vantagem de diminuir consideravelmente as possíveis rotações no tabuleiro e na torre, no entanto, cria certos problemas de gabarito na direção transversal, necessitando de alargamento da seção transversal ou o uso de ancoragens em dentes salientes na lateral do tabuleiro. Temos também, como inconveniente, a construção de torres em forma de “A”, que é geralmente mais complicada que as torres verticais (VARGAS, 2007). 6. COMPONENTE DOS SISTEMAS ESTRUTURAL As pontes estaiadas são formadas basicamente por: Tabuleiro (composto, por sua vez, por vigas e laje), sistema de cabos (que suportam os tabuleiros), torres que suportam os cabos e os blocos ou pilares de ancoragem. O tabuleiro transfere os esforços, que seu peso e demais cargas locais causam, para os pontos de ligação, onde os estais são fixados no tabuleiro, e para os pilares (TORNERI, 2002). O tabuleiro deve ser um elemento resistente à flexão, que seu próprio peso e demais cargas provocam. Para tabuleiros rígidos, o sistema de cabos não é tão solicitado quanto o próprio tabuleiro para combater a sua flexão, nesse caso geralmente utiliza- se poucos estais. Se o tabuleiro for relativamente menos rígido, é necessário mais cabo, pois estes contribuirão mais do que o tabuleiro. Essa desproporcionalidade se dá conforme a evolução da primeira geração de pontes estaiadas até a geração atual, que tende a ser mais leve. Estais: cabos de aço galvanizado, em que cada cabo é engraxado e protegido por uma capa de plástico. O conjunto desses cabos (cordoalha) fica dentro de um tubo de plástico mais denso. Todo esse sistema protege os cabos da corrosão, fogo, sol, chuva e até vandalismo. Eles suportam o tabuleiro para que este não se flexione, 20 recebendo as cargas transmitidas pelos pontos de ancoragem. Também contribuem para o equilíbrio entre o vão central e os vãos laterais. Torres: suportam o sistema de cabos e transferem suas cargas para os pilares secundários e fundações. Podem ser feitas de concreto ou aço, a escolha depende de fatores como solo, estabilidade durante a construção, mão de obra (TORNER I, 2002). Sua estrutura é sujeita à flexão pelos cabos, sua rigidez deve combatê-la e depende da carga que vêm dos cabos, como também da organização dos cabos. Consolos sucessivos: Criado pelo engenheiro brasileiro Emilio Baumgart na construção da Ponte de Herval sobre o Rio Peixe, em Santa Catarina. É indicado quando a altura da ponte em relação ao terreno for grande e em rios “violentos”. Nessemétodo a ponte é construída em pequenos segmentos, aduelas, que servem de suporte para construir o segmento seguinte. As aduelas podem ser pré-moldadas que são levantados por guinchos até a extremidade em balanço. Podem ser também feitas formas escoradas nas aduelas já construídas e após isso serem concretadas. Este método deve ser bem controlado, pois ambos os lados devem aproximar do centro de forma simultânea. À medida que as aduelas vão sendo colocadas, deve-se fazer a ancoragem dos estais para suportar o peso de cada aduela. Lançamentos Progressivos: Nesse método constroem-se os pilares permanentes e provisórios, a superestrutura é feita na margem da obra e cada vão feito é empurrado para sua posição final. Em consequência a estrutura sendo fica em balanço enquanto não chegue a apoiar nos pilares. Para diminuir esse balanço utilizam-se estruturas metálicas na extremidade e que alcancem os pilares. Após a construção do tabuleiro, os mastros são erguidos e os estais ancorados. Esse método é aconselhável para rios e vales profundos e de grande extensão. Os principais métodos construtivos para viadutos e pontes estaiados são: Cimbramento geral, fixo ou móvel - o cimbramento é usado quando a ponte está localizada em uma zona de baixo gabarito e com solo resistente. Lançamentos progressivos - Nesse método a superestrutura é fabricada nas margens da obra e empurrada para sua posição final ao longo dos vãos, comportando- se como um balanço. Esta é uma solução competitiva quando se está na presença de rios ou vales profundos e obras de grande extensão, como o Viaduto Millau, no sul da França. 21 Balanços sucessivos - É o sistema mais utilizado e particularmente indicado quando a altura da ponte em relação ao terreno é grande, em locais sujeitos à correnteza forte e onde é necessário obedecer a gabaritos de navegação durante a construção. O método consiste na construção da obra em segmentos (aduelas) formando consolos que avançam sobre o vão a ser vencido. A cada nova aduela os estais correspondentes são protendidos de forma a suportar todo o seu peso. O princípio estrutural das pontes estaiadas não é tão recente algumas estruturas, tais como passarelas, embarcações e tendas, já usavam cabos como sustentação, nota-se nas embarcações antigas o mesmo princípio das pontes estaiadas: cabos que sustentam as velas, presos em um mastro (pilar). A aplicação deste tipo de solução estrutural em pontes iniciou-se de uma maneira mais rudimentar, utilizando se madeira e cordas como elementos estruturais. Percebe-se nesse tipo de estrutura que a humanidade começa a buscar novas maneiras de solucionar suas limitações e dificuldades. Para que isso fosse possível, passou-se a buscar materiais e soluções estruturais inovadoras que fossem capazes de atender as suas necessidades. Porém, só com o avanço da tecnologia e da engenharia é que se pode notar uma significativa evolução nas estruturas, tanto nos novos materiais empregados, anto no sistema estrutural adotado. Analisando as estruturas recentes, percebe-se que o bom desempenho estrutural das mesmas se dá devido à utilização racional dos materiais empregados, ou seja, obtêm-se dos materiais as suas melhores qualidades mecânicas. Sendo assim, faz-se uso da boa resistência do aço à tração e da boa resistência do concreto -compressão, fazendo com que os materiais trabalhem de maneira otimizada. Dessa maneira, podem-se obter estruturas mais esbeltas e leves que muitas das estruturas convencionais. Além disso, as pontes estaiadas levam grande vantagem no ponto de vista arquitetônico e tem grande aceitação, tanto no meio técnico, quanto na população em geral. 7. COMPONENTE ESTRUTURAL E SUAS DIVERSAS APLICAÇÕES Para descrever melhor o funcionamento e comportamento das pontes estaiadas uma análise foi feita de maneira isolada de cada componente estrutural que compõe este sistema, sendo os mesmos indicados na figura a seguir: 22 Imagem 8 – Componentes estruturais Fonte: Google imagens, 2021 Primeiramente vale salientar alguns aspectos da evolução da geometria empregada nas pontes estaiadas, separados em três categorias distintas de pontes estaiadas, conforme mostrado a seguir: CATEGORIA 1 Imagem 9 – Geometria da categoria 1 Fonte: Google imagens, 2021 Nesta categoria de pontes estaiadas o espaçamento longitudinal dos estais é grande, o que exige uma elevada rigidez do tabuleiro. Este deve ser capaz de resistir a elevados esforços de flexão longitudinal. Além disso, como os estais são muito espaçados, a carga que os mesmos devem resistir é maior que nas demais soluções, fazendo com que os mesmos tenham uma grande seção. Este tipo de configuração foi muito comum durante a construção das primeiras pontes estaiadas modernas, nas quais os vãos não eram muito extensos. Porém, quando há a existência de grandes vãos este tipo de solução começa a ter seus pontos fracos, uma vez que o tabuleiro passa a ter a necessidade de uma elevada rigidez às flexões longitudinais, tendo em vista os elevados espaçamentos dos pontos de fixação dos estais. Devido a este mesmo fator, a carga resistida por cada estai é elevada, necessitando de seções maiores. Outro fator que possui influência neste tipo 23 de geometria é o método construtivo, uma vez que é necessário construir uma grande extensão de tabuleiro até que se atinja o próximo ponto de fixação do estai. Um exemplo típico desta categoria é a ponte Maracaibo, construída na Venezuela. CATEGORIA 2 Imagem 10 – Geometria da categoria 2 Fonte: Google imagens, 2021 Na categoria 2 nota-se que pela proximidade dos pontos de ancoragem dos estais, os mesmos passam a assumir maior responsabilidade de suporte dos carregamentos atuantes no tabuleiro, uma vez que a flexão longitudinal atuante é reduzida, havendo basicamente o momento transversal. Sendo assim, com essa redução de esforços, o tabuleiro passa a ter uma geometria mais leve e esbelta, contribuindo significativamente ao fator estético. Uma grande vantagem deste método é a possibilidade de o tabuleiro se tornar uma estrutura leve e esbelta, principalmente se o espaçamento entre os cabos for reduzido. Isso é possível, pois a proximidade dos pontos de ancoragem dos estais no tabuleiro reduz o efeito de flexão longitudinal do mesmo. Outro fator importante é a maior verticalidade com que os estais chegam ao tabuleiro, reduzindo significativamente os esforços horizontais introduzidos no mesmo. Este tipo de geometria favoreceu a difusão do método das aduelas sucessivas, que permite que os tabuleiros sejam executados a partir das torres em direção aos vãos, aproveitando os trechos já executados como apoio. CATEGORIA 3 Imagem 11 – Geometria da categoria 3 Fonte: Google imagens, 2021 24 As pontes da categoria 3 têm um diferencial muito útil em diversos casos: a não simetria. As cargas atuantes nestas estruturas passam a não ter a necessidade de serem estabilizadas nos pilares, podendo transmitir essas cargas para um elemento externo capaz de resisti-la e garantir estabilidade ao conjunto. Nota-se que as pontes estaiadas podem variar sua geometria de diversas maneiras, dependendo das necessidades ou do aspecto visual desejado. Para que isso seja possível há inúmeras maneiras de se dispor os seus componentes estruturais: distribuição longitudinal e transversal dos estais, tipos de vinculações, ancoragem dos cabos, seção e geometria de torres e tabuleiros, metodologias construtivas, materiais empregados e aspectos visuais. Tudo isto faz com que as pontes estaiadas vivam hoje seu momento de glória, sendo vistas como motivo de orgulho e cartão postal das cidades onde são construídas. 7.1. Estais O estai é o elemento estrutural de uma ponte estaiada responsável pela transferência dos carregamentos atuantes no tabuleiro diretamente para o mastro, os estais sãocompostos basicamente por: - Elementos de tensionamento - Sistemas de ancoragem - Sistemas de proteção Imagem 12 – Componentes dos estais Ponte Octavio Frias e Oliveira Fonte: Google imagens, 2021 25 Para uma melhor compreensão da função de cada componente que constitui o estai, os mesmos serão detalhados a seguir: Elementos de tensionamento: Os elementos de tensionamento de uma ponte estaiada são responsáveis pela suspensão das cargas do tabuleiro até os mastros. Estes elementos podem ser formados por um conjunto de barras ou cordoalhas, que formam os estais. Sistemas de ancoragem: Existem diversos tipos de ancoragem dos estais variando de acordo com a tecnologia que cada empresa utiliza. De maneira geral os sistemas de ancoragem devem ser capazes de realizar ajustes ao longo da execução da ponte, com o intuito de manter as tensões e o nivelamento dos estais e tabuleiro, e também de permitir uma manutenção e troca dos estais. Tendo em vista esta capacidade de realizar ajustes nos sistemas de ancoragem, pode-se obter um isoalongamento dos estais evitando que um menos alongado receba mais carga que outro mais alongado, garantindo um melhor funcionamento do conjunto. Imagem 13 – Sistema de ancoragem e proteção de um estai Fonte: Google imagens, 2021 Sistemas de proteção: A proteção mais largamente utilizada nos estais são tubos de polietileno de elevada resistência mecânica, resistentes à ação de raios ultravioleta, com a função de proteger o aço contra corrosão e efeitos do tempo. Esta proteção também é muito explorada do ponto de vista estético, utilizando cores de acordo com o idealizado do projeto arquitetônico. Além desse sistema de encapamento, ainda há a opção de galvanização das cordoalhas, mantendo-as expostas. Outra proteção largamente usada é o tubo anti-vandalismo, que consiste 26 em um tubo de aço de elevada resistência utilizado até uma altura suficiente para que os estais não sofram com a ação de vândalos. Atualmente, esse conjunto de tecnologias nos aparelhos de ancoragem e nos sistemas de proteção dos estais, contribui para que os mesmos sejam mais duráveis e econômicos. 7.2. Concepção do Projeto Alguns dos principais desenvolvimentos das pontes estaiadas podem ser evidenciados na concepção do projeto. A mudança do formato de um elemento estrutural, uma nova maneira de posicionar os tirantes que suportam o tabuleiro, ou ainda, a aplicação de um conceito diferente nos apoios principais, todas estas melhorias idealizadas em projeto são capazes de possibilitar o melhor aproveitamento da estrutura e uma consequente redução dos custos. 7.3. Ligação entre os estais e o tabuleiro Um dos avanços mais evidentes ao logo da história pode ser visto na ligação entre os estais e o tabuleiro. As pontes estaiadas mais antigas e primitivas apresentam estais bastante espaçados ao longo do tabuleiro, que tinha de ser necessariamente bastante rígido para suportar os esforços de flexão, tendo em vista que os vão sujeitos a este efeito eram grandes. Esta configuração, que apresentava um tabuleiro muito robusto, contava com uma superestrutura excessivamente pesada, transmitindo cargas desnecessárias para infraestrutura e criando pontos de tensões nas ancoragens, que precisavam de reforço. A concepção com estais espaçados se tornou 26bsolete, visto que não é a melhor opção técnica e econômica. Em seguida, as pontes estaiadas começaram a ser concebidas de outra maneira. Os estais passaram a ser múltiplos e apresentavam pequenos espaçamentos. Entretanto, o tabuleiro ainda não era completamente suspenso, os cabos eram dispostos somente nas proximidades das torres e sustentavam as periferias dos apoios principais. Uma das pontes estaiadas pioneiras na utilização de múltiplos estais foi a Ponte Friedrich Ebert, concebida em 1967 por Homberg. 7.4. Arranjos para a disposição dos estais A forma de distribuição dos cabos ao longo do tabuleiro não foi a única a se desenvolver, uma vez que a ligação entre os estais e os mastros também demonstrou 27 uma clara evolução com o passar do tempo. Nos dias atuais existem três principais formas de idealizar a conexão dos cabos ao longo das torres, que são conhecidos como os arranjos tipo leque, tipo harpa e tipo semi-harpa. O sistema de arranjo dos estais do tipo leque foi proposto em 1821, pelo arquiteto francês Poyet. Neste sistema todos os tirantes, que servem como pontos de suporte para os tabuleiros, tendem a convergir para um único ponto da torre, mais precisamente para o topo da mesma. Já o sistema de arranjo dos estais do tipo harpa foi sugerido em 1840, por Hatley, e parte do princípio de que todos os cabos da ponte têm sua fixação executada em alturas diferenciadas ao longo da extensão do mastro. Esta diferença na fixação deve manter a proporcionalidade entre a altura da ancoragem do cabo no mastro e a distância da ancoragem do mesmo cabo no tabuleiro. Além disso, os estais devem ser paralelos entre si. Este tipo de arranjo pode ser exemplificado na ilustração a seguir, que apresent uma ponte do tipo harpa projetada para ser construída em Ilhéus, Bahia. Imagem 14 – Idealização de ponte estaiada tipo Harpa em Ilhéus, Bahia. Fonte Google imagens, 2021 Ambos os sistemas apresentados, o arranjo em leque e o arranjo em harpa, possuem suas vantagens e desvantagens. O arranjo do tipo leque é mais interessante em termos de alívio de cargas e possibilidade de seções mais esbeltas, visto que uma maior verticalidade dos cabos diminui os esforços de compressão impostos ao 28 tabuleiro e também a parcela de esforços horizontais transmitidos para a torre. Entretanto, a grande desvantagem deste sistema é a ancoragem dos estais no mastro, tendo em mente que o projeto e a execução desta etapa são de extrema complexidade e bastante dispendiosa, em razão da dificuldade imposta pela proximidade dos cabos. Outra vantagem do arranjo em leque é o acréscimo de estabilidade diante de abalos sísmicos, devido a maior inclinação dos estais em relação ao tabuleiro, que contribui para uma maior componente vertical da força. Por outro lado, analisando o arranjo do tipo harpa, podese afirmar que este sistema proporciona mais benefícios estéticos do que estruturais, porém os cabos menos inclinados requerem uma seção mais robusta para o tabuleiro, e no caso de cargas assimétricas, o mastro também sofre esse aumento de solicitação. Para Vargas (2007), o arranjo tipo harpa não é a escolha mais ideal quando se trata de custos e de maior estabilidade, mas pode ser compensada pela sua estética. “Deste modo, o sistema em harpa é menos indicado para grandes vãos, uma vez que ele induziria altas tensões de compressão no tabuleiro, levando à necessidade de seções mais enrijecidas” (CLÁUDIO, 2010, p. 13). O arranjo do tipo semi-harpa apresenta um afastamento definido das ancoragens ao longo da torre, além disso, os estais apresentam inclinações diferentes, que tendem a aumentar à medida que os tirantes se aproximam da torre. Com esta configuração, são mantidas as vantagens do arranjo em leque, que garantem alívio de esforços e seções mais esbeltas, e a complexidade nas ancoragens é eliminada. 7.5. Planos de estais Outra modificação na concepção do projeto que possibilitou a transposição de barreiras em relação à largura do tabuleiro foi o aumento do número de planos de estais. Pontes estaiadas que apresentam apenas um único plano central de estais são estruturas limpas, simples e bem aceitas do ponto de vista estético. Entretanto, do ponto de vista estrutural, a utilização desta configuração implica em algumas limitações, pois, a seção transversal do tabuleiro é apoiada apenas no centro e funciona como uma espécie de “gangorra”, com dois balanços. Este esquema estático a deixa vulnerável à aplicação de cargas assimétricas, que irão provocar 29 desequilíbriose, conseguintemente, altos esforços de torção na superestrutura. Além do ponto negativo em relação aos esforços de torção, a estabilidade da estrutura também fica comprometida e a passagem da torre pelo tabuleiro tem de ser cuidadosamente pensada e executada para não interferir nas faixas de tráfego. Estas desvantagens fazem desta configuração um esquema estrutural ineficaz para tabuleiros mais largos. Uma alternativa interessante para minimizar estas desvantagens é a adoção de dois planos de estais nas extremidades do tabuleiro. A implantação desta nova configuração irá eliminar o problema da torção gerada pelas cargas assimétricas, uma vez que a seção transversal do tabuleiro irá funcionar como um elemento biapoiado, assim, o tabuleiro apenas sofre a solicitação de uma flexão transversal. Tendo em mente que esta outra concepção, com dois planos, conta com estais ancorados nas extremidades da superestrutura, torna-se de fácil planejamento e execução a passagem do mastro, sem nenhuma interferência, pela pista de rolamento. Por fim, uma vez que a superestrutura conta com mais pontos de suporte, é possível afirmar que ela será mais estável de uma maneira geral a ilustração da ponte Great Belt Bridge demonstra este modelo. Imagem 15 – Ponte estaiada Great Belt Brigde, com dois planos de estais Fonte: Google imagens, 2021 Assim sendo, a configuração com dois planos de cabos externos é bastante adotada e recomendada atualmente. Para o caso de larguras muito grandes, que impliquem em esforços de flexão que excedem a capacidade da seção do tabuleiro, 30 pode-se adotar um plano de cabos centrais além dos externos para diminuir o vão, o que é uma alternativa pouco estudada, ou tem-se a opção de aplicar uma protensão transversal no tabuleiro. 7.6. Configuração das torres Algumas inovações geométricas representaram uma importância bastante significativa para o desenvolvimento das pontes estaiadas, como por exemplo os tipos de limitações impostas pelos mastros ao sistema das pontes estaiadas, é a interferência causada no tabuleiro, que é, em muitos casos, perfurado pelo apoio principal. Uma das concepções de torres que elimina esta intercessão indesejada é a chamada torre em “A”, utilizada pela primeira vez em 1959, na Ponte Severin. Este tipo de torre nasce a partir de dois apoios diferentes que avançam como dois pilares distintos e se aproximam um do outro à medida que avançam na altura, se encontrando em um determinado ponto acima do tabuleiro. Este modelo elimina completamente qualquer contato indesejado do pilar com a pista de rolamento, entretanto, é preciso analisar a inclinação dos cabos cuidadosamente, para que estes não interfiram no tráfego da ponte. 8. INFLUÊNCIA AERODINÂMICA Uma das principais limitações apresentadas pelas pontes estaiadas é a sua vulnerabilidade ao efeito do vento sobre a estrutura suspensa, antes de serem realizados pesquisas e estudos mais esclarecedores nesse âmbito, muitas obras de arte suspensas por estais apresentavam problemas de instabilidade aerodinâmica. Este problema foi um dos principais responsáveis pela baixa na utilização das pontes estaiadas durante o século XIX, período no qual ocorreram sérios acidentes relacionados a vibrações provocadas pela ação do vento. Um dos acidentes mais representativos deste fato foi o colapso da ponte Tacoma Narrow em 1940, que apesar de ser uma ponte pênsil, representava bem a falta de conhecimento técnico nas pontes suspensas de maneira geral. 31 Imagem 16 - Colápso da Ponte Tacoma Narrow em 1.940 Fonte: Google Imagens, 2021 As tentativas iniciais de superar esta dificuldade se traduziram no aumento representativo da rigidez da superestrutura na tentativa de diminuir os efeitos das vibrações, no entanto, esta alternativa não se mostrou muito eficiente, visto que, além de não neutralizar completamente os efeitos do vento, ainda provocava um aumento excessivo no peso próprio da estrutura e nos custos da mesma. A solução mais eficaz não se resumia a enrijecer as peças da ponte para tentar contrapor o vento, mas sim em transformar a geometria da estrutura de maneira a se impor o mínimo possível e facilitar a passagem do vento. O grande precursor desta ideia foi o engenheiro alemão Leonhardt, que elaborou um estudo direcionado para a questão da instabilidade aerodinâmica nas pontes, através do qual foi possível concluir que a utilização de uma superestrutura livre de formas agudas, adotando formatos aerodinâmicos que oferecem pouca resistência à passagem do vento, era capaz de contribuir para a diminuição das vibrações sofridas. A partir deste ponto o meio técnico relacionado à construção das pontes estaiadas percebeu que era necessário o desenvolvimento de tabuleiros e estais com formas aerodinâmicas. Dessa maneira, uma das importantes etapas de projeto que passou a ser realizada foi o desenvolvimento de modelos reduzidos das pontes estaiadas para a realização de ensaios em túneis de vento que têm o objetivo de reproduzir e analisar as forças aerodinâmicas incidentes sobre o tabuleiro da ponte. Com a utilização deste recurso tornou-se possível uma análise detalhada do efeito do vento sobre a superestrutura, quais eram os pontos fortes e fracos do design inicial, quais eram os focos de problemas relacionados às vibrações, quais obstáculos deveriam ser retirados e quais formatos podiam ser melhorados. Os ensaios em túneis 32 de vento tornaram possível o desenvolvimento de geometrias perfeitamente aerodinâmicas para compor as seções transversais dos tabuleiros. Com o crescente desenvolvimento tecnológico subsequente, passaram a ser desenvolvidos vários dispositivos aerodinâmicos, que auxiliam a estrutura na diminuição dos efeitos negativos provocados pelo vento, principalmente em obras de arte com grandes vãos, onde as oscilações apresentam amplitudes mais largas e frequências mais baixas. 9. MODELOS DE ANÁLISE ESTRUTURAL O avanço tecnológico alcançado pela sociedade a partir da segunda metade do século XX possibilitou o desenvolvimento de novos métodos de cálculo e de ferramentas extremamente necessárias para a simplificação dos complexos processos que envolvem o projeto de uma ponte estaiada. Este fato pode ser claramente ilustrado pela introdução dos softwares de cálculo estrutural no ambiente dos escritórios de projetos de pontes. Estes softwares possibilitam a criação de um modelo virtual fiel daquilo que se pretende construir, com o objetivo de verificar o comportamento da estrutura da maneira mais próxima possível da realidade. A fase preliminar do projeto, que inclui a concepção e o pré dimensionamento de uma estrutura viável, pode ser bastante simplificada, uma vez que o projeto pode ser rapidamente modelado em computador para que as dimensões e os esforços possam ser verificados para que a viabilidade daquilo que foi proposto na idealização da estrutura seja confirmada. No decorrer do dimensionamento da estrutura propriamente dito, os programas computacionais são de grande ajuda. No processo do cálculo estrutural de uma ponte estaiada, uma análise não linear dos esforços é de fundamental importância, pois, certos elementos como as torres e os tabuleiros estarão submetidos a elevados esforços de compressão e deformações que irão provocar efeitos de segunda ordem. Outra vertente importante da análise estrutural realizada nos modelos virtuais é em relação ao comportamento dinâmico da ponte. Os softwares fornecem, para serem examinados pelo projetista, os modos de vibração que atuam na estrutura, dessa maneira, o autor do projeto tem todos os parâmetros necessários para avaliar a eficiência da sua concepção. 33 10. PROCESSO DE EXECUÇÃO Para explicar melhor o processo de execução dessa ponte será utilizado ponte do saber como um estudo de caso, será verificado também os pontos críticos do projetoe construção deste tipo de obra, principalmente no que concerne à análise e monitoramento das fases executivas de um tabuleiro estaiado através do processo de balanços sucessivos. A Ponte do Saber possui um vão estaiado com extensão de 180m e altura total da torre de 94m. Seus estais frontais estão espaçados de 10m ao longo do tabuleiro. Na parte traseira do pilone são inseridos três pares de estai que estabilizam a torre, formando uma geometria em “V” no plano horizontal. Imagem 17 – Vista lateral da Ponte do Saber em construção Fonte: Google imagens, 2021 Os estais foram projetados em sistema de cordoalhas paralelas, galvanizadas, engraxadas e revestidas com PEAD, sistema compatível com as ancoragens disponíveis no Brasil e Europa. A metodologia executiva tem influência direta no projeto de pontes estaiadas. O conhecimento das diversas fases de construção que podem estar envolvidas na obra e os carregamentos de construção são de capital importância para o desenvolvimento de um projeto seguro e econômico. Dentre os métodos executivos empregados atualmente para a construção dos tabuleiros estaiados, o processo de balanços progressivos merece destaque, sendo este adotado na maioria das obras de grande porte. Este método construtivo se mostra eficiente para a travessia de cursos d’água e em situações onde a altura entre o 34 tabuleiro e o terreno é grande. A análise das diferentes etapas construtivas de uma ponte estaiada é requisito fundamental para garantir que as forças instaladas nos estais e elevações do tabuleiro estejam de acordo com o previsto no projeto, ao longo de toda a construção. A modelagem computacional permite que cada estágio seja analisado separadamente, uma vez que o sistema estrutural pode mudar consideravelmente entre duas fases distintas, implicando até mesmo em solicitações durante a fase construtiva que se revelam superiores àquelas obtidas para a condição final da estrutura. Esta fase do projeto serve prioritariamente para revisar as tensões nos estais, no tabuleiro e no pilone. Outra questão importante atendida pela análise dos estágios de construção é a geometria (perfil) de construção do tabuleiro. No processo de construção por balanços progressivos, o tabuleiro é construído por segmentos curtos, sejam eles compostos por elementos pré-moldados ou moldados no local. Durante cada fase de construção é imprescindível conhecer as elevações projetadas de cada segmento para a correta construção do tabuleiro, de forma que resulte em uma estrutura de configuração suave e que atenda aos requisitos de tráfego e estéticos da obra. A definição das elevações de construção pode ser um tanto quanto complexa, uma vez que a estrutura estará sujeita a carregamentos variáveis durante a construção e que não mais atuarão quando a estrutura estiver pronta. Soma-se a isto o fato de que a estrutura é muito influenciada pela variação da temperatura ambiente. A modelagem dos estágios de construção também é fundamental para a implementação das correções necessárias durante a obra, sejam elas nas tensões aplicadas nos estais ou mesmo na geometria da obra. Com a modelagem pronta, torna-se possível realizar retro análises sempre que as duas principais incógnitas em questão (força e deslocamento) apresentarem divergências entre as leituras de campo e o projeto. É absolutamente necessário realizar ajustes ao longo do processo de construção do tabuleiro de acordo com as informações obtidas dos sistemas de monitoramento da obra. Desvios durante a construção existem e alguns parâmetros teóricos adotados tais como propriedades dos materiais e rigidezes dos elementos, nem sempre condizem com a realidade. O acompanhamento dos deslocamentos verticais do tabuleiro é uma atividade relativamente simples em obras civis. Com equipamentos topográficos modernos é possível registrar as elevações do tabuleiro ao longo da obra 35 com precisão adequada e comparar com a análise dos estágios de construção realizada na fase de projeto. O monitoramento dos deslocamentos horizontais da torre também é importante para a obtenção de uma conformação harmônica do tabuleiro. Esses deslocamentos são ainda mais significativos quando a estrutura é assimétrica e a rigidez do pilone é relativamente pequena. Este monitoramento normalmente é feito por meio de inclinômetros no pilone ou com pinos topográficos que permitam a leitura por meio de equipamentos de precisão. No projeto da Ponte do Saber, onde a torre foi construída simultaneamente com o tabuleiro, tornou-se importante a realização de leituras periódicas para que se garantisse que o pilone fosse erguido seguindo seu alinhamento de projeto. O plano de estaiamento do tabuleiro da Ponte do Saber foi elaborado pela projetista estrutural da obra, este plano define os pontos notáveis ao longo do tabuleiro que precisam ser monitorados e suas respectivas elevações para as diversas fases executivas da obra. Em conjunto com as elevações do tabuleiro, durante e ao fim da execução, foram fornecidas as forças atuantes em cada estai da obra. Imagem 18 – Distribuições dos estais e pontos notáveis do tabuleiro Fonte: Google imagens, 2021 11. TIPOS DE MATERIAIS A classificação do tabuleiro das pontes estaiadas pode ser realizada de várias maneiras, uma delas diz respeito ao material, sendo mais comuns os tabuleiros metálicos, de concreto ou mistos. 36 Barras: São componentes produzidos com o intuito de serem pré-tracionados. O estai pode ser composto por uma única barra ou por um conjunto delas paralelas entre si. Fios: É o componente básico para a confecção de cordoalhas e cabos, os fios de relaxação baixa são mais indicados para compor os estais, os fios que compõem os estais também devem passar por ensaios estáticos e dinâmicos. Cordoalhas: As cordoalhas caracterizam-se basicamente por serem formadas de uma montagem de fios que circundam helicoidalmente um fio central em uma ou mais camadas. A principal vantagem das cordoalhas reside no fato de apresentar maior resistência à tração e maior módulo de elasticidade. Porém, os cabos são mais flexíveis, podendo realizar maiores curvaturas no topo das torres. Devidos estas características, as cordoalhas são mais utilizadas em pontes estaiadas e os cabos mais utilizados em pontes pênseis. Cabos: Os cabos caracterizam-se basicamente por serem formadas de uma montagem de cordoalhas que circundam helicoidalmente em torno de uma cordoalha central ou um outro cabo. Sistemas de ancoragem: A ancoragem é o dispositivo responsável por transferir as cargas dos cabos aos apoios onde está é ancorada, seja o tabuleiro ou a torre. As ancoragens podem ser ativas, onde se realiza a atividade de tensionamento, ou passiva, onde a ancoragem sofrerá a atividade de tensionamento. Normalmente as ancoragens ativas estão no tabuleiro e as passivas nas torres devido a facilidade de acesso e trabalho, mas nada proíbe que a ancoragem da torre também seja ativa. Tubo Guia: O tubo guia é o tubo metálico existente a partir da placa de ancoragem, com a função de proteger o trecho inicial das cordoalhas, além de definir o ângulo de partida do estai. Amortecedor: Este dispositivo tem a principal função de amenizar o efeito da fadiga, reduzindo a amplitude de oscilação das tensões atuantes nas cordoalhas devido a ação das cargas acidentais. Este sistema é posicionado no interior do tubo guia, na extremidade oposta a placa de ancoragem. O amortecedor é composto de vários anéis de elastômeros entre chapas metálicas. 37 Desviador: Tem a principal finalidade de garantir o paralelismo entre as cordoalhas no interior do tubo guia. É um cilindro plástico posicionado junto ao amortecedor. Este recebe furos de acordo com o número de cordoalhas que compõem o estai fazendo com que cada orifício do desviador tenha uma respectiva cordoalhana placa de ancoragem. Garantindo assim, que toda cordoalha que atravessa o desviador tenha sua ortogonalidade com a placa de ancoragem. Proteção: A proteção dos elementos de tensionamento é de fundamental importância, pois imperfeições na superfície do aço provocam o aparecimento de pontos de concentração de tensão, que podem levar ao aparecimento de uma tensão superior à admissível. Galvanização: Proteção realizada através da imersão a quente do fio, proporcionando camadas de cobertura de zinco. Este tipo de proteção possui a vantagem de não ser danificada facilmente com o manuseio e de possuir o preço relativamente baixo se comparado aos outros tipos de proteção. Cera: A aplicação da cera deve ser realizada completamente entre todos os fios que compõem a mesma cordoalha. Este material, além de proteger o fio, deve ser quimicamente estável e não reativo com o aço. Bainha de HDPE (High Density Polyetilene): Assegura total impermeabilidade à água. Este material não deve reagir com o grout e nem com a cera que envolve os fios, além de possuir suas características inalteradas quando exposto a elevadas temperaturas. Tubo de HDPE (High Density Polyetilene): Além de possuir as características já descritas para a bainha de HDPE, deve ser resistente a ação dos raios ultravioletas. O aspecto positivo deste tipo de proteção é que ele também proporciona um menor coeficiente de arrasto quando comparado ao coeficiente de arrasto equivalente ao conjunto de cordoalhas. Tubo anti-vandalismo: Consiste de um revestimento de aço de 6 mm de espessura na base do estai, junto ao tabuleiro, com o intuito de proteger mecanicamente o estai contra danos acidentais ou intencionais. 38 12. VANTANGENS E DESVANTAGENS A base da ponte suspensa está no projeto antigo da ponte de corda Inca. No mundo moderno, a maior é a Ponte Akashi Kaikyo, no Japão, que se estende por 3.911 metros. 12.1. Vantagens de altura Construído sobre cursos de água, as pontes podem ser construídas em posições mais altas, permitindo a passagem de navios altos sem problemas sob a ponte. 12.2. Vantagens de construção Durante a construção, os suportes centrais temporários não são necessários e o acesso à construção não é feito por baixo. Isso significa que as estradas movimentadas e hidrovias não precisam ser interrompidas. 12.3. Vantagens e desvantagens de flexibilidade A flexibilidade das pontes suspensas lhes permite flexionar sob a ação dos ventos e dos terremotos. Elas, porém, podem ser instáveis em condições extremamente turbulentas. Assim, casos extremos requerem a interdição temporária da ponte. 12.4. Desvantagens de fundação Quando construída em terreno macio, as pontes suspensas exigem um extenso e caro trabalho na fundação para combater os efeitos da carga pesada nas torres. 12.5. Cargas pesadas A flexibilidade pode ser uma desvantagem para as pontes suspensas, pois poderá balançar sob cargas pesadas concentradas. Essas pontes não são geralmente usadas para travessias ferroviárias regionais que transportam cargas máximas de peso, causando a várias adicionais à ponte. 13. LIMITAÇÕES DO SITEMA ESTRUTUTAL Uma das principais limitações apresentadas pelas pontes estaiadas é a sua vulnerabilidade ao efeito do vento sobre a estrutura suspensa, antes de serem realizados pesquisas e estudos mais esclarecedores nesse âmbito, muitas obras de arte suspensas por estais apresentavam problemas de instabilidade aerodinâmica. 39 Este problema foi um dos principais responsáveis pela baixa na utilização das pontes estaiadas durante o século XIX, período no qual ocorreram sérios acidentes relacionados a vibrações provocadas pela ação do vento. Um dos acidentes mais representativos deste fato foi o colapso da ponte Tacoma Narrow em 1940, que apesar de ser uma ponte pênsil, representava bem a falta de conhecimento técnico nas pontes suspensas de maneira geral. As tentativas iniciais de superar esta dificuldade se traduziram no aumento representativo da rigidez da superestrutura na tentativa de diminuir os efeitos das vibrações, no entanto, esta alternativa não se mostrou muito eficiente, visto que, além de não neutralizar completamente os efeitos do vento, ainda provocava um aumento excessivo no peso próprio da estrutura e nos custos da mesma. A solução mais eficaz não se resumia a enrijecer as peças da ponte para tentar contrapor o vento, mas sim em transformar a geometria da estrutura de maneira a se impor o mínimo possível e facilitar a passagem do vento. O grande precursor desta ideia foi o engenheiro alemão Leonhardt, que elaborou um estudo direcionado para a questão da instabilidade aerodinâmica nas pontes, através do qual foi possível concluir que a utilização de uma superestrutura livre de formas agudas, adotando formatos aerodinâmicos que oferecem pouca resistência à passagem do vento, era capaz de contribuir para a diminuição das vibrações sofridas. A partir deste ponto o meio técnico relacionado à construção das pontes estaiadas percebeu que era necessário o desenvolvimento de tabuleiros e estais com formas aerodinâmicas. Dessa maneira, uma das importantes etapas de projeto que passou a ser realizada foi o desenvolvimento de modelos reduzidos das pontes estaiadas para a realização de ensaios em túneis de vento que têm o objetivo de reproduzir e analisar as forças aerodinâmicas incidentes sobre o tabuleiro da ponte. Com a utilização deste recurso tornou-se possível uma análise detalhada do efeito do vento sobre a superestrutura, quais eram os pontos fortes e fracos do design inicial, quais eram os focos de problemas relacionados às vibrações, quais obstáculos deveriam ser retirados e quais formatos podiam ser melhorados. Os ensaios em túneis de vento tornaram possível o desenvolvimento de geometrias perfeitamente aerodinâmicas para compor as seções transversais dos tabuleiros. Com o crescente desenvolvimento tecnológico subsequente, passaram a ser desenvolvidos vários dispositivos aerodinâmicos, que auxiliam a estrutura na diminuição dos efeitos negativos provocados pelo vento, principalmente em obras de arte com grandes vãos, onde as oscilações apresentam amplitudes mais largas e frequências mais baixas. 40 14. EXEMPLOS DE OBRAS JÁ EXECUTADAS E OS MAIORES VÃOS JÁ VENCIDOS Ponte estaiada ou ponte suspensa é um tipo de ponte sustentada por cabos ou tirantes de suspensão. Para classificação é considerada o comprimento do vão livre (suspenso, sem pilares). Aqui estão as 10 maiores pontes suspensas do mundo. 14.1. Ponte Akashi-Kaikyo – Japão (1.991m) Imagem 19 – Vista da ponte Akashi-Kaikyo no Japão Fonte: Google imagens, 2021 A Ponte Akashi-Kaikyo está localizada entre a cidade de Kobe e a ilha Awaji, no estreito de Akashi, no Japão, foi inaugurada em abril de 1998, após 10 anos de construção, com 3911m de comprimento total e 1991m de vão central, sendo assim a maior ponte suspensa do mundo. A Akashi-Kaikyo conquistou três recordes: o de vão mais extenso, o de ponte com torre mais alta, com 283m e o de ponte mais cara (4,3 bilhões de dólares). O comprimento total de fios de aço usados na ponte é de 300 000 km, quantidade suficiente para dar 7,5 voltas ao redor da Terra. 41 14.2. Ponte Xihoumen – China (1650m) Imagem 20 – Vista da ponte Xihoumen na China Fonte: Google imagens, 2021 A Ponte Xihoumen foi construída no arquipélago de Zhoushan, na China. A ponte inteira, junto com a ponte Jint ang, foi aberta ao tráfego em dezembro de 2009. Tem 2.600m de comprimento com um vão central de 1.650 metros, sendo a segunda maior ponte suspensa do mundo. 14.3. Ponte Great Belt – Dinamarca (1624m Imagem 21 – Vista da ponte Great Belt na Dinamarca Fonte: Google imagens, 2021 A Ponte do Great Belt faz parte da rede rodoferroviária dinamarquesa que conecta as ilhas Zelândia
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