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ALGUNS ASPECTOS SOBRE DUPLICATAS NO DIREITO CAMBIÁRIO CONCEITO Duplicata é um título de crédito regido pela Lei 5.474/68. A emissão de duplicata é sempre facultativa, não sendo obrigatória sua emissão. Além disso, a compra e venda mercantil ou prestação de serviços poderá ser representada por outro título de crédito, como uma nota promissória ou um cheque. A diferença é que tanto a nota promissória quanto o cheque são emitidos pelo comprador, enquanto a duplicata é emitida pelo próprio vendedor. A duplicata é um título causal, visto que apenas pode ser emitida diante de uma compra e venda mercantil ou prestação de serviços . SÃO REQUISITOS DA DUPLICATA Art. 2 No ato da emissão da fatura, dela poderá ser extraída uma duplicata para circulação como efeito comercial, não sendo admitida qualquer outra espécie de título de crédito para documentar o saque do vendedor pela importância faturada ao comprador. A declaração do reconhecimento de sua exatidão e da obrigação de pagá-la deverá constar nela, pois quando chegar ao comprador, ele simplesmente dará o seu «aceite», reconhecendo a sua obrigação. Ante o rigor da formalidade aplicável aos títulos de crédito , se houver a aposição de número incorreto da fatura na duplicata, esta não valerá como título de crédito, perdendo sua força executiva extrajudicial . A duplicata deverá conter a assinatura do seu emitente. Todavia, poderá ser substituída a assinatura pela rubrica mecânica. Lembre-se de que a duplicata é um título de modelo vinculado, pois deverá ser lançada e impressa pelo sistema próprio do vendedor, estando sujeita a uma escrituração. Quem emite duplicata deverá obrigatoriamente escriturar o livro de registro das duplicatas. Em razão disso, cada duplicata terá um número de ordem. A lei não admite a emissão de duplicata que represente mais de uma fatura. Sendo o pagamento parcelado, é possível que o vendedor saque uma única duplicata, «em que se discriminarão todas as prestações e seus vencimentos, ou série de duplicatas, uma para cada prestação distinguindo-se a numeração a que se refere o item I do § 1 deste artigo , pelo acréscimo de letra do alfabeto, em sequência». Em tese, para se fazer um protesto, é necessária a cártula do título. No caso de protesto por falta de devolução, o protesto será feito por indicações. Ou seja, o credor fornecerá as indicações sobre a duplicata ao cartório de protestos. Há aqui uma exceção ao princípio da cartularidade. A mesma situação ocorre com o protesto das duplicatas virtuais, que também é feito por indicação. O protesto deverá ser feito na praça de pagamento, porquanto se trata de obrigação quesível, devendo o credor ir até o cartório de protesto da cidade do devedor. O prazo para protesto é 30 dias a contar do vencimento da duplicata. Caso perca tal prazo, o credor perderá o direito de regresso contra os endossantes e respectivos avalistas . Segundo a Súmula 361 do STJ, a notificação do protesto para fins especiais falimentares, para embasar requerimento de falência da empresa devedora, exige a identificação da pessoa que a recebeu. Ressalte-se, ainda, que, diante de uma duplicata sem aceite devidamente protestada, o comprovante de entrega da mercadoria ou da prestação de serviço não é exigível quando eventual endossatário promover execução contra o próprio emitente da duplicata, outros endossantes ou avalistas, de acordo com o STJ. DUPLICATA VIRTUAL Segundo o STJ, as duplicatas virtuais encontram previsão legal no art. 8, parágrafo único, da Lei n 9.492/97 e no art. 889, § 3, do CC, além de estarem atualmente disciplinadas na Lei n 13.775/2018. O procedimento para emissão e cobrança da duplicata virtual é o seguinte • em vez de emitir uma fatura e uma duplicata em papel, o vendedor ou fornecedor dos serviços transmite em meio magnético os dados referentes a esse negócio jurídico a uma instituição financeira, contendo as partes, a relação das mercadorias vendidas, o preço, etc. • a instituição financeira, eletronicamente, encaminha um boleto bancário para que o devedor pague a obrigação originada no contrato. Esse boleto bancário não é título de crédito, porém, contém as características da duplicata virtual. • comprovante de entrega da mercadoria ou da prestação dos serviços. A maioria da doutrina e o STJ entendem que a duplicata virtual já era válida mesmo antes do advento da Lei n 13.775/2018, que as regulamentou formalmente. Segundo decidiu o STJ, as duplicatas virtuais emitidas e recebidas por meio magnético ou de gravação eletrônica podem ser protestadas por mera indicação, de modo que a exibição do título não é imprescindível para o ajuizamento da execução. PRAZOS PARA COBRANÇA DA DUPLICATA A ação de execução da duplicata prescreve em 3 anos, contados da data de vencimento do título contra o devedor principal ou seu avalista. Esta execução prescreve em 1 ano da data do protesto, se a execução se dirige contra os coobrigados, que são os endossantes e os avalistas dos endossantes. DUPLICATAS DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS A duplicata não se restringe à duplicata mercantil, existindo ainda as denominadas duplicatas de prestação de serviços. • o protesto por indicação depende de um documento que comprove um vínculo contratual e a efetiva prestação de serviço. DUPLICATA POR CONTA DE SERVIÇOS Outro título de crédito por prestação de serviços é a duplicata por conta de serviços. Esta duplicata pode ser emitida pelo profissional liberal ou pelo prestador de serviços eventual. Perceba que não se está tratando de empresário aqui. Referência Bibliográfica: CARVALHO, Daniel ; Direito Empresarial; 2ª edição; Brasilia; CP Iuris; 2021.
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