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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO GABRIEL FARINA GIOVANI TURMA 149 CENTRO DE CIÊNCIAS MÉDICAS BIOQUÍMICA CLÍNICA DOCENTE: EDUARDO BELTRÃO RECIFE, 22 DE AGOSTO DE 2021 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA DISTÚRBIO METABÓLICO: CETOACIDOSE DIABÉTICA Um homem de 27 anos de idade, diagnosticado com diabetes há 5 anos, estava bem até dois dias antes de sua admissão ao hospital, quando apresentou febre, náuseas e vômito. Ele não havia tomado sua insulina por 24 horas porque estava incapacitado de comer. Quando da admissão, estava inconsciente e com hálito cetônico. Ele tinha os sinais físicos de uma desidratação de moderada a intensa. Uma amostra de urina foi altamente positiva para glicose e corpos cetônicos. Uma amostra de sangue arterial foi mandada para determinação laboratorial de parâmetros bioquímicos (momento da admissão – T0). Teste rápido de glicemia indicou hiperglicemia. Em 45 minutos os resultados do laboratório estavam disponíveis: glicose de 235mg/dL e forte positividade para corpos cetônicos entre outros resultados. Após duas horas (T2h), nova amostra sanguínea foi colhida e os resultados foram: glicose de 195mg/dL e cetonas plasmáticas ainda fortemente positivas. O paciente estava semiconsciente, mas parecia melhor hidratado. Após 4 horas (T4h) novos exames sanguíneos: glicose – 120mg/dL e corpos cetônicos moderadamente positivos. O paciente apresentava melhora das condições clínicas e estava consciente. Outra amostra de sangue (T6h) foi colhida e indicou glicose de 98mg/dL, traços de cetonas plasmáticas e pH normal. (Informação complementar: o paciente recebeu insulina neste intervalo de 6h. Dose e curso de administração não são importantes para o entendimento dos eventos bioquímicos relatados e para discussão na M1). Questões Bioquímicas 1. Porque se desenvolveu intensa hiperglicemia neste paciente? Por se tratar de um paciente com diabetes, pelos sintomas a do tipo 1 - destruição autoimune das células beta do pâncreas -, e que não havia ministrado a dose de insulina diária, o seu organismo teve um déficit de insulina, molécula cuja função é permitir a entrada da glicose sanguínea nas células para que haja a metabolização e a posterior produção energética, sendo determinante na regulação homeostática da glicose corporal. Assim, houve um acúmulo de glicose no sangue, também chamado de hiperglicemia. Dessa forma, pode-se analisar que tecidos insulino-dependentes, a exemplo dos adipócitos e miócitos, são afetados diretamente por essa alteração bioquímica. 2. Como a cetose se desenvolveu diante da elevada concentração de glicose sanguínea? Devido à elevada glicemia em contraste com a baixa quantidade de glicose dentro das células, o organismo passa a utilizar a gordura como fonte de energia para manter as funções do corpo. O metabolismo dos ácidos graxos leva à produção de corpos cetônicos em excesso, sintetizados na matriz mitocondrial dos hepatócitos, o que recebe o nome de cetose. Exemplo desses corpos cetônicos são o beta-hidroxibutirato, o acetoacetato e a acetona. A condição descrita também pode ser consequência de situações que envolvem jejum prolongado, má nutrição e malabsorção 3. Porque foi desenvolvida acidose? A presença em excesso de corpos cetônicos, decorrente do metabolismo lipídico, tem como consequência a baixa do pH do sangue, deixando-o mais ácido, o que é denominado de acidose. Essa alteração do pH sanguíneo diminui a funcionalidade do corpo, o que pode levar a quadros mais graves, como o coma e até mesmo o óbito. Bibliografia - Lehninger - Princípios de Bioquímica – Ed. Sarvier - Campbel. M.K. - Bioquímica – ArtMed. - Harper, R.M. – Bioquímica – Ed Atheneu. - Devlin, T.M. - Bioquímica Dirigida por Casos Clínicos – Ed. Edgard Blucher Ltda. - Motta, V. T. Bioquímica Clínica para Laboratórios, Editora Med Book, 5aedição.