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1 CIRURGIA GERAL 13 Marina Prietto ISQUEMIA MESENTÉRICA INTRODUÇÃO: É definido como um abdome agudo vascular, onde ocorre uma Isquemia de uma víscera do território esplâncnico abdominal. Território mais acometido: SIGMOIDE (formas mais graves) e no DELGADO em casos mais leves. Mais comum: embolias arteriais || Menos comum: tromboses venosas; Etiologias: o EMBOLIAS ARTÉRIAS – Ex: êmbolos cardioembólicos (FA) – Cursa com quadro de dor extremamente intensa. o TROMBOSES ARTERIAIS – Ex: Doença ateromatosa (tabagismo | outros sítios com doença trombótica, ex: MMII – claudicando) o TROMBOSE VENOSA – Ex: Estado de hipercoagulabilidade – cursa com quadro + moderado | repercussão isquêmica branda o VASOESPASMO – Ex: Uso de drogas ou vasculites – Apresenta quadros clínicos variáveis. Isquemia mesentérica = isquemia do cólon (IC) = colite isquêmica TRONCOS VASCULARES ABDOMINAIS TRONCO CELÍACO A. Hepática Comum A. Esplênica A. Gástrica Esquerda MESENTÉRICA SUPERIOR A. pancreato duodenal inferior Cólica média Ramos jejunais e ileais A. Cólica direita A. ileocecocólica. MESENTÉRICA INFERIOR Cólica esquerda A. Sigmoideanos A. retal superior 2 CIRURGIA GERAL 13 Marina Prietto TRONCO CELÍACO: irriga o intestino anterior (aspecto embriológico) Estômago | 1ª porção duodenal | Fígado | Baço | Vesícula MESENTÉRICA SUPERIOR: irriga o intestino médio Pâncreas | 2ª porção duodenal (englobando jejuno e íleo) e para no 2/3 do intestino proximal do cólon transverso. MESENTÉRICA INFERIOR: irriga o intestino posterior 1/3 distal do colón transverso | até reto alto. Arcadas do cólon: ARCADA DE RIOLAN = Cólica média + Cólica esquerda. (conecta mesentérica superior + inferior) ARCADA DE DRUMMOND = Cólica esquerda + sigmoideanas. ARCADA DE HENLE = Cólica média + Gastraepiploica (conecta mesentérica superior + tronco celíaco) Quadro clínico: Costuma apresentar um padrão variável, de acordo com o tipo de isquemia/oclusão e o território acometido. Em geral: DOR ABDOMINAL SUBITA E INTENSA + EXAME FÍSICO SEM ACHADOS SIGNIFICATIVOS. EMBOLIA ARTERIAL MESENTÉRICA: Pistas que auxiliam na busca etiológica: - Pacientes portadores de fibrilação arterial / cardiopatas. - Presença de pulso irregular - Ausência de onde P + R’R regular. - Sinais de embolia para outros sítios (Ex: desvio de comissura – embolo em território cerebral?) FASE INICIAL: Dor abdominal do tipo visceral (inespecífica | mal localizada e caracterizável) - dor intensa, súbita. Exame físico: extremamente pobre, no máximo cursando com distensão e timpanismo. Outros: queda do estado geral + evacuação mucos sanguinolenta. Dissociação: SINTOMA REFERIDO X EXAME FÍSICO = clássico da isquemia. PROGRESSÃO DA DOENÇA: Piora clínica importante (desidratação | pulso fino | hipotenso | taquicardíaco | translocação bacteriana) – sinais de gravidade. FASE AVANÇADA: Cursa com uma piora infecciosa importante da doença, chegando à alguns casos de choque séptico. Perda da integridade intestinal (necrose | perfuração → peritonite difusa [sinal de complicação] TROMBOSE ARTERIAL MESENTÉRICA: Comporta-se de forma similar à embolia arterial (tanto progressão como clinicamente); Pistas que auxiliam na busca etiológica: - Claudicação mesentérica prévia ( da demanda metabólica – ex. ao se alimentar = refere dor. Cursa com perda ponderal associada) - Doença ateromatosa em outros territórios (coronária | oclusão crônica de MMII | cerebrovascular) – pacientes DM, tabagistas e idosos. TROMBOSE VENOSA MESENTÉRICA: Comporta-se de maneira mais BRANDA + ARRASTADO (por ser uma trombose vascular) Apresenta uma possibilidade menor de perfuração. 3 CIRURGIA GERAL 13 Marina Prietto Pistas que auxiliam na busca etiológica: - Sinais de hipercoagulabilidade (pós-operatórios | doenças reumatológicas – LES / SAF | doenças hematológicas) TROMBOSE VENOSA MESENTÉRICA: Apresenta um quadro clínico extremamente variável. Pistas que auxiliam na busca etiológica: - Consumo de drogas (cocaína); - Vasculites (poliartrite nodosa | vasculite reumatoide | LES) Diagnóstico: A primeira suspeita vai ser feita com os achados do exame físico ≠ sintomas relatados + sinais de gravidade. Laboratório: Presença de uma acidose (com aumento de lactato) – devido a presença de um Met. Anaeróbio. Isquemia visceral, logo, sofrimento de alças → aumento de AMILASE + LDH + CK Sinais sugestivos de sepse → PCR + LEUCOCITOSE Achados de desidratação, com elevação da diluição, elevação do HEMATÓCRITO. RX simples: Distensão de alças Extravasamento de gás para cavidade: Pneumoperitônio | Pneumatose intestinal | Pneumoportia; Imagem (ANGIOTC): É o exame ideal. Intuito de visualização da oclusão vascular; das complicações e do território acometido (ocorre um espessamento da região) Principais vasos: artéria mesentérica superior e veia mesentérica superior Arteriografia mesentérica: É considerado o padrão ouro Visualiza a não progressão do contraste, devido a oclusão arterial. É um procedimento invasivo, caro, onde ocorre um cateterismo dos vasos e a deposição de contraste para visualização. Pode apresentar, inclusive, um potencial terapêutico (casos seletos e precoces) PNEUMATOSE INTESTINAL: PNEUMOPERITÔNIO: 4 CIRURGIA GERAL 13 Marina Prietto PNEUM0PORTIA: DISTENÇÃO DE ALÇAS: ANGIOTC (OCLUSÃO VENOSA): ANGIOTC (OCLUSÃO ARTERIAL): Manejo: Compensação clínica (hidratação | correção eletrolítica | ATB (amplo espectro!) | Suporte avançado – UTI? IOT? DVA?) Paciente encontra-se estável? → ANGIO TC! Confirmou o diagnóstico? TRATAMENTO PADRÃO → LAPARATOMIA EXPLORADORA (viabilidade/extensão → ressecção? Anastomose 1º?) Paciente encontra-se instável? LAPAROTOMIA EXPLORADORA Normalmente esses pacientes já se encontram com um abdome agudo perfurado (peritonite / abdome em tábua) Ou então, o paciente permanece instável persistentemente, mesmo após o primeiro atendimento. O diagnóstico é feito intraoperatório – avalia a viabilidade e extensão do território acometido. Alternativas: Tromboembolectomia cirúrgica – identificar o vaso acometido e embolizar os vasos mesentéricos (pouco efetivos); Tromboembolectomia endovascular – via cateterismo (raro!) Anticoagulação plena – só são efetivas para as tromboses mesentéricas venosas. Paliação – território isquêmico é extenso demais (incompatível com a vida). 5 CIRURGIA GERAL 13 Marina Prietto SÍNDROME DE WILKIE: É a síndrome da artéria mesentérica superior, que cursa com uma obstrução duodenal, porém não é um abdome agudo vascular. Anatomia: relação duodeno x A. mesentérica superior (verde). Ocorre devido uma obstrução intestinal localizada no pinçamento aorto mesentérico (o duodeno fica comprimido entre as duas artérias). Fatores de risco: Emagrecimento rápido (a artéria mesentérica perde o seu coxin gorduroso, promovendo uma agudização do ângulo aortomesentérico). Quadro clínico: Sintomas de obstrução intestinal alta. 1. Vômitos intermitentes. 2. Desidratação (não é capaz de absorver) 3. Perda ponderal (ciclo vicioso: emagrece piora o quadro) OBS: Essa condição está associada principalmente à perda extrema de peso (secundária à bariátricaou não), mas também se relaciona com neoplasias malignas, AIDS, síndromes de má absorção, queimaduras, traumas e abuso de drogas Diagnóstico: CLÍNICA: vômitos após quadro de emagrecimento inicial. + ANGIOTC: Presença do ângulo aortomesentérico < 20° Manejo: Tratamento é conservador! Tratar doença de base do paciente. Auxiliar na recuperação do peso (suporte nutricional) Casos refratários: cirurgia (duodenojejunostomia em Y de Roux)
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