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ISSN 2176-1396 
 
 
PSICOMOTRICIDADE E DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM: 
UMA REVISÃO SISTEMÁTICA DOS ÚLTIMOS 5 ANOS 
 
Maria Teresa Martins Fávero
1
 - UEM 
 
Grupo de Trabalho – Educação na infância 
Agência Financiadora: não contou com financiamento 
 
Resumo 
 
A psicomotricidade tem um importante papel no desenvolvimento de funções cognitivas e 
na apropriação simbólica. A literatura aponta que o perfil psicomotor está normalmente 
afetado em crianças com Dificuldades de Aprendizagem. Apesar do progresso dos estudos 
no sentido de destacar a importância da psicomotricidade no desenvolvimento cognitivo na 
aprendizagem da leitura, da escrita e na formação da inteligência, tradicionalmente, a 
escola tem dado pouca importância à atividade motora das crianças. Partindo desta 
premissa, este estudo teve por objetivo revisar a literatura, nos últimos cinco anos, sobre a 
relação entre Psicomotricidade e Dificuldades de Aprendizagem (DA) na população de 6 a 
12 anos. A busca de dados foi realizada em duas bases de dados (ERIC e PUBMED), na 
lista de referências dos artigos e por contato com autores. Foram incluídos na revisão os 
estudos originais que investigaram a relação entre psicomotricidade e DA nas áreas 
acadêmicas de matemática, leitura e escrita, publicados entre 2010 e 2015, e que incluíram 
indivíduos com até 12 anos de idade, sem necessidades especiais. A busca de dados rendeu 
550 títulos potencialmente relevantes; destes 10 estudos atenderam os critérios de inclusão 
e foram revisados. Grande parte dos estudos demonstrou relações entre psicomotricidade e 
DA. Os resultados apontam que os aspectos da psicomotricidade que mais se relacionam 
com as DA são à percepção visual, coordenação motora fina, coordenação motora grossa e 
integração viso motora. Outro fator relevante indicado em todos os trabalhos é a 
necessidade de estudos de intervenção que permitam a avaliação dos resultados e o 
planejamento de estratégias a serem adotadas no ambiente escolar. 
 
Palavras-chave: Psicomotricidade. Dificuldades de Aprendizagem. Transtorno do 
Desenvolvimento da Coordenação. 
 
1 Discente do Curso de Doutoramento em Educação da Universidade Estadual de Maringá (UEM). Integrante 
do Grupo de Estudos e Pesquisa em Psicopedagogia, Aprendizagem e Cultura – GEPAC/UEM, vinculado ao 
Programa de Pós-Graduação em Educação – PPE/UEM. Professora de Educação Física Infantil do Curso de 
Educação Física da UNESPAR/FAFIPA. Coordenadora do Curso de Educação Física da 
UNESPAR/FAFIPA. E-mail:leomate@uol.com.br 
 
mailto:leomate@uol.com.br
9017 
 
Introdução 
O importante papel da motricidade no desenvolvimento de funções cognitivas foi 
apontado primeiramente por Piaget (1952). O autor considera a ação psicomotora uma 
precursora do pensamento representativo e do desenvolvimento cognitivo. Nessa 
perspectiva a criança deve agir sobre o meio através de atividades motoras, visuais, táteis e 
auditivas. A formação de conceitos psicomotores (pré-simbólicos) não acontece pela 
padronização das ações, mas sim: pela experiência, complexidade, diversidade e 
variabilidade de ações (PIAGET, 1977). 
Apesar do progresso dos estudos no sentido de destacar a importância da 
psicomotricidade no desenvolvimento cognitivo, na aprendizagem da leitura e da escrita e 
na formação da inteligência, tradicionalmente, a escola tem dado pouca importância à 
atividade motora das crianças. 
No estudo sobre Dificuldades de Aprendizagem a literatura destaca dois principais 
perfis. O primeiro, cujo enfoque é mais clínico, está relacionado a problemas em 
habilidades acadêmicas, manifestado principalmente sob a forma de dificuldades de 
linguagem e aritmética (discalculia, disgrafia, dislexia). No segundo perfil, os principais 
problemas dizem respeito a aspectos não verbais. Crianças inábeis, com dificuldades na 
aquisição de movimento motor complexo, baixa coordenação, falta de equilíbrio e controle 
postural, diminuição do tônus muscular e pouca coordenação motora fina. (BONIFACCI, 
2004). Do ponto de vista cognitivo, este grupo é descrito como tendo dificuldades 
aritméticas, problemas em componentes motores da escrita e em resolver problemas que 
envolva aspectos espaciais (ROURKE, 1987), resultando em possíveis dificuldades 
linguísticas no domínio produtivo. 
Diferentes definições vêm sendo utilizadas para nomear este perfil, tais como falta 
de jeito, dificuldade psicomotora, dispraxia, inaptidão, disfunção cerebral mínima e TDC 
(Transtorno do Desenvolvimento da Coordenação). 
Pesquisas nacionais e internacionais mostram uma relação clara entre Dificuldades 
de Aprendizagem e desempenho psicomotor, um relacionamento que se torna mais forte 
quando a Dificuldade de Aprendizagem é acompanhada por um transtorno do 
desenvolvimento ou comorbidade (DEWEY; WILSON; CRAWFORD; KAPLAN, 2000; 
FAWCETT; NICOLSON, 1995; KAPLAN; DEWEY; CRAWFORD; WILSON, 2001 ; 
FÁVERO; CALSA, 2003; PIEK; DYCK; FRANCIS; CONWELL, 2007; CAPELLINI, et 
9018 
 
al, 2010; MEDINA-PAPST; MARQUES, 2010; FIN; BARRETO, 2010; SILVA; 
BELTRAME, 2011; PINHO, 2013) 
Compreender as relações entre Psicomotricidade e Dificuldades de Aprendizagem é 
um fator relevante para se pensar a utilização da psicomotricidade na construção do 
conhecimento simbólico, deixando de lado a dissociação corpo-mente, e a fragmentação do 
desenvolvimento da criança em cognitivo, lingüístico e motor. Uma revisão sobre 
Psicomotricidade e Dificuldades de Aprendizagem permitirá uma melhor compreensão 
sobre o assunto, além de indicar lacunas na literatura que apontem o sentido para novas 
pesquisas. Com base nessas premissas, o presente artigo tem como objetivo revisar a 
literatura, nos últimos cinco anos, sobre as relações entre Psicomotricidade e Dificuldades 
de Aprendizagem em Escrita em crianças. 
Metodologia 
Estratégia de busca 
A Estratégia de busca para a identificação dos artigos relevantes para esta revisão 
foi feita por meio de busca em duas bases de dados eletrônicas: MEDLINE/Pubmed, e 
ERIC. A busca de artigos se limitou ao período de 2010 a 2015, levando em consideração 
artigos publicados em inglês. Foram utilizados descritores caracterizando componentes da 
DA (Learning Disorders, Learning Disabilities, Difficulties, Handwriting, Scholastic Skills 
e Development Disorders) em combinação com o descritor Psicomotricidade 
(Psychomotor Performance, Visual Perception, Motor Skills, Visual Motor Coordination, 
Psychomotor Performance, Sensory Motor Learning, Psychomotor Skills, Perceptual 
Motor Learning, Coordination, Perceptual Motor, Motor Development, Perceptual Motor 
Learning, Perceptual Development e Perceptual Motor Coordination) e da população 
estudada (Child, children, students, Young Children e Elementary School Children), 
As buscas de estudos foram realizadas com descritores em língua inglesa. Foram 
realizadas combinações entre os descritores mediante a utilização dos operadores 
booleanos “AND” e “OR”. Optou-se por não incluir teses, dissertações e monografias, 
visto que a realização de uma busca sistemática das mesmas seria inviável logisticamente. 
Todos os processos de seleção de artigos foram realizados por pares e, caso houvesse 
discordância entre os avaliadores sobre os critérios de inclusão e exclusão, era então feita 
uma discussão específica sobre o artigo em questão até um consenso final. Uma análise 
9019 
 
inicial foi realizada com base nos títulos dos manuscritos; em seguida, outra avaliação foi 
realizada nos resumos de todos os artigos que preenchiam os critérios de inclusão ou que 
não permitiam haver certeza de que deveriam ser excluídos. Após análise dos resumos, 
todos os artigos selecionados foram obtidos na íntegra e posteriormente examinados de 
acordo com os critérios de inclusão estabelecidos. Também foi realizada uma busca 
manual em listas de referências dos artigos selecionados.Critérios de inclusão e exclusão 
Foram considerados os seguintes critérios de inclusão: (i) artigos originais 
publicados em periódicos peer-reviewed com objetivo de verificar as relações entre DA e 
aspectos da Psicomotricidade; (ii) estudos publicados entre julho de 2010 e julho de 2015 e 
(iii) amostras com indivíduos de idade igual ou inferior a 12 anos, ou com média de idade 
nessa faixa etária. Estudos de intervenção, transversais e longitudinais foram considerados 
na referida revisão. Foram considerados os seguintes critérios de exclusão: (i) relacionar 
transtornos e deficiências sensoriais com psicomotricidade e (ii) não ter como desfecho as 
relações entre Dificuldades de Aprendizagem e aspectos da Psicomotricidade. 
Extração dos dados 
Para os estudos incluídos na presente revisão, os seguintes dados foram extraídos: 
país e local do estudo, objetivo do estudo, tipo e tamanho da amostra, idade dos 
participantes e os principais resultados. Os artigos foram organizados em ordem 
cronológica considerando o ano de publicação do estudo (TABELA 1). 
Resultados 
 A Figura 1 apresenta o fluxograma descrevendo o processo de busca e seleção dos 
estudos. Foram identificados 550 artigos relevantes para esta revisão. Após a análise dos 
títulos, 74 estudos foram selecionados para leitura dos resumos. A leitura dos resumos 
resultou numa seleção de 19 trabalhos considerados relevantes e selecionados para leitura 
do texto na íntegra. Destes, 9 estudos (47,3%) foram excluídos por não apresentaram 
associações entre dificuldades de aprendizagem e psicomotricidade como desfecho, 
privilegiando aspectos como memória visual, perfil cognitivo, aprendizagem motora, etc. 
9020 
 
Portanto, a busca eletrônica gerou onze (10) estudos relevantes para essa revisão 
sistemática. 
Figura 1: Fluxograma de busca e seleção dos estudos na presente revisão 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Elaborado pela autora, 2015 
550 referências encontradas 
MEDLINE/Pubmed – 247 
ERIC– 303 
ERIC – 723 
LILACS - 4 
 
476 referências 
excluídas 
 
74 referências selecionadas para a leitura dos 
resumos 
19 referências selecionadas para a leitura 
dos textos completos 
55 referências 
excluídas 
 
9 referências excluídas por 
não apresentaram associações 
entre DA em escrita e 
psicomotricidade como 
desfecho 
 
10 estudos foram selecionados 
9021 
 
Quadro 1: Estudos incluídos na revisão sistemática sobre a relação entre Dificuldades de Aprendizagem (DA) e Psicomotricidade. 
Título/Autor (es) Ano Objetivo Amostra; Idade Principais achados 
 
Educational Gymnastics: The 
Effectiveness of Montessori Practical Life 
Activities in Developing Fine Motor Skills 
in Kindergartners 
(Punum Bhatiaa, Alan Davisb & Ellen Shamas-
Brandtc) 
2015 
Analisar o efeito da prática baseada 
na 
Ginástica educacional (Montessori) 
sobre o desenvolvimento motor fino 
de crianças pequenas 
. 
100 crianças (50 do GC e 50 
no GE) entre 4 e 5 anos de 
idade. 
Sobre a relação entre desenvolvimento motor e cognitivo, os resultados apontam a necessidade de 
uma abordagem equilibrada para a primeira infância e sustentam a importância da atividade física e 
do desenvolvimento motor fino em conjunto com habilidades cognitivas 
Effects of a Sport Stacking Intervention on 
Second-Grade Students 
 (Yuhua Li, Diane Coleman, Mary Ransdell, 
Lyndsie Coleman, Carol Irwin) 
2014 
Examinar os efeitos de uma 
intervenção (esporte de 
empilhamento) sobre a coordenação 
olho-mão, tempo de reação e 
habilidades de escrita manual 
83 crianças com média de 
idade de 7.65 (± 0,55 anos). 
41 no CG e 42 no GE. 
Os resultados não foram conclusivos. No entanto, houve uma tendência para melhorias significativas 
no grupo experimental sobre o grupo de controle. Foram observadas melhorias na habilidade de 
escrita e no comportamento em sala de aula. 
A longitudinal study on gross motor 
development in children with learning 
disorders 
(Marieke Westendorp, Esther Hartman, Suzanne 
Houwen, Joanne Smith, Chris Visscher, 
Mombarg,) 
 
2014 
 
Traçar a trajetória de 
desenvolvimento de habilidades 
motoras em crianças com 
Dificuldades de Aprendizagem e 
comparar os resultados com crianças 
com desenvolvimento típico 
56 crianças com DA e 253 
com desenvolvimento 
típico. A faixa etária das 
crianças foi 7-11 anos 
(idade média de 9,5 anos 
 
As comparações entre os grupos mostraram que as crianças com DA pontuaram mais baixo do que as 
crianças com desenvolvimento típico em todas as idades, exceto aos sete anos. 
O estudo enfatiza a importância de fornecer intervenções para crianças com DA para ajudá-las a 
desenvolver e manter níveis adequados de proficiência motora grossa. 
As habilidades motoras e habilidades cognitivas estão relacionadas, a detecção precoce de problemas 
de habilidade motora é recomendada e pode ser útil na identificação de problemas com desempenho 
escolar tardio. 
 
Associations Between Low-Income 
Children's Fine Motor Skills in Preschool 
and Academic Performance in Second 
Grade 
 (Laura Dinehart e Louis Manfra) 
2013 
Examinar as habilidades motoras 
finas de crianças da pré escola 
economicamente desfavorecidas e 
prever o desempenho acadêmico na 
segunda série. 
3234 crianças. matriculadas 
em 2004 e 
, em 2007. 
A Idade média das crianças 
foi de 62,5 meses no 
momento da avaliação pré-
escolar. 
 
Há crescente evidência de que as habilidades motoras finas têm um efeito significativo sobre a 
realização acadêmica mais tarde. Os resultados sugerem que as habilidades motoras finas, e as 
habilidades de escrita motora fina, devem ser incluídas no currículo de educação precoce. 
No geral, o estudo sugere que as habilidades motoras finas, a escrita motora devem ser consideradas 
um indicador valioso de prontidão escolar. Além de aumentar a literatura que mostra uma ligação 
entre as primeiras habilidades motoras finas e realização acadêmica mais tarde, o presente estudo 
estabelece as bases para futuras pesquisas para explorar como a Aprendizagem Motora pode 
contribuir coma realização acadêmicas nas séries posteriores. 
 
Identifying Subtypes Among Children With 
Developmental Coordination Disorder and 
Mathematical Learning Disabilities, Using 
Model-Based Clustering 
(Stefanie Pieters, Herbert Roeyers, Yves 
Rosseel, Hilde Van Waelvelde e Annemie 
Desoete) 
2013 
Investigar as habilidades de leitura e 
escrita de crianças com MLD, com 
DCD, e com DCD e MLD e em 
crianças com desenvolvimento 
típico. 
Quatro grupos de crianças 
com idade entre 7 e 12 anos. 
73 crianças com MLD, 102 
crianças com DCD, 99 
crianças com comorbidade 
MLD e DCD e 136 crianças 
com desenvolvimento 
tipico, sem problemas 
matemáticos ou a motor. 
 
Nossa pesquisa sugere comorbidade significativa entre dificuldades motoras e (especialmente) 
semânticas e dificuldades matemáticas, mas isso não significa que todas as crianças com dificuldades 
motoras devem ter dificuldades matemáticas, ou vice-versa. É importante que educadores e clínicos 
verifiquem se há problemas adicionais (leitura, ortografia, habilidades motoras, habilidades de 
integração visual-motor, e escrita) em crianças que demonstram qualquer tipo de dificuldade. 
Behind mathematical learning disabilities: 
What about visual perception and 
motor skills? 
(Stefanie Pieters, Annemie Desoete, Herbert 
Roeyers, Ruth Vanderswalmen, Hilde Van 
Waelvelde) 
2012a 
Investigar se crianças com 
Dificuldades de Aprendizagem 
Matemáticas tem problemas nos 
domínios da percepção visual, 
habilidades motoras 
E integração visual-motora, em 
comparação com crianças controle. 
 
Quatro grupos de crianças 
com idade entre 7 
e 9 anos participaram deste 
estudo: 39 crianças com 
MLD 
e 106 controles com 
desenvolvimento típico 
pertencentes a três 
grupos de controle de três 
idades diferentes.Crianças com MLD apresentam realizações significativamente piores na percepção visual, 
coordenação motora e Integração visual-motora em comparação com seus pares da mesma idade. 
Foram encontrados atrasos de desenvolvimento leve (para a percepção visual, visual-motora 
Integração e de coordenação motora), bem como uma grave atraso no desenvolvimento (para 
habilidades motoras) em crianças com MLD. 
9022 
 
Mathematical problems in children with 
developmental coordination 
disorder 
(Stefanie Pieters, Annemie Desoete, Hilde Van 
Waelvelde, Ruth Vanderswalmen, 
Herbert Roeyers) 
2012b 
Investigar se (a) crianças com TDC 
são heterogêneas ou apresentam 
As diferenças individuais, além das 
Diferenças existentes entre os 
grupos. 
Quarenta e três crianças de 9 
anos de idade com TDC 
participaram deste estudo 
Os resultados revelaram que as crianças com TDC são um grupo bastante heterogêneo quanto à sua 
competência matemática. Problemas com a matemática podem ocorrer em algumas, mas não em 
todas as crianças com TDC. No entanto, a maioria das crianças com TDC tem problemas 
matemáticos. 
The relationship between gross motor skills 
and academic achievement 
in children with learning disabilities 
(Marieke Westendorp, Esther Hartman, Suzanne 
Houwen, Joanne Smith, Chris Visscher) 
 
2011 
Investigar em 
Crianças com Dificuldades de 
Aprendizagem Específicas se as 
relações entre os diferentes 
subgrupos de habilidades motoras 
e os diferentes domínios de 
desempenho acadêmico (ou seja, 
leitura, ortografia e matemática) 
poderia ser 
estabelecida. 
104 crianças com DA e 104 
crianças com 
desenvolvimento típico. 
Idade média de 10,1 anos 
Assim como crianças com DA são um grupo heterogêneo no desempenho acadêmico (ou 
seja,diferentes níveis de desempenho em leitura, escrita e matemática), eles mostram também uma 
variedade de desempenho motor; 
Os resultados sobre a relação entre habilidades motoras e desempenho escolar em crianças com DA 
mostrou uma clara relação entre as habilidades de leitura e locomotoras: quanto maior a defasagem 
de aprendizagem na leitura tanto mais pobre é o desempenho locomotor. 
 Crianças com idade escolar primária com DA apresentam um desempenho pior do que crianças com 
desenvolvimento típico em habilidades motoras grossas. Correlações 
significativas foram obtidas entre leitura e habilidades locomotoras, ortografia e habilidades 
locomotoras, e gênero e habilidades locomotoras. 
 
Associations Between Academic 
and Motor Performance in 
a Heterogeneous Sample of Children 
With Learning Disabilities 
(Pieter Jelle Vuijk, Esther Hartman, Remo 
Mombarg, 
Erik Scherder e Chris Visscher) 
 
 
 
 
2011 
Investigar se as relações entre o 
desempenho do motor e Dificuldades 
de Aprendizagem Específicas com 
ou sem desenvolvimento de 
comorbidades. 
137 crianças com DA. Faixa 
etária de 7 a 12 anos (média 
de idade = 10,7 anos) 
Crianças com DA tem mais problemas com destreza manual, 52,6% apresentaram habilidades 
motoras abaixo da média, e 38,0% apresentaram problemas motores definitivos. 
A correlação dos testes de leitura, ortografia e realizações matemáticas com as pontuações MABC, 
renderam efeitos significativos para a ortografia e matemática. A 
subescala de destreza manual produziu uma correlação significativa com a ortografia, a subescala de 
habilidades com bola com a leitura, e a subescala de equilíbrio com a matemática. 
As associações entre o desempenho motor e DAs específicas relatados em pesquisas anteriores de 
grupos de estudo mais homogêneos também foram evidentes em nossa amostra heterogênea. Este 
achado sugere que, pelo menos em partes isso explica as altas comorbidades em crianças com 
problemas de movimento. 
 
Reading and writing performances of 
children 7–8 years of age with 
developmental coordination disorder in 
Taiwan 
(Hsiang-Chun Cheng, Jenn-Yeu Chen, Chia-
Liang Tsai, Miau-Lin Shen e Rong-Ju Cherng 
 
2011 
Analisar o desempenho de leitura e 
escrita de crianças com TDC 
(Transtorno do Desenvolvimento da 
Coordenação) 
 
37 crianças com 
Dificuldades Motoras e 93 
crianças com 
Desenvolvimento Típico. 
Crianças com Dificuldades 
Motoras tinha em média 7,8 
anos (± 0,6 anos) e crianças 
com Desenvolvimento 
Típico tinham em média 8.0 
anos (± 0,7 anos). 
 
As crianças com Dificuldades Motoras tiveram escores significativamente mais baixos na 
composição escrita do que as crianças com desenvolvimento típico. 
O desempenho de escrita é mais pobres nas crianças com Dificuldades motoras do que nas crianças 
com desenvolvimento típico 
Não encontramos nenhuma diferença no desempenho de leitura entre crianças com 
dificuldades motoras e com desenvolvimento típico. O DCD tende a ser associado com as 
dificuldades de escrita em Inglês e Chinês. 
 Fonte: Elaborado pela autora, 2015 
9023 
 
 
Discussão 
A tabela 1 descreve as principais características e os resultados dos estudos revisados. 
Foram encontrados dez estudos, seis na Europa (WESTENDORP et al, 2014 PIETERS et al, 
2013; PIETERS et al, 2012a; PIETERS et al, 2012b; WESTENDORP et al, 2011 e VUJIK et 
al, 2011); três nos Estados Unidos (BHATIA; DAVIS; SHAMAS-BRANDT, 2015; YUHUA 
LI et al 2014; DINEHART; MANFRA, 2013) e um em Taiwan (CHENG et al, 2011). 
A maioria dos estudos (WESTENDORP et al, 2014; PIETERS et al, 2013; PIETERS 
et al, 2012a; PIETERS et al, 2012b; WESTENDORP et al, 2011 e VUJIK et al, 2011), 
mesmo os excluídos da leitura final por não apresentarem desfechos envolvendo DA e 
Psicomotricidade, foram realizados em países europeus, talvez em função da importância 
atribuída ao aspecto psicomotor na educação desses países. 
Os estudos tiveram suas amostras formadas por crianças entre 6 e 12 anos de idade. 
Isso se justifica em função de ser a idade ideal para se estimular ou intervir no 
desenvolvimento psicomotor. De acordo com Bueno (1998) o desenvolvimento psicomotor 
acontece num processo conjunto em todos os aspectos (motor, intelectual, emocional e 
expressivo), sendo mais expressivo em duas fases: primeira infância (0 a 3 anos) e Segunda 
infância (4 a 7 anos), estando completo em termos maturacionais por volta dos 8 anos de 
idade. 
Para a avaliação do desenvolvimento psicomotor a maioria dos estudos (60%) utilizou 
o Movement Assessment Battery for Children (MABC). A Bateria de Avaliação de 
Movimento para Crianças é composta por dois testes distintos e complementares. Um é 
constituído de uma bateria de testes motores (MABC Teste) e o outro é um questionário na 
forma de uma lista de checagem (MABC Checklist) aplicado para detectar dificuldades 
motoras em crianças de 4 a 16 anos. 
Relações entre Psicomotricidade e Dificuldades de Aprendizagem 
Todos os estudos analisados concordam em afirmar que é aceito que as crianças com 
Dificuldade de Aprendizagem têm menor desempenho para habilidades motoras em relação a 
crianças de Desenvolvimento Típico (BHATIA; DAVIS; SHAMAS-BRANDT, 2015; 
YUHUA LI et al 2014; DINEHART; MANFRA, 2013; WESTENDORP et al, 2014; 
mailto:yuhuali@memphis.edu
mailto:yuhuali@memphis.edu
mailto:yuhuali@memphis.edu
9024 
 
PIETERS et al, 2013; PIETERS et al, 2012a; PIETERS et al, 2012b; WESTENDORP et al, 
2011 e VUJIK et al, 2011; CHENG et al, 2011). 
A pesquisa realizada por Bhatia, Davis e Shamas-Brandt (2015) destaca duas vertentes 
atuais de pesquisa em apoio ao desenvolvimento da primeira infância com interesse no 
desenvolvimento motor fino e na relação entre o desenvolvimento motor, desenvolvimento 
cognitivo e desempenho escolar. A primeira vertente se destaca apresentando estudos 
longitudinaisque mostram que as habilidades motoras finas no jardim de infância são 
preditivos de desempenho acadêmico subsequente na alfabetização e matemática. A segunda 
vertente de investigação, por meio da utilização de imagens cerebrais sugere que a maioria 
das atividades que desenvolvem ou exigem habilidades cognitivas também envolvem o uso de 
habilidades motoras finas, e embora 
funções motoras e cognitivas finas sejam processadas em diferentes partes do cérebro, estas 
funções são desenvolvidas de forma coordenada e são ativadas em conjunto ao executar uma 
ampla gama de tarefas. Analisando os estudos desenvolvidos por ambas as vertentes, bem 
como os resultados da Ginástica Educacional, proposta pelo Método Montessori os autores 
enfatizam e recomendam a interação recíproca dos aspectos cognitivos e motores. As 
conclusões defendem uma abordagem equilibrada para a educação infantil que mantém a 
importância da atividade física e do desenvolvimento motor fino em conjunto com o 
desenvolvimentos das habilidades cognitivas (BHATIA; DAVIS; SHAMAS-BRANDT, 
2015). 
Ainda investigando esta linha de pesquisa, o estudo desenvolvido por Dinehart e 
Manfra (2013) indica que as habilidades motoras finas são preditores significativos de 
conquista acadêmica mais tarde, corroborando com os achados de Bhatia, Davis e Shamas-
Brandt (2015) e de outros autores (GRISSMER et al, 2010;. LUO; JOSE; HUNTSINGER; 
PIGOTT, de 2007). 
As Habilidades motoras finas podem ser definidas como movimentos dos pequenos 
músculos (aqueles dos dedos). Investigadores que examinam a capacidade motora fina têm 
historicamente utilizado vários termos para defini-la, como por exemplo, integração visual-
motora ou habilidade perceptivo-motor, refletindo o fato de que o desempenho motor bem 
sucedido requer uma boa percepção visual e habilidade motora, bem como a integração dos 
dois (DINEHART; MANFRA, 2013). 
Os resultados encontrados por Dinehart e Manfra (2013) afirmam que as crianças com 
habilidade grafomotoras mais fortes na pré-escola apresentaram melhor desempenho 
9025 
 
acadêmico na segunda série, isto porque elas já tinham formado ou eram mais propensas a 
formar modelos internos de símbolos que fornecem a base para as disciplinas acadêmicas. 
Embora as habilidades motoras de manipulação sejam essenciais para a execução de força e 
controle adequado da braço, mão e dedos, para a realização da escrita, as tarefas grafomotoras 
devem ser consideradas um conjunto de vários processos cognitivos e neuromotores. As 
atividades motoras da pré-escola devem incluir tarefas de destreza manual, como dobrar o 
papel, construir com blocos, pintar, etc. apesar de estas atividades muitas vezes serem vistas 
como não-acadêmicas. No entanto, o estudo conclui que dada a sua associação significativa 
com a realização de matemática, as tarefas de manipulação motora podem ser uma janela para 
as primeiras experiências infantis nas habilidades de compreensão espacial. 
A conclusão de que Crianças com idade escolar primária com DA apresentam um 
desempenho pior do que crianças com desenvolvimento típico em habilidades motoras 
grossas, habilidades motoras finas e habilidades de controle de objetos foi apresentada em 
vários estudos (WESTENDORP et al, 2014; WESTENDORP et al, 2011; VUJIK et al, 2011; 
CHENG et al, 2011; CHANG & YU, 2009). 
O estudo de Pieters et al (2013) Investigou as habilidades de leitura e escrita de 
crianças em combinação com Dificuldades Matemáticas, com Transtorno do 
Desenvolvimento da Coordenação (TDC) e com Dificuldades Matemáticas e de Coordenação 
concomitantemente. O “Transtorno do Desenvolvimento da Coordenação” (TDC) fo i 
formalizado na terceira edição do DSM e revisado na quarta edição e quinta edição (DSM-IV 
e DSM-V), nominado anteriormente como: distúrbio perceptual motor, síndrome da criança 
desajeitada, apraxia do desenvolvimento, dispraxia do desenvolvimento, e dificuldades 
psicomotora, o TDC compreende variadas dificuldades que afetam a capacidade do indivíduo 
em aprender e realizar habilidades motoras coordenadas. 
Visser (2003) analisou vários estudos realizados com crianças com TDC e concluiu 
que, apesar dos resultados diversos , existe um subtipo comum, caracterizado por problemas 
sensório-motoras generalizados. Este subtipo geralmente apresenta um prejuízo global em 
todos os domínios motores relacionados medidos, e comorbidade com dificuldades de 
aprendizagem. Adotando esta linha de pesquisa, o estudo de Pieters et al (2013) concluiu que 
há uma significativa comorbidade entre dificuldades motoras e dificuldades matemáticas. 
Porem, os autores ressaltam que isso não significa que todas as crianças com dificuldades 
motoras devem ter dificuldades matemáticas, ou vice-versa. 
9026 
 
Em estudos anteriores (PIETERS et al, 2012a; PIETERS et al, 2012b) já haviam 
descrito que crianças com Dificuldades de Aprendizagem Matemática (DAM) têm 
significativamente mais problemas de percepção visual, de integração viso-motora e 
coordenação motora em comparação a crianças com desenvolvimento típico. Os dados destes 
estudos revelam que crianças com TDC são um grupo bastante heterogêneo quanto à 
aprendizagem da matemática. Portanto, problemas com a matemática podem ocorrer em 
algumas, mas não em todas as crianças com TDC. No entanto, a maioria das crianças com 
TDC tem problemas matemáticos. Os autores enfatizam que a co-morbidade se apresenta 
mais como uma regra do que como uma exceção e isso sugere que uma avaliação diagnóstica 
multidisciplinar deve também incluir uma avaliação matemática e psicomotora. 
As crianças que têm grandes problemas em habilidades acadêmicas são crianças com 
Dificuldades de Aprendizagem (DA). Estas crianças têm déficits em um ou mais domínios de 
desempenho acadêmico, tais como distúrbios de leitura, distúrbios matemáticos, e / ou 
distúrbios de expressão escrita (American Psychiatric Association, 2000). De acordo com a 
literatura as habilidades de coordenação motora grossa é a base para a aprendizagem de 
habilidades academicas (SON; MEISELS, 2006; VIHOLAINEN et al, 2006). Nesse sentido, 
Westendorp et al, (2011) consideraram importante investigar as relações específicas entre os 
diferentes subconjuntos de habilidades motoras grossa (ou seja, habilidades motoras e 
habilidades de controle de objeto) e os diferentes domínios da desempenho acadêmico (ou 
seja, leitura, ortografia e matemática) em crianças com DA em vez de uma relação geral entre 
DA e desempenho do motor. Os resultados mostraram que o grupo de crianças com DA, 
comparado ao grupo de crianças sem DA, obteve pontuações significativamente mais baixas 
(refletindo a menor performance) em ambos os subtestes (teste de habilidade motora grossa, 
subdividido em habilidades locomotoras (correr, galopar, saltar, pular) e habilidades de 
controle de objeto (agarrar com as duas mãos, apanhar, chutar, jogar) em comparação com o 
grupo controle, com tamanhos de efeito sendo de moderado a grande. Correlações 
significativas foram obtidas entre ortografia e habilidades locomotoras (WESTENDORP et al, 
2011) 
Após demonstrar que crianças em idade escolar primária com DA tem habilidades 
motoras inferiores em comparação com seus pares com desenvolvimento típico 
(WESTENDORP et al, 2011; WESTENDORP et al, 2013) , Westendorp et al, (2014) 
averiguaram o desenvolvimento motor grosso de crianças com DA durante os anos do ensino 
fundamental, buscando centrar-se na trajetória de desenvolvimento das habilidades motoras 
9027 
 
grossas (habilidades locomotoras e habilidades com a bola). Partiram do pressuposto que 
crianças com DA apresentavam um desempenho inferior na habilidade motora grossa em 
relação a crianças com desenvolvimento típico, e que esta diferença entre os grupos poderia 
tornar-se maior com a idade. O estudo foi conclusivo ao afirmar que crianças com DA 
desenvolvem suas habilidades com a bola no finaldo período de ensino fundamental em 
comparação com seus pares com desenvolvimento típico. No entanto, no final do período de 
ensino fundamental, ainda há uma lacuna entre os dois grupos de crianças de pelo menos três 
anos. 
O estudo conduzido por Vujik et al (2011) investigou o desenvolvimento psicomotor 
nas DA quando esta vem acompanhada de uma comorbidade. Os resultados indicaram que 
ortografia e matemática apresentaram relações significativas com as pontuações obtidas pelas 
crianças no Movement Assessment Battery for Children (MABC-2) (HENDERSON; 
SUGDEN, 2007). Os resultados mostraram ainda associações entre o desempenho psicomotor 
e DAs específicas em uma amostra heterogênea. Este achado sugere que, pelo menos em 
parte, uma teoria que explique as altas comorbidades em crianças com problemas de 
movimento realmente exista, ou seja, a associação entre o TDAH, a dislexia e os distúrbios 
psicomotores deve ser melhor investigada. Na verdade, os testes do Movement Assessment 
Battery for Children (MABC -2) revelaram que a proporção de crianças com problemas 
motores na educação especial é significativamente mais elevada do que a encontrada na 
população normal. 
 O estudo realizado em Tawain (CHENG et al , 2011) objetivou analisar o desempenho 
da leitura e escrita de crianças com Transtorno do Desenvolvimento da Coordenação e 
compará-los com as crianças de desenvolvimento típico. Os autores observaram que o 
desempenho da escrita se mostrou mais pobre nas crianças com Transtorno do 
Desenvolvimento da Coordenação do que nas crianças com desenvolvimento típico. O fraco 
desempenho da escrita das crianças com Transtorno do Desenvolvimento da Coordenação 
pode ser atribuído à sua dificuldade motora. 
A pesquisa realizada por Yuhua Li e colaboradores (2014) foi o único estudo de 
intervenção encontrado pela presente revisão. O objetivo foi verificar o efeito de uma 
Intervenção de 14 semanas com estudantes da segunda série sobre a qualidade e velocidade da 
escrita. Os resultados não foram conclusivos, apenas indicaram que o grupo experimental 
demonstrou uma maior melhoria na velocidade de escrita do que o controle no pós- teste, 
mantendo a formação da letra correta igualmente bem entre os dois grupos. 
mailto:yuhuali@memphis.edu
9028 
 
Os autores dos estudos indicados nesta revisão são unânimes em concluir sobre a 
necessidade de estudos intervencionais. Como afirma Westendorp et al (2013), estudos que 
investiguem os efeitos positivos da intervenções psicomotoras sobre o funcionamento 
cognitivo são limitados. Além dos autores citados nesta revisão, outros pesquisadores são 
unânimes em apontar a necessidade de estudos de intervenção controlados para determinar os 
efeitos do desenvolvimento de habilidade motora fina intencional sobre o desempenho motor 
e desempenho acadêmico subsequente (BROWN, 2010; GRISSMER et al., 2010; RULE; 
STEWART, 2002). 
Pesquisas futuras devem decidir se as crianças que foram identificadas precocemente, 
como estando em risco de desenvolver dificuldades de aprendizagem poderiam se beneficiar 
de uma intervenção motora pontual e segmentada (VUJIK et al, 2011). 
Limitações do estudo 
O trabalho aqui apresentado possui algumas limitações que devem ser 
destacadas. A busca eletrônica foi limitada aos estudos publicados entre 2010 e 2015, 
havendo uma possibilidade de que alguns estudos relevantes tenham sido publicados 
anteriormente a essa período e não tenham sido incluídos na presente revisão. A busca de 
estudos também foi limitada à literatura peer-reviewed, não sendo incluídos dados não-
publicados, teses, dissertações e posicionamentos de instituições. Adicionalmente, os 
principais estudos originais estão publicados na literatura peer-reviewed. Portanto, acredita-se 
que os principais estudos que analisaram a associação entre Dificuldades de Aprendizagem e 
Dificuldades Psicomotoras publicados entre 2010 e 2015, estão sumarizados nessa revisão 
Considerações Finais 
A presente revisão fornece suporte para uma associação entre Dificuldades de 
Aprendizagem e Dificuldades Psicomotoras. Contudo, os problemas psicomotores não podem 
ser apontados como a causa para tais dificuldades. As Dificuldades de Aprendizagem são 
multifatoriais, portanto, as dificuldades psicomotoras são apenas uma das características da 
criança com DA. 
A literatura sobre a relação entre Dificuldades de Aprendizagem e Psicomotricidade 
em crianças é composta basicamente por estudos transversais. É aceito que existe uma relação 
entre a capacidade motora e desenvolvimento cognitivo. A pesquisa mostrou que capacidades 
https://translate.googleusercontent.com/translate_f#15
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https://translate.googleusercontent.com/translate_f#16
9029 
 
motoras bem desenvolvidas podem facilitar funcionamento cognitivo infantil e mais 
especificamente suas habilidades acadêmicas em leitura, linguagem e matemática. 
Em relação aos achados, é importante destacar que as habilidades motoras finas (sejam 
elas grafomotoras ou de conteúdo não acadêmico) realizadas na pré escola são preditores 
significativos de desempenho acadêmico mais tarde (BHATIA; DAVIS; SHAMAS-
BRANDT, 2015; DINEHART; MANFRA, 2013; GRISSMER et al, 2010). Essas 
habilidades ou tarefas são consideradas resultado de um conjunto de processos cognitivos e 
neuromotores que incluem a percepção visual-espacial, a discriminação viso espacial, a 
recuperação visual, e a discriminação de orientação. 
Os estudos evidenciaram que crianças com Dificuldades de Aprendizagem 
Matemática têm baixa percepção visual, baixa coordenação motora e de integração viso 
motora (PIETERS et al, 2013, PIETERS et al, 2012a, PIETERS et al, 2012b). Além destes 
aspectos, crianças com TDC são caracterizadas por déficits na percepção visual. Os déficits na 
percepção visual podem afetar sua capacidade de perceber a forma, o tamanho e a orientação 
do objeto. Portanto, eles podem ter dificuldades em aprender letras impressas e palavras. 
Tomados em conjunto, os resultados discutidos mostram um relação clara entre DA e 
desempenho motor, um relacionamento que se torna mais forte quando a DA é acompanhada 
por um transtorno do desenvolvimento/comorbidade. 
Por fim, os estudos concluem que as habilidades motoras e habilidades cognitivas 
estão relacionadas e a detecção precoce de problemas de habilidade motora é recomendado e 
pode ser útil na identificação de problemas com o desempenho escolar posterior. 
As evidências da associação entre os fatores analisados reforçam que a promoção de 
Intervenções pode ser benéfica para a população em questão. Apesar destas conclusões, o 
conhecimento de que intervir sobre as Dificuldades de Aprendizagem em Escrita pode parecer 
mais complexo do que geralmente se aborda na literatura é um fato incontestável. 
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