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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Nome: Cláudia Cristina Neves de Sousa Matrícula: 18116080312 Polo: Volta Redonda GEOGRAFIA NA EDUCAÇÃO 2 Coordenação: Prof.ª Juliana de Moraes Prata AD1 – 2020.2 Atenção: a segunda questão está na segunda página Questão 1 (valor: 6,0 pontos) O fichamento bibliográfico é o resumo, resenha crítica ou comentada das ideias principais abordadas por determinada obra. Escreva um fichamento bibliográfico do texto “O território brasileiro e a formação nacional: algumas aproximações a partir da produção intelectual no Brasil” (ESTEVES, 2014). Nesse fichamento devem aparecer comentários seus sobre a análise do artigo e frases ou ideias marcantes presentes no texto. (Texto presente na plataforma e como anexo dessa avaliação). Referência: Esteves, C. (2014). O Território brasileiro e a formação nacional: algumas aproximações a partir da produção intelectual no Brasil. Revista de Geografia e Ordenamento do Território (GOT), n.º 6 (dezembro). Centro de Estudos de Geografia e Ordenamento do Território, p. 89-111 Se sentir dificuldades, segue um link com material de apoio que detalha o que é e como se faz um fichamento bibliográfico. É só clicar ou copiar e colar no navegador: https://galoa.com.br/gerenciamento-referencias/blog/o-que-um-fichamento Esteves, C. O Território brasileiro e a formação nacional: algumas aproximações a partir da produção intelectual no Brasil. Rio de Janeiro: Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, 2014. Resumo Esta obra nos mostra o valor do espaço para a criação do “sentido de formação” da nossa nação servindo-se da relação entre a Geografia Histórica e o Pensamento Social desse país para descrever a marcha de formação nacional. https://galoa.com.br/gerenciamento-referencias/blog/o-que-um-fichamento 1. O território no pensamento social brasileiro “Vivemos na presença difusa de uma narrativa da origem. Essa narrativa, embora elaborada no período da conquista, não cessa de se repetir porque opera como nosso mito fundador. Mito no sentido antropológico: solução imaginária para tensões, conflitos e contradições que não encontram caminhos para serem resolvidos na realidade. Mito na acepção psicanalítica: impulso à repetição por impossibilidade de simbolização e, sobretudo, como bloqueio à passagem à realidade. Mito fundador porque, à maneira de toda fundatio, impõe um vínculo interno com o passado como origem, isto é, com um passado que não cessa, que não permite o trabalho da diferença temporal e que se conserva como perenemente presente. Um mito fundador é aquele que não cessa de encontrar novos meios para se exprimir, novas linguagens, novos valores e ideais, de tal modo que quanto mais parece ser outra coisa, tanto mais é a repetição de si mesmo.” (CHAUÍ, 2000) 1.1. O território como desiderato nacional O território do Brasil, desde sua origem, esteve ligado à fabulação sobre nossa identidade nacional. Para muitos ele é a própria significação do ser brasileiro (Carvalho, 1998; Chauí, 2000; Oliveira, 1998, 2000, 2007, 2008, 2010). (Pág.91) A autora baseia sua pesquisa nos trabalhos da professora Lucia Lippi Oliveira (CPDOC- FGV) e ressalta que preferiu trabalhar com a ideia de território e não de natureza, meio ambiente ou espaço para tratar este assunto, pois “território é apropriação de uma porção do espaço, é uma construção social derivada da ação humana e envolve a disputa de poder, a diferenciação e delimitação de um nós e eles, o que vai implicar um processo de identificação entre “iguais””. (pag.91) A autora fez uso de uma organização interdisciplinar entre a História das Ideias e a pesquisa da linguagem por meio do auxílio da geografia histórica numa construção ideológica como sustentação de uma ideia de nacionalidade e identidade cultural. 2. Semântica ambiental: natureza, território e representação As qualidades características do território foram exploradas de modo a integrar o imaginário popular brasileiro como um contínuo Reafirma-se, assim, aquilo que Freud enuncia em sua obra: a articulação entre o discurso social e o sujeito psíquico, o engendramento do Eu a partir de sua relação ao Outro, sustentada no campo cultural. Campo cujos contornos transcendem as fronteiras geopolíticas, mas que, sob o tecido de uma experiência espaço temporal, coloca-se em questão a inevitável condição de exílio a que o humano, na relação à linguagem, encontra-se lançado. (POOA, editorial, 2000, p. 07) 2.1. Narrativas Discursivas de Formação – Institucionalização: IHGB Em 1938, no Estado do Rio de Janeiro, funda-se o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, tendo como propósito viabilizar uma proposta de legitimação da história do Brasil, consoante uma prática iluminista e elitista. “Fundada numa sociedade fortemente hierarquizada, escravagista, com controle político sustentado na violência; excluída a maioria da participação cívica, esta construção simbólica vai subtrair o fator humano como princípio de coesão social e vai buscar na natureza, os valores que poderão amalgamar a ideia de nação e de identidade nacional.” (Pág. 97) 2.2. Terra, escravidão e estado “Não se pode entender a concentração da terra no Brasil sem se reportar à estreita ligação entre escravidão, lei de terras de 1850 e a expansão da atividade agrícola em moldes capitalistas no país”.(Pág.97) Este tópico fala do cerco dos ingleses ao tráfico de escravos, da expansão das fronteiras de ocupação, do latifúndio e da monocultura em contrapartida ao enorme estoque de terras no país como desafios enfrentados pelo governo imperial ao longo do período e que circunstanciou a criação dos gabinetes ministeriais e as políticas públicas até a proclamação da República. 2.3. Estados Unidos como espelho - fronteira, pioneiros, bandeirantes: os “vazios” e o Oeste-Sertão. “Um exemplo para o que aqui nos interessa, dessa tensão, diz respeito a Constituição de 1891, a qual passa para os estados, a função de legislar sobre as terras devolutas, o que deixará a quem delas depende, à mercê das oligarquias rurais/regionais, que assim darão continuidade ao regime de mandonismo local, classicamente analisado em Coronelismo, Enxada e Voto, (Leal, 1948), (Santos, 2010)”. (Pág.98) Este ponto fala da continuação da hegemonia da classe, abolição da escravatura, a intensidade do processo da imigração, o surto de industrialização no Rio de Janeiro e posteriormente em São Paulo, a crescente urbanização das capitais, do comércio e das atividades especificamente urbanas, o cultivo e a exportação do café e a política do “café com leite”, as mudanças nas formas de vida e as transformações nas formas de enxergar o mundo e de dar significado e representação a ele. Trata-se aqui, também, da abolição da escravatura e da proclamação da república, bem como da cultura literária: A Primeira República foi pródiga em fabulações que procuravam rearticular os temas da terra e da construção da nacionalidade. Dois livros, escritos no mesmo ano, funcionaram como portas de entrada para a discussão sobre a natureza de nossa geografia americana e seu papel na invenção de uma sociedade moderna, inscrita na dinâmica temporal do Ocidente: Canaã, de Graça Aranha, e Os Sertões, de Euclides da Cunha.(...).(MAIA, 2008, p.55) “A Semana de Arte Moderna, o movimento modernista, as expressões artísticas deles decorrentes, a literatura regional, enfim a agitação política, cultural e social que o país à época vive, terá estreita correspondência com a imagem de nação que se defende, pugna que colocará em confronto as diversas visões de identidade nacional”. (Pág.104) 3. Sentido de formação: intérpretes do Brasil Neste ponto, a autora cita que tenta “evitar um tratamento linear do tempo, na busca pela dinâmica própria que a temática requer” (Pág.104)e ela passa de uma ordem cronológica para uma ordem metodológica estabelecendo os cortes temporais e a regularidade que considerar mais relevantes ao seu objetivo de estudo. Fala sobre a Revolução de 30 e a “rotinização” no campo da cultura, a literatura regional tornando-se nacional, a pintura, a música, a poesia, o cinema e o mundo editorial desenvolvendo o pensamento político e ideológico primeiro, acadêmico e científico depois e alude às décadas seguintes até aos anos 1990 num cenário confuso entre economia e política negando o patrimônio político e cultural que suplantou a partir de 1930. “Do ponto de vista teórico-metodológico temos a antropologia norte-america (Franz Boas) como mediação ao trabalho de Gilberto Freyre, a sociologia alemã (Weber) para o estudo de Sergio Buarque de Holanda e o pensamento crítico marxista (Marx) para Caio Prado Júnior”.(Pág.106) 4. Conclusão A autora diz que, presentemente a discussão se renova e alcança grandes horizontes desde denominadas aquisições pós-coloniais. O território, nesta circunstância, segue como uma referência de estímulos e renovações, pois a modernização constante pelo meio técnico-científico-informacional – de Milton Santos - e pelos veículos da Globalização, estabelecem atuais complicações no tocante à compreensão pelos nossos intelectuais. Questão 2 ( valor: 4,0 pontos) Leia o fragmento de texto e com base nele e no material didático da disciplina das aulas 1 a 7, responda à questão: “Não se pode entender a concentração da terra no Brasil sem se reportar à estreita ligação entre escravidão, lei de terras de 1850 e a expansão da atividade agrícola em moldes capitalistas no país. A conjuntura posterior a independência, o cerco cada vez maior dos ingleses ao tráfico de escravos, a expansão da fronteira de ocupação do território irão tensionar cada vez mais, a base de sustentação do complexo de produção que tem seus pilares fundamentais no latifúndio, na escravatura e na monocultura” (ESTEVES, 2014, p.97). a) Analise e escreva um comentário crítico sobre como aconteceu o processo de formação, ocupação e organização do território brasileiro desde o período colonial, relacionado à formação social e os aspectos econômicos do período. Comente ainda os pilares fundamentais da concentração de terra no Brasil: latifúndio, escravatura e monocultura. O aparecimento dos europeus deu nova direção ao desenvolvimento e organização do território brasileiro até o momento atual, pois as propensões políticas e econômicas justapostas nas tentativas de invasão desse espaço geográfico estabeleceram as direções dessa transformação. Primeiro, para afastar a ameaça de invasão de outros colonizadores, Portugal inicia, pelo litoral, a extração do pau-brasil, buscando, assim, um povoamento mais efetivo. Com o tempo foram se desenvolvendo outras atividades econômicas como o cultivo da cana no litoral nordestino e a pecuária mais para o interior dando início a uma ocupação mais ativa do nosso território por Portugal. Assim, é instituído o regime das Sesmarias e empregado o sistema das Capitanias Hereditárias por conta do Pacto Colonial, onde Portugal tinha o direito exclusivo de comprar e vender dentro do território brasileiro. Produzia-se somente o que era determinado usando o trabalho escravo para produzir e exportar matéria-prima. Ressalta-se o fato de que desde aquela época era evidente a preocupação de conceder a terra a um nobre que se dispunha a lavrar e semear. Dessa forma, os elementos centrais da formação social do Brasil colônia eram o latifúndio (extensa propriedade particular destinada à monocultura - Esse meio de organização suscitou uma concentração da terra no Brasil, transformando a reforma agrária numa questão histórica e, ainda, atual), a monocultura de exportação (cultivo de um único produto agrícola e que ainda acontece no Brasil) e o trabalho escravo (exploração, para fins econômicos, da mão-de-obra e tráfico negreiros). Esferas progressistas da sociedade em parceria com as propensões de crescimento do capitalismo no mundo acabaram por decretar o fim da escravatura e deu início à mão-de-obra assalariada no Brasil. A pecuária surgiu com força no interior do país acentuando a formação de grandes latifúndios, assim como a cultura do café, tão representativa economicamente, disseminou o aparecimento do latifúndio no sul e sudeste do país. Surge a economia de arquipélago que impediu a constituição de uma unicidade nacional com práticas espalhadas e distantes umas das outras que não desenvolviam o Brasil na sua totalidade. A mineração impulsionou o avanço do capitalismo no Brasil, contribuindo para transformar o Sudeste na região de maior importância no país, em meados do século XVIII, e originou a formação das “classes intermediárias”, possuidoras de mais capital que os trabalhadores rurais e tendo menos recursos que os grandes latifundiários. Cada movimento trouxe um grau particularmente importante na construção e estruturação do nosso território e foi primordial no processo de formação industrial e urbano do nosso país. Mas, nos trouxe, consequentemente, grandes problemas gerados pela nossa relação mercantilizada com a Natureza, como o desmatamento, processos de desertificação do solo, extinção de espécies vegetais e animais, alta poluição dos nossos rios e contaminação de lençóis freáticos, assoreamento de lagoas e mangues, entre tantos outros problemas ambientais.
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