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A temperatura corporal central normal está em torno de 37°C com uma variação circadiana de mais ou menos 1°C. Uma elevação da temperatura corporal acima de 42°C provoca risco de desnaturação proteica e morte celular. Por outro lado, apesar de a hipotermia ser mais bem tolerada do que a hipertermia, quando a temperatura corporal está abaixo de 32°C, pode ocorrer perda de coordenação motora em razão do tremor, arritmias cardíacas e morte por parada cardíaca. CONCEITOS IMPORTANTES ✓ Aclimatação: adaptação ao ambiente em curto prazo de dias ou semanas. ✓ Aclimatização: adaptações ao ambiente em longos períodos, como meses e até anos. ✓ Estresse térmico: Condição ambiental que aumenta a temperatura corporal e muda a homeostase temporariamente. ✓ Umidade relativa alta: diminui a evaporação do suor e a perda de calor. ✓ Umidade relativa baixa: aumenta a evaporação e a perda de calor, deve haver reposição de líquidos para não ter desidratação. TROCAS DE CALOR O calor do meio ambiente pode ser trocado por radiação (raios infravermelhos), condução (contato físico), convecção (corrente de ar ou de água) e por evaporação. TERMORREGULAÇÃO O sistema de termorregulação é composto de múltiplas vias neurais independentes que mandam estímulos aos centros termorreguladores hipotalâmicos. As informações são provenientes de sensores periféricos de temperatura que medeiam a relação entre a temperatura ambiente e temperatura da pele. Por outro lado, quando os receptores ao frio são estimulados na pele ou no hipotálamo, o centro termorregulador ativa os mecanismos fisiológicos que minimizam a perda de calor e aumentam a sua produção, tais como a vasoconstrição periférica. ESTRESSE TÉRMICO NO CALOR A intensidade dos exercícios, a umidade, a velocidade do ar e a radiação são fatores que contribuem para o estresse térmico total durante um exercício físico realizado no calor. Um aumento da temperatura central, TERMORREGULAÇÃO 12 além dos 37°C, ativa os neurônios sensíveis ao calor, iniciando uma série de ações destinadas a aumentar a perda de calor: ✓ Vasodilatação periférica ✓ Sudorese ✓ Diminuição da taxa metabólica ✓ Aumento da FC e do débito cardíaco ✓ Desvio do sangue para a pele Como a transpiração produz perda de água e de eletrólitos, o estresse induzido pela exposição ao calor desencadeia a secreção de aldosterona, aumentando a reabsorção de sódio no organismo, conservando mais eletrólitos. e reduzindo Ao mesmo tempo, a desidratação estimula a liberação de vasopressina (hormônio antidiurético), que eleva a permeabilidade dos túbulos coletores do rim à água, facilitando a retenção de líquidos. Os principais riscos para a saúde durante o exercício no calor: cãibras, exaustão térmica e intermação (temperatura superior a 40°C, interrupção da transpiração, pele quente e seca, pulso e respiração rápidos, confusão mental e inconsciência). Para prevenir a hipertermia é preciso praticar exercícios durante a manhã e a noite, usar roupas leves e realizar a ingestão constante de líquido. ACLIMATAÇÃO AO CALOR Aclimatação ao calor melhora a capacidade humana de perder o calor excessivo e envolve reajustes fisiológicos no volume plasmático, na função cardiovascular, no suor e no fluxo sanguíneo para a pele. Resultado da aclimatação ao calor: ✓ Menor frequência cardíaca e temperatura central durante o exercício submáximo. ✓ Aumento do volume plasmático em razão da pressão oncótica pelo retorno das proteínas plasmáticas para o sangue. ✓ Sudorese mais elevada – aumenta o resfriamento pela evaporação. ✓ Redução da perda de sódio e de cloreto no suor por aumento da secreção da aldosterona. ✓ Redução do fluxo sanguíneo cutâneo. ESTRESSE TÉRMICO NO FRIO A queda na temperatura corporal promove ativação dos mecanismos de ganho de calor pelo aumento da atividade do sistema nervoso simpático, causando: ✓ Vasoconstrição cutânea ✓ Redistribuição do retorno venoso ✓ Tremor muscular ✓ Secreção de catecolaminas e hormônios tireoidianos ✓ Aumento da taxa metabólica ✓ Piloereção A estimulação dos receptores cutâneos sensíveis ao frio, ao contrário do calor, produz constrição dos vasos sanguíneos periféricos, o que reduz imediatamente o fluxo de sangue quente para a superfície corporal mais fria e o redireciona para regiões centrais mais quentes. Isso inclui a constrição dos vasos da pele, a termogênese com tremor muscular e a termogênese sem tremor produzida pelo aumento do metabolismo. Também ocorre os tremores musculares (calafrios), que provocam uma quantidade significativa de 13 calor metabólico que aquece o sangue transportando o calor produzido nos músculos para outras regiões do corpo. Termogênese com tiritações A maior produção de calor durante a exposição ao frio resulta em parte da ação de dois hormônios, a epinefrina e norepinefrina. O aumento das concentrações circulantes dessas catecolaminas causa um aumento da taxa do metabolismo celular. A norepinefrina, por exemplo, ativa as enzimas desacopladoras das mitocôndrias (UCP), diminuindo a eficiência na produção de ATP, o que libera maior quantidade de calor. O estresse induzido pela exposição prolongada ao frio estimula também a liberação de tiroxina, o hormônio tireoidiano, que induz aumento do metabolismo de repouso e favorece a ação das catecolaminas. A tiroxina age aumentando a taxa metabólica de todas as células do organismo. Termogênese sem tiritações. Os principais riscos para a saúde durante o exercício físico no frio são: o hipotálamo começa a perder sua capacidade de termorregulação, efeitos no nodo sinoatrial como diminuição da FC e do débito cardíaco. Por fim, também pode ocorrer um fenômeno chamado geladura, que é a necrose de tecido cutâneo por redução do fluxo sanguíneo e carência de oxigênio. ACLIMATAÇÃO AO FRIO Primeiro, a aclimatação ao frio leva a uma redução do limiar térmico para ativação da termogênese por tremor muscular, ou seja, as pessoas aclimatadas ao frio começam a apresentar tremor muscular em um nível de temperatura cutânea menor em comparação com as pessoas não aclimatadas. Os indivíduos aclimatados ao frio também aumentam a capacidade da termogênese sem tremor mantendo a produção de calor com menor tremor muscular. Nesses indivíduos também ocorre indução da expressão da enzima desacopladara de mitocôndria UCP-1 e aumenta a secreção de epinefrina, que ativa a produção metabólica de calor. Um outro ajuste fisiológico que ocorre em razão da aclimatação ao frio é que os indivíduos aclimatados mantêm maior temperatura média das mãos e dos pés durante a exposição ao frio em comparação com as pessoas não aclimatadas. A aclimatação ao frio facilita a ocorrência da vasodilatação periférica, favorecendo o fluxo sanguíneo (e o fluxo de calor) para as mãos e os pés, o que impede a isquemia em ambientes extremos. REFERÊNCIA Cristina, PT. Fisiologia do Exercício. Grupo GEN, 2013. 978- 85-277-2307-7. 14
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