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ATEROSCLEROSE ANGINA PECTORIS E IAM OBJETIVOS COMPREENDER A RELAÇÃO ENTRE A FORMAÇÃO DE PLACAS DE ATEROMA E O IAM. ENTENDER A DIFERENÇA DE ANGINA ESTÁVEL E ANGINA INSTÁVEL COMPREENDER A CORRELAÇÃO ENTRE ANGINA E INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO CONHECER A FISIOPATOLOGIA DO IAM. As placas ateromatosas são lesões elevadas compostas por um centro lipídico friável (grumoso) (formado principalmente por ésteres de colesterol) e recobertas por uma capa fibrosa. PATOGENIA: ATEROSCLEROSE • Lesão das células endoteliais – e, consequentemente, disfunção endotelial – causando aumento da permeabilidade, adesão de leucócitos e trombose • Acúmulo de lipoproteínas (principalmente LDL oxidada e cristais de colesterol) na parede do vaso • Adesão plaquetária • Adesão de monócitos ao endotélio, migração para a íntima e diferenciação em macrófagos e células espumosas • Acúmulo de lipídeos dentro dos macrófagos, que respondem liberando citocinas inflamatórias • Recrutamento de CMLs em decorrência dos fatores liberados pelas plaquetas ativadas, macrófagos e células da parede vascular • Proliferação de CMLs e produção de MEC CONSEQUÊNCIAS DA ATEROSCLEROSE • As grandes artérias elásticas e as artérias musculares de médio e grande calibre são os vasos mais comumente envolvidos pela aterosclerose. • Assim, é mais provável que a aterosclerose apresente sinais e sintomas relacionados com a isquemia do coração, cérebro, rins e extremidades inferiores. • Infarto do miocárdio (ataque cardíaco), infarto cerebral (acidente vascular encefálico), aneurisma da aorta e doença vascular periférica (gangrena das extremidades) são as principais consequências clínicas da aterosclerose. DOENÇA ISQUÊMICA DO CORAÇÃO • Doença isquêmica do coração (DIC) é um nome amplo que engloba várias síndromes intimamente relacionadas, causadas pela isquemia do miocárdio — um desequilíbrio entre o suprimento sanguíneo cardíaco (perfusão) e as necessidades de oxigênio e nutrientes do miocárdio. • Em mais de 90% dos casos, a DIC é uma consequência da redução do fluxo sanguíneo coronariano resultante de doença vascular aterosclerótica obstrutiva. • As manifestações da DIC são consequência direta do suprimento sanguíneo insuficiente para o coração. A apresentação clínica pode incluir uma ou mais das seguintes síndromes cardíacas: • Angina pectoris • Infarto do miocárdio (IM). • Doença isquêmica crônica do coração com ICC. • Morte súbita cardíaca (MSC). • Quadro de crises de dor precordial com características de opressão, cortante, causada por isquemia miocárdica de curta duração. • Trata-se fundamentalmente de uma síndrome clínica, sendo o correspondente anatomopatológico variável. • Angina estável: forma mais comum, ocorre por aumento súbito do trabalho cardíaco. No ECG, Apresenta infradesnivelamento do segmento ST. Associa-se a aterosclerose grave em uma ou mais coronárias. Sua patogênese, portanto, relaciona-se ao fluxo sanguíneo em nível crítico por obstrução coronariana que se torna insuficiente por aumento da demanda por exercício físico, estresse, emoções ou outra causa de sobrecarga de trabalho cardíaco. O quadro dessa angina melhora com o repouso ou pelo uso de vasodilatadores. • Angina de Prinzmetal: ocorre durante o repouso (não tem relação com esforço físico) e parece ser devida a espasmos das coronárias, muitas vezes associados a placas ateromatosas. Ao ECG, observa-se supradesnivelamento do segmento ST. indicando isquemia transmural. Esta angina responde rapidamente a agentes vasodilatadores. • Angina progressiva ou instável: as crises anginosas têm frequência progressivamente maior, são desencadeadas com muito menos esforço e duram mais tempo. É o tipo de angina que geralmente precede o infarto do miocárdio ANGINA PECTORIS INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO • Consiste na necrose do músculo cardíaco em consequência à isquemia. • A maior parte dos IMs é causada pela trombose aguda de uma artéria coronária. Na maioria dos casos, a ruptura ou erosão de uma placa aterosclerótica preexistente atua como um núcleo para a formação de um trombo, seguida da obstrução vascular e do subsequente infarto transmural do miocárdio perfundido. • 10% dos infartos transmurais ocorrem por vasoespasmo de uma artéria coronária ou a êmbolos que se desprenderam de trombos murais ou de vegetações valvares. • Fatores de risco: aumento progressivo da idade, sexo masculino, além da associação com os fatores de risco da aterosclerose. CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS DO IAM • Dor torácica subesternal intensa e em aperto que pode irradiar para o pescoço, a mandíbula, o epigástrio ou o braço esquerdo. • Dor normalmente dura vários minutos a horas, e não diminui com a administração de nitroglicerina ou com o repouso. • Infartos “silenciosos” - pacientes com diabetes melito e nos idosos. • O pulso geralmente está rápido e fraco, e os pacientes muitas vezes apresentam sudorese e náuseas, dispneia também é comum. • Alterações eletrocardiográficas englobam ondas Q, segmentos ST anormais e ondas T invertidas (as duas últimas representam alterações da repolarização do miocárdio). • A avaliação laboratorial do IM: • A atividade da CK-MB começa a se elevar 2-4 horas após o IM, atinge o pico em 24-48 horas depois, e retorna ao normal em aproximadamente 72 horas. • • A TnI e a TnT normalmente não são encontradas na circulação; contudo, quando ocorre um IM agudo, as duas são detectáveis 2-4 horas após o infarto, e seus níveis atingem valores máximos em 48 horas e permanecem elevados durante 7-10 dias. CONSEQUÊNCIAS E COMPLICAÇÕES DO IAM • Disfunção contrátil • Disfunção dos músculos papilares • Infarto do ventrículo direito • Ruptura do miocárdio • Arritmias • Pericardite • Dilatação das câmaras • Trombo mural • Aneurisma ventricular • O risco de complicações e o prognóstico geral após o IM dependem do tamanho, do local e do tipo do infarto (subendocárdico versus transmural). • Infartos transmurais grandes: probabilidade maior de choque cardiogênico, arritmias e ICC tardia, e os pacientes com IMs transmurais anteriores correm risco maior de ruptura da parede livre, expansão do infarto e formação de aneurismas e de trombos murais. • Já os infartos transmurais posteriores têm maior propensão a apresentar como complicações bloqueios de condução, envolvimento do ventrículo direito, ou ambos. • O prognóstico a longo prazo após um IM depende de vários fatores, dos quais os mais importantes são o funcionamento do ventrículo esquerdo e a gravidade do estreitamento aterosclerótico dos vasos que irrigam o miocárdio viável remanescente. REFERÊNCIAS • ABBAS, Abul K. et al. Robbins patologia básica. Elsevier Brasil, 2008. • Brasileiro-Filho G et al. Bogliolo Patologia. 8.ed. - Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011. • DE REDAÇÃO, Comitê; NICOLAU, José Carlos. Diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia sobre Angina Instável e Infarto Agudo do Miocárdio sem Supradesnível do Segmento ST–2021. Arq Bras Cardiol, v. 117, n. 1, p. 181-264, 2021. • MARKMAN, Brivaldo; LIMA, Sandro Gonçalves de. Reperfusão Coronariana no Infarto Agudo do Miocárdio: Tentar o Ótimo. Executar o Possível. 2021. • MPH, MD, Harold L Kennedy & MD, Guy S Reeder. Diagnosis of acute myocardial infarction. UPTODATE. 2021. • PIEGAS, Luís Soares et al. V Diretriz da Sociedade Brasileira de Cardiologia sobre tratamento do infarto agudo do miocárdio com supradesnível do segmento ST. Arquivos brasileiros de cardiologia, v. 105, p. 1-121, 2015.