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FÍSICO-QUÍMICA UNIDADE II Um vulcão é um grande reator químico que, com enorme energia, expele minerais e metais, nos estados líquido e gasoso, dando origem às rochas magmáticas. JIM SUG AR / SC IEN CE FAC TIO N-G ETT Y IM AGE S CapítuloCapítulo Refletindo sobre os tópicosTópicos do capítulo • De que se constitui a fumaça negra dos escapamentos dos caminhões? • Por que água e gasolina não se misturam? • Qual é o gás utilizado nos refrigerantes? • O que significa água oxigenada “10 volumes”? • Quantas partes por milhão (ppm) de monóxido de carbono dei- xam o ar com qualidade inadequada? • Purificação de hormônios humanos e hemodiálise: qual é a relação com a Química? 1 Dispersões 2 Soluções 3 Concentração das soluções 4 Diluição das soluções 5 Misturas de soluções 6 Análise volumétrica ou volumetria 7 Os sistemas coloidais Leitura –A escassez e a poluição das águas Vimos que o contato entre reagentes (substâncias, íons e elementos químicos) é indispensável para a ocorrência de uma reação química. Desde os processos mais rudimentares, até os mais avançados, as soluções constituem a forma mais prática de facilitar esse contato para a obtenção dos produtos desejados. O surgimento dos seres vivos e sua evolução no planeta Terra foi possível por meio de reações químicas na água ou em soluções aquosas. O conhecimento das técnicas de manipulação dos diversos tipos de solução é fundamental nos processos de pesquisa e produção industrial. Dispersões e soluções12 C ID � Solução gasosa: o maçarico de oxiacetileno. � Solução sólida: diversas ligas metálicas. � Solução líquida: as águas dos oceanos. � Solução coloidal: o plasma sanguíneo. FR A N C IS C O O R TE G R A Ñ E / C ID C ID A N TO N IA R E E V E / S P L- S TO C K P H O TO S R ep ro du çã o pr oi bi da . A rt .1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . Capítulo 12 • DISPERSÕES E SOLUÇÕES 267 1 DISPERSÕES Você pode observar A terra se dispersa na água da enxurrada; a poeira se dispersa no ar; o açúcar se dispersa na água. A Química classifica e caracteriza as dispersões. 1.1. Introdução Ao se misturarem duas substâncias, pode resultar um sistema (mistura) homogêneo ou um sistema (mistura) heterogêneo. De acordo com a figura ao lado, podemos dizer que o sal se dissolveu, enquanto a areia não se dissolveu na água. No entanto, entre o caso extremo de dissolução per- feita (como a do sal na água) e o de separação total (como a areia da água), existem casos intermediários, com maior ou menor “espalhamento” ou disseminação de uma subs- tância na outra. Desses fatos, vem o conceito geral: Dispersões são sistemas nos quais uma substância está disseminada, sob forma de pequenas partículas, em uma segunda substância. A primeira substância chama-se disperso ou fase dispersa; e a segunda, dispersante, dispergente ou fase de dispersão. 1.2. Classificação das dispersões É feita de acordo com o tamanho médio das partículas dispersas: Água e sal comum (mistura homogênea) Água e areia (mistura heterogênea) Nome da dispersão Tamanho médio das partículas dispersas Soluções verdadeiras Entre 0 nm e 1 nm (nanômetro) Soluções coloidais Entre 1 nm e 1.000 nm Suspensões Acima de 1.000 nm Lembramos que, no Sistema Internacional de Unidades (SI), o prefixo nano (n) significa 10�9. Assim: 1 nm (nanômetro) � 10�9 m (metro) Esquematicamente, temos: 0 1 nm 1.000 nm Tamanho das partículas (sem escala) Soluções coloidais SuspensõesSoluções verdadeiras R ep ro du çã o pr oi bi da . A rt .1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . • Fundamentos da Química 268 Os sistemas dispersos são muito comuns em nosso cotidiano: A água dos oceanos tem, em solução, muitos sais, que ocorrem na forma de íons, como o Na�, Cl�, SO4 2�, Mg2�, Ca2� e K�. Esses íons constituem mais de 90% dos sais dissolvidos na água do mar. O principal sal dissolvido é o cloreto de sódio. A queima incompleta do óleo diesel, nos motores de ônibus e caminhões, produz partículas de carvão que ficam em suspensão no ar, formando a fumaça negra. Essa fumaça é uma das fontes de poluição do ar atmosférico, provocando, entre outros problemas, várias doenças respiratórias. O ar sempre contém umidade (vapor de água), que não é vista à luz do farol porque forma, com o ar, uma solução verdadeira. A neblina, porém, pode ser vista sob a ação da luz, porque as gotículas de água, no ar, constituem uma solução coloidal. 1.3. Principais características dos sistemas dispersos Exemplos Natureza das partículas dispersas Tamanho médio das partículas Visibilidade das partículas (homogeneidade do sistema) Sedimentação das partículas Separação por filtração Comportamento no campo elétrico Soluções verdadeiras Soluções coloidais Suspensões Açúcar na água. Átomos, íons ou moléculas. De 0 a 1 nm. As partículas não são visíveis com nenhum aparelho (siste- ma homogêneo). As partículas não se sedimentam de modo algum. A separação não é possível por nenhum tipo de filtro. Quando a solução é molecular, ela não permite a passagem da corrente elétrica. Quando a solução é iônica, os cátions vão para o polo negati- vo, e os ânions para o polo posi- tivo, resultando uma reação quí- mica denominada eletrólise. Gelatina na água. Aglomerados de átomos, de íons ou de moléculas, além de molé- culas gigantes e íons gigantes. De 1 a 1.000 nm. As partículas são visíveis ao ultramicroscópio (sistema hete- rogêneo). As partículas sedimentam-se por meio de ultracentrífugas. As partículas são separadas por meio de ultrafiltros. As partículas de um determina- do coloide têm carga elétrica de mesmo sinal; por esse motivo, todas elas migram para o mes- mo polo elétrico. Terra suspensa em água. Grandes aglomerados de áto- mos, de íons ou de moléculas. Acima de 1.000 nm. As partículas são visíveis ao mi- croscópio comum (sistema heterogêneo). Há sedimentação espontânea ou por meio de centrífugas co- muns. As partículas são separadas por meio de filtros comuns (em la- boratório, com papel de filtro). As partículas não se movi- mentam pela ação do cam- po elétrico. 2 SOLUÇÕES Você pode observar Soluções estão por toda a parte: o ar que respiramos (em que o nitrogênio e o oxigênio predominam); a água do mar (em que a água e o sal comum ou de cozinha predominam); líquidos em nosso corpo, como a urina; medicamentos em forma líquida etc. C ID E P IT Á C IO P E S S O A / A E A LE X S IL VA / A E R ep ro du çã o pr oi bi da . A rt .1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . Capítulo 12 • DISPERSÕES E SOLUÇÕES 269 2.1. Introdução De acordo com o que foi visto no item anterior, as soluções verdadeiras (que de agora em diante chamaremos simplesmente de soluções) podem ser assim definidas: Soluções são misturas homogêneas de duas ou mais substâncias. Nas soluções, o disperso recebe o nome de soluto, e o dispersante, de solvente. Assim, por exemplo, quando dissolvemos açúcar em água, o açúcar é o soluto, e a água, o solvente. Normalmente, o solvente é o componen- te que está presente em quantidade maior, en- quanto o soluto aparece em quantidade me- nor na solução. 2.2. Classificação das soluções A. De acordo com o estado de agregação da solução • Soluções sólidas (por exemplo, liga metálica de cobre e níquel); • soluções líquidas (sais dissolvidos na água); • soluções gasosas (o ar atmosférico). B. De acordo com a proporção entre soluto e solvente • Soluções diluídas: as que contêm pouco soluto em relação ao solvente (por exemplo: 10 g de sal comum por litro de água); • soluções concentradas: as que contêm muito soluto em relação ao solvente (por exemplo: 300 g de sal comum por litro de água à temperatura ambiente). C. De acordo com a natureza do soluto • Soluções moleculares: quando as partículas dispersassão moléculas (por exemplo, moléculas de açúcar, C12H22O11, em água); • soluções iônicas: quando as partículas dispersas são íons (os íons do sal comum, Na� e Cl�, em água). Há muitas soluções que apresentam simultaneamente moléculas e íons dispersos. Por exemplo, numa solução aquosa de ácido acético (ácido fraco) existem muitas moléculas (CH3COOH) e poucos íons (CH3COO � e H�) em solução. 2.3. Regras de solubilidade Uma regra muito comum de solubilidade diz: Semelhante dissolve semelhante. De fato, muitas substâncias inorgânicas (ácidos, sais etc.) dissolvem-se em água, que é um solvente inorgânico; já as substâncias orgânicas, em geral, dissolvem-se em solventes orgânicos (por exem- plo, a parafina dissolve-se em gasolina, e ambos são orgânicos). Lembrando que, em geral, as substâncias inorgânicas são polares, enquanto as orgânicas são apolares, a regra acima pode também ser enunciada do seguinte modo: Uma substância polar tende a se dissolver em um solvente polar, e uma substância apolar, em um solvente apolar. No caso particular da dissolução de substâncias inorgânicas em água, podemos recordar que: os ácidos são em geral solúveis; as bases são em geral insolúveis (exceto os hidróxidos dos metais alcalinos e de amônio); os sais têm solubilidade variável, de acordo com a tabela já vista à página 153; os óxidos metálicos são em geral insolúveis em água, e os óxidos não-metálicos em geral dissol- vem-se reagindo com a água. Açúcar (soluto) Água (solvente) Solução de açúcar em água R ep ro du çã o pr oi bi da . A rt .1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . • Fundamentos da Química 270 O caso dos ácidos é interessante, pois a dissolução resulta de uma reação do ácido com a água. Por exemplo: HCl � H2O H3O � � Cl� De um modo geral, podemos dizer que o processo de dissolução de uma substância em ou- tra sempre decorre das forças intermoleculares (ver página 127), que agem entre as moléculas (ou entre os íons) do soluto e as do solvente. O aumento da intensidade dessas forças favorece a maior dissolução das substâncias. Assim, por exemplo, o sal comum (NaCl) se mantém dissol- vido em água, porque cada um de seus íons (Na� e Cl�) fica “rodeado” por várias moléculas de água. Esse fenômeno, denominado solvatação dos íons, é um dos responsáveis pela solubilidade de muitas substâncias na água. OBSERVAÇÃO Note que o fenômeno de dissolução depende fundamentalmente da polaridade e não da densidade das substâncias. Assim, por exemplo, a água não se dissolve na gasolina, devido ao fato de ela ser polar e de a gasolina apolar, e não devido ao fato de ela ser mais densa do que a gasolina. 2.4. O fenômeno da saturação da solução Juntando gradativamente sal comum à água, em temperatura ambiente e sob agitação contí- nua, verifica-se que, em dado momento, o sal não se dissolve mais. No caso particular do NaCl, isso ocorre quando há aproximadamente 360 g de sal por litro de água. Daí em diante, toda quan- tidade adicional de sal que for colocada no siste- ma irá precipitar (depositar-se no fundo do reci- piente). Dizemos, então, que a solução está saturada ou que atingiu o ponto de saturação. O ponto de saturação depende do soluto, do solvente e das condições físicas. A temperatura sempre influi, e a pressão passa a ser importante em soluções em que existem gases. O ponto de saturação é definido pelo coeficiente ou grau de solubilidade: Coeficiente ou grau de solubilidade é a quantidade necessária de uma substância (em geral, em gramas) para saturar uma quantidade padrão (em geral, 100 g, 1.000 g ou 1 L) de solvente, em determinadas condições físicas de temperatura e pressão. Por exemplo, o coeficiente de solubilidade em água, a 0 °C: • para o NaCl é igual a 357 g/L; • para o AgNO3 é igual a 1.220 g/L; • para o CaSO4 é igual a 2 g/L. Quando o coeficiente de solubilidade é praticamente nulo, dizemos que a substância é insolúvel naquele solvente. É o caso do cloreto de prata em água, cujo grau de solubilidade é de 0,014 g/L. Em se tratando de dois líquidos, dizemos que são imiscíveis. É o caso de água e óleo. Quando duas substâncias se dissolvem em quaisquer proporções (coeficientes de solubilidade infi- nitos), dizemos que elas são totalmente miscíveis. É o caso de água e álcool. Em função do ponto de saturação, classificamos as soluções em: • não-saturadas ou insaturadas: contêm menos soluto que o estabelecido pelo coeficiente de solubilidade; Solução saturada de sal em água Sal que não se dissolveu (precipitado, corpo de fundo ou corpo de chão) Solvatação de íons Na+ O HH O H H O H H O H H O H H HO H Solvatação do íon Cl�Solvatação do íon Na� Cl – O H H O HH O H H O H H HO H O H H R ep ro du çã o pr oi bi da . A rt .1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . Capítulo 12 • DISPERSÕES E SOLUÇÕES 271 • saturadas: atingiram o coeficiente de solubilidade; • supersaturadas: ultrapassaram o coeficiente de solubilidade. Essa classificação pode ser representada do seguinte modo: Soluções não-saturadas (estáveis) Solução saturada (estável) Soluções supersaturadas (instáveis) Ponto de saturação Aumento da massa de soluto em quantidade fixa de solvente Note que o ponto de saturação representa um limite de estabilidade. Consequentemente, as soluções supersaturadas só podem existir em condições especiais e, quando ocorrem, são sempre ins- táveis. De fato, em geral basta agitar a solução ou adicionar um pequeno cristal do próprio soluto (chamado de germe de cristalização), para que todo o excesso de soluto precipite, formando o corpo de fundo e, com isso, a solução supersaturada volte a ser simplesmente saturada. 2.5. Curvas de solubilidade Curvas de solubilidade são os gráficos que apresentam a variação dos coeficientes de solubilidade das substâncias em função da temperatura. Consideremos, por exemplo, a tabela a seguir, que mostra os coeficientes de solubilidade do nitra- to de potássio (em gramas de KNO3 por 100 g de água) em várias temperaturas. Desses dados resulta a curva de solubilidade do nitrato de potássio em água, que é apresentada ao lado da tabela: Temperatura (°C) Curva de solubilidade (gramas de KNO3/100 g de água) 260 240 220 200 180 160 140 120 100 80 60 40 20 20 40 60 80 100 X Y Z Região das soluções não- -saturadas ou insaturadas (estáveis) Região das soluções supersaturadas (instáveis) 2.6. Solubilidade de gases em líquidos Um caso particular importante é o da dissolução de gases em líquidos. A solubilidade de um gás em um líquido aumenta com: • a diminuição da temperatura; • o aumento da pressão do gás sobre o líquido. Um exemplo importante é o da dissolução do oxigênio do ar nas águas dos rios e oceanos, que garante a vida dos peixes. Nesse caso, temperaturas mais baixas favorecem a vida dos pei- xes, pois possibilitam maior dissolução de ar (e consequentemente de oxigênio) na água. Outro exemplo é o que ocorre quando abrimos uma garrafa de refrigerante: o vazamento da espuma é decorrente do escape de CO2, devido à diminuição da pressão no interior da garrafa. A espuma que sai da garrafa é formada pelo gás carbônico que, ao escapar do refrigerante, arrasta consigo parte do líquido. E D U A R D O S A N TA LI E S TR A Coeficiente de solubilidade do KNO3 em água Temperatura (°C) Gramas de KNO3/100 g de água 0 13,3 10 20,9 20 31,6 30 45,8 40 63,9 50 85,5 60 110 70 138 80 169 90 202 100 246 R ep ro du çã o pr oi bi da . A rt .1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . • Fundamentos da Química 272 a) Dispersão é um sistema em que uma está , sob a forma de pequenas , em uma segunda substância. b) As dispersões se classificam em , e . c) Soluções são misturas de ou substâncias. d) Normalmente, o soluto é o componente que está em quantidade, enquanto o solvente é o que estáem quantidade. e) Substância polar se dissolve em solvente . Substância apolar se dissolve em solvente . f) Coeficiente de solubilidade é a quantidade de necessária para uma quantidade do solvente, em determinadas condições de e . g) Uma curva de solubilidade são gráficos que fornecem a variação do de solubilidade em função da . h) A dissolução de um gás num líquido aumenta com a elevação da e diminui com a elevação da . REVISÃO EXERCÍCIOS So lu bi lid ad e (g /1 00 g d e H 2O ) Temperatura (ºC) KI NaCl Li2SO4 1 (UFMG) Para limpar-se um tecido sujo de graxa, reco- menda-se usar: a) gasolina. b) vinagre. c) etanol. d) água. 2 (Unitau-SP) Na carbonatação de um refrigerante, as con- dições em que se deve dissolver o gás carbônico na be- bida são: a) pressão e temperatura quaisquer. b) pressão e temperatura elevadas. c) pressão e temperatura baixas. d) baixa pressão e elevada temperatura. e) alta pressão e baixa temperatura. 3 (Mackenzie-SP) Um exemplo típico de solução super- saturada é: a) água mineral natural. b) soro caseiro. c) refrigerante em recipiente fechado. d) álcool 46 °GL. e) vinagre. 4 (PUC-RJ) Observe a figura abaixo, que representa a solu- bilidade, em g por 100 g de H2O, de 3 sais inorgânicos em determinada faixa de temperatura. À temperatura de 40 °C, que sais estão totalmente dis- solvidos na água? a) KNO3 e NaNO3 d) Ce2(SO4)3 e KCl b) NaCl e NaNO3 e) NaCl e Ce2(SO4)3 c) KCl e KNO3 6 (UFMG) Seis soluções aquosas de nitrato de sódio (NaNO3), numeradas de I a VI, foram preparadas, em diferentes temperaturas, dissolvendo-se diferentes mas- sas de NaNO3 em 100 g de água. Em alguns casos, o NaNO3 não se dissolveu completamente. O gráfico abaixo representa a curva de solubilidade de NaNO3, em função da temperatura, e seis pontos, que correspondem aos sistemas preparados. 20 40 60 80 50 100 150 M as sa d e N aN O 3 (e m g /1 00 g d e H 2O ) Temperatura (°C) 0 I II III IV VI V 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 So lu bi lid ad e (e m g ra m as d e so lu to /1 00 g d e H 2O ) Temperatura (°C) Na NO 3 KN O 3 KCl NaCl Ce2(SO4)3 A partir da análise desse gráfico, é correto afirmar que os dois sistemas em que há precipitado são: a) I e II b) I e III c) IV e V d) V e VI Assinale a afirmativa correta: a) A solubilidade dos 3 sais aumenta com a temperatura. b) O aumento de temperatura favorece a solubilização do Li2SO4. c) A solubilidade do KI é maior que as solubilidades dos demais sais, na faixa de temperatura dada. d) A solubilidade do NaCl varia com a temperatura. e) A solubilidade de 2 sais diminui com a temperatura. 5 (PUC-Campinas-SP) Considerando o gráfico abaixo, adi- cionam-se, separadamente, 40,0 g de cada um dos sais em 100 g de H2O. R ep ro du çã o pr oi bi da . A rt .1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . Capítulo 12 • DISPERSÕES E SOLUÇÕES 273 EXERCÍCIO RESOLVIDO 7 (Unicamp-SP) Uma solução saturada de nitrato de potássio (KNO3) constituída, além do sal, por 100 g de água, está à temperatura de 70 °C. Essa solução é resfriada a 40 °C, ocorrendo precipitação de parte do sal dissolvido. Calcule: a) a massa do sal que precipitou; b) a massa do sal que permaneceu em solução. Abaixo, o gráfico da solubilidade do nitrato de po- tássio em função da temperatura. Resolução Do gráfico dado, tiramos as solubilidades do KNO3 em 100 g de água: • a 70 °C 140 g de KNO3 • a 40 °C 60 g de KNO3 Reduzindo a temperatura de 70 °C para 40 °C, pre- cipitarão 140 g � 60 g � 80 g de KNO3 , permane- cendo 60 g em solução. 20 Temperatura (°C) So lu bi lid ad e do K N O 3 em á gu a (g ra m as d e K N O 3 /1 00 g d e H 2O ) 30 40 50 60 70 80 20 180 160 140 120 100 80 60 40 140 120 100 80 60 40 20 0 0 20 C ur va d e so lu bi lid ad e (g d e A X 2 /1 00 g d e H 2O ) 40 Temperatura (°C) 60 80 100 c) 8 g do sal foi depositado no fundo do recipiente. d) 12 g do sal foi depositado no fundo do recipiente. e) 31 g do sal passou a formar um corpo de chão. 9 (FMTM-MG) O gráfico apresenta a curva de solubilidade de um sal AX2. 8 (Osec-SP) A solubilidade do K2Cr2O7, a 20 °C, é 12 g/100 g de água e, a 60 °C, é 43 g/100 g de água. Sabendo que uma solução foi preparada dissolvendo-se 20 g do sal em 100 g de água a 60 °C e que depois ela foi resfriada a 20 °C, podemos concluir que: a) todo sal continuou na solução. b) todo sal passou a formar um corpo de chão. AgNO3 (nitrato de prata) 260 Al2(SO4)3 (sulfato de alumínio) 160 NaCl (cloreto de sódio) 36 KNO3 (nitrato de potássio) 52 KBr (brometo de potássio) 64 Solubilidade em água (g/100 mL)Composto EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES 11 (UFRGS-RS) Um determinado sal apresenta solubilidade em água igual a 135 g/L, a 25 °C. Dissolvendo-se, com- pletamente, 150 g desse sal em um litro de água, a 40 °C, e resfriando-se lentamente o sistema até 25 °C, obtém-se um sistema homogêneo cuja solução será: a) diluída. b) concentrada. c) insaturada. d) saturada. e) supersaturada. 12 (Fuvest-SP) Entre as figuras a seguir, a que melhor repre- senta a distribuição das partículas de soluto e de solvente, numa solução aquosa diluída de cloreto de sódio, é: e) d) b) a) c) Na+ – Cl– H2O + – + – + – + – + – + – + – Legenda + Quando uma solução aquosa saturada de AX2 a 70 °C contendo 50 g de água é resfriada para 10 °C, a massa de sal cristalizada e a massa que permanece em solução são, respectivamente, em gramas: a) 25 e 20 c) 35 e 10 e) 40 e 10 b) 30 e 15 d) 35 e 15 10 (PUC-RJ) A tabela abaixo mostra a solubilidade de vários sais, à temperatura ambiente, em g/100 mL. Se 25 mL de uma solução saturada de um desses sais foram completamente evaporados, e o resíduo sólido pesou 13 g, o sal é: a) AgNO3 c) NaCl e) KBr b) Al2(SO4)3 d) KNO3 R ep ro du çã o pr oi bi da . A rt .1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . • Fundamentos da Química 274 13 (UFRN) Misturando-se 100 mL de etanol com 100 mL de água observa-se que o volume da solução resultante é menor que 200 mL. Pode-se afirmar que ocorre: a) transformação de matéria em energia, como previsto pela teoria da relatividade. b) erro experimental, pois tal fato contraria a lei de Proust, das proporções definidas. c) erro experimental, pois tal fato contraria a lei de Lavoisier, da conservação da matéria. d) variação da massa, permanecendo o estado físico líquido. e) aparecimento de forças atrativas entre os componen- tes da solução. 14 (Fuvest-SP) Um químico leu a seguinte instrução num procedimento descrito no seu guia de laboratório: “Dissolva 5,0 g do cloreto em 100 mL de água, à tempe- ratura ambiente...” Dentre as substâncias abaixo, qual pode ser a menciona- da no texto? a) Cl2 b) CCl4 c) NaClO d) NH4Cl e) AgCl 15 (EPM-SP) A lactose, principal açúcar do leite da maioria dos mamíferos, pode ser obtida a partir do leite de vaca por uma sequência de processos. A fase final envolve a purificação por recristalização em água. Suponha que, para esta purificação, 100 kg de lactose foram tratados com 100 L de água, a 80 °C, agitados e filtrados a esta temperatura. O filtrado foi resfriado a 10 °C. Solubilidade da lactose, em kg/100 L de H2O: A massa máxima de lactose, em kg, que deve cristalizar com este procedimento é, aproximadamente: a) 5 d) 85 b) 15 e) 95 c) 80 3 CONCENTRAÇÃO DAS SOLUÇÕES Você pode observar Percebemos quando o café está mais adoçado ou menos adoçado. Senti- mos, também, quando o ar está mais poluído ou menos poluído. Na ciência, porém, os fatos devem ser medidos com precisão. Surge, daí, a ideia geral de concentração como medida da relação existente entre a quantidade de soluto e a quantidade de solvente. Diariamente, lemos ou ouvimos frases do tipo: • a acidez do vinagre é 4%; • o teor alcoólico de um determinado tipo de vinho é 12%; • não devemos dirigirum automóvel quando houver, em nossa corrente sanguínea, mais de 0,2 g de álcool por litro de sangue; • no Brasil, a gasolina contém cerca de 20% de álcool em volume; • as águas do rio estão poluídas por 8 ppm de mercúrio. Pois bem, de um modo geral, usamos o termo concentração de uma solução para nos referirmos a qualquer relação estabelecida entre a quantidade do soluto e a quantidade do solvente (ou da solução). Lembrando que essas quantidades podem ser dadas em massa (g, kg etc.), em volume (m3, L, mL etc.) ou em mols, teremos então várias maneiras de expressar concentrações. É o que vamos estudar a seguir, adotando a seguinte convenção: • índice 1, para as quantidades relativas ao soluto; • índice 2, para as quantidades relativas ao solvente; • sem índice, para as quantidades relativas à própria solução. 3.1. Concentração comum ou, simplesmente, concentração (C ) O conceito mais simples de concentração é: Concentração (C ) é a quantidade, em gramas, de soluto existente em 1 litro de solução. Temperatura Solubilidade 80 °C 95 10 °C 15 R ep ro du çã o pr oi bi da . A rt .1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . Capítulo 12 • DISPERSÕES E SOLUÇÕES 275 Matematicamente, essa ideia é expressa por: Concentração (C) é o quociente entre a massa do soluto (em gramas) e o volume da solução (em litros). De modo algébrico: C m V 1� Unidade: gramas por litro (g/L) Como se prepara uma solução de concentração definida? Inicialmente devemos notar que, no preparo das soluções, pode haver expansão, contração ou manutenção de volume. Por exemplo, adicionando-se 20 g de soluto a 1 L de água, pode ocor- rer que o volume final seja maior que 1 L; teríamos, então, 20 g de soluto em mais de 1 L de solução. Por esse motivo, se quiser- mos preparar 1 L de solução, com concentração 20 g/L, deve- remos proceder como indicado a seguir. O primeiro passo será pesar o soluto com a maior precisão pos- sível. Para esse fim existem balanças especiais nos laboratórios, como a da foto ao lado. Normalmente, a sequência é a seguinte: pesamos um cadinho vazio; colocamos um pouco do soluto no cadinho; pe- samos o conjunto; e, por diferença, obtemos a massa do soluto. O passo seguinte será dissolver o soluto e atingir um volu- me definido de solução. A sequência usual é a que mostramos no esquema a seguir: 20 g de NaCl 1 L de solução Neste exemplo, a concentração será: C C 20 g/L� �20 1 ⇒ Desse modo, teremos a solução final com o soluto na concentração de 20 g/L. É evidente que qualquer erro ou imprecisão na medida da massa ou do volume irá refletir-se na concentração obtida. Não confunda concentração (C ) com densidade (d ) da solução Confronte as definições: C C m V Massa do Volume da solução 1� �soluto ⇒ Unidade (em geral): gramas por litro (g/L) d d m V Massa da Volume da solução � � solução ⇒ Unidade (em geral): gramas por mililitro (g/mL) 1 ) Pegue um balão volumétrico de 1.000 mL. 2 ) “Pese”, por exemplo, 20 g do soluto e transfira-o integralmente para o balão. 3 ) Adicione um pouco de água e agite até dis- solver totalmente o soluto. 4 ) Adicione água cuidado- samente até o traço de referência; agite até uniformizar a solução. 1.000 mL Traço de referência 1.000 mL 1.000 mL 1.000 mL Cadinho com o soluto sólido Água para transferir o soluto G A R C IA -P E LA Y O / C ID R ep ro du çã o pr oi bi da . A rt .1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . • Fundamentos da Química 276 EXERCÍCIO RESOLVIDO As densidades e as concentrações de uma solução sempre se relacionam. Considerando que as densidades são facilmente medidas, por meio de densímetros, é comum a existência de tabelas que relacionam densidades com con- centrações de soluções. Por exemplo, para so- luções aquosas de ácido sulfúrico, temos: Densidade a 20 °C (g/mL) Concentração (g/L) 1,0680 106,6 1,1418 228,0 1,2213 365,7 É muito usual a utilização de densidades em aplicações práticas, como, por exemplo: • o leite de vaca de boa qualidade deve ter densidade entre 1,028 e 1,034 g/mL; • em exames de urina, o resultado normal se situa entre 1,010 e 1,030 g/mL; • a gasolina de boa qualidade deve ter den- sidade entre 0,700 e 0,750 g/mL. O densímetro flutua na solução e afunda mais (ou menos) de acordo com a concentração da solução. No detalhe, a medida da densidade é aproximadamente 0,75 g/mL. a) Concentração é a , em , de soluto existente em de solução. b) Dizemos também que concentração é igual ao entre a massa do e o volume da . c) Diferentemente, a densidade da solução é igual ao entre a massa da e o volume da . REVISÃO 16 Calcule a concentração, em g/L, de uma solução de nitrato de potássio, sabendo que ela encerra 60 g do sal em 300 cm3 de solução. Resolução • Pelo próprio significado de concentração, temos: EXERCÍCIOS C � 200 g/L 1.000 cm3 (1 L) 300 cm3 60 g de KNO3 C • ou pela fórmula: C m V C C 60 0,3 200 g/L1� � �⇒ ⇒ 17 (Mackenzie-SP) A concentração, em g/L, da solução ob- tida ao se dissolverem 4 g de cloreto de sódio em 50 cm3 de água é: a) 200 g/L c) 0,08 g/L e) 80 g/L b) 20 g/L d) 12,5 g/L 18 Calcule a massa de ácido nítrico necessária para a pre- paração de 150 mL de uma solução de concentração 50 g/L. 19 (UCB-DF) Um frasco de 1,0 L apresenta o seguinte rótulo: NaOH C � 20 g/L M � 40 g/mol Se a massa do hidróxido de sódio dissolvida for 8,0 g, o volume dessa solução será: a) 8,0 L c) 200 mL e) 800 mL b) 4,0 L d) 400 mL 20 (U. São Judas-SP) O oxalato de cálcio, CaC2O4, é encon- trado nas folhas de espinafre, nas sementes do tomate, e é um dos constituintes das pedras formadas nos rins (cálcu- lo renal). Uma amostra (alíquota) de 25 cm3 de uma solu- ção aquosa de oxalato de cálcio contém 0,2625 g desse sal. Qual é a concentração comum de CaC2O4 nessa solu- ção? (Massas atômicas: C � 12 u; O � 16 u; Ca � 40 u) a) 0,0105 g/L d) 21 g/dm3 b) 0,00656 g/mL e) 31,5 g/cm3 c) 10,5 g/L ED U A R D O S A N TA LI E S TR A /C ID E D U A R D O S A N TA LI E S TR A / C ID R ep ro du çã o pr oi bi da . A rt .1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . Capítulo 12 • DISPERSÕES E SOLUÇÕES 277 EXERCÍCIO RESOLVIDO 21 Qual é a massa dos íons Na� existentes em 200 mL de solução de NaOH de concentração igual a 80 g/L? Resolução Na solução dada, temos: E, por meio do cálculo estequiométrico, chegamos a: O íon metálico mais tóxico é: a) As�3 c) Cd�2 e) Hg�2 b) Ba�2 d) Na�1 23 (Vunesp) A massa de cloreto de crômio (III) hexaidratado, necessária para se preparar 1 L de uma solução que con- tém 20 mg de Cr3� por mililitro, é igual a: a) 0,02 g d) 102,5 g b) 20 g e) 266,5 g c) 52 g (Massas molares, em g/mol: Cr � 52; cloreto de crômio hexaidratado � 266,5) 22 (Furg-RS) Observe a tabela que contém dados sobre os níveis máximos de contaminação por íons metálicos em água potável: EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES 24 (Uneb-BA) O “soro caseiro” consiste em uma solução aquosa de cloreto de sódio (3,5 g/L) e de sacarose (11 g/L); respec- tivamente, a massa de cloreto de sódio e a de sacarose ne- cessárias para preparar 500 mL de soro caseiro são: a) 17,5 g e 55 g d) 17,5 mg e 55 mg b) 175 g e 550 g e) 175 mg e 550 mg c) 1.750 mg e 5.500 mg Sugestão: Aqui temos dois solutos na mesma solução. Neste caso, calculamos a massa de cada soluto como se o outro não existisse. 25 (Fuvest-SP) Considere duas latas do mesmo refrigerante, uma na versão “diet” e outra na versão comum. Ambas contêm o mesmo volume de líquido (300 mL) e têm a mesma mas- sa quando vazias. A composição do refrigerante é a mesma em ambas, exceto por uma diferença: a versão comum con- tém certa quantidade de açúcar, enquanto a versão “diet” não contém açúcar (apenas massa desprezível de um adoçante artificial). Pesando-se duas latas fechadas dorefri- gerante, foram obtidos os seguintes resultados: a) 0,020 c) 1,1 e) 50 b) 0,050 d) 20 26 (Mackenzie-SP) A massa dos quatro principais sais que se encontram dissolvidos em 1 litro de água do mar é igual a 30 g. Num aquário marinho, contendo 2 � 106 cm3 des- sa água, a quantidade de sais nela dissolvidos é: a) 6,0 � 101 kg c) 1,8 � 102 kg e) 8,0 � 106 kg b) 6,0 � 104 kg d) 2,4 � 108 kg 27 (UFRN) Uma das potencialidades econômicas do Rio Gran- de do Norte é a produção de sal marinho. O cloreto de sódio é obtido a partir da água do mar nas salinas construídas nas proximidades do litoral. De modo geral, a água do mar percorre diversos tanques de cristalização até alcançar uma concentração determinada. Suponha que, numa das etapas do processo, um técnico retirou 3 amostras de 500 mL de um tanque de cristalização, rea- lizou a evaporação com cada amostra e anotou a massa de sal resultante na tabela a seguir: Amostras Massa Lata com refrigerante comum 331,2 g Lata com refrigerante “diet” 316,2 g 1 500 22 2 500 20 3 500 24 Amostras do tanque Massa de sal (g) Volume da amostra (mL) Por esses dados, pode-se concluir que a concentração, em g/L, de açúcar no refrigerante comum é de, aproxi- madamente: A concentração média das amostras será de: a) 48 g/L b) 44 g/L c) 42 g/L d) 40 g/L 3.2. Título em massa ou fração em massa (T) Imagine uma solução formada por 10 g de cloreto de sódio e 90 g de água. A massa total será: 10 g � 90 g � 100 g de solução. Assim, podemos dizer que: • 10 100 0,1� é a fração da massa total que corresponde ao NaCl; • 90 100 0,9� é a fração da massa total que corresponde ao H2O. 10 g de NaCl + 90 g de H2O 100 g no total As�3 0,05 Ba�2 1,0 Cd�2 0,01 Na�1 160,0 Hg�2 0,002 Concentração máxima tolerada (mg/L) Íon metálico contaminante x200 mL 1.000 mL (1 L) 80 g de NaOH x � 16 g de NaOH NaOH Na� � OH� 40 g 23 g 16 g y y � 9,2 g de íons Na� R ep ro du çã o pr oi bi da . A rt .1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . • Fundamentos da Química 278 EXERCÍCIO RESOLVIDO A fração em massa do soluto costuma ser chamada de título em massa da solução (T). Assim, definimos: Título em massa de uma solução (T) é o quociente entre a massa do soluto e a massa total da solução (massa do soluto � massa do solvente). Essa definição é representada matematicamente pelas fórmulas: O título não tem unidade (é um número puro) e independe da unidade usada em seu cálculo; de fato, se no exemplo anterior falássemos em 10 kg de NaCl e 90 kg de H2O, os resultados seriam os mesmos. Note também que o título varia entre zero e um (0 � T � 1). No mesmo exemplo, poderíamos ainda dizer que a solução contém 10%, em massa, de NaCl. É o que se chama título percentual em massa da solução ou porcentagem em massa do soluto (T%). Note que o título percentual varia entre 0% e 100% (0% � T% � 100%). Essa maneira de expressar a concentração de uma solução é muito usada na prática. Assim, por exemplo, o soro fisiológico empregado em medicina é a 0,9% de NaCl (significa que há 0,9 g de NaCl em cada 100 g de soro). T 1� m m ou T 1 1 2 � � m m m T é o título em massa. m1 é a massa do soluto. m2 é a massa do solvente. m é a massa da solução. em que Às vezes aparece nos exercícios o título em volume, ou a correspondente porcentagem volumétrica de uma solução. As definições são idênticas às anteriores, apenas trocando-se massa por volume. Essa maneira de expressar a concentração é bastante utilizada para soluções líquido-líquido (dizemos, por exemplo, álcool a 96% quando nos referimos a uma mistura com 96% de álcool e 4% de água em volume) e para soluções gás-gás (dizemos, por exemplo, que no ar há 21% de oxigênio em volume). REVISÃO OBSERVAÇÃO EXERCÍCIOS 28 Uma solução contém 8 g de cloreto de sódio e 42 g de água. Qual é o título em massa da solução? E seu título percentual? 1a resolução (com a fórmula) T T 8 8 42 0,161 1 2 � � � � � m m m ⇒ E o título percentual: T% � 100 T ⇒ T% � 16% 2ª resolução (sem a fórmula) Se em 8 g � 42 g � 50 g de solução há 8 g de NaCl, então em 100 g de solução haverá T%. Logo: 100 g T% 8 g de NaCl50 g T% � 16% 29 (Fafeod-MG) Quantos gramas de H2O são necessários, a fim de se preparar uma solução, a 20% em peso, usando 80 g do soluto? a) 400 b) 500 c) 180 d) 320 e) 480 30 A análise de um vinho revelou que ele contém 18 mL de álcool em cada copo de 120 mL. Qual é o título em volu- me desse vinho? 31 (PUC/Campinas-SP) Tem-se um frasco de soro glicosado, a 5,0% (solução aquosa de 5,0% em massa de glicose). Para preparar 1,0 kg desse soro, quantos gramas de glicose devem ser dissolvidos em água? a) 5,0 � 10�2 c) 5,0 e) 5,0 � 102 b) 0,50 d) 50 a) Título em massa (m/m) é o entre a do soluto e a da . b) Título em volume (V/V ) é o entre o do soluto e o da . R ep ro du çã o pr oi bi da . A rt .1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . Capítulo 12 • DISPERSÕES E SOLUÇÕES 279 EXERCÍCIO RESOLVIDO 32 Uma solução encerra 15 g de carbonato de sódio em 135 g de água e tem densidade igual a 1,1 g/mL. Calcule: a) o título em massa da solução; b) a concentração da solução em g/L. Resolução a) T 15 15 135 1 1 2 � � � � m m m ⇒ ⇒ T � 0,1 ⇒ T % � 10% Outro caminho possível de resolução seria: x 100%(15 � 135) g 15 g x � 10% b) Calcular a concentração da solução é calcular quantos gramas de soluto existem em 1 litro de solução. Imaginemos, então, ter 1 litro de solu- ção. Uma vez que sua densidade é 1,1 g/mL, con- cluímos que 1 litro de solução tem massa de 1.100 g. 10% solução 100% solução 1.100 g C C � 110 g/L Dessa massa, 10% (T% � 10%) corresponderão ao soluto. Logo, temos: 33 (UFBA) Uma solução de densidade igual a 1,2 g/mL é formada pela dissolução de 10 g de um sal em 290 g de H2O. Calcule, em g/L, a concentração desse sal. 34 Em 200 mL de solução, existem 10 g de soluto. Qual é o título da solução, sabendo-se que sua densidade é 1,02 g/mL? 35 (UFRGS-RS) O soro fisiológico é uma solução aquosa que contém 0,9% em massa de NaCL. Para preparar 200 mL dessa solução, a quantidade necessária de NaCL é de apro- ximadamente (considere a densidade da solução como sendo igual a 1 g/mL): a) 0,45 g d) 0,18 mol b) 1,8 g e) 10,6 g c) 0,09 mol 3.3. Concentração em mols por litro ou molaridade (M) Até aqui, vimos a concentração comum e o título. Esses dois modos de expressar a concentração correlacionam massas (em mg, g, kg etc.) ou volumes (em mL, L, m3 etc.) e são muito usados na prática — no comércio, na indústria etc. Vamos agora estudar outras formas de concentração, nas quais a quantidade do soluto é expressa em mols. Tais formas são mais importantes para a Química, pois o mol é a unidade básica de quantidade de matéria, que facilita os cálculos químicos. Citaremos, então, as concentrações em mols do soluto por litro de solução e a fração em mols do soluto. A primeira corresponde à seguinte definição: Concentração em mols por litro ou molaridade (M) da solução é a quantidade, em mols, do soluto existente em 1 litro de solução. Matematicamente, essa ideia é expressa por: Molaridade (M) é o quociente entre a quantidade do soluto (em mols) e o volume da solução (em litros). Ou pela fórmula: M 1� n V Unidade: mol por litro (mol/L) E, uma vez que n m M1 1 1 � , podemos também escrever: em que:M 1 1 � m M V m1 é a massa do soluto (g). M1 é a massa molar do soluto (g/mol). V é o volume da solução (L). OBSERVAÇÃO Quando uma solução tem, por exemplo, molaridade igual a 5 mol/L, às vezes encontramos a expres- são “solução 5 molar”; e quando M � 1 mol/L, usa-se, às vezes, a expressão “solução molar”. 1 L de solução0,5 mol de açúcar Neste exemplo, a molaridade será: M M 0,5 1 0,5 mol / L� �⇒ R ep ro du çã o pr oi bi da . A rt .1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e19 d e fe ve re iro d e 19 98 . • Fundamentos da Química 280 EXERCÍCIO RESOLVIDO a) Concentração em mols por litro ou é a quantidade, em , do existente em um litro de . b) Também podemos dizer que a molaridade é o quociente entre a quantidade do em e o da solução em . REVISÃO EXERCÍCIOS Atenção: Consulte, na Tabela Periódica, as massas atô- micas que forem necessárias. EXERCÍCIO RESOLVIDO 36 Qual é a molaridade de uma solução de iodeto de sódio que encerra 45 g do sal em 400 mL de solu- ção? (Massas atômicas: Na � 23; I � 127) Resolução • Cálculo da quantidade em mols do iodeto de sódio (NaI): • Ou pela fórmula: M 45 150 0,4 1 1 � � m MV � M � 0,75 mol/L ou 0,75 molar ou 0,75 M • Pelo próprio significado da molaridade, temos: M � 0,75 mol/L M1.000 mL 0,3 mol de Nal400 mL 37 (UPF-RS) No preparo de solução alvejante de tinturaria, 521,5 g de hipoclorito de sódio (NaClO) são dissolvidos em água suficiente para 10,0 litros de solução. A concen- tração, em mol/L, da solução obtida é: a) 7,00 b) 3,50 c) 0,22 d) 0,35 e) 0,70 38 (UEL-PR) Dissolvendo-se 1,47 g de CaCl2 � 2 H2O em água até completar 200 mL, obtém-se uma solução aquosa cuja concentração, em mol/L, é: a) 5,0 � 10�2 c) 3,0 � 10�2 e) 1,0 � 10�2 b) 4,0 � 10�3 d) 2,0 � 10�3 Atenção: Massa molar do CaCl2 � 2 H2O � 147 g/mol. EXERCÍCIO RESOLVIDO 39 Calcule a massa de hidróxido de sódio necessária para preparar meio litro de solução 0,2 molar (mas- sas atômicas: H � 1; O � 16; Na � 23). Resolução Este problema apresenta o cálculo inverso dos ante- riores. A molaridade já é dada, sendo pedida a mas- sa do soluto. • Cálculo da quantidade, em mols, de NaOH na so- lução dada: • Cálculo da massa de NaOH: • O problema poderia também ser resolvido direta- mente pela fórmula da molaridade: M 1 1 � m MV 0,2 40 0,5 1� m � ⇒ m1 � 4 g de NaOH 40 (UCS-RS) O engenheiro agrônomo de uma vinícola soli- citou a avaliação de teor de sacarose contida em um de- terminado lote de uvas. Para tanto, foi entregue a um químico uma amostra de 2,0 L de suco de uva a fim de que determinasse a concentração da sacarose (C12H22O11). O resultado dessa análise indicou que a molaridade do suco era de 0,25 M. Então, a massa de sacarose contida em 2,0 L de suco de uva é: a) 10 g b) 37 g c) 120 g d) 150 g e) 171 g 41 (UFU-MG) O soro caseiro, recomendado para evitar a desi- dratação infantil, consiste em uma solução aquosa de cloreto de sódio (NaCl) 0,06 mol � L�1 e sacarose (C12H22O11) 0,032 mol � L �1. As quantidades (em gramas) de cloreto de sódio e de sacarose necessárias para preparar um copo (200 mL) de soro caseiro são, respectivamente: a) 0,012 g e 0,0064 g c) 3,51 g e 10,94 g b) 0,70 g e 2,19 g d) 0,024 g e 0,128 g n1 0,2 mol de NaOH 0,5 L 1 L n1 � 0,1 mol de NaOH m1 40 g 0,1 mol de NaOH 1 mol de NaOH m1 � 4 g de NaOH 42 Qual é a molaridade de uma solução de ácido clorí- drico que apresenta concentração igual a 146 g/L? (Massas atômicas: H � 1; Cl � 35,5) Resolução Esta questão relaciona concentração e molaridade da solução. • Pela definição de molaridade: M � 4 mol/L M 36,5 g de HCl 1 mol 146 g de HCl (por litro) 43 (PUC-MG) Uma solução de brometo de cálcio a 10 g/L apresenta uma concentração, em mol/L, igual a: a) 0,08 b) 0,02 c) 0,05 d) 0,2 e) 0,5 n n1 1 0,3 mol de Nal� � 45 150 ⇒ n1 1 mol150 g de Nal 45 g de Nal R ep ro du çã o pr oi bi da . A rt .1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . Capítulo 12 • DISPERSÕES E SOLUÇÕES 281 44 (Cesgranrio-RJ) Num exame laboratorial, foi recolhida uma amostra de sangue, sendo o plasma separado dos eritrócitos, ou seja, deles isolado antes que qualquer mo- dificação fosse feita na concentração de gás carbônico. Sabendo-se que a concentração de CO2, neste plasma, foi de 0,025 mol/L, essa mesma concentração, em g/L, é de: a) 1.760 c) 2,2 e) 0,70 b) 6 � 10�4 d) 1,1 47 (Vunesp) Os frascos utilizados no acondicionamento de so- luções de ácido clorídrico comercial, também conhecido como ácido muriático, apresentam as seguintes informa- ções em seus rótulos: solução 20% m/m (massa percen- tual); densidade � 1,10 g/mL; massa molar � 36,50 g/mol. Com base nessas informações, a concentração da solução comercial desse ácido será: a) 7 mol/L c) 5 mol/L e) 3 mol/L b) 6 mol/L d) 4 mol/L EXERCÍCIO RESOLVIDO 45 No rótulo de um frasco de ácido clorídrico encon- tram-se as seguintes informações: título percentual em massa � 36,5%; densidade � 1,18 g/mL. Pergunta-se: qual é a molaridade desse ácido? Resolução Esta questão relaciona título e molaridade da so- lução. Vamos supor que temos 1 litro de ácido clorídrico. Se sua densidade é 1,18 g/mL, temos: 1,18 g/mL � 1.000 mL � 1.180 g de ácido Considerando que apenas 36,5% dessa solução é o soluto (HCl), temos: 1.180 g � 0,365 � 430,7 g de HCl Considerando ainda que a massa molar do HCl é 36,5 g/mol, temos: 430,7 g 9 36,5 g/mol � 11,8 mol de HCl Este último valor já representa a molaridade pedi- da, pois já havíamos partido da suposição de ter- mos 1 litro da solução. Assim, a resposta é: 11,8 mol/L 46 (PUC-PR) A solução aquosa de NaOH (soda cáustica) é um produto químico muito utilizado. Uma determinada in- dústria necessitou usar uma solução com 20% em massa de hidróxido de sódio, que apresenta uma densidade de 1,2 kg/L (dados: M(Na) � 23,0 g/mol; M(O) � 16,0 g/mol; M(H) � 1,0 g/mol). Qual a molaridade dessa solução? a) 12 M b) 6 M c) 3 M d) 2 M e) 1 M EXERCÍCIO RESOLVIDO 48 500 mL de solução contêm 10 g de sulfato férrico 100% dissociado. Calcule a molaridade do sulfato férrico e dos íons férrico e sulfato, em mols por litro (massas atômicas: Fe � 56; S � 32; O � 16). Resolução • Molaridade do sulfato férrico, Fe2(SO4)3 M M 10 400 0,5 0,05 mol/L1 1 � � � m MV � ⇒ • Molaridade dos íons férrico e sulfato Basta considerar a equação de dissociação iônica e efetuar um cálculo estequiométrico: Fe2(SO4)3 2 Fe 3� � 3 SO4 2� 1 mol 2 mol � 3 mol 0,05 mol/L 0,10 mol/L 0,15 mol/L 49 Uma solução aquosa de cloreto de cálcio (CaCl2), soluto totalmente dissociado, foi preparada pela dissolução de 22,2 g do referido soluto, em água suficiente para 500 mL de solução. A concentração de íons cloreto, em mol de Cl�/L de solução é igual a: a) 0,2 b) 0,4 c) 0,6 d) 0,8 e) 1,0 50 (UMC-SP) As literaturas médicas citam uma concentra- ção média de 143 milimols de Na� por litro de sangue humano. A massa em grama do íon sódio (Na � 23) contida em 7 litros de sangue nessa concentração será: a) 58,5 b) 1.000 c) 1,00 d) 23,0 e) 3,27 51 (FGV-SP) A água de abastecimento urbano, depois de pas- sar pela Estação de Tratamento de Água — ETA, deve con- ter quantidade de “cloro residual” na forma de HClO. A análise de uma amostra de água tratada, à saída de uma ETA, revelou concentração de HClO igual a 2,0 � 10�5 mol/L (massa molar do HClO: 52,5 g/mol). Em mg/L, tal con- centração é igual a: a) 1,05 c) 0,105 e) 2,10 � 103 b) 1,05 � 103 d) 2,10 52 (Acafe-SC) Considere que o intervalo normal da concen- tração de glucose C6H12O6 em 100 mL de sangue é 80 � 120 mg. Esse intervalo, em mols, por litro de sangue, é: a) 2,2 � 10�3 � 3,33 � 10�3 d) 0,88 � 13,33 b) 4,4 � 10�3 � 6,67 � 10�3 e) 8,0 � 12,0 c) 0,40 � 0,60 53 (PUC-RS) Um aluno do curso de Química necessita pre- parar uma solução 0,20 M em NaOH para ser utilizada em uma reação de neutralização. A forma correta de pre- paração dessa solução seria dissolver X gramas de NaOH em Y litros de solução. Os valores de X e Y são, respectivamente: a) 2,0; 0,50 c) 4,0; 0,50 e) 8,0; 1,50 b) 4,0; 0,25 d) 8,0; 0,75 54 (UFRGS-RS) No processo de fluoretação de água para abastecimento de cidades, a concentração recomenda- da de fluoreto é da ordem de 5,0 � 10�5 mol/L. Se a subs- tância utilizada é o NaF, sua concentração em mg/L deve ser de aproximadamente: a) 0,95 c) 4,2 e) 8,4 � 102 b) 2,1 d) 5,0 � 102 55 (PUC-RS) Um químico preparou uma solução contendo os seguintes sais, com suas respectivasconcentrações em mol/L: cloreto de potássio � 0,10; cloreto de magnésio � 0,20 e cloreto de cromo III � 0,05. A concentração de íons cloreto, em mol/L, nessa solução é: a) 0,35 b) 0,45 c) 0,55 d) 0,65 e) 0,75 EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES R ep ro du çã o pr oi bi da . A rt .1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . • Fundamentos da Química 282 EXERCÍCIO RESOLVIDO 3.4. Fração em mols ou fração molar (x) De modo análogo à definição de título ou fração em massa, já vista à página 278, podemos dizer que: Fração em mols ou fração molar do soluto, em uma solução, é o quociente entre a quantidade de mols do soluto e a quantidade total de mols na solução (soluto � solvente). Matematicamente, essa definição é representada pela fórmula: x n n n1 1 1 2 � � x1 é a fração em mols do soluto. n1 é a quantidade em mols do soluto. n2 é a quantidade em mols do solvente. em que: Para o solvente temos definição e fórmula análogas: x n n n2 2 1 2 � � Assim, se tivermos 2 mols de soluto e 6 mols de solvente, teremos 8 mols no total e diremos que: • a fração em mols do soluto é 2 9 8 � 0,25 • a fração em mols do solvente é 6 9 8 � 0,75 A fração molar não tem unidade (é um número puro) e varia no intervalo entre zero e um (0 � x � 1). É importante também notar que a soma das frações molares do soluto e do solvente é sempre igual a 1 — veja no exemplo acima, em que temos 0,25 � 0,75 � 1. Generalizando: x x x n n n n n n n ni i 1 2 1 2 ... ... 1� � � � � � � � � Σ Σ Σ Σ Σ Abreviadamente: Σx � 1 . É fácil também perceber que, se multiplicarmos x1 e x2 por 100, teremos as porcentagens em mols do soluto e do solvente na solução. No exemplo dado acima, temos: 25% em mols do soluto e 75% em mols do solvente, na solução. a) Fração molar é o quociente entre a quantidade de do e a quantidade total de na . b) A fração molar varia entre e ou, em porcentagem, entre e . c) A soma das frações molares de todos os componentes da solução é igual a ou . REVISÃO EXERCÍCIOS 56 Uma solução contém 230 g de álcool comum (C2H5OH) e 360 g de água. Calcule as frações mola- res do álcool e da água na solução (massas atômi- cas: H � 1; C � 12; O � 16). Resolução Cálculo das quantidades de mols: • do álcool: n m M n1 1 1 1 230 46 5 mol� � �⇒ • da água: n m M n2 2 2 2 360 18 20 mol� � �⇒ • total: Σn � n1 � n2 � 25 mol Cálculo das frações molares: • do álcool: x n n x1 1 1 5 25 0,2� � � Σ ⇒ • da água: x n n x2 2 2 20 25 0,8� � � Σ ⇒ Observe que: x1 � x2 � 0,2 � 0,8 � 1 57 (FUERN) Uma solução preparada tomando-se 1 mol de glicose (C6H12O6) e 99 mol de água (H2O) apresenta frações molares de soluto e solvente, respectivamente, iguais a: a) 0,18 e 0,82 c) 0,90 e 0,10 e) 0,01 e 0,99 b) 0,82 e 0,18 d) 0,10 e 0,90 58 (UFF-RJ) Uma solução contém 18,0 g de glicose (C6H12O6), 24,0 g de ácido acético (C2H4O2) e 81,0 g de água (H2O). Qual a fração molar de ácido acético na solução? a) 0,04 b) 0,08 c) 0,40 d) 0,80 e) 1,00 59 Uma solução de ácido nítrico tem concentração igual a 126 g/L de densidade igual a 1,008 g/mL. As frações molares do soluto e do solvente são, respectivamente: a) 0,1260 e 0,8820 d) 0,0360 e 0,9640 b) 0,1119 e 0,8881 e) 0,0345 e 0,9655 c) 0,0392 e 0,9607 R ep ro du çã o pr oi bi da . A rt .1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . Capítulo 12 • DISPERSÕES E SOLUÇÕES 283 3.5. Outros tipos de concentração Além da concentração comum, do título, da molaridade e da fração em mols, existem muitas outras maneiras de expressar a concentração de uma solução. Consideremos então dois casos impor- tantes: o da concentração expressa em partes por milhão (ppm) e o caso particular da água oxigenada (H2O2), cuja concentração é dada, em geral, em volumes. A. Partes por milhão (ppm) É usada para soluções extremamente diluídas, isto é, que apresentam uma quantidade de soluto muito pequena dissolvida em uma quantidade muito grande de solvente (ou de solução). Por exemplo, sabemos que a qualidade do ar atmosférico se torna inadequada quando há mais de 0,000015 g de monóxido de carbono (CO) por grama de ar. Para evitar o uso de valores tão pequenos quanto 0,000015 (ou seja, 15 � 10�6), pode-se estabelecer a seguinte relação: Dizemos então que há 15 partes de CO em 1 milhão de partes do ar ou, abreviadamente, 15 ppm de CO no ar. Como a comparação foi feita entre massa (gramas de CO) e massa (gramas de ar), costuma-se especificar ppm (m/m). Essa notação evita a confusão entre comparações semelhantes, mas feitas entre massa e volume (m/V ), volume e volume (V/V ) etc. Um conceito muito semelhante ao de ppm é o de partes por bilhão (ppb), no qual a comparação é feita entre 1 parte e 1 bilhão (109) de partes. B. Concentração da água oxigenada em volumes A água oxigenada é uma solução de peróxido de hidrogênio (H2O2) em água comum. Quando dizemos, por exemplo, água oxigenada a 10 volumes, estamos nos referindo a uma solução aquosa de H2O2 que irá liberar 10 litros de O2, nas CNPT (Condi- ções Normais de Pressão e Temperatura), se todo o H2O2 existen- te em 1 litro de solução sofrer a seguinte decomposição: 2 H2O2 2 H2O � O G 2 Se quisermos, então, saber qual é a concentração dessa so- lução em gramas de H2O2 por litro de solução, teremos de re- correr ao seguinte cálculo estequiométrico: Água oxigenada a 10 volumes é uma solução antisséptica, utilizada para limpar e desinfetar ferimentos. a) Concentração em partes por milhão ( ) indica quantas de soluto existem em um de partes da solução. b) Ao falar em partes por milhão, devem-se especificar as medidas , ou . c) Água oxigenada a volumes significa que litro da solução aquosa de H2O2 irá liberar litros de (CNPT) se todo o H2O2 sofrer . REVISÃO Multiplicando por 106 então: 15 g de CO 106 g de ar (ou 1 milhão de gramas de ar) 1 g de arSe 15 � 10�6 g de CO E D U A R D O S A N T A LI E S TR A / C ID 2 H2O2 2 H2O � O G 2 x � 30,36 g (esse valor corresponde à concentração de 30,36 g/L)x 10 L (CNPT) 22,4 L (CNPT)2 � 34 g R ep ro du çã o pr oi bi da . A rt .1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . • Fundamentos da Química 284 Você pode fazer Não cheire nem experimente substâncias desconhecidas. Cuidado com as substâncias tóxicas e/ou inflamáveis. Cuidado com respingos na pele e nos olhos. • Espere a água esfriar, mantendo a panela co- berta com a tampa. • Transfira 1 litro da água da panela para o frasco. • Adicione 1 colher de sal e 3 colheres de açúcar. • Mexa bem a solução com a colher. Questões: Admitindo que a quantidade de sal usada foi de 3,0 gramas e a de açúcar, 10,5 gramas, e admitindo também que essas adições não alte- raram nem o volume (1 L) nem a densidade (1 g/mL) da solução, calcule: a) o título percentual, em massa, do sal e do açúcar na solução; b) a molaridade do sal e do açúcar; c) as frações em mol do sal e do açúcar. 1 litro Soro caseiro Aviso: a preparação do soro caseiro serve como primeira providência para uma crian- ça com desidratação. Neste caso, consul- te imediatamente um médico. Material necessário: • Panela grande com tampa. • Frasco graduado de 1 litro (utilizado na co- zinha). • Sal de cozinha. • Açúcar (branco) comum. • Colher (de sopa). Procedimento: • Ferva cerca de 1,5 litro de água, durante 15 mi- nutos, com a panela aberta. EXERCÍCIOS 60 (Univali-SC) A água potável não pode conter mais do que 5,0 � 10�4 mg de mercúrio (Hg) por grama de água. Para evitar o inconveniente de usar números tão pequenos, o químico utiliza um recurso matemático, surgindo assim uma nova unidade de concentração: ppm (partes por milhão). ppm massa do soluto em mg massa do solvente em kg � A quantidade máxima permitida de mercúrio na água potável corresponde a: a) 0,005 ppm c) 0,5 ppm e) 50 ppm b) 0,05ppm d) 5 ppm 61 Na cidade de São Paulo (SP), por exemplo, a qualidade do ar é considerada inadequada se o teor de monóxido de carbono (CO) atingir 15 ppm (V/V ). Nessa situação, qual é o volume de CO existente em cada metro cúbico de ar? 62 Na crosta terrestre existem, em média, 70 ppb (m/m) do metal prata. Qual será a massa de prata existente em 1 tonelada da crosta terrestre? 63 (UFPE) A água oxigenada, ou peróxido de hidrogênio (H2O2), é vendida nas farmácias com concentrações em termos de “volumes“ que correspondem à relação en- tre o volume de gás O2, liberado após completa decom- posição do H2O2, e o volume da solução aquosa. Saben- do que a equação química de decomposição da água oxigenada é: H2O2 (aq) H2O (l) � 1 2 O2 (g) Calcule a concentração molar de uma solução de água oxigenada de 24,4 volumes a 25 °C e 1 atm. (Dado: R � 0,082 atm � L � K�1 � mol�1) R ep ro du çã o pr oi bi da . A rt .1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . Capítulo 12 • DISPERSÕES E SOLUÇÕES 285 4 DILUIÇÃO DAS SOLUÇÕES Você pode observar Diariamente, diluímos soluções: com água quente, transformamos um café forte (mais concentrado) em um café fraco (mais diluído); com água, diluímos um suco de frutas; na agricultura, os inseticidas são diluídos com água, antes de serem aplicados sobre as plantações etc. As soluções aquosas de produtos químicos são vendidas, em geral, em concentrações elevadas. Esse procedimento evita o peso e o custo do transporte da água, além de permitir que o próprio consu- midor controle a concentração em que o produto químico (soluto) será utilizado. Concluindo: Diluir uma solução significa adicionar a ela uma porção do próprio solvente puro. Solvente puro Solução inicial m1 V C Solução final m1 V ' C ' Solução mais concentrada Solução mais diluída Acompanhando a diluição ilustrada na figura acima, torna-se evidente que a massa do soluto (m1) não muda — é a mesma na solução inicial e na final. No entanto, uma vez que o volume aumenta de (V para V’), a concentração também se altera (de C para C’). Desse modo, podemos calcular: • para a solução inicial: C m V m VC 1 1� �⇒ • para a solução final: C m V m V C’ ’ ’ ’ 1 1� �⇒ E, uma vez que m1 é constante, temos: VC � V’C’ Essa fórmula nos mostra que, quando o volume aumenta (de V para V’), a concentração diminui (de C para C’) na mesma proporção. Ou seja: O volume e a concentração de uma solução são inversamente proporcionais. Para a molaridade, pode-se chegar à mesma conclusão e a uma fórmula análoga à da concentração: VM � V’M’ Para a resolução de problemas envolvendo os demais tipos de concentração (título, molaridade, fração molar e ppm), é preferível raciocinar com as próprias definições, que já foram vistas nos itens anteriores. OBSERVAÇÃO A operação inversa a diluir chama-se concentrar a solução. Esse processo consiste no aquecimento cuidadoso da solução, de modo que apenas o solvente venha a evaporar (evidentemente estamos supondo que o soluto não seja volátil). Nesse caso, continuam valendo as mesmas fórmulas matemá- ticas apresentadas para a diluição. R ep ro du çã o pr oi bi da . A rt .1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . • Fundamentos da Química 286 EXERCÍCIO RESOLVIDO EXERCÍCIO RESOLVIDO a) Diluir uma solução significa uma nova porção de puro a essa solução. b) A operação inversa da diluição chama-se da solução. c) Ao diluir, à proporção que o volume da solução , sua concentração . REVISÃO EXERCÍCIOS 64 Diluindo-se 100 mL de solução de cloreto de sódio de concentração igual a 15 g/L ao volume final de 150 mL, qual será a nova concentração? 1a resolução Usando a definição de concentração, temos: • na solução inicial: x � 1,5 g de NaCl x 15 g de NaCl1.000 mL de solução 100 mL de solução Essa massa (1,5 de NaCl) permanece na solução final. • na solução final: y � 10 g/L y 1,5 g de NaCl150 mL de solução 1.000 mL de solução 2a resolução Usando a fórmula da diluição VC � V ‘C ‘, temos: 100 � 15 � 150 � C‘ ⇒ C‘ � 10 g/L 65 200 mL de solução 5 molar de ácido nítrico foram diluí- dos com água destilada, até se obter uma solução 2 mo- lar. Qual é o volume da solução final? 66 (Vunesp) Na preparação de 500 mL de uma solução aquo- sa de H2SO4 de concentração 3 mol/L, a partir de uma solução de concentração 15 mol/L do ácido, deve-se di- luir o seguinte volume da solução concentrada: a) 10 mL c) 150 mL e) 450 mL b) 100 mL d) 300 mL 67 (UCB-DF) Um técnico em química preparou 10 L de uma solução 5 M de NaOH para neutralizar um resíduo ácido. Na neutralização, ele consumiu apenas 9 litros da solu- ção 5 M de NaOH. Que volume, em mL, ele deve usar dessa base que sobrou para preparar 200 mL de uma solução 2 M de NaOH? EXERCÍCIO RESOLVIDO 68 Que volume de água se deve adicionar a 250 mL de solução com 2 mol/L de hidróxido de sódio, a fim de obter uma solução final com molaridade igual a 0,5 mol/L? Resolução Note que esta questão pede “o volume de água a ser adicionado”. Pela relação V M � V’M’, temos: 250 � 2 � V ’ � 0,5 ⇒ V ’ � 1.000 mL Veja que 1.000 mL deverá ser o volume final da solu- ção. Considerando que o volume inicial já é de 250 mL, concluímos que deverão ser adicionados à solução ini- cial: 1.000 mL � 250 mL � 750 mL de água . 69 (UPF-RS) Para preparar NH3 (aq) 6,0 M, pode-se medir 120 mL de NH3 (aq) 15 M e: a) acrescentar 100 mL de água. b) acrescentar 250 mL de água. c) acrescentar 400 mL de água. d) diluir a 200 mL com água. e) diluir a 300 mL com água. 70 (UEPB) Num laboratório de química, o estoque de reagentes disponível para uso geralmente é composto de soluções bastante concentradas. Porém, em dosagens realizadas, as soluções utilizadas devem ser diluídas. Qual é o volume de água (destilada) que se deve adicionar a 1,5 L de solução de ácido sulfúrico composta de 196 g desse ácido para cada litro de solução, para reduzir a con- centração pela metade? a) 3,0 L b) 1,5 L c) 2,0 L d) 4,0 L e) 2,5 L 71 (Ufes) Submetendo-se 3 L de uma solução 1 M de cloreto de cálcio à evaporação até um volume final de 400 mL, sua concentração molar será: a) 3,00 b) 4,25 c) 5,70 d) 7,00 e) 7,50 Observação: Como já dissemos, na evaporação do solvente, a solução se concentra, mas todo o raciocínio e as fórmulas são idênticos aos da diluição. 72 Uma solução de NaOH tem concentração igual a 200 g/L. Se 50 mL dessa solução são diluídos a 200 mL, qual será a molaridade da solução final? Resolução Pela primeira vez, um problema de diluição dá um tipo de concentração no início (g/L) e pede-se ou- tro tipo (mol/L) no final da diluição. Temos uma questão que reúne o problema de diluição com o problema de mudança de tipo de concentração. Vamos então calcular a concentração da solução fi- nal pela fórmula da diluição (VC � V’C’): 50 � 200 � 200 � C’ ⇒ C’ � 50 g/L R ep ro du çã o pr oi bi da . A rt .1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . Capítulo 12 • DISPERSÕES E SOLUÇÕES 287 Conhecida a concentração final (50 g/L), basta trans- formar esse valor em molaridade: 73 (Unirio-RJ) Para efetuar o tratamento de limpeza de uma piscina de 10.000 L, o operador de manutenção nela despejou 5 L de solução 1 mol/L de sulfato de alumínio — Al2(SO4)3 (dadas as massas atômicas: O � 16 u; Al � 27 u; S � 32 u). Após agitar bem a solução, a concentração do sulfato de alumínio, em g/L, na pisci- na, é de: a) 0,171 c) 5 � 10�4 e) 684 � 103 b) 1,46 � 10�6 d) 1.710 74 (UFMG) Uma mineradora de ouro, na Romênia, lançou 100.000 m3 de água e lama contaminadas com cianeto, CN� (aq), nas águas de um afluente do segundo maior rio da Hungria. A concentração de cianeto na água atingiu, então, o valor de 0,0012 mol/litro. Essa concentração é muito mais alta que a concentração máxima de cianeto que ainda permite o consumo doméstico da água, igual a 0,01 miligrama/litro.Considerando-se essas informações, para que essa água pudesse servir ao consumo doméstico, ela deveria ser diluída, aproximadamente: a) 32.000 vezes. c) 320 vezes. b) 3.200 vezes. d) 32 vezes. M � 1,25 mol/L 1 mol de NaOH 50 g de NaOH M 40 g de NaOH os problemas usando as próprias definições dos vá- rios tipos de concentração. Resolução Com a densidade (1,18 g/mL) e o título (36,5%) da solução inicial, podemos calcular sua molaridade. Um litro dessa solução pesa: d m V � m � dV m � 1,18 � 1.000 ⇒ m � 1.180 g de solução Dessa solução, 36,5% em massa correspondem ao HCl. Temos, então: 78 (PUC-RS) Foram adicionados 35,00 mL de água destila- da a 15,00 mL de uma solução 0,50 M em KMnO4. A molaridade desta nova solução é: a) 0,050 b) 0,075 c) 0,100 d) 0,150 e) 0,175 79 (FCC-BA) Um béquer contém 10 mL de solução aquosa 0,10 mol/L de sulfato de cobre II. Deixado em ambiente ventilado, após alguns dias restam no béquer apenas cris- tais do sal CuSO4 � 5 H2O. Que quantidade, em mol, se formou desse sal? a) 1,0 c) 1,0 � 10�3 e) 1,5 � 10�3 b) 1,0 � 10�2 d) 1,5 � 10�2 80 (UFV-MG) A 100 g de solução de ácido sulfúrico (H2SO4) 90% massa/massa, são adicionados 400 g de água. A porcentagem de ácido sulfúrico, em massa, na solução obtida é: a) 36 c) 18 e) 90 b) 9 d) 45 81 (UFPE) Num certo dia, um tanque para tratamento de resíduos químicos continha, quando cheio, 3 gramas de um dado sal numa concentração de 0,5 M. Hoje a con- centração desse sal no tanque cheio é de 2,5 M. Qual a massa do sal no tanque? 82 (PUC-RS) 50,00 mL de uma solução 2,0 mols/L em MgCl2 são diluídos a 1 L. A concentração, em mol/L, de íons cloreto na nova solução é: a) 0,1 c) 1,0 e) 4,0 b) 0,2 d) 2,0 83 Em que proporção devemos diluir uma solução 10 molar para transformá-la em 0,2 molar? EXERCÍCIO RESOLVIDO 75 40 mL de ácido clorídrico, de densidade 1,18 g/mL e com 36,5% de HCl em massa, são diluídos a 200 mL. Qual é a molaridade da solução final? Observação: Vimos que a concentração e a molari- dade variam, com a diluição, segundo as fórmulas VC � V’C’ e VM � V’M’. Para os demais tipos de concentração, poderiam ser deduzidas as fórmulas correspondentes. No entanto, é mais fácil resolver Esse valor também representa: Considerando que o nosso raciocínio partiu de 1 li- tro da solução inicial, este último valor representa também a sua molaridade (M � 11,8 mol/L). Portanto, a molaridade pedida para a solução final é calculada pela fórmula (VM � V’M’): 40 � 11,8 � 200 � M’ ⇒ M’ � 2,36 mol/L n1 � 11,8 mol de HCl n1(1.180 � 0,365) g 36,5 g 1 mol de HCl m1 � (1.180 � 0,365) g de HCl 1.180 g m136,5% 100% 76 Que volume de ácido clorídrico 0,25 molar podere- mos obter pela diluição de 50 mL de solução de HCl de densidade 1,185 g/mL e que apresenta 36,5% de HCl em massa? 77 Deseja-se preparar 9,2 L de solução 2 molar de ácido sulfúrico, a partir de uma solução concentrada desse áci- do que apresenta densidade igual a 1,84 g/mL e que encerra 98% de H2SO4 em massa. Qual é o volume ne- cessário do ácido sulfúrico concentrado? EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES R ep ro du çã o pr oi bi da . A rt .1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . • Fundamentos da Química 288 É também muito comum, num laboratório químico, misturar duas ou mais soluções, que podem ser soluções de um mesmo soluto ou de solutos diferentes. Neste último caso, pode ainda acontecer de os solutos reagirem ou não entre si. Pois bem, são exatamente esses problemas que estudaremos a seguir. Em qualquer caso, porém, estaremos supondo que o solvente é o mesmo e que as soluções são relativamente diluídas, pois só dentro dessas hipóteses é que o volume final será igual à soma dos volumes iniciais das soluções que são misturadas. 5.1. Mistura de duas soluções de um mesmo soluto Vamos imaginar duas soluções (A e B) de cloreto de sódio (NaCl), como ilustrado abaixo. 5 MISTURAS DE SOLUÇÕES Você pode observar Em nosso dia-a-dia, misturamos soluções com muita frequência: café e lei- te; tintas de cores diferentes para obter tonalidades intermediárias etc. A B A + B mB = 8 g de NaCl VB = 200 mL CB = 40 g/L mA = 7 g de NaCl VA = 100 mL CA = 70 g /L m = ? V = ? C = ? Na solução final (A � B): • a massa do soluto é igual à soma das massas dos solutos em A e B. Portanto: m � 7 � 8 ⇒ m � 15 g de NaCl • o volume da solução também é igual à soma dos volumes das soluções A e B. Portanto: V � 100 � 200 ⇒ V � 300 mL de solução Com esses valores e lembrando a fórmula de concentração, obtemos, para a solução final (A � B): C m V C C 15 0,3 50 g/L� � �⇒ ⇒ É interessante notar que a concentração final (50 g/L) terá sempre um valor compreendido entre as concentrações iniciais (70 g/L � 50 g/L � 40 g/L). Note, também, que a concentração final (50 g/L) está mais próxima de 40 g/L do que de 70 g/L. Isso acontece porque a segunda solução entra, na mistura, com um volume maior (200 mL) que o da primeira solução (100 mL). Lembrando que o produto CV representa a massa do soluto C m V m CV ,� �⇒⎛ ⎝⎜ ⎞ ⎠⎟ podemos generalizar esse tipo de problema da seguinte maneira: • massa do soluto na solução A: mA � CAVA • massa do soluto na solução B: mB � CBVB • massa do soluto na solução final: m � CV Como as massas dos solutos se somam (m � mA � mB), temos: CV � CAVA � CBVB ⇒ C C V C V V C C V C V V V A A B B A A B B A B � � � � � ⇒ R ep ro du çã o pr oi bi da . A rt .1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . Capítulo 12 • DISPERSÕES E SOLUÇÕES 289 EXERCÍCIO RESOLVIDO OBSERVAÇÃO Todo o raciocínio feito no exemplo dado, com as concentrações das soluções iniciais e da solução final, aplica-se também aos outros tipos de concentração — basta usar as definições correspondentes e seguir o mesmo raciocínio. Assim, por exemplo, para a molaridade, teremos: M M M � � � A A B B A B V V V V a) Numa mistura de duas soluções de um mesmo soluto num mesmo solvente, as quantidades dos solutos irão e os volumes das soluções também irão . b) O valor da concentração final ficará sempre entre os valores das concentrações iniciais. REVISÃO EXERCÍCIOS 84 Misturam-se 50 mL de solução com 3 g/L de HCl com 150 mL de solução com 2 g/L do mesmo áci- do. Qual é a concentração da solução resultante? 1ª resolução • Na 1a solução: EXERCÍCIO RESOLVIDO 87 150 mL de ácido clorídrico de molaridade desco- nhecida são misturados a 350 mL de ácido clorídri- co 2 M, dando uma solução 2,9 M. Qual é a molaridade do ácido inicial? Resolução Enquanto nos exercícios anteriores as concentrações iniciais eram dadas e pedia-se a concentração final, após a mistura, neste exercício propõe-se o “cami- nho inverso”, pois se pede uma das concentrações iniciais. Uma das resoluções possíveis é: M M M 2,9 150 2 350 500 5 M � � � � � � A A B B A B V V V V x x� � ⇒ 50 mL x 3 g de HCl1 L � 1.000 mL • Na 2a solução: 150 mL y � 0,30 g de HCl y 2 g de HCl1 L � 1.000 mL • Na solução final: C m V C C 0,15 0,30 0,050 0,150 2,25 g / L � � � � �⇒ (Note que: 3 g/L � 2,25 g/L � 2 g/L) 2ª resolução C C V C V V V C C A A B B A B 3 50 2 150 50 150 2,25 g / L � � � � � � � � � ⇒ 85 (Ufac) Qual a molaridade de uma solução de hidróxido de sódio formada pela mistura de 60 mL de solução a 5 M com 300 mL de solução a 2 M? a) 1,5 mol/L d) 3,5 mol/L b) 2,0 mol/L e) 5,0 mol/L c) 2,5 mol/L 86 Qual é a molaridade resultante da mistura de três solu- ções de ácido nítrico, a saber: 200 mL 1 molar; 500 mL 2 molar e 300 mL 0,2 molar? Matematicamente, esse resultado significa que: A concentração final é a média ponderada das concentrações iniciais, tomando-se por “pesos” os volumes correspondentes. Aplicando a fórmula anterior ao problema inicial, temos: C C 70 100 40 200 100 200 50 g/L� � � � � � ⇒ x � 0,15 g de HCl R ep ro du çã opr oi bi da . A rt .1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . • Fundamentos da Química 290 EXERCÍCIO RESOLVIDO 90 Juntando-se 100 g de solução a 20% em massa com 150 g de solução a 10% em massa, do mesmo soluto, qual será o título final? Resolução Lembrando a definição de título, temos: • em 100 g de solução a 20% em massa há: 20 g de soluto 80 g de solvente • em 150 g de solução a 10% em massa há: 15 g de soluto 135 g de solvente • o título da solução final será então: T 20 15 100 150 � � � T � 0,14 ou T% � 14% Note que a resposta (14%) é um valor intermediário em relação aos títulos iniciais (20% e 10%). EXERCÍCIO RESOLVIDO 92 Misturando-se 200 mL de solução de NaCl de con- centração 10 g/L com 300 mL de solução de KCl de concentração 25 g/L, quais serão as concentrações dos dois solutos, na solução final? Resolução Este é um caso muito particular, no qual são mistu- radas soluções de solutos diferentes, mas que não reagem entre si. Considerando que não podemos somar quantidades (gramas, mols etc.) de solutos diferentes, devemos considerar cada soluto separa- damente, na solução final. Desse modo, a questão é idêntica a um problema de diluição de soluções, bas- tando considerar cada soluto dissolvido no volume total da solução final (solução resultante da mistu- ra). Nesse caso, teremos: • para o NaCl: VC � V’C’ 200 � 10 � (200 � 300) � C‘ ⇒ C ‘ � 4 g/L • para o KCl: VC � V’C’ 300 � 25 � (200 � 300) � C‘ ⇒ C‘ � 15 g/L 5.2. Mistura de duas soluções de solutos diferentes que reagem entre si Os casos mais comuns ocorrem quando juntamos solução de um ácido e solução de uma base; ou solução de um oxidante e solução de um redutor; ou soluções de dois sais que reagem entre si. Havendo reação química, e não simples mistura, esses problemas devem ser resolvidos com o auxílio do cálculo estequiométrico. Além disso, quando os dois solutos reagem, podem ocorrer duas situações: • os dois solutos estão em quantidades exatas para reagir (proporção estequiométrica); nesse caso, os dois solutos reagirão integralmente; • caso contrário, sobrará um excesso do primeiro ou do segundo soluto. A seguir exemplificamos esses dois casos. 1o exemplo — Quando os solutos estão em proporção estequiométrica Juntando-se 300 mL de HCl 0,4 molar com 200 mL de NaOH 0,6 molar, pergunta-se quais serão as molaridades da solução final com respeito: a) ao ácido; b) à base; c) ao sal formado. 88 (Fesp-SP) O volume de uma solução de hidróxido de sódio 1,5 M que deve ser misturado a 300 mL de uma solução 2 M da mesma base, a fim de torná-la solução 1,8 M, é: a) 200 mL c) 2.000 mL e) 350 mL b) 20 mL d) 400 mL 89 (UFMS) O ácido sulfúrico, H2SO4, quando concentrado, é um líquido incolor, oleoso, muito corrosivo, oxidante e desidratante. Nas indústrias químicas, ele é utilizado na fabricação de fertilizantes, de filmes, de tecidos, de me- dicamentos, de corantes, de tintas, de explosivos, de acu- muladores de baterias, no refino do petróleo, como decapante de ferro e aço, etc. Nos laboratórios, é utiliza- do em titulações, como catalisador de reações e na sínte- se de outros compostos. Suponha que um químico pre- cise preparar 1 litro de solução aquosa de ácido sulfúrico de concentração 3,5 mol/L, usando apenas duas solu- ções aquosas desse ácido, disponíveis em estoque no labo- ratório: 1 litro de Solução A de concentração 5,0 mol/L e 1 litro de Solução B de concentração 3,0 mol/L. Saben- do-se que não há expansão ou contração de volume no preparo da solução desejada, é correto afirmar que os volumes necessários, em mililitros, de A e de B são, res- pectivamente: a) 310 e 690 c) 240 e 760 e) 250 e 750 b) 300 e 700 d) 220 e 780 93 Misturando-se 50 mL de solução 5 molar de NaNO3 com 150 mL de solução 2 molar de KCl, quais serão as molaridades dessas duas substâncias, na solução final? 91 Juntando-se 100 g de ácido sulfúrico a 20% em massa com 150 mL de ácido sulfúrico de densidade 1,3 g/mL e concentração 520 g/L, qual será o título final? R ep ro du çã o pr oi bi da . A rt .1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . Capítulo 12 • DISPERSÕES E SOLUÇÕES 291 Resolução: Neste exemplo, fala-se de uma mistura de uma solução de HCl com outra, de NaOH. Esses dois solutos reagem de acordo com a equação: HCl � NaOH NaCl � H2O [Excesso de reagente (?)] No final da reação poderá haver excesso — ou de HCl ou de NaOH —, o que somente poderemos determinar por meio do cálculo estequiométrico. O cálculo estequiométrico fica mais fácil se for efetua- do com o auxílio das quantidades de mols dos reagentes e dos produtos da reação. Ora, a quantidade de mols (n) de cada soluto pode ser calculada de duas maneiras: • n m M � , em que: m é a massa (em gramas), e M, a massa molar (em g/mol); • M M � �n V n V⇒ , em que: M é a molaridade da solução (em mol/L), e V, o seu volume (em L). Em particular, a relação n � MV nos será muito útil de agora em diante. No problema dado, temos: • para o HCl: n � MV � 0,4 � 0,3 ⇒ n � 0,12 mol de HCl • para o NaOH: n � MV � 0,6 � 0,2 ⇒ n � 0,12 mol de NaOH Considerando a equação do problema, teremos os seguintes valores em mols: HCl � NaOH NaCl � H2O Foram calculados acima: 0,12 0,12 Segundo a equação, reagem: 0,12 � 0,12 0,12 � 0,12 Após a reação, restam: zero zero 0,12 0,12 HCl � NaOH NaCl � H2O Foram calculados acima: 0,12 0,16 Segundo a equação, reagem: 0,12 � 0,12 0,12 � 0,12 Após a reação, restam: zero 0,04 0,12 0,12 (Lembre-se de que as quantidades que reagem e as que são produzidas — na 2ª linha acima — seguem a proporção dos coeficientes da equação química considerada.) Uma vez que não há sobras de HCl nem de NaOH após a reação, concluímos que: a) a molaridade final do HCl é zero ; b) a molaridade final do NaOH também é zero ; c) quanto ao NaCl, o esquema acima mostra a formação de 0,12 mol desse sal — dissolvido, é claro, na solução final, cujo volume é: 300 mL � 200 mL � 500 mL. Portanto, a molaridade do NaCl será: M M 0,12 0,5 0,24 mol/L� �⇒ 2o exemplo — Quando os solutos não estão em proporção estequiométrica Juntam-se 300 mL de HCl 0,4 M e 200 mL de NaOH 0,8 M. Pergunta-se quais serão as molaridades da solução final em relação: a) ao ácido; b) à base; c) ao sal formado. Resolução: Vamos calcular as quantidades, em mols, dos solutos iniciais: • para o HCl: n � MV � 0,4 � 0,3 ⇒ n � 0,12 mol de HCl • para o NaOH: n � MV � 0,8 � 0,2 ⇒ n � 0,16 mol de NaOH Vamos considerar a equação do problema e organizar uma tabela de quantidades em mols: (Os valores que aparecem na 2ª linha acima obedecem às proporções estabelecidas pelos coeficientes da equação química.) R ep ro du çã o pr oi bi da . A rt .1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . • Fundamentos da Química 292 EXERCÍCIOS 94 Juntando-se 200 mL de H2SO4 0,3 M e 100 mL de KOH 1,2 M, pergunta-se quais serão as molaridades da so- lução final, em relação: a) ao ácido; b) à base; c) ao sal formado. 95 (Unesp) A soda cáustica (hidróxido de sódio) é um dos produtos utilizados na formulação dos limpa-fornos e desentupidores de pias domésticas, tratando-se de uma base forte. O ácido muriático (ácido clorídrico com con- centração de 12 mol � L�1) é muito utilizado na limpeza de pisos e é um ácido forte. Ambos devem ser manusea- dos com cautela, pois podem causar queimaduras gra- ves se entrarem em contato com a pele. a) Escreva a equação química para a neutralização do hidróxido de sódio com o ácido clorídrico, ambos em solução aquosa. b) Dadas as massas molares, em g � mol�1: H � 1; O � 16 e Na � 23, calcule o volume de ácido muriático ne- cessário para a neutralização de 2 L de solução de hidróxido de sódio com concentração de 120 g � L�1. Apresente seus cálculos. 96 (UFRRJ) Misturam-se 200 mL de solução 0,2 M de hidróxido de sódio com 200 mL de solução 0,2 M
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