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Farmacologia da Hipertensão Arterial + vasodilatadores + diuréticos

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24/08/2021 Clínica médica – Prática Farmacologia Natalia Lisboa 
Farmacologia da Hipertensão Arterial 
Princípios gerais no tratamento medicamentoso: 
• Ter demonstrado a capacidade de reduzir a morbimortalidade CV 
• Ser eficaz por via oral 
• Ser bem tolerado 
• Poder ser usado no menor número de tomadas por dia 
• Ser iniciado com as menores doses efetivas 
• Poder ser usado em associação 
• Ser utilizado por um período mínimo de quatro semanas, antes de modificações, salvo em situações 
especiais 
• Ter controle de qualidade em sua produção 
 
Fatores de risco 
 
Classificação dos estágios de HAS em relação a risco CV 
 
24/08/2021 Clínica médica – Prática Farmacologia Natalia Lisboa 
Metas pressóricas 
 
Tratamento 
• Orientar MEV 
• Tratamento com vasodilatadores sempre começam em doses baixas para evitar hipotensão 
• Os diuréticos podem alterar o perfil lipídico e os níveis de glicose, mas não são contraindicados em 
pacientes dislipidêmicos ou diabéticos 
• AgII faz vasoconstrição de arteríola eferente, ajudando a TFG 
 
24/08/2021 Clínica médica – Prática Farmacologia Natalia Lisboa 
 
OBS: Quando o paciente é hipertenso e diabético sempre se dá preferência por combinações que tem iECA 
ou BRA, já que bloqueadores do SRAA tem efeito nefroprotetor e diminuem a resistência à insulina 
Dose da hidroclorotiazida: 25-50mg diários em pacientes hipertensos. 
Para doentes renais crônicos deve-se pensar em iECA ou BRA, já que diminuem a excreção de proteína 
(albumina), ou seja, tem uma ação nefroprotetora. Esse paciente ainda tem uma condição fisiopatológica de 
poupar potássio, e assim o diurético se torna importante nesse esquema terapêutico por provocar hipocalemia. 
A AGII provoca hipertrofia ventricular, e o iECA/BRA vai diminuir essa ação da AGII, promovendo proteção 
cardíaca contra remodelamento cardíaco. 
Vasodilatadores 
Sistema renina-angiotensina-aldosterona 
A renina é liberada nas células justaglomerulares renais, que fará a conversão de angiotensinogênio em 
angiotensina I, que é convertida em angiotensina II pela ECA. Essa angiotensina II é o mais potente 
vasoconstritor que o nosso organismo produz 
• Angiotensina II: 
➢ Faz vasoconstrição nos vasos 
➢ No rim promove vasoconstrição de arteríola eferente, ou seja, ajuda a manter a taxa de filtração 
glomerular. De outro lado, as prostaglandinas fazem a vasodilatação 
➢ Estimula a liberação de aldosterona, que é um hormônio responsável pela reabsorção de sódio 
e água, além da depleção de potássio 
➢ No coração, ajuda na hipertrofia do ventrículo, o que dificulta a sua contratilidade além de 
aumentar a síntese e o deposito de colágeno fazendo com que a parede do coração fique mais 
rígida/espessa, e isso leva o nome de remodelamento cardíaco (o que pode levar a uma 
insuficiência cardíaca) 
➢ Contudo, todas essas ações só acontecem se a angiotensina II estiver ligada ao receptor AT I 
(o qual tem maior afinidade), e essa ligação promove vasoconstrição, aumento de NE, 
reabsorção de Na, secreção de aldosterona e proliferação celular. Ela pode também se ligar no 
receptor AT II, onde terá uma ação vasodilatadora. 
24/08/2021 Clínica médica – Prática Farmacologia Natalia Lisboa 
Inibidores da ECA 
Captopril e Enalapril 
É uma das classes de escolha no paciente hipertenso e diabético, já que as evidências clínicas mostram que 
eles diminuem resistência à insulina 
Mecanismo de ação: 
• Inibe a ECA, enzima responsável pela conversão da angiotensina I em angiotensina II, e assim a 
formação de angiotensina II diminuirá. É dependente de dose, ou seja, quanto maior a dose do inibidor 
menos angiotensina II é formada. Com isso, há um acúmulo de angiotensina I, e através de enzimas 
(endopeptidases) ela é convertida em angiotensina 1-7 que tem ação vasodilatadora 
• A ECA possui outra ação fisiológica que é degradar a bradicinina. Quando os inibidores são utilizados, 
a concentração de bradicinina vai aumentar e isso estimula NO e prostaglandinas que também são 
substâncias vasodilatadoras 
• Reduz a aldosterona e inibe a remodelação cardiovascular 
• Nos rins, devido a diminuição da angiotensina II, há uma diminuição na filtração glomerular (não muito 
significativo), com elevação de ureia, creatinina caso seja significativo ou o paciente tenha problemas 
renais 
Uso terapêutico: 
• Primeira linha para o tratamento da hipertensão 
• Insuficiência cardíaca porque impede o remodelamento cardíaco 
• Outros 
Reações adversas: 
• Tosse seca (5-20%), podendo acontecer nos 6 primeiros meses de tratamento, sendo mais comum em 
mulheres. A tosse se deve ao acúmulo de bradicinina 
• Hipotensão severa. Por isso o tratamento é iniciado com doses baixas 
• Alteração do paladar 
• Hipercalemia. Os inibidores são poupadores de potássio (devido a diminuição de aldosterona), e 
excretam sódio e água 
• Teratogênico. Não pode ser utilizado em gestantes 
• Edema angioneurótico (reação de hipersensibilidade) 
Antagonistas AT 1 
Losartana e Valsartana 
Essa classe também é conhecida como BRAs 
Também é uma opção para pacientes hipertensos e diabéticos 
Mecanismo de ação: 
• Bloqueia o receptor AT I, ou seja, não vai ter ação fisiológica. 
• Os inibidores da ECA e antagonistas tem a mesma ação farmacológica primária (diminuição da ação da 
angiotensina II) 
• A ação secundária é o aumento da ligação da angiotensina II no receptor AT II, e se observa 
vasodilatação e ação antiproliferativa. Outra ação é a transformação da angiotensina II em angiotensina 
1-7, através da ECA II 
Uso terapêutico: 
• Hipertensão 
• Insuficiência cardíaca 
• É uma alternativa aos IECA com eficácia similar 
24/08/2021 Clínica médica – Prática Farmacologia Natalia Lisboa 
Efeitos colaterais: 
• Hipotensão 
• Hipercalemia 
• Angioedema 
• Teratogênico 
OBS: Não se deve associar IECA com BRA devido ao rim. Ao bloquear a ECA e o receptor, a angiotensina 
II não consegue fazer a sua ação fisiológica, ou seja, todo o efeito vasoconstritor de arteríola eferente é perdido, 
com predomínio do efeito vasodilatador, com piora significativa da função renal com uma grande elevação de 
ureia e creatinina. 
Bloqueadores dos Canais de Cálcio 
Existem 3 classes, que são as diidropiridinas (Amlodipina, Nifedipina), benzotiazínicos (Diltiazem) e 
fenilalquilaminas (Verapamil) 
De acordo com a diretriz de hipertensão, a divisão é feita em diidropiridinicos (Amlodipina e Nifedipina) e não-
diidropiridinicos (Verapamil e Diltiazem) 
Para hipertensão, a escolha da classe vai ser os diidropiridinicos, já que hipertensão é uma doença dos 
vasos. Para arritmias, a escolha é dos não-diidropiridinicos 
É a classe mais utilizada em pacientes negros 
Mecanismo de ação: 
• Com o aumento do cálcio se tem um efeito vasoconstritor nos vasos, e no coração se tem um efeito 
cronotrópico (aumento da FC) e inotrópico (aumento da força de contração) positivos 
• Bloqueiam os canais de cálcio do tipo L (voltagem-dependente). Os diidropiridinicos bloqueiam os canais 
de cálcio preferencialmente nos vasos, com efeito de vasodilatação. Os não-diidropiridinicos bloqueiam 
os canais de cálcio especialmente no coração, com efeitos cronotrópico e inotrópico negativos 
Uso terapêutico: 
• Hipertensão 
• Arritmias 
• Angina 
• Podem ser utilizados em grávidas hipertensas 
Efeitos colaterais: 
• Cefaleia, tontura 
• Rubor facial 
• Edema tibial (ou edema maleolar), devido a vasodilatação nos MMII 
• Depressão cardíaca 
OBS: Deve ter cuidado com a associação com β-bloqueadores, pois pode reduzir muito a FC do paciente, 
levando a depressão cardíaca 
OBS2: Os inibidores da ECA, os BRAs e os bloqueadores de canais de cálcio (BCC) não pioram o perfil lipídico 
e não elevam os níveis de glicose. 
OBS3: Existem 4 classes vasodilatadoras de primeira linha: IECA, BRAs, BCC e diuréticos tiazídicos 
(hidroclorotiazida, clortalidona e indapamida). 
OBS4: Os diuréticos tiazídicos vão atuarno túbulo contorcido distal no simporte sódio-cloro. Eles podem piorar 
o perfil lipídico e elevar os níveis de glicose, promovem hipocalemia e a longo prazo pode levar ao aumento do 
ácido úrico 
24/08/2021 Clínica médica – Prática Farmacologia Natalia Lisboa 
Simpatolíticos β-bloqueadores 
Antagonista às ações do sistema nervoso autônomo simpático, ou seja, vai bloquear os receptores adrenérgicos 
Os β-bloqueadores estão indicados no tratamento da hipertensão em algumas condições específicas, que são 
pacientes hipertensos que possuem arritmia ou coronariopatia (após IAM, com associação de estatina por 
estabilizar placa de ateroma) ou insuficiência cardíaca 
Não seletivos para receptores β1 e β2: propranolol 
Seletivos β1: atenolol, bisoprolol e metoprolol. Contudo, é necessário controlar a dose, porque em doses muito 
altas se perde a seletividade 
Bb vasodilatadores: nebivolol e carvedilol (bloqueio de receptor de α1). Bloqueiam os receptores β1 além de 
fazer vasodilatação pela liberação de NO 
OBS: Os β-bloqueadores de 3ª geração não alteram o perfil lipídico e não elevam os níveis de glicose. Os de 
1ª e 2ª geração podem alterar esses perfis, mas não são contraindicados 
OBS2: Todos os β-bloqueadores, com exceção do atenolol, podem ser usados em grávidas com hipertensão 
OBS3: A contraindicação é quando o paciente tem FC abaixo de 50bpm 
Mecanismo de ação: 
• Possuímos receptores β1 no coração (com efeitos cronotrópico e inotrópico positivo) e no rim (aumento 
da renina). Com o bloqueio desses receptores ao utilizar os fármacos, os efeitos cronotrópicos e 
inotrópicos ficam negativos e no rim há diminuição da secreção de renina. 
• O principal mecanismo para a hipertensão é devido ao bloqueio da secreção de renina nos rins. 
Uso terapêutico: 
• Tratamento da hipertensão combinado ou não a outros agentes 
Diuréticos 
São drogas que aumentam o fluxo urinário em situações em que é necessário ajustar o volume e/ou composição 
do LEC 
Diuréticos de alça (simporte de sódio, potássio e 2 cloros) 
Furosemida 
• Atuam na porção espessa da alça de Henle, bloqueando o simporte Na+ K+ 2Cl-, ou seja, inibem a 
reabsorção de sódio e de cloreto. 
• Provoca hipocalemia 
Tiazídicos 
Clortalidona, hidrocolortiazida, indapamida 
Atuam no túbulo contorcido distal, bloqueando o simporte Na+ Cl-, ou seja, inibem a reabsorção de ions de sódio 
e cloreto e essa ação resulta na excreção de sódio, cloreto e água. 
• Provoca hipocalemia 
Poupadores de potássio 
Amilorida, espironolactona 
24/08/2021 Clínica médica – Prática Farmacologia Natalia Lisboa 
A classe é utilizada para poupar o potássio, porque sua ação diurética não é muito eficiente (menos de 2%) 
Eles agem bloqueando os canais de sódio (bloqueiam a reabsorção com aumento da eliminação de sódio e 
água na urina, reduzindo a excreção de potássio) ou como antagonistas do receptor de aldosterona 
 
 
24/08/2021 Clínica médica – Prática Farmacologia Natalia Lisboa

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