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SUMÁRIO 1. Introdução .................................................................... 3 2. Acessos cirúrgicos ................................................... 3 Referências Bibliográficas ........................................10 3ANATOMIA APLICADA À CIRURGIA 1. INTRODUÇÃO O conhecimento anatômico é funda- mental para o médico, em especial o cirurgião. Logo, conhecer alguns pon- tos, também chamados de marcos anatômicos, é essencial para a prática médica. Inicialmente, precisamos re- lembrar sobre as linhas de tensão da pele: linhas perpendiculares a maior força de tensão do músculo, como por exemplo: na região frontal da face, local em que o músculo frontal está posicionado de cranial para caudal (sentido vertical), as linhas de tensão estarão posicionadas horizontalmen- te. A importância do conhecimento dessas linhas se dá pelo fato de ser, justamente, na direção delas, o local/ direção mais adequado para realiza- ção de incisões cirúrgicas e suturas, pois é o local onde se consegue uma cicatriz de maior qualidade. SE LIGA! As linhas de tensão são per- pendiculares ao sentido de movimento do músculo sob o qual ela está localizada. 2. ACESSOS CIRÚRGICOS Neste Material, abordaremos dois ti- pos de acessos cirúrgicos, que são muito comuns e importantes, o ab- dominal – laparotomia e o torácico – toracotomia. • Laparotomia – Existem algumas formas de se fazer uma incisão na laparotomia, fazendo com que haja variações quanto as camadas que terão que ser ultrapassadas, até chegar à cavidade abdominal. Nesse sentido, considerando a laparotomia mediana, as camadas são: pele, tecido subcutâneo (fáscia de Camper e Scarpa), aponeurose do músculo reto abdominal (que forma a linha alba), fáscia trans- versalis, gordura pré-peritoneal, peritônio e, após ele, a cavidade abdominal. Porém, vale lembrar que, na região da musculatura do reto abdominal, há uma diferença anatômica na presença da bainha posterior do músculo reto, ou seja, acima da linha arqueada (situada 2 cm abaixo da cicatriz umbilical), há presença da bainha posterior do reto do abdome, e abaixo dela não há essa bainha. 4ANATOMIA APLICADA À CIRURGIA Figura 1: Camadas da parede abdominal. Fonte: Netter Interativo. 2004. SE LIGA! A formação das bainhas do músculo reto abdominal: A bainha an- terior é formada, quando acima da linha arqueada, por metade da bainha do oblí- quo interno com a bainha do músculo oblíquo externo, e quando abaixo dessa linha é formada pela junção das bainhas do oblíquo externo, interno e do trans- verso. Já a bainha posterior, que só exis- te acima da linha arqueada, é formada através da junção da outra metade da bainha do obliquo interno com a bainha do transverso do abdome. Como dito antes, existem diversas formas de acesso à cavidade abdo- minal, sendo as principais: laparo- tomia no sentido vertical, horizon- tal, oblíquo, mediana, paramediana Tela subcutânea Pele Peritônio Gordura pré-peritoneal Fascia transversalis Músculo oblíquo externo do abdome Músculo oblíquo interno do abdome Músculo transverso do abdome e outras. A possibilidade de acesso é definida pelo objetivo da cirurgia, ou seja, depende da hipótese diag- nóstica, de qual órgão está acome- tido. Assim, define-se a melhor inci- são e abordagem para o tratamento do paciente. Porém, vale lembrar que não é só o campo cirúrgico (ofereci- do pela incisão) que tem significado, uma outra consideração importante no momento do ato cirúrgico, é esco- lher uma abordagem que preserve o máximo as estruturas anatômicas da parede abdominal. Sabe-se que exis- tem algumas incisões muito conheci- das, são denominadas por epônimos, serão representadas na figura abaixo. 5ANATOMIA APLICADA À CIRURGIA CLASSIFICAÇÃO DAS LAPAROTOMIAS Longitudinal Mediana e paramediana Supra-umbilical, infra-umbilical e xifopúbica. Transversal Supra-umbilical e infra-umbilical Oblíqua Subcostal, epigástrica, supra-umbilical, infra- -umbilical e lombo-abdominal Toraco-abdominal Combinadas Figura 2: Incisões abdominais. 1 – Kocher; 2 – Mediana transumbilical; 3 – McBurney; 4 e 6 – Paramedianas; 5- Rock- -Davis; 7 – Transversa; 8 – Obliqua; 9 – Pfannestiel. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 As incisões representadas acima são as formas mais conhecidas de acesso à cavidade abdominal, sendo utiliza- das para fins específicos. Incisão de Kocher: muito utilizada na colecistectomia, ou em cirurgias he- páticas menores; 6ANATOMIA APLICADA À CIRURGIA • Mediana: muito utilizada em cirur- gias que não necessitam de um campo cirúrgico muito grande; • McBurney: muito utilizada para as apendicectomias • Paramedianas: usadas para ci- rurgias mais específicas, como de estômago, ou para acessar a pelve; • Rock-Davis: utilizada para apen- dicectomia, porém com uma me- lhor aparência cicatricial; • Pfannestiel: muito utilizada nas ci- rurgias ginecológicas e obstétricas. É digno de nota que, com o avanço tecnológico, essas incisões podem ser substituídas por acessos menos invasivos, que causem menos danos ao paciente, como uma menor res- posta endócrino, metabólica e imu- nológica ao trauma (REMIT), menos tempo de internação e uma menor extensão cicatricial, ou seja, uma me- lhora estética. Após acessar a cavidade abdominal, deve ser feito o que chamamos de inventário da cavidade abdominal. É necessário avaliar todas as estruturas abdominais, examinando-as, em es- pecial, aquelas envolvidas na suspeita diagnóstica, que pode ser direciona- do por exames de imagem, mas lem- bre-se que, sempre que possível, to- das as vísceras devem ser avaliadas. Logo, após a abertura do peritônio, en- contramos uma estrutura anatômica chamada de Omento maior, que, ao ser rebatido permite a visualização de outras estruturas, relacionadas a lo- calização anatômica. No andar supe- rior do abdome, é possível visualizar o estômago, o fígado, a vesícula bi- liar, acessando através do ligamento da pequena curvatura do estômago, é possível encontrar o corpo do pân- creas e rebatendo o estômago é pos- sível visualizar a cauda do pâncreas e o baço. No andar inferior do abdome, rebatendo o omento maior, encontra- -se as alças do intestino delgado e o intestino grosso (cólons – ascenden- te, transverso e descendente), lem- brando que o cólon descendente é melhor visualizado quando o delgado é rebatido, bem como o sigmoide e o parte do reto. Continuando o inventá- rio dessa cavidade, uma outra porção é o retroperitônio, estando nesse es- paço alguns órgãos, como: algumas porções do cólon (aderência da face posterior do ascendente e do descen- dente, gerando impressões mesenté- ricas), rins, adrenais, veia cava, aorta e os seus ramos, pâncreas e duodeno (exceto a primeira parte - superior). Segue abaixo, algumas imagens que ilustram essas estruturas anatômicas citadas acima. SE LIGA! Qual o marco anatômico que separa o andar superior do andar infe- rior da cavidade abdominal? Mesocólon transverso (situado abaixo do pâncreas). 7ANATOMIA APLICADA À CIRURGIA Figura 3: Inventário da Cavidade Abdominal. Da esquerda para direita – andar superior do abdome, andar inferior e retroperitonio. SE LIGA! Manobras de acesso ao retroperitônio: • Kocher: Através do descolamento da segunda e terceira porção do duode- no, junto com a cabeça do pâncreas para o acesso da veia cava inferior e o rim D; • Cattel e Braasch: Através do desco- lamento da região do cólon ascen- dente do retroperitônio e manobra essas estruturas juntamente com o delgado para o andar superior do abdome, permitindo um acesso ade- quado para rim D, aorta e veia cava; • Mattox: Descolamento do cólon descendente para o lado direito do paciente, para o acesso do lado es- querdo, ou seja, rim E e aorta. Por fim, a síntese (ou seja, o fecha- mento) da cavidade abdominal. Deve ser feito por camadas, sem que seja deixado espaço morto ou tecidos desvitalizados, com uma boa união das bordas, para a facilitaçãodo processo cicatricial e para evitar o surgimento de complicações, como a deiscência de anastomose e as hér- nias incisionais. • Toracotomia – Assim como na laparotomia, existem várias formas de acesso na toracotomia, ou seja, várias maneiras de acessas a ca- vidade torácica. Dentre elas, uma das mais conhecidas e mais usa- das é a esternotomia, ou toracoto- mia mediana, mas existem outras também, como: infraclavicular, ân- tero-lateral, vertical na região la- teral do tórax, póstero-lateral e as obliquas, que estão representadas na figura abaixo. A forma de aces- so depende muito de qual estru- tura o cirurgião quer avaliar, como por exemplo – acesso ântero-la- teral para avaliação do pulmão e esternotomia para avaliação do coração. 8ANATOMIA APLICADA À CIRURGIA Figura 4: Diferentes formas de abordagem na toracotomia. 1 – Esternotomia; 2 – infraclavicular; 3 – póstero-lateral; 4 – oblíqua; 5 – vertical lateral. SE LIGA! Muito cuidado com as úlceras por pressão. Sempre lembrar de colocar coxins, em especial, se o procedimento tiver uma duração maior do que 2 horas. SE LIGA! Lembre-se, as abordagens devem ser sempre pela borda superior da costela, para que não haja lesão de vasos nervosos e sanguíneos. 9ANATOMIA APLICADA À CIRURGIA Laparotomia Cicatrização Perpendiculares aos músculos Toracotomia Acessos Linhas de Tensão da Pele Mediana Infraclavicular Vertical Anterolateral Oblíqua Posterolateral Mediana Fechamento Camadas Incisão Mediana Manobras Acesso RetroperitônioAcessos Inferior Superior Inventario da Cavidade Abdominal Transversal Longitudinal Oblíqua Tóraco-Abdominal 1° Aponeurose 2° Subcutâneo 3° Pele Pele Subcutâneo Aponeurose Fáscia Transversalis Gordura pré-peritônio Peritônio Kocher Cattel e Brassich Mattox Jejuno/íleo Colón Descendente Colón Ascendente Vesícula Fígado Estômago 10ANATOMIA APLICADA À CIRURGIA REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS TOWNSEND C.D., BEUCHAMP R.D., EVERS B.M., MATTOX K.L. Sabiston: Tratado de Ci- rurgia, A Base da Prática Cirúrgica Moderna. 18ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. 11ANATOMIA APLICADA À CIRURGIA
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