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Esquizofrenia - Lara Letycia Araujo Costa Quadro Clínico Quadro clínico POLIMORFO e HETEROGÊNEO Os sintomas do paciente podem mudar ao longo do tempo. Nenhum sinal ou sintoma clínico é patognomônico para esquizofrenia. Sintomas positivos (são externalizados pelo paciente, seja por discurso ou por ações) Alucinações Delírios Discurso desorganizado Comportamento bizarro Sintomas negativos (são mais enrustidos) Alogia (diminuição da fluência do pensamento) Embotamento afetivo Abulia (diminuição da vontade e do impulso) Anedonia (diminuição da capacidade hedônica- de sentir prazer) Fase pré-mórbida Aparecem antes da fase prodrômica da doença Na história pré-mórbida típica, porém não invariável, da esquizofrenia, os pacientes tinham personalidade esquizotípica ou esquizoide, caracterizados como quietos, passivos e introvertidos, na infância, tinham poucos amigos Alguns pacientes podem exibir inicio súbito de comportamento obsessivo-compulsivo Os sinais e sintomas aprecem meses ou anos antes da primeira hospitalização. Podem inclusive ser sintomas somáticos, como dores de cabeça, dores nas costas, dores musculares, fraqueza e problemas digestivos A família pode perceber que o indivíduo mudou e não está mais funcionando bem em suas atividades O indivíduo pode começar a se interessar por ideias abstratas, como filosofia e questões ocultas religiosas. Fase prodrômica Anterior ao primeiro surto psicótico Sinais e sintomas incluem comportamento acentuadamente excêntrico, afeto anormal, discurso incomum, ideias bizarras e experiências perceptuais estranhas Alterações de personalidade, pensamento e humor, frequentemente não detectáveis. Fase progressiva Após o primeiro episódio piscótico Fase crônica fase de estabilidade, porém sujeita à recaída Um paciente pode ter alucinações intermitentes e capacidade variável de desempenho adequado em situações sociais, ou sintomas significativos de um transtorno do humor podem ir e vir durante o curso da esquizofrenia Diagnóstico Subtipos CID-10 OBS: Subtipos da esquizofrenia (o DSM-5 retirou os subtipos, mas o CID-10 ainda usa) Esquizofrenia paranoide: Clássica Maior preservação cognitiva Delírio primário, de cunho persecutório e autorreferente Pobreza de alucinações Caracteriza-se pela preocupação com um ou mais delírios ou alucinações auditivas frequentes. Marcado sobretudo pela presença de delírios de perseguição ou grandeza. Costumam ter seu primeiro episódio da doença em idade mais avançada do que aqueles com os tipos catatônico ou desorganizado. Menos regressão de suas faculdades mentais, de respostas emocionais e de comportamento do que em outros tipos do transtorno. Tendem a ser tensos, desconfiados, cautelosos, reservados e, às vezes, hostis ou agressivos, mas também ocasionalmente capazes de se comportar de forma adequada em algumas situações sociais. Sua inteligência nas áreas que não são invadidas pela psicose tende a permanecer intacta Esquizofrenia desorganizada/hebefrênica: hebe- infantilizado Presença marcante de desorganização do pensamento: francamente desagregado, com grande prejuízo cognitivo Puerilidade Alucinações auditivas/visuais Delírio desestruturado Caracterizado por regressão acentuada para um comportamento primitivo, desinibido e desordenado e pela ausência de sintomas que satisfaçam os critérios para o tipo catatônico. Os pacientes desorganizados em geral são ativos, mas de uma forma não construtiva, sem objetivo. Costuma ser precoce, ocorrendo antes dos 25 anos de idade. Seu transtorno do pensamento é pronunciado, e o contato com a realidade é pobre. Sua aparência pessoal é desleixada, e o comportamento social e as respostas emocionais são inadequados, com frequência explodindo em risos sem nenhuma razão aparente. Sorrisos e caretas incongruentes também são comuns nesses pacientes, cujo comportamento pode ser mais bem descrito como tolo ou insensato Esquizofrenia catatônica: Catatonia: forma de esquizofrenia que apresenta uma alternância entre períodos de passividade e de negativismo e períodos de súbita excitação. Flexibilidade cérea- o examinador posiciona os membros de qualquer forma e estes se mantém estáticos nessa posição por bastante tempo. Sinal do travesseiro- paciente deitado, levanta-se a cabeça do mesmo, fletindo o pescoço, e esta posição se mantém por bastante tempo. Privilegia os sintomas motores: desde agitação até flexibilidade cérea Era comum várias décadas atrás, tornou-se raro na Europa e na América do Norte. Sua característica clássica é um distúrbio acentuado da função motora, que pode envolver estupor, negativismo, rigidez, excitação ou posturas bizarras Por vezes, o paciente exibe alternância rápida entre extremos de excitação e estupor. Rigidez- postura rígida, mas consegue movimenta X Esturpor- imóvel As características associadas incluem estereotipias, maneirismos e flexibilidade cérea O mutismo é particularmente comum Durante a excitação catatônica, os pacientes necessitam de supervisão constante para impedir que machuquem a si mesmos ou outras pessoas. Pode ser necessário atendimento médico devido a desnutrição, exaustão, hiperpirexia ou autolesões. Esquizofrenia do tipo indiferenciado Claramente têm esquizofrenia não podem ser enquadrados em um subtipo com tanta facilidade. Esquizofrenia Residual: já tratou o paciente, melhorou os sintomas positivos, mas os sintomas negativos continuam Não há sintomas produtivos Marcante prejuízo cognitivo Sintomas negativos Caracteriza-se por evidências contínuas do transtorno na ausência de um conjunto completo de sintomas ativos ou de sintomas suficientes para satisfazer o diagnóstico de outro tipo de esquizofrenia. Embotamento emocional, retraimento social, comportamento excêntrico, pensamento ilógico e frouxidão leve das associações são comuns nesse tipo. Quando ocorrem, delírios ou alucinações não são proeminentes nem acompanhados de reações afetivas significativas Diagnóstico Diagnóstico de acordo com o DSM-5: dois ou mais por pelo menos 1 mês Delírios Alucinações Discurso desorganizado Comportamento desorganizado ou catatônico Sintomas negativos O transtorno é diagnosticado como esquizofrenia quando o paciente exibe dois dos sintomas listados em 1 a 5 do Critério A O Critério B requer que o funcionamento comprometido, embora não as deteriorações, esteja presente durante a fase ativa da doença Diagnóstico diferencial Uma ampla gama de condições médicas não psiquiátricas e uma variedade de substâncias podem induzir sintomas de psicose e catatonia O diagnóstico mais apropriado para esses casos é: transtorno psicótico devido a uma condição médica geral, transtorno catatônico devido a uma condição médica geral ou transtorno psicótico induzido por substâncias. Prognóstico As recaídas são comuns, e a deterioração do funcionamento basal é cada vez maior após cada recaída Às vezes, uma depressão pós-psicótica clinicamente observável se segue a um episódio psicótico, e a vulnerabilidade do paciente com esquizofrenia ao estresse costuma se manter por toda a vida. Os sintomas positivos tendem a tornar-se menos graves com o tempo, mas a gravidade dos sintomas negativos ou deficitários socialmente debilitantes, pode piorar. Embora cerca de um terço de todos os indivíduos com esquizofrenia tenha alguma existência social, ainda que marginal ou integrada, a maioria tem vidas caracterizadas por falta de objetivos, inatividade; hospitalizações frequentes e, no contexto urbano, falta de moradia e pobreza 10 a 20% podem ter um desfecho positivo nos 5 a 10 anos após a primeira hospitalização por esquizofrenia. 50% apresentam resultado insatisfatório, com hospitalizações repetidas e maiorexacerbação dos sintomas. Marcado por exacerbações e remissões Alterações sociais ou ambientais podem precipitar os sintomas perturbadores, e a síndrome prodrômica pode durar um ano ou mais antes do início de sintomas psicóticos manifestos De forma característica, os sintomas começam na adolescência e são seguidos pelo desenvolvimento de sintomas prodrômicos em um intervalo de dias a alguns meses Um padrão pré-mórbido de sintomas pode ser a primeira evidência da doença, embora a importância dos sintomas geralmente seja reconhecida apenas de maneira retrospectiva Tratamento Introdução Os pacientes esquizofrênicos beneficiam-se mais da combinação de uso de medicamentos antipsicóticos e tratamento psicossocial do que de tratamentos isolados Hospitalização Deve ser realizada para fins de diagnóstico, estabilização da medicação, segurança do paciente devido a ideação suicida ou homicida, comportamento desorganizado ou inadequado, incluindo incapacidade de cuidar de questões básicas, como alimentação, vestuário e abrigo. Hospitalizações de 4 a 6 semanas são tão eficazes quanto as longas. Hospitais com abordagens comportamentais são mais eficazes que os de custódia Durante a hospitalização é importante estabelecer contato entre o paciente e as pessoas ou instituições que serão responsáveis pelos cuidados após a alta, incluindo a família, pensões protegidas e casas de passagem Tratamento não farmacológico Terapias psicossociais: Métodos para aumentar as habilidades sociais, a autossuficiência, habilidades práticas, comunicação interpessoal. O objetivo é capacitar indivíduos com doença grave a desenvolver habilidades sociais e vocacionais para uma vida independente. Terapia de família: ajudá-los a compreender e a aprender sobre a esquizofrenia e estimular a discussão sobre o episódio psicótico e os fatos que levaram a ele Os terapeutas podem, a seguir, direcionar a terapia familiar para a aplicação de estratégias de redução do estresse e de enfrentamento com vistas à reintegração gradual do paciente à vida cotidiana. Terapia comportamental dialética: combina a cognitiva com a comportamental. Melhoras as habilidades interpessoais na presença de um terapeuta ativo e empático. Terapia cognitivo-comportamental: Ajuda a melhorar as distorções cognitivas, reduzir a distrabilidade e corrigir erros de julgamento. Arteterapia: proporciona uma saída para o constante bombardeio de suas fantasias internas. Ela os ajuda a se comunicarem e a compartilhar seu mundo interior, frequentemente assustador, com os outros Terapia em grupo: Tem seu foco nos planos, nos problemas e nos relacionamentos. É eficaz para reduzir o isolamento social, aumentar o sentido de coesão e melhorar o teste de realidade Tratamento farmacológico Os antipsicóticos diminuem a expressão do sintoma psicótico e reduzem as taxas de recaída. Aproximadamente 70% de pacientes tratados com qualquer antipsicótico alcançam a remissão. Os medicamentos usados para tratar a esquizofrenia têm uma ampla variedade de propriedades farmacológicas, mas todos têm em comum a capacidade de antagonizar os receptores de dopamina pós-sinápticos no cérebro. Os antipsicóticos podem ser classificados em dois grupos principais: os convencionais, mais antigos, que também são chamados de antipsicóticos de primeira geração (ARDs), ou antagonistas do receptor de dopamina, e os mais recentes, que têm sido chamados de antipsicóticos de segunda geração, ou antagonistas de serotonina e dopamina (ASDs). Antipsicóticos típicos (1ª geração) e atípicos (2ª geração) Sintomas positivos (agitação, agressividade, ilusões) – antipsicóticos típicos Sintomas negativos (isolamento, embotamento afetivo) – antipsicóticos atípicos Antagonistas dos receptores de dopamina - antipsicóticos de primeira geração (ARDs Em dosagens efetivas estão relacionados a síndromes extrapiramidais de forma gradativa foram substituídos pelos antagonistas de serotonina e dopamina Fazem parte dessa classe: - Fenotiazinas (clorpromazina, flufenazina...) - Butirofenonas (haloperidol), - Tioxantenos (clorprotixeno e tiotixeno) - Dibenzoxazepinas, - Di-hidroindóis - Difenilbutil-piperidinas. São eficazes em 50 a 70% dos casos, produzem efeito de apatia e menor iniciativa (bloqueio sintomas positivos) Ações farmacológicas Bem absorvidos após adm oral. Concentrações plasmáticas de pico alcançadas em 1 a 4 horas após adm oral e 30 a 60 min após adm parenteral. Tabagismo, café, antiácidos e alimentos interferem na absorção. A atividade antipsicótica deriva da inibição da naurotransmissão dopaminérgica. Também bloqueiam os neurotransmissores noradrenérgicos, colinérgicos e histaminérgicos São eficazes tanto a curto como a longo prazo na esquizofrenia, levando a redução dos sintomas agudos e prevenção de futuras exacerbações. Esses agentes produzem efeitos expressivos contra os sintomas positivos de esquizofrenia. Depois do primeiro episódio de psicose, o paciente deve ser mantido sob medicação durante 1 a 2 anos. Depois de múltiplos episódios, de 2 a 5 anos. Entre os APs típicos, encontramos drogas de alta e baixa potência. Os APs de alta potência são mais utilizados, apesar da possibilidade de efeitos extrapiramidais. Os APs de baixa potência são caracteristicamente mais sedativos e costumam ser escolhidos como primeira opção em pacientes que apresentem agitação ou insônia. Precauções Adversas Os efeitos colaterais comuns à maioria das drogas antipsicóticas consistem em distúrbios motores extrapiramidais e os distúrbios endócrinos. Síndrome neuroléptica maligna: Pode ocorrer a qualquer momento durante o uso, sendo potencialmente fatal. Os sintomas incluem rigidez muscular grave, distonia, hipertermia, acinesia, mutismo, confusão, agitação e aumento da FC. Limiar convulsivo: Podem baixar esse limiar, podendo induzir convulsões. Podem ainda levar a sedação, efeitos anticolinérgicos graves, efeitos cardíacos, morte súbita, hipotensão ortostática, efeitos hematológicos, efeitos endócrinos, efeitos sexuais adversos, efeitos sobre a pele e os olhos, icterícia. A discinesia tardia caracteriza-se principalmente por movimentos involuntários da face e dos membros, aparecendo dentro de vários meses ou anos depois do tratamento antipsicótico. 20 a 30% terão. Acatisia (transtorno do movimento hipercinético caracterizado por impulso irresistível de se mover). Distonia aguda: transtorno do movimento caracterizado por contrações musculares involuntárias e sustentadas, que produzem posturas anormais e movimentos repetitivos – consequência do bloqueio dos receptores de dopamina nigroestriais. Antagonistas de serotonina e dopamina – antipsicóticos de segunda geração, atípicos (ASDs) São fármacos que diferem quanto a seu perfil de efeitos colaterais, de forma mais específica um risco menor de efeitos colaterais extrapiramidais. Fazem parte desse grupo Risperidona, risperidona IM, olanzapina, quetiapina, quetiapina XR, ziprasidona, aripiprazol, paliperidona, palmiato de paliperidona, asenapina, lurasidona, iloperidona e clozapina. Embora haja melhora em relação ao risco de sintomas extrapiramidais, esse grupo produz ganho de peso substancial, que aumenta o potencial para ao aparecimento de diabetes melito. Principalmente olanzapina e clozapina. Mecanismos de ação- Bloqueio dos receptores de dopamina D2, além de maior proporção de interações com subtipos de receptores de serotonina, destacando 5-HT2A, e também outros sistemas de neurotransmissores. Eles são tão bons ou melhores do que os antipsicóticos típicos ARDs para o tratamento da esquizofrenia e superiores para o tratamento de sintomas negativos. Indivíduos com ASDs apresentam menos recaídas e exigem hospitalizações menos frequentes.Clozapina é adequada apenas para pacientes com esquizofrenia resistente, porque apresenta efeitos adversos potencialmente letais. Risperidona Tratamento agudo e de manutenção. - Efeitos colaterais: Ganho de peso, ansiedade, náusea, vômito, rinite, disfunção erétil, disfunção orgásmica e aumento de pigmentação. Quetiapina - Efeitos colaterais: Sonolência, hipotensão postural e tontura. Clozapina- Efeitos colaterais: sedação, tontura, síncope, taquicardia, hipotensão, alterações em ECG, náusea e vômito, ganho de peso, não causa SEP, podem ocorrer convulsões. AGRANULOCITOSE* Fases do Tratamento da Esquizofrenia Tratamento da psicose aguda aliviar os sintomas psicóticos mais graves, e dura de 4 a 8 semanas. tratamento do primeiro episódio deve ser iniciado com doses baixas de um neuroléptico (antipsicótico) de SEGUNDA geração, com aumento gradual da dose semanalmente. Nos episódios psicóticos agudos, em que há extrema agitação e agressividade, podem ser utilizados antipsicóticos injetáveis (IM), até que a medicação oral atue eficazmente. Os antipsicóticos e os benzodiazepínicos podem acalmar o paciente com rapidez. Com os muito agitados, é recomendado a adm IM de antipsicótico Uma vantagem dos antipsicóticos é que uma única injeção intramuscular de haloperidol, flufenazina, olanzapina ou ziprasidona, muitas vezes, resultará em efeito calmante sem sedação excessiva. Zisparidona e olanzapina IM são semelhantes a seus equivalentes orais e não causam efeitos colaterais extrapiramidais substanciais durante o tratamento agudo. Já o haloperidol ou a flufenazina podem causar distonia ou acatisia assustadoras em alguns pacientes. Os benzo também são boas opções e podem diminuir a quantidade de antipsicótico necessária para controlar os pacientes psicóticos. Tratamento durante as fases de estabilização e manutenção A doença está em estágio de remissão. O objetivo é prevenir recaída psicótica e ajudar os pacientes a melhorar seu nível de funcionamento. Interromper a medicação durante a remissão, aumenta a chance de recaída em 5x. Embora as diretrizes publicadas não façam recomendações definitivas sobre a duração do tratamento de manutenção após o 1º episódio, dados recentes sugerem que 1 ou 2 anos poderia não ser adequado É recomendado que os pacientes com episódios múltiplos recebam o tratamento de manutenção por pelo menos 5 anos, e outros recomendam farmacoterapia por tempo indeterminado. A falta de adesão a longo prazo é alta. Estima-se que 40 a 50% dos pacientes deixem de usar a medicação após 1 ou 2 anos. Há inúmeras vantagens em usar medicamentos injetáveis de ação prolongada, entre elas a maior adesão em relação aos medicamentos orais. Pacientes resistentes ao tratamento Quando se administra um medicamento antipsicótico a pacientes com esquizofrenia aguda, aproximadamente 60% irão melhorar, no sentido de que alcançarão uma remissão completa ou terão apenas sintomas leves; os restantes 40% irão melhorar, mas ainda demonstrarão níveis variáveis de sintomas positivos resistentes aos medicamentos. Antes de considerar resistente, deve-se se assegurar de que aquele paciente recebeu o tratamento adequado. 4 a 6 semanas em dose adequada é apropriado para a maioria dos casos. Se o paciente estiver respondendo mal, pode-se aumentar a dose acima do nível terapêutico habitual; entretanto, dosagens mais altas em geral não estão associadas com melhor resposta do que doses convencionais. Mudar para outro medicamento é preferível a titular para uma dose alta Clozapina é eficaz para pacientes que respondem mal aos ARD. Etiologia Modelo de estresse-diátese Modelo etiológico usado com maior frequência O indivíduo que desenvolve esquizofrenia teria uma vulnerabilidade biológica específica (diátese), que, ativada pelo estresse, permitiria o aparecimento dos sintomas Fatores estressores podem ser genéticos, biológicos, psicossociais ou ambientais. Fatores genéticos Existem genes que tornam o indivíduo vulnerável à doença. No caso de gêmeos monozigóticos que têm carga genética idênticas, há uma taxa de concordância para esquizofrenia de aproximadamente 50%. Essa taxa é 4 a 5 vezes maior do que a encontrada em gêmeos dizigóticos ou do que a taxa de ocorrência encontrada em outros parentes de primeiro grau Fatores biológicos Dopamina O transtorno pode resultar do excesso de atividade dopaminérgica 1ª Teoria: a eficácia e a potência da maioria dos antipsicóticos estão correlacionadas a sua capacidade de agir como antagonistas do receptor de dopamina tipo 2 (D2). 2ª Teoria: os agentes que aumentam a atividade dopaminérgica, notadamente a anfetamina, são psicotomiméticos. A teoria básica não indica se a hiperatividade dopaminérgica decorre de liberação excessiva de dopamina, do excesso de receptores de dopamina, da hipersensibilidade destes à dopamina ou de uma combinação de tais mecanismos. A liberação excessiva foi relacionada à gravidade dos sintomas psicóticos positivos Foi observado um aumento de receptores D2 no núcleo caudado de pacientes sem tratamento e um aumento de concentração de dopamina na amígdala Os receptores do grupo D1 estão na mesocortical e os do grupo D2 na via mesolímbica Teoria Dopaminérgica Síndrome positiva: aumento da neurotransmissão dopaminérgica na via mesolímbica, caracterizada por delírios, alucinações e agitação. Síndrome negativa: deficiência da neurotransmissão dopaminérgica no sistema mesocortical, caracterizada por autismo, apatia, embotamento afetivo, sintomas depressivos. Via DOPA mesolímbica: sintomas positivos e agressivos Via DOPA mesocortical: sintomas negativos e/ ou cognitivo Via DOPA nigroestriatal: Síndromes extrapiramidais, alterações dos movimentos Via DOPA tuberoinfundibular: efeitos endocrinológicos (aumento de prolactina) Serotonina O excesso de serotonina está relacionado tanto a manifestação de sintomas psicóticos positivos como negativos. A atividade antagonista de serotonina consistente da clozapina e de outros antipsicóticos de segunda geração, junto com a eficácia da clozapina para diminuir sintomas positivos em pacientes crônicos, contribuiu para a validade dessa proposição GABA Pacientes esquizofrênicos tem uma perda de neurônios GABAérgicos no hipocampo. O GABA regula a dopamina, e essa perda poderia levar a hiperatividade de neurônios dopaminérgicos. Glutamato A hiperatividade, hipoatividade e neurotoxicidade podem ser induzidas por ele. Uma diminuição nos seus níveis poderia levar à esquizofrenia Norepinefrina Uma degeneração neuronal seletiva no sistema neural de recompensa da norepinefrina poderia levar à anedonia Anedonia- comprometimento da capacidade para gratificação emocional e a diminuição da capacidade de sentir prazer Acetilcolina e nicotina Estudos de necropsia na esquizofrenia demonstraram aumento dos receptores muscarínicos e nicotínicos no caudado-putame, no hipocampo e em regiões selecionadas do córtex pré-frontal. Esses receptores têm um papel na regulação dos sistemas de neurotransmissores envolvidos na cognição, que é comprometida na esquizofrenia. Teorias Psicanalistas Sigmund Freud: esquizofrenia resulta de fixações precoces do desenvolvimento. Essas fixações podem produzir déficits no desenvolvimento do ego, que contribuem para o transtorno A desintegração do ego, na esquizofrenia, remonta à época em que ainda não havia se desenvolvido. (O ego afeta a interpretação da realidade e o controle dos impulsos internos, como sexo e agressividade). Teoria psicanalista postula também que vários sintomas têm um significado simbólico para cada paciente. Independente do modelo teórico,todas as abordagens psicodinâmicas são baseadas na premissa de que os sintomas psicóticos têm significado na esquizofrenia. Teorias da aprendizagem: Segundo os teóricos da aprendizagem, crianças que mais tarde desenvolvem esquizofrenia aprendem reações e formas de pensar irracionais ao imitar pais que têm problemas emocionais significativos. Neuropatologia Perda de volume cerebral resultante da densidade reduzida de axônios, dendritos e sinapses que medeiam as funções associativas do cérebro. Alargamento dos ventrículos laterais e do 3º ventrículo, e redução do volume cortical. Se dando pela perda neuronal Simetria reduzida em diversas áreas do cérebro, incluindo os lobos temporal, frontal e occipital. Alguns pesquisadores acreditam que essa simetria reduzida se origine durante a vida fetal e seja indicativa de uma interrupção na lateralização cerebral durante o neurodesenvolvimento. Diminuição do tamanho da região do sistema límbico, incluindo a amigdala, o hipocampo e o giro parahipocampal O hipocampo não apenas é menor em tamanho na esquizofrenia como também é funcionalmente anormal, como indicado por distúrbios na transmissão de glutamato. A desorganização dos neurônios no hipocampo também foi observada em secções de tecido cerebral de pacientes com esquizofrenia Anormalidades anatômicas no córtex pré-frontal. Diminuição de volume ou perda neuronal do tálamo, em subnúcleos específicos Há relatos de que o núcleo dorsomedial do tálamo, que tem conexões recíprocas com o córtex pré-frontal, contém um número reduzido de neurônios. O número total de neurônios, oligodendrócitos e astrócitos é reduzido em 30 a 45% em pacientes com o transtorno. Disfunção e relação com os sintomas A disfunção do circuito talamocortical dos gânglios da base cingulados está na base de sintomas positivos A disfunção do córtex pré-frontal dorsolateral é subjacente a produção de sintomas primários, negativos ou de déficit. Gânglios da base e cerebelo: movimentos bizarros ( marcha desajeitada, caretas e estereotipias). Transtornos do movimento que envolvem os gânglios da base são comumente associados com psicose. Amplificação da força do movimento Estudos da eletrofisiologia: registros anormais no EEG, sensibilidade aumentada a procedimentos de ativação, atividade alfa diminuída, possibilidade de mais atividade epileptiforme e mais anormalidades do lado esquerdo. Incapacidade de filtrar sons irrelevantes. Disfunção dos movimentos oculares: marcador de traço para a doença pois independe do tratamento. Está presente em 50-85% dos pacientes. Epidemiologia Acomete 1 a 1,5 % da população geral Componente genético importante: risco sobe para 13% se um parente de primeiro grau é portador da doença Parentes biológicos em primeiro grau têm um risco 10 vezes maior de desenvolver a doença. Igual entre os sexos Início mais precoce nos homens: maior prejuízo global na vida Quanto mais precoce os sinais e sintomas aparecem, maior será o prejuízo global na vida Idades de pico Para homens: entre 10 e 25 anos. Para mulheres: Entre 25 e 35 anos Após os 40 anos Bimodal 18ª posição das doenças incapacitantes Cerca de 90% dos pacientes em tratamento têm entre 15 e 55 anos. Considerado início tardio quando após os 45 anos. Pessoas com esquizofrenia têm taxa de mortalidade mais alta em decorrência de acidentes e de causas naturais O número de crianças nascidas de pais com o transtorno aumenta de forma contínua. Estão envolvidos com a prevalência de esquizofrenia: Complicações gestacionais e no parto, exposição ao influenza e incompatibilidade Rh. Exposição ao influenza: o nascimento de crianças com esquizofrenia no período de inverno e primavera Nascidos de pais com mais de 60 anos de idade são mais vulneráveis. a espermatogênese fica mais exposta a fatores ambientais Abuso de substância é comum na esquizofrenia. A prevalência ao longo da vida de abuso de qualquer droga (que não o tabaco) é, muitas vezes, superior a 50%. Pacientes que relataram níveis elevados de uso de Cannabis tinham 6x mais risco de desenvolver. A prevalência ao longo da vida de álcool na esquizofrenia foi de 40%. O abuso de álcool aumenta o risco de hospitalização e, em alguns pacientes, pode aumentar os sintomas psicóticos Até 90% dos pacientes podem ser dependentes de nicotina. A nicotina diminui as concentrações sanguíneas de alguns antipsicóticos. Há sugestões de que o aumento da prevalência no tabagismo se deva, pelo menos em parte, a anormalidades cerebrais nos receptores nicotínicos. Um polimorfismo específico em um receptor nicotínico foi associado a um risco genético para esquizofrenia. Expectativa de vida é de 10 a 15 anos menor que a população geral Definição Esquizofrenia Doença psiquiátrica endógena, onde o indivíduo tem uma perda de controle e de contato com a realidade, sendo caracterizado pela indiferença afetiva ( embotamento afetivo, em que as fáscies não ressoam com estímulos nem positivos e nem negativos). É uma perturbação que dura, pelo menos, 6 meses, e inclui, no mínimo, 1 mês de sintomas da fase ativa O transtorno costuma começar antes dos 25 anos, persiste durante toda a vida e afeta todas as classes sociais. Psicose Conceito Estado alterado do psiquismo com sensações que não correspondem à realidade. Tendo pensamentos fora de controle VER UMA FRASE MAIS BONITINHA Apresentação Marcado, principalmente, por delírios e alucinações Outros Agitação, confusão, agressividade Insônia e inapetência Isolamento Desleixo com a aparência e a higiene Sensação de que os mais diversos fatos não são coincidências Comportamento estranho Pensamento bloqueado, interrompido Atribuição de significados diferentes a coisas reais Causas mais comuns Esquizofrenia Distúrbio afetivo bipolar (presente em ambas fases, tanto na mania quanto na depressão) Parto (psicose puerperal) Reação a alguns medicamentos (anfetaminas e cortisona) TCE Álcool e drogas Abstinência do álcool: alucinação mais comum- bichos asquerosos subindo pela perna e perseguição Intoxicação por cocaína Doenças físicas (lúpus, hipertireoidismo) Doenças neurológicas (AVC, tumores cerebrais) Alzheimer (principalmente no estágio final) Delírio X Alucinações Delírio: alteração do pensamento, que a pessoa tem certeza daquilo que ela pensa Alucinação: alteração em um dos 5 sentidos, IRREAIS Ilusões: distorções de imagens e sensações REAIS Antipsicóticos são muito efetivos nos sintomas positivos, mas o paciente continua com os sintomas negativos, sendo o maior desafio
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