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Emergentes = recentemente considerados patogênicos para o homem Coccídeos intestinais (apicomplexos): · Cryptosporidium hominis – mais comum em imunocomprometidos · C. parvum – mais comum em imunocomprometidos · Cyclospora cayetanensis – quadros diarreicos de viajantes ou surtos em comunidades · Isospora belli– mais comum em imunocomprometidos Amebas de vida livre que podem causar doenças: · Naegleria fowleri · Achantamoeba spp. · Balamuthia mandrilares e Sappinia pedata. Cryptosporidium hominis, C. parvum e criptosporidiose 8 espécies podem causar infecção humana. Mas todas parecem potencialmente patogênicas. Muito frequente em seres humanos, principalmente em crianças. Endêmica com eventuais surtos epidêmicos – transmissão pela agua. Notoriedade por infecções letais em imunodeprimidos na década de 70 6 genótipos de C. hominis 11 genótipos de C. parvum Aspectos biológicos Apicomplexos – complexo apical Epicelulares – intracelulares, mas extracitoplasmaticos – fundem-se com as membranas dos enterócitos → vacúolo parasitóforo, mas ficam fora do citoplasma. Ciclo vital Monoxenico · Assexuada: esquizogonia · Sexuada: gametogonia + esporogonia Transmissão orofecal – ingestão de oocistos com esporozoítos → intestino delgado → invasão do enterócitos em vacúolos parasitoforos na parte superior → trofozoítos. Fazem duas esquizogonias. A primeira forma esquizontes do tipo I, que originam 8 merozoítos (I) → infectam novas células → esquizogonia → esquizontes do tipo II → 4 merozoítos (II) → gametócitos e gametas → zigoto → oocisto com 4 esporozoítos → fezes Existem oocistos de parede delgada que fazem uma autoinfecção e os de parede rígida que são liberados no ambiente, infecção para outros individuos Habitat é o intestino delgado, mas podem ser encontrados em qualquer parte do trato, além de respiratório e vias biliares. Formas: Oocistos: esféricos, quatro esporozoítos nus. Podem ter parede rígida ou delgada e são eliminados esporulados Fatores de virulência: Invadem enterócitos e não atingem as camadas mais profundas da mucosa → atrofia de vilosidades (media a intensa – varia com a carga parasitaria) + infiltrado inflamatório na lamina própria com linfócitos, macrófagos e neutrófilos. Hipótese: secreção de uma enterotoxina (ainda não isolada) Redução da absorção de nutrientes e produção de enzimas digestivas Aspectos clínicos e patológicos Intestinal, respiratória e hepatobiliar Intestinais: · Assintomática – imunocompetentes · Autolimitada aguda ou transitória – imunocompetentes · Diarreia aquosa intermitente ou continua, vômitos, dores abdominais e perda de peso · Crônica – imunossuprimidos · Diarreia grave – ate 20L/dia · Fulminante – imunossuprimidos · Assemelha-se a colera Incubação de 2 a 14 dias Respiratória: · Comum mas inaparente Infecção persistente pode levar ao acometimento de ductos hepatobiliares e pancreáticos. Diagnostico laboratorial Oocistos nas fezes, no escarro, na bile ou material jejunal, corados com safranina azul de metileno ou auramina. Imunodiagnostico: pesquisa de antígenos nas fezes Tratamento Sem fármaco especifico efetivo Nitazoxanida: bastante utilizada, tem outras aplicações intestinais, baixos efeitos colaterais, mas não efetiva em imunossuprimidos. Prevencção e controle Cosmopolitas Eurixenos Altamente infecciosos Pico de incidência: 1 a 5 anos 3 a 4 % de prevalência em portadores de AIDS nos EUA, dos hospitalizados, 50%. Oocistos perdem a infectividade a 60°C, resistem ao cloro, morrem congelados e não suportam a dessecação. Prevenção: medidas gerais de saneamento básico, educação sanitária, filtração da agua, evitando contato direto com animais. Cyclospora cayetanensis e ciclosporiase “Cryptosporidium grande” Doença endêmica, com eventuais surtos epidêmicos. Aspectos biológicos Apicomplexo – coccidia Intracelular obrigatório – vacúolo parasitoforo dentro do citoplasma Habitat: intestino delgado Monoxeno. Apenas homem. Oocistos levam de 7 a 15 dias para esporular no meio ambiente (23°-27°) → esporozoitos → células epiteliais do duodeno e jejuno → duas esquizogonias → merontes I e II. Merontes II → gametócitos → zigoto → oocisto Formas: Oocistos: esféricos com 2 esporozoitos Vias de transmissão Não muito esclarecidas Fecal-oral Contaminação por animais, pessoa a pessoa e reservatórios naturais não foram encontrados. Fatores de virulência Desconhecem-se os mecanismos da diarreia Histopatologia: atrofia de vilosidades, hiperplasia de criptas e moderada inflamação da lamina própria → redução da área de absorção → diarreia Aspectos clínicos e patológicos Nem sempre a diarreia e predominante Pode ser assintomática em regiões endêmicas Sintomas: · Diarreia aquosa cíclica, alternada com períodos de constipação · Fadiga · Indigestão · Sensação de queimação no estomago · Náuseas · Dores abdominais · Perda de peso · Manifestações biliares Tratamento Trimetoprima-sulfametoxazol Ou nitazoxanida para intolerantes a sulfas Diagnostico laboratorial Parasitológico de fezes – oocistos com métodos de concentração (flutuação ou sedimentação) Aspirados jejunais e biopsias Estudos imunológicos em curso. Prevenção e controle Cosmopolita Ingestão de agua ou alimentos contaminados Não há de pessoa para pessoa: tempo de esporulação demorado no solo. Coincide com estacoes chuvosas Resistentes ao cloro e desinfetantes comuns, mas filtros removem. Saneamento básico, educação sanitária, cuidados na ingestão de alimentos, tratamento e filtração da agua. cystoIsospora belli e citoisosporiase Parasitos intracelulares obrigatórios Antes: Isospora belli Cosmopolita, mais comum em imussuprimidos Sem fontes animais Aspectos biológicos Coccidia – apicomplexos Monoxenico Duas fases no ciclo vital: sexuada (gametogonia) e assexuada (esquizogonia). Oocistos eliminados não esporulados levam de 24h a 48h para esporularem (infectantes), logo, não há transmissão pessoa-pessoa. Contem dois esporocistos com quatro esporozoitos cada. Transmissão por ingestão de oocistos Fatores de virulência Citólise epitelial Histologicamente: atrofia de vilosidades, hiperplasia de criptas, células inflamatórias (eosinófilos) Má absorção Aspectos clínicos Meses ou anos após a exposição Oligo ou assintomática Sinais e sintomas: · Diarreia de inicio brusco – 8 a 10 evacuações líquidas/dia · Dores abdominais · Náuseas · Febre · Mal estar geral · Perda de peso importante (+5kg) · Leucocitose e eosinofilia moderada (única coccidiose que causa eosinofilia) Pode ser autolimitada, desaparecendo em semanas. Em imunocomprometidos e crianças, pode ser grave. Portadores de AIDS – outros órgãos Relatos de infecção crônica e extraintestinais. Diagnostico laboratorial Oocistos nas fezes com técnicas de concentração Aspirados duodenais e biopsias Tratamento · Cotrimoxazol · Sulfadiazina · Pirimetamina · Sulfametoxazol-trimetropina · Nitazoxanida: 1 comp 500mg 2x/dia – 3 dias Prevencão e controle Ingestão de agua ou alimentos contaminados Não há de pessoa para pessoa: tempo de esporulação demorado no solo. Resistentes ao cloro e desinfetantes comuns, mas filtros removem. Saneamento básico, educação sanitária, cuidados na ingestão de alimentos, tratamento e filtração da agua Amebas de vida livre potencialmente patogênicas Anfizoicos: ambiente e hospedeiro humano Mais comum em imunocomprometidos · Naegleria fowleri · Acanthamoeba sp. · primeiro caso no brasil: olho, associado ao uso de lente de contato – lesão de córnea. Hoje estima-se 3000 casos de ceratite. · Podem albergar bactérias patogênicas e amplificar sua virulência e inefetivar antibióticos · Balamuthia mandrillaris · Sappinia pedata Aspectos biológicos Formas Naegleria fowleri: · Trofozoítos com movimentação rápida pelos pseudopodes, uninucleada · Cistos com paredes lisas e poros · Flagelados com dois flagelos de aparecimento fugaz Acanthamoeba: · Trofozoítos de movimentação lenta por subpseudopodes (acantopódios) · Cistos com parede de dupla, uma delas rugosa (estrela) Balamuthia mandrillaris: · Trofozoítos uni ou binucleados, pseudopodes largos e dendriformes · Cistos uniou binucleados, com três camadas Sappinia pedata: · Trofozoítos binucleados · Cistos binucleados Ciclo: Divisão binaria simples nas formas trofozoiticas Metabolismo aeróbico Transmissão por agua, solo ou ar Patologia e imunidade Naegleria fowleri: Meningoencefalite amebiana primária: RI pouco conhecida, curso rápido da doença. Foi encontrado IgM, mas não se sabe se é protetor Acanthamoeba spp.: Ceratite Muito disseminadas – anticorpos em diversos indivíduos, sadios e infectados, mas não se sabe se são protetores. Ativam a via alternativa do complemento Ceratite recorrente – não se instala memoria imunológica. Imunidade inata mais efetiva – macrófagos fagocitam os protozoários na superfície ocular, seguido dos neutrófilos. Balamuthia mandrillaris Balamutíase IgG e IgM em sadios e acometidos – papel protetor não esclarecido Vários animais Patogenicidade e fatores de virulência As AVL não necessitam do hospedeiro, podem voltar a viver livremente e nem todas infectam humanos. Cinco componentes importantes para a infecção: temperatura, capacidade de persistir nas mucosas, imunidade das mucosas, imunodeficiência e dose infectante. Naegleria – penetram a mucosa nasal por aspiração de poeira ou agua contaminadas → fagocitose pelas células de sustentação do epitélio neuro-olfatorio → bulbo + lobo olfatório → encéfalo. Acanthamoeba spp. – não se conhece o mecanismo de entrada. Na córnea (ceratite) é necessário traumatismo pré-existente. Adesão de trofozoítos as glicoproteínas do hospedeiro (manose) → secreção de proteases → destroem células epiteliais → invasão e degradação do estroma Patogênicas secretam mais fosfolipases Aspectos clínicos Meningoencefalite amebiana primaria por Naegleria fowleri (MAP): Inicio abrupto, desenvolvimento agudo e termino fatal. Incubação: 3 - 7 dias Sintomas: · Cefaleia bitemporal ou bifrontal · Febre · Náuseas · Vômitos em jato · Rigidez de nuca · Convulsão · Coma Morte por acometimento cardiorrespiratório por edema cerebral Encefalite amebiana granulomatosa por Acanthamoeba e Balamuthia mandrillaris (EAG): Geralmente em imunodeprimidos Incubação desconhecido: semanas ou meses Quadro clinico arrastado Manifestações dependem das localizações das lesões: · Hemiparesias · Convulsões · Alterações da personalidade · Cefaleia insidiosa · Febre esporádica Morte por broncopneumonia, insuficiência hepática ou renal, com septicemia Há quadros com extensas lesões de pele parecidas com leishmaniose. Ceratite por Acanthamoeba (CA): Necessário traumatismo pré-existente → abrasão da córnea Desenvolvimento rápido · Ulceração da córnea · Irite · Esclerite · Dor intensa · Hipópio · Perda de visão Hipópio – pus na parte inferior Infiltrados epoiteliais → anéis centrais ou paracentrais com dor proporcional a lesão. Diagnóstico laboratorial Exame direto – AVL em amostras clinicas (LCR, secreções faringeanas e pulmonares, lesões de pele, raspados de córnea, fragmentos de tecidos) e em amostras ambientais Coloração: hematoxilina férrica de Heidenhain, Wright e Giemsa Exame a fresco Padrão ouro: isolamento e cultivo → placas de Petri + meios de cultura → examinar diariamente. Naegleria fowleri: teste de flagelação – preparação a fresco + incubar a 37 graus por 2h, inverter a lamina e observar 17 genotipos de Acanthamoeba – infectante T3 e T4. PCR LCR: turvo, pleocitose com predomínio de polimorfonucleares, hiperproteinorraquia e hipoglicorraquia. (semelhante a meningite bacteriana) – necessário buscar trofozoítos. Diagnostico anatomopatológico e com técnicas de imagem MAP: exame do tecido cerebral corado com HE · Leptomeninge purulenta · Meningoencefalite hemorrágica necrosante · Edema cerebral · Necrose de nervos e bulbos olfatórios · Exsudato com PMN, amebas trofozoiticas perivasculares · Pouca ou nenhuma reação inflamatória EAG: · Encefalite granulomatosa · Necrose focal · Leptomeninge localizada · Exsudato como linfócitos e monócitos, raro PMN · Amebas trofozoiticas e císticas perivasculares Ceratites por Acanthamoeba · Destruição da córnea com infiltrado inflamatório nas camadas superficiais e medianas do estroma · PMN ao redor dos cistos Tratamento MAP: Anfotericina B, rifampicina, tetraciclina e miconazol Não há resposta celular ou humoral → diagnosticar e tratar rápido → altas doses de anfotericina B IV intratecal + miconazol. Sobrevivência – 4 pacientes EAG: Não há tratamento efetivo Diagnostica post mortem Imunodeprimidos Falsa impressão de cura → cistos teciduais Relato: Isotionato de pentamidina IV, itraconasol VO e cetoconazol creme tópico. Flucitosina, pentamidina, fluconazol, sulfadiazina e azitromicina Ceratite: Cetoconazol, clotrimazol, miconazol, itraconazol, neomicina, isotionato de propamidina, poli-hexametileno de biguanida Transplante indicado em casos resistentes ao tratamento clinico ou com necrose e perfuração extensas. Desenvolvimento de catarata e atrofia de íris Prevenção e controle Cosmopolitas, praticamente em todos os ambientes. Podem resistir a extremas condições de temperatura e pH, cloro e outros. (mais ainda: Acanthamoeba) Fonte de infecção variadas: coleções de agua, solo, aparelhos de ar condicionado. Na MAP avaliar contato com essas fontes, em EAG, situação de imunodepressão e doenças intercorrentes. Ceratite → grupo de risco: usuários de lente de contato – uso, manipulação e higiene inadequados. Não há medidas eficazes de profilaxia → desconhecimento. Educação sanitária, limpeza de piscinas, pre-cloracao e manutenção de níveis de cloro ativo, proibição de lentes na piscina ou com qualquer sinal de irritação da córnea. Protozoários Emergentes 1 4
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