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MEDCURSO: Gastrologia 03/06/2020 Aula 5: Diverticulose, Polipose, Câncer de cólon e Apendicite aguda 1. Apendicite aguda a) Aspectos gerais É a principal e mais comum causa de abdome agudo inflamatório, ou seja, não traumático. · Mede cerca de 9cm (2-20cm) · A localização mais comum é o ponto de McBurney (retrocecal: 50%), no entanto pode se localizar em outras regiões e a sintomatologia pode não estar presente em FID b) Fisipatologia A fisiopatologia da doença está relacionado na maioria das vezes com obstrução do lúmen apendicular, sendo a causa mais comum a presença de um fecalito. · Causas de obstrução: fecalito, hiperplasia linfoide, neoplasia, Ascaris · Distensão e proliferação bacteriana por B. fragiles e E. coli · Em torno de 12h ocorre diminuição do suprimento arterial: há necrose da parede do apêndice – se há um aumento da pressão intraluminal, o sangue não consegue nutrir o apêndice (comprometimento do retorno venoso) · Em 48h, na ausência de intervenção, ocorre perfuração e podem ocorrer 2 eventos: abscesso ou peritonite difusa · Abscesso é a principal complicação: a faixa etária de acometimento da apendicite está entre homens jovens, que tem a capacidade de conter a inflamação de forma mais satisfatória · A peritonite difusa é mais comum de ocorrer em pacientes mais debilitados, em idosos, cujo sistema imune e peritônio estão mais comprometidos c) Manifestações clínicas · O paciente começa com dor abdominal inespecífica em mesogástrio ou epigástrio (visceral) · Em torno de 12h, a dor migra para FID, para o ponto de McBurney: sinal de Blumberg – sinal de irritação peritoneal · Anorexia, náusea, vômito, febre baixa · Alteração do hábito intestinal: mais comum constipação Esse padrão clássico de migração da dor é o sintoma mais confiável para se chegar ao diagnóstico de apendicite aguda. 1- Quando complica · Plastrão/abscesso: paciente pode se encontrar oligossintomático, queixando-se de desconforto em FID · Peritonite difusa: dor abdominal de grande intensidade e difusa, com presença de abdome em tábua e pode evoluir para sepse 2- Sinais clássicos · Sinal de Blumberg: descompressão brusca dolorosa · Sinal de Rovsing: dor na FID após compressão da FIE · Sinal de Dunphy: dor na FID que piora com a tosse · Sinal do obturador: dor hipogástrica com a rotação interna da coxa direita flexionada · Sinal do psoas: dor à extensão da coxa direita com paciente em decúbito esquerdo d) Diagnóstico · É clínico: história clássica + exame físico e sexo masculino · Na dúvida: idoso, mulheres, crianças, obesos, gestantes = imagem · Laboratório: leucocitose moderada com neutrofilia e desvio a esquerda (75%) · Imagem de escolha: TC (padrão-ouro) ou USG/RM (crianças e gestantes) Achados na TC: inflamação periapendicular (borramento da gordura mesentérica), espessamento do apêndice e distensão do órgão. Obs.: diagnósticos diferenciais = linfadenite mesentérica, DIP, ruptura de folículo ovariano, cisto ovariano torcido e gastroenterite aguda. e) Tratamento É sempre cirúrgico e deve ser o mais precoce possível, respeitando-se o tempo necessário para administração de líquidos parenterais. 1- Simples: <48h e sem complicação = ATB profilático + apendicectomia (aberta ou vídeo) 2- Suspeita de complicação: >48h ou massa = indicação de imagem e guiar conduta a partir da mesma 3- Sem complicação = apendicite simples · Fleimão (≤ 3 cm): ATB 7-10 dias + cirurgia após 6-8 semanas · Abscesso (> 3 cm): ATB 7-10 dias + drenagem percutânea + cirurgia após 6-8 semanas · Peritonite difusa: ATB 7-10 dias + cirurgia de urgência Obs.: fleimão = inflamação supurativa do tecido celular subcutâneo profundo. 2. Doença Diverticular do Cólon Os divertículos adquiridos são muito mais frequentes e consistem em herniações da mucosa e submucosa através da camada muscular, mais comumente em pontos de menos resistência, como nos pontos de entrada das artérias retas colônicas. · Maior prevalência em países industrializados · Geralmente são múltiplos · Variam de 3mm a 3cm Duas complicações clássicas da doença diverticular podem ocorrer: diverticulite e hemorragia digestiva baixa. a) Fisiopatologia · Quantos menos fibras vegetais na dieta, maior a pressão que o cólon precisa fazer: fenômeno de pulsão · Formação do divertículo: o intestino é forte, mas a musculatura é composta por vários furinhos a força feita para defecar gera uma pulsão em zona frágil, que é o local de penetração das artérias retas colônicas · Mais comum na região que faz mais força: sigmoide b) Características · Mais comum em sigmoide e costumam ser múltiplos · Acomete idosos · A maioria é assintomática c) Diagnóstico · Colonoscopia ou sigmoidoscopia · Clister-opaco d) Tratamento · Aumentar a ingesta de alimentos ricos em fibras: cereais, frutas e vegetais · Suplementação dietética de fibras · Aumento da ingesta hídrica e) Complicações 1- Inflamação · = diverticulite · Mais comum em cólon esquerdo · Causa: obstrução = fecalito · É a mais comum 2- Sangramento · Mais comum em cólon direito: origem arterial · Causa: trauma da arteríola tracionada 2.1 Diverticulite É o termo utilizado para designar a macro ou microperfuração de um divertículo, que tanto pode ter repercussões clínicas limitadas, quanto potencialmente levar a abscesso, obstrução, formação de fístulas e peritonite. a) Fisiopatologia Obstrução do divertículo por fecalito acúmulo de secreção e proliferação bacteriana microperfuração com abscesso pericólico Não podemos esquecer que esses são falsos divertículos, ou seja, eles possuem apenas mucosa, submucosa e serosa – não há camada muscular e por isso são frágeis e suscetíveis à perfuração. b) Clínica = “apendicite à esquerda no idoso” · Dor localizada em FIE que piora com defecação mais indiosa: processo mais lento · Defesa e dor à descompressão · Diarreia/constipação · Febre leucocitose A fístula mais encontrada na diverticulite se estabelece com a bexiga, e a diverticulite aguda é a principal causa de fístula colovesical. Obs.: em idoso asiático a diverticulite ocorre à direita. c) Diagnóstico · Tomografia computadorizada de abdome e pelve: com contraste se disponível · Evitar colono e clister: os divertículos já estão com microperfurações, e aí esses exames aumentam a pressão intraluminal, podendo levar a uma maior perfuração · Colonoscopia após 4-6 semanas do tratamento com o objetivo de EXCLUIR NEOPLASIA: naqueles pacientes que nunca fizeram colonoscopia ou com > 1 ano de colono d) Complicações · Abscesso: complicação mais comum · Obstrução · Peritonite difusa: mais grave · Fístula: acontece em inflamações transmurais, sendo a mais comum a colovesical 1- Classificação de Hinchey · Estágio I: abscesso pericólico · Estágio II: abscesso pélvico · Estágio III: peritonite purulenta · Estágio IV: peritonite fecal A peritonite purulenta e a peritonite fecal são as complicações mais graves, e demandam ressuscitação volêmica, antibioticoterapia e cirurgia de urgência. e) Tratamento 1- Sem complicação: suporte + ATB (amox-clav) · Pode realizar o tratamento em domicílio · Cirurgia eletiva se: imunodeprimido, fístula, incapaz de exclui CA 2- Se sinais de inflamação exuberante · Internação + dieta zero + repouso intestinal + HV + atbterapia parenteral 3- Se abscesso >4 cm ou peritonite · Abscesso ≥4cm = drenagem + ATB + cirurgia eletiva (é questionável pós-abscesso: se o paciente responder bem ao tratamento clínico, não é necessário realizar a cirurigia) – Estágio I ou II · Peritonite: cirurgia de URGÊNCIA = colectomia à Hartmann – Estágio III ou IV · Pacientes estágio III: pode-se tentar fazer lavagem laparoscópica A cirurgia eletiva é a sigmoidectomia com anastomose primária terminoterminal e está indicada nos pacientes com peritonite generalizada por ruptura de abscesso ou divertículo e obstrução intestinal totalrefratária. A cirurgia à Hartmann é uma sigmoidectomia com colostomia terminal e fechamento do coto retal e alguns meses depois, faz-se a reconstrução do trânsito intestinal. 2.2 Hemorragia Digestiva Baixa · HD alta: 85-90% melena = doença ulcerosa péptica · HD baixa: 10-15% hematoquezia, mas nem toda hematoquezia é proveniente da HD baixa = doença diverticular do cólon A hemorragia digestiva baixa é definida pela fonte sangrante após o ângulo de Treitz. A manifestação clássica é a hematoquezia. Muitos desses pacientes podem cursar com anemia e/ou instabilidade hemodinâmica (hipotensão postural, síncope, choque hemorrágico). O sangramento a partir de um divertículo é a principal causa de hemorragia digestiva baixa significativa em pacientes com mais de 50 anos. A HD baixa é doença do idoso. HD alta HD baixa Ângulo de Treitz (duodeno-jejunal) Acima do ângulo de Treitz Abaixo do ângulo de Treitz Clínica Hematêmese Melena Pode ser idêntico ao quadro da HD baixa Hematoquezia Enterorragia Frequência 85-90% 10-15% Causas Úlceras, varizes Divertículo (60%), angiodisplasia, CA Embora os divertículos sejam mais comuns do lado esquerdo, a hemorragia diverticular é proveniente do cólon direito em 50-70% dos pacientes, mostrando maior propensão a sangrar dos divertículos à direita. No caso de um divertículo que provoque hemorragia maciça (5%), paciente entre 50-70 anos apresentam alta mortalidade, havendo também alta chance de novo sangramento. a) Angiodisplasia colônica · Idoso > 65 anos · Formado por uma ectasia de pequenos vasos: origem venosa · Mais comum em cólon direito (assim como a doença diverticular): 45% dos casos em ceco b) Conduta · 1ª conduta: estabilização hemodinâmica (ABCDE com bom senso) SEMPRE!!!! · 2ª conduta: EDA (1º exame) + exame proctológico · 3ª: colonoscopia se HD baixa (primeiro descartar HD alta) 4-12h · 4º: angiografia mesentérica seletiva – artéria mesentérica superior irriga até metade do cólon transverso e para identifica-lo é preciso que o sangramento seja > 0,5-1ml/min Então, HD alta e HD baixa = endoscopia digestiva alta. O objetivo diagnóstico primário é descobrir onde está o sítio sangrante. 1- Abordagem (fluxograma) · Sangramento leve a moderado: terapia colonoscópica – diagnóstica e terapêutica · HDA contínua de grande monta: angiografia/arteriografia mesentérica seletiva (0,5-1 ml/min) – é diagnóstica e terapêutica · Pacientes com instabilidade hemodinâmica persistente que continuam a sangrar copiosamente (20-30% de mortalidade): cirurgia de emergência = colectomia segmentar com anastomose primária nos casos de sangramento localizado · Se sangramento não localizado = colectomia subtotal (mortalidade de 30-50%) Se a colono não for capaz de visualizar o sangramento nos casos de leve a moderado, pode ser feita a angiografia/arteriografia. Uma opção, antes da arteriografia, é a cintilografia com hemácias marcadas, capaz de encontrar sangramentos 0,1ml/min sendo o exame mais sensível, mas NÃO TRATA e é imprecisa. 3. Pólipos Intestinais A partir deles que a maioria das lesões colônicas vão originar um CA. Quando falamos de CA, não podemos esquecer da sequência adenoma-carcinoma. · Projeta-se para a luz · Lesão pré-maligna: pólipos do tipo adenomatoso (os mais comuns) – precedem o adenocarcinoma colorretal · SEMPRE RESSECAR e mandar para o histopatológico · Macroscópica · Pediculado x séssil (plano) · Sangramento: o pólipo tem facilidade para sangrar a) Aspectos gerais Definição: qualquer crescimento da mucosa para o interior da víscera. Um pólipo viloso, com >2cm e com displasia grave há grandes chances de malignidade. Quando se observa um pólipo, a conduta é realizar uma polipectomia, para que seja realizado o estudo do mesmo. · Pólipos não-neoplásicos: hiperplásico (mais comum), hamartomatoso e inflamatórios · Pólipos neoplásicos: adenoma (tratamento endoscópico) e adenocarcinoma (cirurgia) A incidência de pólipos neoplásicos aumenta com a idade (>50 anos) e são os mais frequentes dos cólon. Por isso, há grande necessidade de ressecção. Na histologia apresenta-se com epitélio displásico. 1- Pólipo adenomatoso · Tubular (85% de benignidade): mais associado a benignidade por ser menor quando comparado aos outros – melhor prognóstico · Tubuloviloso (5-10% de benignidade) · Viloso (5-10% de benignidade): “vilão dos pólipos” 2- Pólipos não neoplásicos · Hiperplásicos: sésseis, 2º mais comum, em retossigmoide, não indica colonoscopia · Hamartomas: jovens, pediculados, grandes sangramentos pelo seu grande tamanho, intussuscepção, prolapso – é uma lesão extensa · Inflamatório: resultante das fases de regeneração, relação com doenças intestinais inflamatórias b) Fatores de risco para malignização 1- Tamanho · < 1cm: 1-3% de malignização = apenas ressecção + acompanhamento · 1-2cm: 10% de malignização · > 2cm: 40% de malignização = já pensar em uma cirurgia 2- Tipo histológico · Viloso > tubuloviloso > tubular 3- Grau de displasia · Baixo grau · Alto grau: ultrapassa a lâmina própria · Carcinoma in situ: maior invasão da parede c) Síndromes de poliposes gastrointestinais 1- Polipose adenomatosa familiar (PAF) Mucosa repleta de pólipos. · Presença do gene APC mutante: doença autossômica dominante com penetração incompleta · PAF clássica: > 100 pólipos adenomatosos em todo TGI / PAF atenuada: 20-100 pólipos · Risco de 100% de desenvolvimento de CA colorretal até 40 anos colonoscopia com pólipo > 1cm, com displasia de alto grau ou viloso = cirurgia · Familiares: pesquisa laboratorial de “APC” se paciente com APC negativo = rastreio para todos os familiares e se o paciente for positivo = rastreio para os APC (+) (retossigmoidoscopia anual: 10-40 anos) · Alternativas cirúrgicas · Protocolectomia total + ileostomia definitiva: 0 riscos de CA · Colectomia total + anastomose ileoanal: não há ressecção de ânus nem de reto distal – esse paciente faz retossigmoidoscopia de 3-6 meses · Colectomia subtotal + anastomose ileorretal: poupa-se todo o reto, o que reduz as complicações – risco de CA muito maior em comparação às duas alternativas Obs.: nos dois últimos faz-se retossigmoidoscopia de 3-6 meses + celecoxib 100-400mg/dia. · Tratamento = protocolectomia profilática para reduzir as chances de desenvolver CA (esses pacientes podem desenvolver CA mesmo novos) · Variantes da PAF · Clássica: pólipos gástricos e duodenais (não costumam malignizar), hiperpigmentação retiniana hipertrófica, TU desmoides (tecido mole, normalmente em cicatrizes) · Gardner: dentes extra-numerários, osteoma mandibular, tumores de partes moles · Turcot: tumores de SNC (meduloblastoma) 2- Polipose juvenil familiar (PJF) · ≥ 10 pólipos harmatomatosos colorretais · Hematoquezia, anemia e maior risco de intussuscepção · Risco relativo de 10% de CA colorretal 3- Peutz-Jeghers · Pólipos hamartomatosos em TODO trato gastrointestinal · Manchas melanóticas em pele e mucosa · Pólipo de Peutz-Jeguers (muscular) : mais em delgado o paciente – pode ter intussescepção, melena, anemia · Associação com outras neoplasias: ovário, testículo, pâncreas, mama, colorretal 4- Síndrome de Cowden · Pólipos hamartomatosos em todo TGI · Ceratose palmoplantar · Nódulos verrucosos: triquilemomas – pequenas verrugas Obs.: polipose hamartomatosa não hereditária Cronkhite-Canadá = alopecia, distrofia ungueal e hiperpigmentação cutânea. d) Guidelines · Todo pólipo deve ser ressecado e enviado para a patologia · Se ressecou: colonoscopia para pólipos sincrônicos (são aqueles em cólon proximal) – estadiamento de TODO o cólon (não pode fazer só a retossigmoidoscopia) · Passíveis de tratamento endoscópido: displasia de alto grau e CA in situ · Cirurgia: adenoma refratário e CA invasivo CA invasivo por EDA se: margens livres, bem diferenciado e ausência de invasão linfovascular e) Rastreio · Novos pólipos em 3 anos: 30-40% - podem trazer um risco de CA · Nova colonoscopia em 3 anos: se for hiperplásico nãoprecisa de colono · Tem pólipo? Faz-se 3/3 anos · Não tem pólipo? 5/5 anos (partindo do princípio que o paciente já teve pólipo e não tem mais) · Familiares de 1º grau: 10 anos antes da lesão inicial · Adenoma > 1cm, violoso e < 60 anos · Um dos pais teve CA colorretal 4. Câncer Colorretal O CA esporádico, aquele que não possui associação genética, é a 3ª causa mais comum de morte por câncer. Existem fatores de risco e fatores de proteção, pois como não há relação com genética, há com o ambiente. O mais comum de todos (95%) é o adenocarcinoma. 4.1 Adenocarcinoma a) Aspectos gerais · Esporádico: idade (FR mais importante), obesidade, DM2/acromegalia, DII, S. bovis, radioterapia – é o mesmo fenótipo de pacientes que infartam · Hereditário associado a pólipos: PAF e suas variantes · Hereditário não-polipose: síndrome de Lynch (CA que não respeita a sequência adenoma-carcinoma) Obs.: fatores de proteção frutas e vegetais, exercício físicos, cálcio, AINES (40%) b) Fisiopatogenia O CA pode surgir a partir de um pólipo, respeitando a sequência adenoma-carcinoma, ou não polipoide. Na PAF, a alteração é no gene de supressão tumoral (APC = crescimento desordenado das células), enquanto em Lynch é em um gene que faz o reparo de DNA = instabilidade de microssatélites (a célula erra mais em comparação à polipose). Cria-se uma nova mutação adquirida para dar um próximo passo para o aparecimento do CA no caso da polipose, enquanto em Lynch o DNA já é vulnerável a mutações. c) Clínica · Depende da localização do tumor · Cólon direito = anemia ferropriva, perda crônica de sangue (sangue oculto nas fezes), massa palpável (tem muito espaço para crescer e demora a obstruir) – no lado direito há uma maior tendência de lesões polipoides (pedunculadas), sendo mais sujeitas ao atrito com as fezes · Cólon esquerdo = alteração do hábito intestinal, constipação progressiva e diarreia, obstrução intestinal – as lesões mais a esquerda possuem um padrão mais constritivo (crescem até estenosar o cólon) · Reto = hematoquezia (mais comum), tenesmo (falsa sensação de ampola retal cheia), constipação – qualquer expressão serosa que esse tumor apresente, já é suficiente para realizar invasão adjacente (se pegar esfíncter: incontinência fecal) A maior incidência é no cólon direito, então a maior parte da sintomatologia está relacionada à sangramento. d) Diagnóstico · Padrão-ouro: colonoscopia (TU sincrônico: cólon direito) + biópsia – para diagnóstico completo, é necessária a colono para checar TODO o cólon · CEA: acompanhamento 1- Investigação diagnóstica 1) Exame físico/anamnese + toque retal 2) Colonoscopia + biópsia 3) Dosagem do CEA (para prognóstico): qualquer aumento indica recidiva do tumor 4) TC de abdome/pelve + radiografia de tórax: identificação de metástase e) Rastreio · Colonoscopia ou retoscopia · O padrão do rastreamento depende do tipo de CA · Esporádico: ≥ 50 anos · História familiar: ≥ 40 anos · Lynch: ≥ 20 anos · PAF: ≥ 10 anos – pode começar com retoscopia nesse caso No esporádico e familiar, faz-se colectomia segmentar e em Lynch e PAF = colectomia total. f) Tratamento 1- Cólon · Colectomia + linfadenectomia · Se linfonodos acometidos (N positivo): QT adjuvante pós cirurgia 2- Reto Padrão: QT + RT neoadjuvante (nos tumores até 5cm, com o objetivo de poupar esfíncter, reduzindo o tumor) + cirurgia + QT adjuvante. Se o tumor responder bem a QT neoadjuvante, reduzindo seu tamanho e ficando mais distante de margem anal, pode-se optar pela RAB, mas se não, fazemos a RAP. · Até T1 (submucosa), < 4cm, < 40% da circunferência do cólon, até 6cm da margem anal, N0 (ausência de linfonodomegalia): excisão local transanal, que pode ser via endoscópica · Ressecção anterior baixa (RAB): >5 cm da margem anal (= longe do ânus) ressecção anterior baixa + excisão total de mesorreto e anastomose colorretal (preferencial) ou coloanal + ostomia de proteção se tratamento neoadjuvante (profilaxia da descência: para não passar muitas fezes pelo local) – mantemos a qualidade de vida do paciente, pois preservamos o esfíncter anal · Cirurgia de Miles: ≤5 cm da margem anal (= perto do ânus) ressecção abdomino perineal (RAP) + ressecção de reto, sigmoide e ânus + colostomia – feita quando há invasão esfincteriana e de outros órgãos pélvicos · Ressecção tumoral do esfíncter · Disfunção esfincteriana prévia Tumores de terço inferior do reto (a menos de 5cm da margem anal) são candidatos à amputação abdminoperineal com instalação de colostomia definitiva CASO não seja realizado tratamento neoadjuvante. Porém, nos tumores de reto baixo, nosso objetivo é tentar poupar o paciente de uma cirurgia de Miles, através da realização de quimio e radioterapia neoadjuvantes, de modo a reduzir o volume tumoral. Caso o tumor tenha seu tamanho reduzido a ponto de ser ressecado com margem distal adequada (2cm) e mesmo assim permita a anastomose colorretal ou coloanal, nosso objetivo estará atingido. g) Adjuvância e neoadjuvância · Neoadjuvância = é tudo que será feito antes de operar o CA, para uma maior chance de cura · Adjuvância = tudo que será feito depois da cirurgia 1- Neoadjuvância · Quimioterapia: no reto, ela possui ação radiossensibilizante · Efeito radiossensibilizante: torna as células tumorais mais sensíveis à radioterapia (feita por 6 semanas · Cirurgia após 2 meses (6-10 semanas) 2- Adjuvância · Tumor de reto: QT + RT em estádios II e III – após neoadjuvância e cirurgia, nos tumores de reto ainda fazemos QT e RT · Tumor de cólon: QT isolada em estádios II e III h) Metástases hepáticas e pulmonares Hepáticas 1- Quando não ressecar? · Doença irressecável extra-hepática · Acomete tríade portal principal · > 70% do fígado (> 6 segmentos) · Baixa reserva hepatocelular 2- Precisa de QT prévia? · Bom estado geral é um estado básico · > 4 metástases · Doença bilobar (E+D) · Acometimento linfonodal Pulmonares: sinais de bom prognóstico · Número limitado de nódulos · CEA normal pré-toracotomia · Ausência de linfonodos regionais · Metástase metacrônica (>1 ano) i) Seguimento (follow up) · Consulta médica + exame físico: 3/3 meses · Dosagem de CEA: 3/3 meses (registrar em toda consulta para fazer a curva de CEA) · Colonoscopia 1 ano após · TC de abdome/pelve: exame de seguimento mais importante de todos 4.2 Síndrome de Lynch a) Aspectos gerais Definição: todo CA de colo e reto que respeita os critérios de Amsterdã modificados = três ou mais familiares sendo um deles parente de primeiro grau, ao menos um caso de CA < 50 anos, 2 gerações consecutivas, não associada à polipose hereditária. · 3% dos casos de CA · 15% dos pacientes com história familiar · Não respeita a sequência adenoma-carcinoma · É autossômica dominante (penetração variável) · Maior acometimento de cólon direito e ceco: acompanhamento com colonoscopia · Idade precoce: 35-45 anos – rastreio iniciado aos 20-25 anos · 70% de risco de CA colorretal b) Tipos Tipos de Síndrome de Lynch Lynch I Associada apenas com CA de colo e reto Lynch II CA de colo e reto Associação com: endométrio, ovário, gástrico, delgado, próstata, pelve, ureter, hepatobiliar c) Rastreio · Colonoscopia · A partir de 21 anos: 2/2 anos – não precisa respeita isso, o rastreio deve ser iniciado 10 anos antes do desenvolvimento do CA (ex.: se o pai teve o CA aos 29 anos, inicia-se o rastreio aos 19 anos) · Após 40 anos = anual É um CA digno de rastreio, assim como CA de colo de útero e mama, pois são neoplasias insidiosas. 1- Screening O rastreio é iniciado, no caso do CA esporádico, a partir de 50 anos até os 80 anos. 1) Colonoscopia 10/10 anos: padrão-ouro (100%) 2) Colonoscopia virtual 5/5 anos: reconstrução do cólon por TC – se mínima alteração, é necessária colono 3) Retossigmoidoscopia 5/5 anos (65% de detecção) 4) Sangue oculto 1/1 anos – 3 amostras: muito erro
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