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ANÁLISE DAS CARACTERÍSTICAS, MODALIDADES, VANTAGENS, DESVANTAGENS E VANTAGEM COMPETITIVA DA OPERAÇÃO DE CROSS DOCKING EM CINCO EMPRESAS DE SÃO PAULO. Geraldo Cardoso de Oliveira Neto (UNINOVE ) geraldo.prod@ig.com.br LILIAN DA CRUZ SANTOS (UNINOVE ) liliancruzsts@gmail.com ALINE PEREIRA SANTOS COSTA (UNINOVE ) ALINE@WELLCARE.COM.BR Marcelo Martins de Sa (UNINOVE ) professormarcelosa@gmail.com A operação de cross docking consiste em estratégia logística para gerar vantagem competitiva para a organização visando melhorar a responsividade, redução de custos e realização de entregas em menor tempo. O objetivo central desse estudo coonsiste em analisar as características, modalidades, vantagens, desvantagens e vantagem competitiva na operação de cross docking em cinco empresas da região de São Paulo. É importante destacar a oportunidade de realizar o teste piloto do instrumento em cinco organizações a fim de refinar o questionário para aplicação de survey exploratório em mais de 200 empresas do Brasil. O método de pesquisa partiu da revisão da literatura para o desenvolvimento do formulário de entrevista semiestruturada para aplicação em observação participante para compor a análise intracasos e intercasos dos dados. Os resultam apontaram as características, modalidades, vantagens, desvantagens e vantagem competitiva na operação de cross docking no cenário brasileiro. Palavras-chaves: Cross Docking, Vantagem competitiva, Resource Based View, Objetivos de desempenho. XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013. XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013. 2 1.1 1 Introdução Uma das estratégias logísticas recorrentes hoje em dia refere-se ao cross docking, muito utilizado por indústrias e empresas de distribuição. Sua ideia básica consiste em transferência de carregamentos recebidos diretamente para veículos sem estocagem ou com estoques mínimos por um curto prazo. Os principais objetivos para esta prática são a redução de custos, o menor tempo de entrega, a realização de carregamentos únicos, entre outros, por isso, a tendência nos últimos três anos aponta para um incremento em sua utilização em diversos setores. O objetivo central desse estudo consiste em analisar as características, modalidades, vantagens, desvantagens e vantagem competitiva na operação de cross docking em cinco empresas da região de São Paulo. É importante destacar a oportunidade de realizar o teste piloto do instrumento em cinco organizações a fim de refinar o questionário para aplicação de survey exploratório em mais de 200 empresas do Brasil. 2 Revisão da Literatura 2.1 Conceituação sobre cross docking Para a revisão da literatura deste presente estudo e análise da consolidação dos achados teóricos sobre o tema cross docking foram considerados os três principais artigos que buscam classificar produção científica acerca desta temática até o momento, a saber, Boysen e Fliedner (2009), Agustina (2010) e Van Belle et al., (2012). Recente pesquisa realizada na indústria norte americana com 219 empresas por meio de respondentes com conhecimentos ligados à logística e gestão da cadeia de suprimentos (CROSS-DOCKING REPORT TRENDS, 2011), apontou que 68,5% da amostra têm conduzido operações de cross docking correntemente e outros 15% planejam realizar, indicando que hoje, mais do que nunca, as empresas estão examinando suas cadeias de suprimentos em busca de formas criativas de excluir custos do sistema, gerenciar os níveis de inventário, aumentar a eficiência e satisfazer a demanda dos consumidores. Apesar de ser aplicado por empresas desde os anos 80, como Wal Mart, Toyota, Goodyear, etc, apenas recentemente tem ganhado atenção da academia já que 85% dos artigos relacionados ao tema foram publicados a partir de 2004 (VAN BELLE etal., 2012). A definição de crossdocking ainda está sujeita a interpretações variadas. Para a indústria é um processo de recebimento de produtos e embarque no mesmo dia ou durante a noite sem alocação em estoque (CROSS-DOCKING REPORT TRENDS, 2011), enfocando assim o quesito transferência de produtos. Outros autores, ao abordarem não somente a transferência, mas também a consolidação de pedidos e a estocagem temporária,o definem como uma estratégia logística com a qual os produtos de diferentes fornecedores podem ser consolidados em um único carregamento, desde que os produtos recebidos sejam embarcados em 24 horas, reduzindo assim as atividades de estocagem e ordenação dos pedidos (AGUSTINA etal., 2010). Já Boysen e Fliedner(2009) observando também sua importância para a cadeia de suprimentos, definem como um nó na rede de distribuição exclusivamente dedicado para a transferência de carregamentos entre veículos, sendo que o terminal não terá ou contará com uma redução considerável de estoque. XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013. 3 Tradicionalmente, nos centros de distribuição, os produtos são recebidos e estocados temporariamente nas prateleiras e paletes, aguardando que um cliente escolha um item, e seja retirado por um funcionário no estoque e encaminhado para embarque e entrega ao seu destino. Das etapas principais da gestão de estoques, como recebimento, estocagem, ordenação da retirada dos pedidos e carregamento, as com maior custo são a estocagem e a ordenação da retirada dos pedidos, uma pelos gastos com inventário e a outra pela intensidade do uso da mão de obra para a operação (VAN BELLE et al., 2012). Uma das possíveis estratégias seria investir em iniciativas para redução de custos nestas duas etapas, contudo o cross docking elimina ou reduz radicalmente estas duas despesas operacionais. O terminal para realização das cargas e descargas, na maioria das vezes correspondem à grandes galpões ou armazéns retangulares, sendo que alguns podem ter sido construídos em outros modelos como (L, T, X, etc.), conhecidos na literatura como crossdock. Na maioria das vezes não possuem nenhuma infraestrutura para armazenamento das cargas, pois os produtos recebidos nas portas de descargas são transferidos e posicionados apropriadamente nas portas para o carregamento. A Figura 01 ilustra o processo de cross docking tradicional (VAN BELLE et al., 2012). Figura 01 – Distribuição de produtos em um terminal tradicional de cross docking Fonte: os autores Alguns autores utilizam modelos matemáticos para compararem quais situações favorecem sua prática. Segundo Agustina et al., (2010) é fornecida uma síntese da revisão da literatura específica sobre os modelos para planejamento de cross docking, classificando os em três aspectos de acordo com os níveis de decisão operacional, tático ou estratégico. As pesquisas realizadas em relação ao nível operacional, geralmente envolvem os fatores ligados ao desenvolvimento de cronogramas, alinhamentos de portas para cargas e descargas, problemas de transferência, rotas de veículos, e por último, alocação de produtos. Para os níveis táticos e estratégicos os artigos abordaram os projetos de layout e a rede de cross docking, respectivamente. Além desta revisão, a literatura também aponta outras abordagens de pesquisas com modelos matemáticos para adequação das práticas de cross docking. Galbreth et. al., (2008) realizou comparações entre custos de transportee manuseio quando os produtos são encaminhados pelos fornecedores a diversos clientes diretamente ou via um terminal cross dock, com análise Fornecedores Clientes XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013. 4 de quais produtos deveriam ir diretamente ao cliente e quais não, concluindo que o cross docking é mais valioso quando a demanda varia menos e quando os custos unitários das operações nas localizações dos clientes é maior. Kreng e Chen (2008) nesta mesma linha analisaram os custos operacionais, incluindo também os custos de preparação dos produtos, ressaltando que quando o cross docking é mais utilizado, necessita se de mais entregas, haja vista que são entregas menores e estes custos podem acompanhar o incremento. Reforçando a complexidade da coordenação destas operações Schaffer (1997) elaborou modelo com seis categorias necessárias para as operações serem bem sucedidas, acrescentando a importância da coordenação com os demais agentes da cadeia de suprimentos para sincronização das cargas e descargas. Witt (1998) e Yu e Egbelu (2008) analisaram a influência da tecnologia da informação (software, hardware, EDI, codificação em barras e escaneamento de produtos) para controle das operações, corroborando com o survey realizado com os professionais estadunidenses que apontaram que os sistemas de tecnologia da informação (TI) são uma barreira chave para operações bem sucedidas de cross docking (CROSS DOCKING REPORTS, 2011). Uma das questões principais diz respeito às escolhas da tecnologia necessária, pois a partir do momento que for decidida os demais atores da cadeia de suprimentos serão diretamente influenciados. 2.2 Características e modalidades de cross docking Quanto as suas características o cross docking pode ser diferenciado em relação a três grupos: características físicas, características operacionais e características sobre o fluxo de produtos. Sobre as características físicas são consideradas a forma, o número de portas de carga e descarga e o transporte interno. Em relação à forma costuma se observar uma variedade de estilos descritos pela letra correspondente ao desenho (I, L, U, T, H, E, entre outros), já em relação à quantidade de portas os autores relatam a existência de formas com mais de 500 portas, contudo em média de 06 a 08 portas. Já em relação ao transporte interno pode ocorrer apenas por meio manual utilizando-se de mão de obra intensiva, com eventual utilização de equipamentos, como por exemplo empilhadeiras, ou até esteiras automatizadas com leitura de códigos de barras e escaneamento de produtos. A combinação destes dois modelos também é uma característica possível(VAN BELLE et. al., 2012). Passando para as características operacionais algumas decisões podem influenciar o funcionamento do cross docking com situações em que há maior flexibilidade para o alinhamento dos veículos nas portas de carga e descarga ou em determinadas ocasiões em que há exclusividade para alguns veículos em determinadas portas. Outra decisão operacional refere-se se ser utilizado um lado para carga e outro para descarga ou se as portas serão mistas. Há possibilidades para pedidos prioritários que em determinadas situações podem interromper o processo de carga e descarga em andamento(VAN BELLE et. al., 2012). Por último as características sobre o fluxo de produtos, os quais podem ser diferenciados em relação aos padrões de chegada, ao horário de saída, ao intercambiamento e aos estoques temporários. Sobre o padrões de chegada, que são determinados pelo horário de chegada dos veículos, podem ser concentrados em um ou mais períodos, em intervalos próximos. Outra possibilidade seria um recebimento disperso e os veículos têm períodos diferentes para entrega durante o dia. Esta variável é relevante para analisar a influência do congestionamento de produtos nos terminais, nas escalas de trabalhadores e nos recursos organizacionais. Sobre o horário de saída dos veículos podem existir restrições ou não. Na maioria dos casos não há XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013. 5 restrições, entretanto pode ser que alguns veículos tenham que seguir uma prioridade. Sobre o intercambiamento de produtos é notado apenas em poucas situações, consideradas pós- distribuição. Sobre os estoques temporários nas operações de cross docking consideradas puras as cargas são transferidas diretamente sem estocagem, porém na prática isto raramente acontece, pois geralmente os produtos ficam aguardando na área destinada a porta de carregamento. Há situações específicas em cargas refrigeradas que não há possibilidade de permanecer em estoque e são transferidas diretamente (VAN BELLE et. al., 2012). O sistema de cross docking tem algumas modalidades que podem ser operacionalizadas de diferentes maneiras, alguns autores citam as diferentes modalidades existentes, gerando várias classificações. A classificação mais detalhada foi apresentada por John A. White III, citado por Richardson (1999) e pelo artigo da revista Modern Materials Handling (1998). Segundo o autor, o cross docking pode ser classificado como: Movimento Contínuo Unitizado: considerado a forma verdadeira de cross docking, a mercadoria segue diretamente das docas de recebimento para as docas de embarque. Movimento Consolidado: a mercadoria recebida é quebrada e parte dela é destinada a um cliente enquanto outra parte é destinada a outro ou então direcionada ao estoque e combinada com outros itens do estoque tradicional, para formar um pedido completo e ser embarcada. Este tipo de cross docking considerado híbrido, pois pode se utilizar do estoque tradicional também. Movimento de Distribuição: os produtos ao serem recebidos são quebrados e combinados entre si para serem distribuídos em cargas completas para os respectivos clientes. Já Zinn (1998) apud Oliveira e Pizzolato (2003) menciona que o cross docking é uma técnica flexível e que pode ser implementado com diferentes níveis, tanto no aspecto de comunicação quanto no de distribuição. Assim, o autor classifica o cross docking em quatro diferentes formas: Direto ou Palete fechado: cada fornecedor prepara um palete por loja e durante a operação os paletes são organizados por loja e cada uma receberá apenas um caminhão contendo o sortimento de produtos pedido. Reprocessamento: essa modalidade opera quando o volume destinado a cada loja é insuficiente para um palete fechado. Nesse caso, os paletes podem ser abertos e a carga fracionada para as diversas lojas. Breve armazenagem: nessa modalidade, o cross docking opera com uma pequena armazenagem, pois nesse caso o volume fornecido é insuficiente não só para formar um palete fechado, mas também para realizar entregas com a mesma freqüência. Assim, os pedidos são formados parte pelo que é recebido e parte pelo que é mantido em estoque. Combinado: o cross docking opera combinando as características das opções anteriores. As classificações mencionadas acima possuem relação e coerência entre si, na medida em que todas elas levam em consideração fatores diferenciados. Então, a cada modificação no cenário ou nos fatores de operação, a classificação vai se tornando mais flexível. Como existem diversas variações de cross docking, o sucesso está em decidir qual a melhor maneira de executá-lo, levando em consideração o tipo de negócio e a linha do produto (TERRERI, 2001). Apte e Viswanathan (2000) classificam que o sistema cross docking não é usualmente utilizado como um sistema puro, mas sim, esteé normalmente combinado com uma estratégia tradicional de armazenagem e distribuição. XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013. 6 2.3 Vantagens e desvantagens da operação cross docking De acordo com a Boysen e Fliedner (2009) e Van Belle et al., (2012) na literatura relacionada ao cross docking são apresentadas diversas vantagens em relação aos centros de distribuição tradicionais: (a) redução de custos (armazenagem, inventário, mão de obra, manuseio dos produtos); (b) menor tempo de entrega (do fornecedor para o cliente); (c) melhoria no serviço ao cliente; (d) redução no espaço para estocagem; (e) troca mais rápida do inventário; (f) menores estoques; e, por fim, (g) menor risco de avarias e perda da validade dos produtos. Já em relação às entregas diretas de ponto a ponto, as vantagens são: (1) redução de custo de transporte e mão de obra; (2) consolidação dos carregamentos; (3) melhoria na utilização de recursos (veículos com capacidade máxima) e por último, (4) melhor definição entre as quantidades transportadas e a demanda necessária. Devido estas vantagens, representa uma estratégia logística interessante para proporcionar maior competitividade para as cadeias de suprimentos, entretanto estudos mostram que nem sempre o cross docking será a melhor estratégia. Alguns fatores podem dificultar sua realização, como o desbalanceamento entre a quantidade de descargas em relação aos carregamentos, devido à necessidade de sincronização para evitar estoques por longos períodos, por isso produtos com maior demanda são mais aconselhados para estas operações, haja vista que possuem maior estabilidade entre as quantidades solicitadas, como por exemplo, produtos perecíveis e alimentos (VAN BELLE et al., 2012). Outrabarreira importante para a sua implementação refere-se ao o custo unitário da falta do produto no estoque, isto é, como o cross docking diminui a quantidade de produtos em estoque, o risco de uma ausência momentânea é elevado, porém se o custo da falta do produto for baixo, os benefícios podem compensar pela diminuição do custo de estocagem (VAN BELLE et al., 2012). Excluindo estas e outras possíveisbarreiras, há fatores que favorecem a aplicabilidade do cross docking, como: a distância entre os fornecedores e os clientes (maiores distâncias favorecem a consolidação de pedidos), o valor e o ciclo de vida do produto (maior redução no inventário para produtos com maior valor e ciclo de vida mais curto), a quantidade demandada (maior redução nos custos e espaço com inventário para produtos com grande circulação), as oportunidades de carregamentos de diversos fornecedores (maior garantia de sincronização entre as cargas e descargas dos veículos), etc.(APTE; VISWANATHAN, 2010). Pode-se considerar a partir dessas variações conceituais, dos fatores ligados a quando e como realizar o cross docking, bem como suas próprias características, que existem aspectos relevantes, bem como lacunas a serem pesquisadas, sobre como os processos são implementados, quais facilidades são usadas, quando os pedidos são ordenados no processo de distribuição, o número de vezes que os produtos são “tocados”, quanto tempo permanecem esperando nas portas do terminal ou cross dock, e quanto irão levar para chegar ao destino após embarcados, se existe uma forma ideal para o terminal de transferência, entre outros. 2.4 Vantagem competitiva em operações XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013. 7 Nessa seção será conceituado sobre a formulação da estratégia com base na Teoria da Visão Baseada em Recursos (RBV) e os objetivos de desempenho da operação. Segundo Barney (1991) a RBV tem o papel importante na vantagem competitiva organizacional por estudar as condições internas para identificar quais recursos podem melhorar o desempenho da organização no mercado. Para uma organização operar com sucesso a logística precisa de recursos tecnológicos, recursos humanos, recursos materiais, recursos físicos e recursos organizacionais (KARIA e WONG, 2012). Desta forma, entende-se que o gestor de logística tem condições de melhorar o desempenho da empresa por meio da combinação dos recursos e capacidades internas que geram sucesso na operação (WERNERFELT, 1984), em que o recurso seja valioso, raro, de difícil imitação e utilizadas de maneira organizada (BARNEY, 1991). A organização melhora a capacidade quando seleciona os recursos importantes para a operação e os funcionários operam as atividades (GRANT, 1991). Também é preciso atender os objetivos de desempenho da operação para gerar vantagem competitiva, que consiste no pano de fundo da estratégia operacional, que são: produzir produtos com qualidade, velocidade e responsividade na entrega, confiabilidade para atender os compromissos assumidos, flexibilidade operacional para atender os clientes e desenvolver operação com menor custo possível (SLACK, 2009). Desta forma, entende-se como hipótese que o cross docking, entendido como recurso organizacional importante para a operação logística, implementado na cadeia de suprimentos poderá melhorar o desempenho da firma, possibilitando atender com excelência os cinco objetivos de desempenho da operação. 3 Metodologia da pesquisa Este artigo partiu da revisão da literatura com o objetivo de aglutinar os conceitos importantes para o desenvolvimento do formulário de entrevista semiestruturada. Segundo Gil (2002) a revisão bibliográfica, a entrevista com profissionais com visão empírica e a observação em lócus permite maior entendimento exploratório sobre o objeto estudado. O desenvolvimento das entrevistas semiestruturadas em observação participante foi realizado em cinco empresas, que teve como principal objetivo refinar o formulário de entrevista em relação ao vocabulário utilizado, quantidade de perguntas, abrangência das perguntas, entendimento sobre as perguntas, e outros. O formulário de entrevista é um instrumento de coleta de dados constituído de perguntas abertas (LAKATOS e MARCONI, 2001). A observação participante permite o conhecimento sobre a rotina do objeto estudado, sendo importante para coleta de dados (BOGDAN; BIKLEN, 1992; McCRACKEN, 1991). Segundo Forza (2002) e Cauchick et al., (2010) antes de realizar efetivamente a pesquisa na população (survey exploratório) é importante estabelecer o teste piloto do instrumento de pesquisa em uma amostra que possa sugerir mudanças e criticar aspectos não observados pelos pesquisadores, principalmente porque o instrumento deve se adaptar ao vocabulário dos entrevistados e estar coerente com a prática para evitar interpretações erradas das questões do instrumento, gerando constatações erradas. Com base nas entrevistas tornou-se possível realizar análise qualitativa das informações por meio da análise intracaso e intercasos dos dados pesquisados. Segundo Miles e Huberman (1994) que para análise intracaso dos dados coletados o uso de matriz para tabular as XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013. 8 informações constatadas no processo de entrevista, permitindo explicar melhor o objeto estudado e tornar mais compreensível os fatos. Após tabular cada entrevista, é imprescindível estabelecer a análise intercasos, tornando a explicação mais compreensível e mais objetiva. Segundo Yin (2010) permite a triangulaçãodos dados pesquisados. 3.1 Análise e discussão dos dados Nas empresas entrevistadas identificou-se que a empresa B é a maior em estrutura, capacidade no mercado e é a que tem o maior número de praças atendidas. A empresa C, D e E, consideram as praças atendidas bem estruturadas e visam o crescimento da empresa e o aumento das praças. Já a empresa A que atua com apenas 5 praças e é uma das menores, não visa ampliação de novas praças ela pretende crescer visando a qualidade de serviço nas praças atendidas e não tem perspectivas de ampliação, também tem receio de ariscar em novas praças e não ter uma demanda de materiais para cobrir o investimento. O Quadro 01 elucida o cargo, nível do cargo na organização, anos de experiência na logística e ano de empresa. Quadro 1 - Dados dos entrevistados Qual o cargo o respondente ocupa na organização? Gerente Geral Gerente Operacional Supervisora Comercial Diretor Gerente Operacional Em que nível está o cargo que ocupa na organização? Estratégico Estratégico Operacional Estratégico Operacional Há quantos anos atua nessa firma? 11 anos 5 anos 02 anos 5 anos 3 anos Há quantos anos atua nesta função? 8 anos 8 anos 06 anos 5 anos 5 anos Há quantos anos atua na área de logística? 18 anos 11 anos 06 anos 17 anos 5 anos Fonte: os autores Nos Quadros 2 e 3 são resumidas as entrevistas com base nos ensinamentos de Miles e Huberman (1994), que visa tabular as respostas em uma matriz dinâmica a fim de facilitar o entendimento de cada caso estudado, permitindo tornar mais compreensível os fatos. Após tabular cada entrevista realizou-se a análise intercasos para constatar dados generalizados sobre a amostra estudando resultantes da triangulação entre os casos estudados. É importe salientar que nesse estudo realizou teste piloto do instrumento para realizar survey exploratório em mais de 200 empresas. Desta forma, ao longo das entrevistas coletou-se informações para melhorias do instrumento de pesquisa. Em linhas gerais os entrevistados tiveram dificuldade em responder algumas perguntas do questionário, alegando o uso de termos muito técnico e sugeriram que nos próximos estudos utilizar linguagem mais simples. Outro aspecto criticado foi sobre a quantidade excessiva de questões que cansavam os respondentes. Entretanto, apesar das dúvidas que surgiram nos entrevistados foram apenas duas empresas (B e C) que tiveram dúvidas sobre os termos técnicos utilizados. Quadro 2 Análise intracasos e intercasos sobre as características, modalidades, vantagens e desvantagens da operação de cross docking. Continuação XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013. 10 Fonte: autores Quadro 3 Análise intracasos e intercasos sobre a vantagem competitiva por meio da operação de cross docking. XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013. 11 Fonte: autores 4 Conclusões Esse estudo mostrou as características, modalidades, vantagens, desvantagens e vantagem competitiva na operação de cross docking em cinco empresas da região de São Paulo. Os dados mostraram que a operação mais utilizada é a que combina a unitização contínua, consolidação, palete fechado, reprocessamento e breve armazenagem. A modalidade de cross docking mais utilizada consiste no movimento consolidado, com permanência de produtos no centro de distribuição de 6 a 12 horas, com estrutura tipo I, considerada a mais fácil de ser instalada, principalmente porque faltou planejamento das organizações. A maior quantidade das empresas pesquisadas tem a quantidade de portas reduzidas (2 - 4), apenas uma apresentou grande quantidade de portas (12 para embarque e uma para retira). As características dos fluxos, conforme já menciona é o combinado, por apresentar maior flexibilidade no atendimento de clientes. Os principais problemas apresentados são: (i) 100% Rotas de veículos; (ii) 80% Alocação de portas; (iii) 60% ocorrências em avarias; (iv) 20% Estoques temporários, que afetam os custos; (v) 20% localização da estrutura; (vi) 20% falta de veículos e motoristas; (vii) 20% agendamento dos veículos e (viii) 20% falta de treinamento do pessoal. As principais vantagens da operação de cross docking são apresentadas: (i) 80% Redução de custos para manter custos fixos; (ii) 40% Acessibilidade de informação sobre o produto e (iii) 20% não concorda que redução da área física para distribuição seja uma vantagem. As desvantagens mais comuns são: (i) 40% Relações imperfeitas com fornecedores; (ii) 40% Deficiências gerenciais; (iii) 40% Dependências inadequadas ou retornos sobre investimentos insuficientes para justificar a compra, reforma ou construção de um CD apropriado; (iv) 20% Sincronização entre fornecedor e demanda e (v) 20% acrescentou-se sobre concorrência acirrada. Outro aspecto explorado nessa pesquisa foi identificar qual o nível de adesão de objetivos de desempenho na operação de cross docking. Todas as empresas pesquisadas consideram que os principais objetivos de desempenho da operação visam reduzir custos, atribuir flexibilidade no atendimento responsivo aos clientes, melhorar o prazo de entrega e incrementar o nível da qualidade das empresas que utilizam. Ainda sobre vantagem competitiva, 100% das organizações consideram que o cross docking consiste em estratégia para melhorar o desempenho da firma e 80% das empresas consideram a operação de cross docking como recurso organizacional. Somente uma empresa mencionou que não considera a operação de cross docking como recurso. As organizações (80%) consideram também que as operações cross docking são fáceis de imitar. E apenas uma empresa apontou ter um diferencial de difícil imitação em relação a atender menores praças para atender com mais qualidade. Outro aspecto relevante, é que 100% das empresas afirmaram que o cross docking é um recurso pouco utilizado pelas organizações, por falta de conhecimento. E por fim, 100% das empresas afirmam que o cross docking é um recurso valioso para as organizações. É importante destacar que foi realizado o teste piloto do instrumento em cinco organizações a fim de refinar o questionário para aplicação de survey exploratório em mais de 200 empresas do Brasil. XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013. 13 Referências AGUSTINA, D.; LEE, C.K.M.; PIPLANI, R. A Review: mathematical modles for cross docking plannig. International Journal of Engineering Business Management, v. 2, n. 2, p. 47-54, 2010.. APTE, U. M.; VISWANATHAN, S. Effective cross docking for improving distribution efficiencies. International Journal of Logistics: Research and Applications. V. 3, n. 3, p. 291- 302, 2000. BARNEY, B, J; HESTERLEY , S, W: Administração estratégica e vantagem competitiva conceitos e casos, Pearson, São Paulo, 2011 BARNEY, Jay B. 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