Buscar

Bioquimica clinica

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 196 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 196 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 196 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Indaial – 2021
Bioquímica clínica
Prof.ª Mayra Fernanda Ricci
1a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2021
Elaboração:
Prof.ª Mayra Fernanda Ricci
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
Impresso por:
R491b
Ricci, Mayra Fernanda
Bioquímica clínica. / Mayra Fernanda Ricci. – Indaial: 
UNIASSELVI, 2021.
184 p.; il.
ISBN 978-65-5663-480-7
ISBN Digital 978-65-5663-479-1
1. Bioquímica médica. – Brasil. II. Centro Universitário Leonardo da 
Vinci.
CDD 612.015
apresentação
Olá, acadêmico, convidamos você a ingressar na disciplina de Bio-
química Clínica. Segue uma breve introdução sobre o conteúdo que iremos 
estudar nesta disciplina. Seja bem-vindo!
A Bioquímica Clínica, também amplamente conhecida na área da saúde 
como Química Clínica, é uma ciência que estuda, através de parâmetros bioquími-
cos, as alterações metabólicas dos fluidos corporais, como, por exemplo, o sangue 
e a urina. As análises dessas alterações podem fornecer informações relevantes so-
bre o estado clínico do indivíduo. Os parâmetros bioquímicos analisados servem 
como prevenção, diagnóstico, monitoramento, podendo inclusive, em alguns ca-
sos, determinar o tipo de tratamento que será utilizado nas doenças. 
Assim, nosso livro está divido em três unidades, a fim de facilitar a 
compreensão acerca do assunto.
Na Unidade 1 será apresentada uma introdução ao laboratório de 
bioquímica clínica. A unidade está dividida em quatro tópicos. O Tópico 1 
mostrará a estrutura física dos laboratórios clínicos, bem como trará informa-
ções sobre o fluxo processual de assistência laboratorial, as principais fontes 
de variação laboratoriais e também os exames mais comumente solicitados 
na clínica. O tópico 2 abordará os processos que envolvem a gestão laborato-
rial, em destaque mostrará os erros laboratoriais e os processos envolvidos 
no controle de variáveis e os princípios gerais de controle de qualidade. O 
Tópico 3 irá abordar os princípios da fotometria, no qual a maioria dos pro-
cessos utilizados em bioquímica clínica envolvem a análise da absorção da 
luz pela matéria para determinar a concentração de compostos presentes em 
solução. E por fim, o Tópico 4, a enzimologia clínica como papel central nas 
reações metabólicas, utilizada no diagnóstico e tratamento de doenças.
Na Unidade 2 será apresentada de maneira geral as funções bioquími-
cas dos sistemas fisiológicos, as técnicas da prática laboratorial, bem como a 
interpretação do resultado dos exames realizados. A unidade está dividida em 
cinco tópicos. O Tópico 1 mostrará os principais biomarcadores utilizados na 
clínica, a avaliação bioquímica da urina e sua interpretação através da corre-
lação com o sedimento urinário. O Tópico 2 abordará os mecanismos básicos 
que causam lesões e as principais doenças hepáticas que dependem de diag-
nóstico laboratorial. O Tópico 3 abordará a avaliação laboratorial da diabetes 
melito, juntamente com as causas de quadros hipoglicêmicos. O Tópico 4 in-
dicará os procedimentos envolvidos no diagnóstico laboratorial das dislipide-
mias. E por fim, o Tópico 5 irá abordar as doenças cardíacas mais comuns que 
normalmente necessitam de um diagnóstico bioquímico como o infarto agudo 
do miocárdio (IAM) e a insuficiência cardíaca congestiva (ICC). 
E a última unidade deste livro, a Unidade 3, trará tópicos especiais da 
Bioquímica Clínica. O Tópico 1 mostrará a implicação clínica das alterações no 
equilíbrio eletrolítico dos íons nos sistemas corporais, bem como sobre a utilização 
e os processos envolvidos na solicitação do exame de gasometria arterial e venosa. 
No Tópico 2 serão abordadas as substâncias que estão alteradas no metabolismo 
ósseo e os tipos de exames realizados na prática clínica. E, por fim, o Tópico 3 trará 
conhecimento sobre os biomarcadores tumorais e sua utilização no diagnóstico, 
prognóstico, acompanhamento e monitorização de pacientes com câncer.
Acadêmico! É importante que você também busque suporte através 
da leitura de outras literaturas disponíveis. As leituras complementares dis-
poníveis no corpo do livro também são bons recursos e têm como objetivo 
ampliar seu aprendizado sobre o assunto. 
Desejamos que tenha uma ótima leitura.
Bons estudos!
Profª Mayra Fernanda Ricci
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para 
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novi-
dades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagra-
mação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui 
para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilida-
de de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assun-
to em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
NOTA
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela 
um novo conhecimento. 
Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro 
que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você 
terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complemen-
tares, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento.
Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.
Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!
LEMBRETE
sumário
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À BIOQUÍMICA CLÍNICA ....................................................... 1
TÓPICO 1 — LABORATÓRIO DE BIOQUÍMICA CLÍNICA ....................................................... 3
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 3
2 A INTERPRETAÇÃO DE RESULTADOS ....................................................................................... 4
2.1 EXAMES BÁSICOS E ESPECIALIZADOS .................................................................................. 4
2.2 IMPORTÂNCIA DOS EXAMES LABORATORIAIS ................................................................. 7
3 TESTES NO LOCAL DO ATENDIMENTO .................................................................................. 8
3.1 NOÇÕES DE COLETA, SEPARAÇÃO E ARMAZENAMENTO DO MATERIAL .............. 8
3.1.1 Coleta de amostra de sangue .............................................................................................. 9
3.1.2 Coleta de amostra de urina ................................................................................................ 11
3.1.3 Outros tipos de amostras .................................................................................................... 11
3.1.4 Análise da amostra .............................................................................................................. 11
3.2 Análise de resultados variáveis ...................................................................................................11
3.2.1 Precisão e exatidão .............................................................................................................. 12
3.2.2 Sensibilidade analítica e especificidade ............................................................................ 12
3.2.3 Sensibilidade e especificidade (testes) .............................................................................. 12
4 INTERVALOS DE REFERÊNCIAS................................................................................................. 13
RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 16
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 17
TÓPICO 2 — GESTÃO DA QUALIDADE EM BIOQUÍMICA CLÍNICA ................................ 19
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 19
2 FUNDAMENTOS DA GESTÃO EM QUALIDADE TOTAL ................................................... 19
2.1 OS PROCESSOS DE TESTAGEM GERAL ................................................................................ 22
3 CONTROLE DE VARIÁVEIS .......................................................................................................... 23
3.1 VARIÁVEIS PRÉ-ANALÍTICAS ................................................................................................. 23
3.2 VARIÁVEIS ANALÍTICAS .......................................................................................................... 24
3.2.1 DOCUMENTAÇÃO DE PROTOCOLOS ANALÍTICOS ............................................... 24
4 PRINCÍPOS GERAIS DE GRÁFICOS CONTROLE ................................................................. 25
4.1 SISTEMA DE LEVEY-JENNINGS .............................................................................................. 25
4.2 GRÁFICO MULTIRREGRAS DE WESTGARD ........................................................................ 27
5 CONTROLE EXTERNO DE QUALIDADE .................................................................................. 30
RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 31
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 32
TÓPICO 3 — FUNDAMENTOS DE FOTOMETRIA .................................................................... 33
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 33
2 CONCEITOS BÁSICOS ................................................................................................................... 33
2.1 TRANSMITÂNCIA E ABSORBÂNCIA..................................................................................... 34
2.1.1 Absorção de luz pela matéria e escolha do melhor comprimento de onda ................ 35
2.2 LEI DE LAMBERT-BEER ............................................................................................................ 36
2.2.1 Desvios da Lei de Lambert-Beer ........................................................................................ 37
2.3 ESPECTROFOTÔMETRO .......................................................................................................... 38
2.3.1 Componentes do espectrofotômetro ................................................................................. 38
3 CURVA-PADRÃO, CURVA DE CALIBRAÇÃO OU CURVA DE REFERÊNCIA ................. 39
RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 42
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 43
TÓPICO 4 — ENZIMOLOGIA CLÍNICA ....................................................................................... 45
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 45
2 CINÉTICA ENZIMÁTICA ............................................................................................................... 45
2.1 TEMPERATURA ........................................................................................................................... 46
2.2 pH .................................................................................................................................................... 47
3 ENZIMOLOGIA ANALÍTICA ........................................................................................................ 48
3.1 ENZIMAS COMO REAGENTES ANALÍTICOS ...................................................................... 49
3.1.1 Medição de metabólitos ...................................................................................................... 49
3.1.2 Imunoensaio ......................................................................................................................... 49
3.1.3 Medição de isoenzimas e isoformas .................................................................................. 50
4 ENZIMAS SÉRICAS ......................................................................................................................... 50
4.1 ENZIMAS MUSCULARES – CREATINOQUINASE (CK) E ALDOLASE (ALD) .............. 51
4.2 ENZIMAS HEPÁTICAS – AMINOTRANSFERASES, Γ-GLUTAMILTRANSFERASE 
 E FOSFATASE ALCALINA ......................................................................................................... 52
4.3 ENZIMAS PANCREÁTICAS – AMILASE E LIPASE .............................................................. 54
4.4 LACTATO DESIDROGENASE ................................................................................................... 54
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 56
RESUMO DO TÓPICO 4..................................................................................................................... 58
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 59
REFERÊNCIAS ...................................................................................................................................... 60
UNIDADE 2 — FUNÇÕES BIOQUÍMICAS DOS SISTEMAS FISIOLÓGICOS ................... 63
TÓPICO 1 — AVALIAÇÃO LABORATORIAL DA FUNÇÃO RENAL ..................................... 65
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 65
2 FUNÇÃO RENAL ............................................................................................................................. 65
2.1 UREIA ............................................................................................................................................ 66
2.2 CREATININA ................................................................................................................................ 68
2.3 ÁCIDO ÚRICO .............................................................................................................................. 70
3 ANÁLISES BIOQUÍMICAS ............................................................................................................ 70
3.1 SEDIMENTO URINÁRIO ........................................................................................................... 71
RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 73
AUTOATIVIDADE ..............................................................................................................................74
TÓPICO 2 — AVALIAÇÃO LABORATORIAL DA FUNÇÃO HEPÁTICA ............................. 75
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 75
2 DOENÇA HEPÁTICA ...................................................................................................................... 75
2.1 MECANISMOS E PADRÕES DE LESÃO ................................................................................. 76
3 DOENÇA HEPÁTICA AGUDA ...................................................................................................... 78
4 DOENÇA HEPÁTICA CRÔNICA ................................................................................................. 79
4.1 HEPATITE CRÔNICA – SIGNIFICADO ................................................................................... 79
RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 81
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 82
TÓPICO 3 — AVALIAÇÃO LABORATORIAL DA DIABETES MELLITUS 
 E HIPOGLICEMIA ...................................................................................................... 85
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 85
2 METABOLISMO DA GLICOSE ..................................................................................................... 85
3 DIABETES MELLITUS...................................................................................................................... 88
3.1 DIABETES MELLITUS TIPO 1 e 2 .............................................................................................. 88
3.1.1 DM Tipo 1 ............................................................................................................................ 88
3.1.2 DM Tipo 2 ............................................................................................................................. 88
3.2 GLICEMIA EM JEJUM ................................................................................................................. 89
3.3 TESTE DE HEMOGLOBINA GLICADA E DIABETES ........................................................... 90
4 TESTE DE TOLERÂNCIA À GLICOSE (TTG/TTOG/CURVA GLICÊMICA) ...................... 91
5 HIPOGLICEMIA ................................................................................................................................ 92
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 94
RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 99
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 100
TÓPICO 4 — AVALIAÇÃO LABORATORIAL DAS DISLIPIDEMIAS ................................. 101
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 101
2 ASPECTOS GERAIS DO METABOLISMO LIPÍDICO ........................................................... 101
2.1 LIPOPROTEÍNAS – ESTRUTURA E FUNÇÃO ..................................................................... 102
2.2 FISIOPATOLOGIA DAS DISLIPIDEMIAS PRIMÁRIAS ...................................................... 104
3 AVALIAÇÃO LABORATORIAL DOS PARÂMETROS LIPÍDICOS .................................... 105
RESUMO DO TÓPICO 4................................................................................................................... 109
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 110
TÓPICO 5 — AVALIAÇÃO LABORATORIAL DAS DOENÇAS 
 CARDIOVASCULARES ........................................................................................... 111
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 111
2 DOENÇA CARDÍACA – SÍNDROMES CORONARIANAS AGUDAS .............................. 111
3 BIOMARCADORES CARDÍACOS NO IAM ............................................................................ 112
3.1 TROPONINAS ............................................................................................................................ 112
3.2 CREATINA QUINASE TOTAL E ISOENZIMAS ................................................................... 113
3.3 MIOGLOBINA ............................................................................................................................ 114
4 INSUFICIÊNCIA CARDÍACA CONGESTIVA (ICC) .............................................................. 115
4.1 BIOMARCADOR CARDÍACO NA ICC ................................................................................. 115
RESUMO DO TÓPICO 5................................................................................................................... 117
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 118
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 119
UNIDADE 3 — TÓPICOS ESPECIAIS EM BIOQUÍMICA CLÍNICA .................................... 125
TÓPICO 1 — ELETRÓLITOS E OS GASES SANGUÍNEOS .................................................... 127
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 127
2 ELETRÓLITOS ................................................................................................................................. 127
2.1 SÓDIO ........................................................................................................................................... 127
2.2 POTÁSSIO .................................................................................................................................... 128
2.3 CLORETO ................................................................................................................................... 129
3 MÉTODOS LABORATORIAIS PARA DOSAGEM DOS ELETRÓLITOS ......................... 131
3.1 FOTOMETRIA DE CHAMA ..................................................................................................... 131
3.2 ELETRODOS ÍONS SELETIVOS (ISE) ..................................................................................... 131
3.3 ENZIMÁTICO ............................................................................................................................. 132
4 TESTE DE CLORETO NO SUOR ............................................................................................... 132
4.1 EXAMES QUALITATIVOS ........................................................................................................ 134
4.2 EXAMES QUANTITATIVOS .................................................................................................... 134
5 BICARBONATO (DIÓXIDO DE CARBONO TOTAL) ............................................................ 137
6 GASOMETRIA ................................................................................................................................. 137
RESUMO DO TÓPICO 1................................................................................................................... 140
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 142
TÓPICO 2 — METABOLISMO ÓSSEO .........................................................................................145
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 145
2 TECIDO ÓSSEO – METABOLISMO ........................................................................................... 145
2.1 METABOLISMO DO CÁLCIO.................................................................................................. 146
2.2 HIPERCALCEMIA .................................................................................................................... 149
2.3 HIPOCALCEMIA ....................................................................................................................... 150
2.4 CÁLCIO URINÁRIO .................................................................................................................. 151
3 METABOLISMO DO FÓSFORO ................................................................................................. 151
3.1 HIPERFOSFATEMIA .................................................................................................................. 152
3.2 HIPOFOSFATEMIA .................................................................................................................... 152
3.3 FOSFATO URINÁRIO ................................................................................................................ 153
4 ENFERMIDADES ÓSSEAS .......................................................................................................... 154
4.1 OSTEOPOROSE .......................................................................................................................... 154
4.2 OSTEOMALACIA E RAQUITISMO ....................................................................................... 154
4.3 OSTEÍTE DEFORMANTE OU DOENÇA ÓSSEA DE PAGET............................................. 155
RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 158
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 160
TÓPICO 3 — MARCADORES TUMORAIS ................................................................................. 161
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 161
2 CÂNCER ............................................................................................................................................ 161
2.1 DIRETRIZES PARA AVALIAÇÃO CLÍNICA ........................................................................ 166
2.2 APLICAÇÕES PRÁTICAS NA UTILIZAÇÃO DE MARCADORES TUMORAIS............ 167
3 MÉTODOS ANALÍTICOS ............................................................................................................. 168
LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 172
RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 178
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 180
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 181
1
UNIDADE 1 — 
INTRODUÇÃO À BIOQUÍMICA 
CLÍNICA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• compreender a bioquímica clínica como um ramo da medicina la-
boratorial no qual métodos químicos e bioquímicos são aplicados 
para o estudo de doenças;
• elencar quais são os processos envolvidos na gestão de qualidade 
interna e externa de um laboratório clínico;
• identificar os fundamentos básicos de fotometria para o labora-
tório clínico;
• conhecer as enzimas responsáveis por alterações patológicas nos 
tecidos do corpo e suas funções;
• conhecer os processos envolvidos na medição da atividade ou 
massa no soro ou plasma das enzimas em laboratório clínico. 
2
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em quatro tópicos. No decorrer da 
unidade, você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o 
conteúdo apresentado.
TÓPICO 1 – LABORATÓRIO DE BIOQUÍMICA CLÍNICA 
TÓPICO 2 – GESTÃO DA QUALIDADE EM BIOQUÍMICA
 CLÍNICA
TÓPICO 3 – FUNDAMENTOS DE FOTOMETRIA
TÓPICO 4 – ENZIMOLOGIA CLÍNICA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos 
em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá 
melhor as informações.
CHAMADA
3
TÓPICO 1 — 
UNIDADE 1
LABORATÓRIO DE BIOQUÍMICA 
CLÍNICA
1 INTRODUÇÃO
A bioquímica originou-se como um ramo da fisiologia humana, que através 
da observação da urina, do sangue e de outros fluidos naturais poderiam auxiliar 
no diagnóstico desta ou daquela doença. Nos seus primórdios, a bioquímica foi 
consequentemente conhecida como Química Fisiológica. Nos dias atuais, a Fisio-
logia, de acordo com o Concise Oxford Dictionary, é a “ciência das funções normais 
e dos fenômenos que se passam nos seres vivos”. Se ocupa particularmente dos 
aspectos químicos destas funções e destes fenômenos, sendo um dos meios pelos 
quais pode ser estudada a fisiologia (BALDWIN, 1972). Já a bioquímica clínica, 
também chamada de química clínica, é o ramo da medicina laboratorial que utiliza 
métodos químicos e bioquímicos para o estudo das doenças. O ramo na bioquímica 
clínica de forma geral, mas não exclusivamente, abrange os estudos não morfológi-
cos, como a pesquisa de alterações no sangue e na urina. Além desses fluidos, ainda 
podem ser feitas análises de outros fluidos corporais, como do líquor, das secreções 
da cavidade nasal e oral, das secreções gástricas, entre outras.
 
Os exames relacionados à bioquímica abrangem cerca de um terço dos tes-
tes de um laboratório clínico, o que será o tema abordado neste nosso primeiro 
tópico. Os laboratórios clínicos têm o papel de produzir e fornecer informações 
diagnósticas no suporte às decisões clínicas. A realização de exames laboratoriais 
ocorre em um ambiente extremamente complexo, onde coexistem procedimentos, 
equipamentos, tecnologia e conhecimento humano (SHCOLNIK, 2012), e que estão 
em constante modificações por questões tecnológicas, científicas ou de mercado.
A qualidade dos laboratórios clínicos é de extrema importância, e tem 
sido impulsionada por requisitos legais e de reconhecimento da qualidade via 
programas de acreditação. Em primeiro lugar estão indicados requisitos da AN-
VISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) como a RDC 302/2005, regula-
mento técnico amplo que define as normas para o funcionamento dos laborató-
rios clínicos. Por se tratar de legislação sanitária, é de cumprimento obrigatório. 
O laboratório que não atender às exigências da legislação pode sofrer sanções 
e até suspensão de suas atividades. Em segundo lugar, estão os requisitos dos 
programas de acreditação de laboratórios, um exemplo são as diretrizes e norma-
tivas da PALC – Programa de Acreditação de Laboratórios Clínicos da Sociedade 
Brasileira de Patologia Clínica – SBPC/ML, utilizada por laboratórios que apre-
sentam bons conceitos de controle de qualidade. Abordaremos esse assunto mais 
especificamente no Tópico 2 desta unidade.
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À BIOQUÍMICA CLÍNICA
4
Caro acadêmico, a seguir, ao longo do Tópico 1, serão apresentadas as 
principais características de laboratório clínico, bem como sua aplicabilidade na 
rotina laboratorial. 
2 A INTERPRETAÇÃO DE RESULTADOS
Os resultados dos exames bioquímicos são utilizados para diagnóstico e 
para o acompanhamento de um tratamento, e podem ser úteis na triagem de 
doenças e no prognóstico, caso o diagnóstico já tenha sido realizado. Há também 
uma outra vertente dos testes bioquímicos, a utilização dos testes em pesquisa 
científica sobre a base das doenças e para o desenvolvimentode novos fármacos 
(Figura 1) (TIETZ; BURTIS; BRUNS, 2016).
FIGURA 1 – A BIOQUÍMICA CLÍNICA NA ÁREA DA MEDICINA
FONTE: A autora
2.1 EXAMES BÁSICOS E ESPECIALIZADOS
Os laboratórios clínicos e hospitalares oferecem serviços bioquímicos 
básicos, entretanto, não necessariamente no mesmo nível, ambos podem dispo-
nibilizar “análises básicas”, sendo testes requeridos rotineiramente para vários 
pacientes e com frequência (TIETZ; BURTIS; BRUNS, 2016).
Os exames especializados referem-se a uma variedade de especialidades 
dentro da bioquímica clínica. O laboratório clínico pode não ser totalmente equi-
pado para a realização dos exames bioquímicos solicitados pelo médico, portanto, 
para o diagnóstico, por exemplo, de alguma doença rara que requer a utilização 
de exame bioquímico, pode-se encaminhar a amostra do paciente para centros de 
referências que realizarão os testes específicos (TIETZ; BURTIS; BRUNS, 2016).
TÓPICO 1 — LABORATÓRIO DE BIOQUÍMICA CLÍNICA
5
O Quadro 1 indica os principais exames básicos e especializados realiza-
dos na bioquímica clínica:
QUADRO 1 – CONJUNTO DE EXAMES DA BIOQUÍMICA CLÍNICA
Exames básicos
Sódio, potássio e bicarbonato
Ureia e creatinina
Cálcio e fosfato
Proteínas totais e albumina
Bilirrubina e fosfatase alcalina
Alanina aminotransferase (ALT) e aspartato aminotransferase (AST)
Tiroxina livre (FT4) e hormônio estimulante da tireoide (TSH)
γ-glutamil transferase (γGT)
Creatina cinase (CK)
H+, PCO2 e PO2 (gases no sangue)
Glicose
Amilase
Exames especializados
Hormônios
Proteínas específicas
Elementos traço
Vitaminas
Drogas
Lipídeos e lipoproteínas
Metabólitos intermediários
Análise de DNA
FONTE: A autora
Como vimos, caro acadêmico, diversos exames podem ser efetuados em 
um laboratório de análises clínicas (este número pode chegar a centenas), apre-
sentando um amplo espectro quanto a sua complexidade, desde uma dosagem 
de glicose sanguínea até mesmo a análise do material genético (CLINICAL AND 
LABORATORY STANDARDS INSTITUTE, 2011). 
Existem duas formas básicas para realizar a análise do material coletado para 
o exame: análises automatizadas e análises manuais. A última pode ser realizada 
através de kits comerciais ou reagentes preparados no laboratório. A forma com que 
um exame será realizado varia de acordo com a demanda, o tipo de laboratório, entre 
outras circunstâncias. Um critério para a adoção de determinados procedimentos de 
análise é a frequência com que um exame é solicitado. Exames que são realizados em 
grande quantidade e diariamente por um laboratório (por ex., perfil lipídico e glicê-
mico sanguíneo, bilirrubinas e catecolaminas urinárias) são, muitas vezes, automa-
tizados. Já exames cuja demanda não é tão alta, comumente são feitos de forma não 
automatizada, tanto através de kits comerciais previamente prontos como a partir de 
reagentes preparados dentro do próprio laboratório (Figura 2).
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À BIOQUÍMICA CLÍNICA
6
FIGURA 2 – ANÁLISES DAS AMOSTRAS: (A) ANÁLISE MANUAL; (B) ANÁLISE PELO KIT; (C) ANÁLI-
SE AUTOMATIZADA
FONTES: <https://bit.ly/3sCXocJ>. <https://bit.ly/3gsfAn4>. <https://bit.ly/3sxKGvL>. Acesso 
em: 23 nov. 2020.
Didaticamente, os processos que envolvem desde o pedido de exame, até 
entrega do resultado ao paciente podem ser divididos em três fases: pré-analítica, 
analítica e pós-analítica. A fase pré-analítica consiste na preparação do paciente, cole-
ta, manipulação e armazenamento do espécime diagnóstico, antes da determinação 
analítica. A fase pré-analítica, portanto, engloba todas as atividades que precedem o 
ensaio laboratorial, dentro ou fora do laboratório de análises clínicas (MOTTA, 2009).
A fase analítica inicia-se com a validação do sistema analítico, através do 
controle da qualidade interno na amplitude normal e patológica, e se encerra 
quando a determinação analítica gera um resultado. Já a fase pós-analítica ini-
cia-se após a geração do resultado analítico, quantitativo e/ou qualitativo, sendo 
finalizada após a entrega do laudo conforme legislação vigente (MOTTA, 2009).
Cada fase é de suma importância em um laboratório clínico. Erros que ocor-
ram na fase inicial, média ou final vão consequentemente alterar o resultado final da 
análise. Os detalhes das etapas seguidas em cada fase estão indicados na Figura 3.
FIGURA 3 – FLUXO PROCESSUAL DA ASSISTÊNCIA LABORATORIAL
FONTE: A autora
Acadêmico, precisamos levar em consideração as variações nos ensaios 
laboratoriais, dentre elas a variação biológica. As variações dos componentes 
biológicos presentes nos fluídos orgânicos apresentam oscilações constantes de 
seus níveis. Por exemplo, temos um ritmo circadiano, que influencia as diversas 
secreções fisiológicas. Assim, para a maior parte dos exames é necessária a pa-
TÓPICO 1 — LABORATÓRIO DE BIOQUÍMICA CLÍNICA
7
dronização de horários, para que os valores obtidos possam ser comparados aos 
valores de referência. A interpretação dos analitos de uso diagnóstico pode ser 
alterada através dessas oscilações presentes no componente biológico (GIRELLI 
et al., 2004). Podemos então classificar essas variáveis em pré-analíticas, analíticas 
e biológicas, as quais podem ser descritas na Figura 4.
FIGURA 4 – PRINCIPAIS FONTES DE VARIAÇÃO NOS ENSAIOS LABORATORIAIS
FONTE: <https://bit.ly/3xjdZWr>. Acesso em: 24 nov. 2020.
O papel de avaliação e tratamento de um paciente é desempenhado pelo 
laboratório de bioquímica. Muitos testes bioquímicos podem ser necessários antes que um 
diagnóstico possa ser feito e análises repetidas podem ser necessárias para monitorar o 
tratamento por um longo período, por exemplo.
DICAS
2.2 IMPORTÂNCIA DOS EXAMES LABORATORIAIS
Os exames laboratoriais estão assumindo uma posição importante e cres-
cente no processo de diagnóstico e monitoramento na medicina moderna. Os ser-
viços laboratoriais vêm obtendo um crescimento substancial nos últimos anos. 
Em uma pesquisa realizada no Reino Unido observa-se um crescimento das re-
quisições na assistência primária de 83% entre os anos de 2000 e 2004, e tendência 
semelhante é verificada internacionalmente (PLEBANI, 2007).
O laboratório clínico integra a cadeia de assistência à saúde, desempe-
nhando um papel vital e contribui para mais de 70% das decisões médicas, como 
admissão de pacientes em unidades de saúde, diagnóstico e prognóstico de do-
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À BIOQUÍMICA CLÍNICA
8
enças, seleção da terapia mais adequada, avaliação da resposta aos tratamentos e 
avaliação de critério de cura ou de altas hospitalares. O laboratório clínico contri-
bui ainda para a determinação de fatores de risco e de estados biológicos, como 
a avaliação da eficácia de imunização e iniciativas de prevenção de doenças e 
promoção da saúde (ANDRIOLO, 2007; FORSMAN, 1996).
De acordo com CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVEN-
TION (2008, s.p.) a medicina laboratorial na assistência à saúde é: 
É crucial para muitas tomadas de decisão clínicas e fornece informa-
ções importantes a médicos, enfermeiras e outros profissionais de 
saúde sobre prevenção, diagnóstico, tratamento e gerenciamento de 
doenças, representando um elemento essencial para o sistema de as-
sistência à saúde. De acordo com esse relatório, os exames citológicos, 
por exemplo, ainda são o padrão ouro (gold standard) para detecção de 
muitos tipos de doenças, incluindo formas comuns de câncer, como o 
uterino e cervical, leucemias e linfomas. O laboratório clínico dá su-
porte à prática da medicina baseada em evidências e ao desenvolvi-
mento de diretrizes clínicas que auxiliam médicos e pacientes na to-
mada de decisões sobre saúde em circunstâncias específicas. 
Os serviços laboratoriais também são críticos para a saúde pública, em ní-
vel individual e coletivo, atuando através da identificação de infecções associadas 
à assistência, resistência antimicrobiana, exposição a substâncias tóxicas e amea-
ças químicas e biológicas. Em casos de desastres naturais, os exames laboratoriais 
remotos (point of care testing) podem ser usadospara triagem de casos emergen-
ciais, bem como para confirmação de doenças de comunicação compulsória, que 
podem representar ameaças à população.
3 TESTES NO LOCAL DO ATENDIMENTO 
Caro acadêmico, para uma análise bioquímica responder à questão solicita-
da pelo médico sobre o paciente, alguns cuidados precisam ser considerados acerca 
do manejo do material, da coleta, dos processos de identificação, de separação e do 
armazenamento adequado. Essas questões serão discutidas nos subtópicos a seguir.
3.1 NOÇÕES DE COLETA, SEPARAÇÃO E ARMAZENAMENTO 
DO MATERIAL 
Para realizar os exames gerais e bioquímicos é essencial que o laboratório 
receba a amostra correta para o teste requisitado, juntamente com informações 
para assegurar que o teste ideal seja realizado, fazendo com que o resultado re-
torne ao médico requisitante no prazo. É importante a inclusão do máximo de 
detalhes no formulário de requerimento a fim de auxiliar tanto a equipe do labo-
ratório quanto o médico na interpretação dos resultados. Essa informação pode 
ser muito importante ao se avaliar o progresso de um paciente ao longo de um 
período, ou ao se reavaliar um diagnóstico. Inúmeras amostras são utilizadas nas 
TÓPICO 1 — LABORATÓRIO DE BIOQUÍMICA CLÍNICA
9
análises bioquímicas, tais como sangue arterial e capilar; sangue em papel filtro 
(Cartão Guthrie); tecido e células; urina; fezes; LCR; expectoração e saliva; aspi-
rados (fluido pleural, ascite) e cálculos (pedras) (TIETZ; BURTIS; BRUNS, 2016).
3.1.1 Coleta de amostra de sangue 
A forma da coleta de uma amostra de sangue é fundamental para a viabili-
zação das análises. As amostras de sangue podem ser coletadas em tubos comuns 
ou em tubos com anticoagulantes. Quando coletado em tubos comuns, o sangue 
coagula; assim, após a centrifugação do material (sangue coagulado) obtém-se uma 
amostra de soro – o que, para muitas análises bioquímicas, é a amostra recomenda-
da. Já quando o sangue é coletado em tubos com anticoagulantes, como a heparina, 
o sobrenadante obtido é o plasma, sendo quase idêntico à fração livre das células na 
corrente sanguínea, mas que contém o anticoagulante – essa forma de coleta é reco-
mendada quando o que será analisado for instável e for necessário obter e congelar 
rapidamente a amostra. A coleta com anticoagulante também é utilizada quando é 
necessário a realização de testes de coagulação, neste teste, após a centrifugação, o 
sobrenadante será composto de proteínas e por todos os fatores de coagulação, ao 
utilizar um anticoagulante como a heparina ou o citrato de sódio a coagulação não 
irá acontecer, pois houve um bloqueio na cascata de coagulação e consequentemen-
te a inibição da formação do coágulo (TIETZ; BURTIS; BRUNS, 2016).
A seguir destacam-se os tipos de tubos de coleta a vácuo mais comumente 
utilizados na rotina laboratorial (Figura 5).
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À BIOQUÍMICA CLÍNICA
10
FI
G
U
R
A
 5
 –
 T
U
B
O
S 
D
E
 C
O
LE
TA
 S
O
B
 V
Á
C
U
O
 U
T
IL
IZ
A
D
O
S 
E
M
 L
A
B
O
R
A
T
Ó
R
IO
 C
LÍ
N
IC
O
 E
 E
M
 H
O
SP
IT
A
IS
FO
N
T
E
: 
A
d
ap
ta
d
o
 d
e
 <
h
tt
p
s:
//
b
it.
ly
/3
2
FU
A
R
D
>
. A
c
e
ss
o
 e
m
: 
3
0
 n
o
v.
 2
0
2
0
.
TÓPICO 1 — LABORATÓRIO DE BIOQUÍMICA CLÍNICA
11
3.1.2 Coleta de amostra de urina
Frascos de amostra de urina, para análises de rotina não possuem conser-
vantes e devem ser refrigerados, entretanto, alguns frascos podem conter conser-
vante para inibir o crescimento bacteriano, ou ácido para estabilizar certos me-
tabólitos. Eles devem ser grandes o suficiente, normalmente frascos de um litro, 
para coletar uma amostra completa de 24 horas. Amostras de urina aleatórias são 
coletadas em frascos “universais” (MOTTA, 2009).
3.1.3 Outros tipos de amostras
Para alguns testes, fluidos ou tecidos específicos podem ser necessários. 
Há protocolos específicos para a manipulação e transporte dessas amostras para 
o laboratório. Cada laboratório local apresenta um protocolo de coleta de amos-
tras específicas (MOTTA, 2009).
3.1.4 Análise da amostra
Inicialmente, as amostras devem estar devidamente etiquetadas e identi-
ficadas. Todos os procedimentos de análise devem passar pelo controle de qua-
lidade, buscando sempre a confiabilidade da análise laboratorial. Assim que os 
resultados estão disponíveis eles são organizados e um relatório é emitido. Rela-
tórios cumulativos permitem que o médico rapidamente compare os resultados 
mais recentes com os dos testes realizados anteriormente, realizando assim o mo-
nitoramento do seu paciente (MOTTA, 2009).
3.2 Análise de resultados variáveis
As medidas bioquímicas podem variar pelo analito ou por condições bio-
lógicas. A analítica está relacionada a uma variação da performance do exame, 
já as biológicas estão relacionadas a alterações reais que ocorrem nos líquidos 
corporais dos seres humanos ao longo do tempo.
Vários termos podem definir a performance dos resultados bioquímicos, 
dentre eles temos, precisão e exatidão; sensibilidade e especificidade; garantia de 
qualidade e intervalos de referência. Acadêmico, agora vamos explicar individu-
almente cada uma das variáveis descritas (TIETZ; BURTIS; BRUNS, 2016).
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À BIOQUÍMICA CLÍNICA
12
3.2.1 Precisão e exatidão
A precisão é um indicador da reprodutibilidade de um analito. A exatidão 
nos mostra qual a proximidade do valor mensurado está para o real, garantindo 
assim a confiabilidade do método analítico utilizado. Acadêmico, podemos fazer 
uma analogia ao jogo de dardos (Figura 6) a dispersão de resultados que podem 
ser obtidos por um indivíduo com pouca técnica, em comparação aos resultados de 
alguém com boa precisão, em que os resultados estão agrupados. Mesmo quando 
os resultados estão todos próximos, eles podem não estar no centro do alvo. Nesse 
caso, não há exatidão, como se a mira estivesse desalinhada. O objetivo de todo mé-
todo bioquímico é prover precisão e exatidão. A automação das análises melhorou 
a precisão na maioria dos casos (TIETZ; BURTIS; BRUNS, 2016).
FIGURA 6 – CARACTERÍSTICAS REPRODUTIBILIDADE E CONFIABILIDADE NOS EXAMES CLÍNICOS
FONTE: A autora
3.2.2 Sensibilidade analítica e especificidade
A sensibilidade analítica está relacionada à capacidade de detecção a par-
tir de uma quantidade mínima de substância analisada. A especificidade analíti-
ca está relacionada à capacidade do teste de discriminar substâncias que são as 
reais substâncias que possam interferir na análise. Importante destacar que as 
definições utilizadas neste contexto são para indicar as propriedades analíticas. 
A especificidade e sensibilidade relacionadas aos testes propriamente ditos serão 
descritas a seguir (TIETZ; BURTIS; BRUNS, 2016).
3.2.3 Sensibilidade e especificidade (testes)
A sensibilidade e a especificidade são caracterizadas como as proprieda-
des de um teste. A sensibilidade nos indica a capacidade de um teste em iden-
tificar, dentre as pessoas com suspeita da doença, aquelas realmente doentes. Já 
a especificidade é a capacidade do mesmo teste ser negativo nos indivíduos que 
não apresentam a doença que está sendo investigada.
Acadêmico! Quando pensamos no melhor cenário para um teste no laborató-
rio clínico, o ideal seria que aquele teste apresentasse 100% de sensibilidade e de es-
pecificidade. Assim, teríamos apenas dois resultados: negativo (a pessoa não estaria 
TÓPICO 1 — LABORATÓRIO DE BIOQUÍMICA CLÍNICA
13
doente) ou positivo (o indivíduo estaria doente), e assim, não teríamos o falso-nega-
tivo ou o falso-positivo. Mas infelizmente, isso raramente ocorre na prática. Fazendo 
uma analogia com uma balança, onde um dos pratos é a sensibilidade e o outro, a 
especificidade: se ocorre melhora na sensibilidade de um teste (o prato da balança 
sobe), frequentemente ocorre diminuição na especificidade (o prato da balança des-
ce). Em algumas situações, ter uma sensibilidade de 100% é muito importante, como 
nas triagens sorológicas em bancos de sangue, onde os testessão realizados para a 
prevenção de transmissão de infecções (FLEURY MEDICINA E SAÚDE, 2020).
Existem alguns fatores biológicos que podem afetar os resultados e de-
vem ser levados em consideração. Alguns desses fatores estão descritos a seguir:
• Idade;
• Dieta;
• Estresse e ansiedade;
• Postura;
• Exercício físico;
• Histórico clínico;
• Gravidez;
• Ciclo menstrual;
• Uso de medicamentos.
4 INTERVALOS DE REFERÊNCIAS
A Organização Mundial de Saúde (OMS), a Federação Internacional 
de Química Clínica (IFCC) e o Instituto de Padronização Clínica e Laboratorial 
(CLSI) definem valor de referência como um valor (resultado) obtido pela obser-
vação ou mensuração quantitativa de um analito em um indivíduo selecionado, 
com base em critérios bem definidos (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2005). 
 
Para a determinação dos intervalos de referência de um laboratório clínico 
é primeiramente necessário definir de quem é a responsabilidade dessa deter-
minação. A Joint Comission on Accreditation of Healthcare Organizations (JCAHO) 
(JOINT COMMISSION ON ACCREDITATION OF HEALTHCARE ORGANIZA-
TIONS, 1998) e o College of American Pathologists (CAP) (COLLEGE OF AMERI-
CAN PATHOLOGISTS, 1998) indicam que é de responsabilidade do diretor do 
laboratório o estabelecimento dos intervalos referenciais. 
No Brasil, a legislação (RDC 302) da Agência Nacional de Vigilância Sa-
nitária (ANVISA) (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2005) e o Programa de Acreditação 
de Laboratórios Clínicos (PALC) da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/
Medicina Laboratorial (SBPC/ML) definem apenas que o laboratório deve pos-
suir esses valores e fornecê-los no laudo dos exames.
Os intervalos de referência podem ser obtidos de duas formas, a primeira 
é através da criação de intervalos próprios utilizando uma amostragem de indi-
víduos. Esses indivíduos devem ser avaliados de forma global a fim de excluir as 
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À BIOQUÍMICA CLÍNICA
14
variáveis biológicas, tais como, idade, sexo, hormônios, gravidez, entre outras. 
Na literatura, o número amostral para realizar uma análise pode variar de 30 
a 700 indivíduos. De acordo com o IFCC e o CLSI o mínimo para uma análise 
fidedigna é de 119 para a utilização de testes não paramétricos. Para a utilização 
de testes paramétricos, a distribuição deve ser normal e a amostra deve conter no 
mínimo 30 indivíduos. Os critérios pré-analíticos, como tempo de jejum e horário 
de obtenção da amostra, e os procedimentos analíticos, devem estar bem estabe-
lecidos e padronizados. Outra forma de aquisição de intervalos de referências é a 
validação dos intervalos fornecidos pelas bulas dos reagentes em conjunto com a 
avaliação criteriosa da literatura (FERREIRA; ANDRIOLO, 2008).
Acadêmico! Vamos agora observar, no quadro a seguir, uma lista de inter-
valos de referência. A lista não foi desenvolvida para ser abrangente; é simplesmen-
te fornecida como uma série de testes realizados em laboratórios bioquímicos. Note 
que intervalos de referência específicos para idade e/ou sexo estão disponíveis para 
uma gama de substâncias incluindo fosfatase alcalina, creatinina e urato.
QUADRO 2 – LISTA EM ORDEM ALFABÉTICA DE INTERVALOS DE REFERÊNCIA – GERAL
Todos os intervalos de referência listados são para medidas no soro de adultos 
a menos que indicado
Albumina 35 – 50 g/L
Fosfatase alcalina (ALP) 30 – 130 U/L
Aspartato aminotransferase 12 – 48 U/L
Amilase 70 – 300 U/L
Bicarbonato 22 – 29 mmol/L
Bilirrubina (total) <21 μmol/L
Cálcio (ajustado) 2,2 – 2,6 mmol/L
Cloreto 95 – 108 mmol/L
Colesterol (plasma total) <5 mmol/L (dividir por 0,02586 para 
converter para mg/dL)
Proteína C-reativa (PCR) 0–10 mg/L
Creatina cinase (CK) 40 – 320 U/L (homens)25 – 200 U/L (mulheres)
Creatinina 40 – 130 μmol/L
Glicose (sangue) 4,0–5,5 mmol/L (dividir por 0,05551 
para converter para mg/dL)
Hemoglobina glicosilada (HbA1c) 6–7% (42 – 53 mmol/mol Hb) usada para indicar controle eficaz da diabetes
Íon hidrogênio (H+) (sangue arterial) 35 – 45 nmol/L
Ferro 10 – 40 μmol/L
γ-glutamil transpeptidase (γGT) <36 U/L
Magnésio 0,7 – 1,0 mmol/L
Percentual de saturação da transferrina <50% (mulheres)<55% (homens)
Lactato 0,7 – 1,8 mmol/L
TÓPICO 1 — LABORATÓRIO DE BIOQUÍMICA CLÍNICA
15
Lactato desidrogenase (LDH) 230 – 525 U/L
Osmolalidade 275 – 295 mmol/kg (soro)50 – 1.400 mmol/kg (urina)
PCO2 (sangue arterial) 4,6 – 6,0 kPa
pH (sangue arterial) 7,35 – 7,45
Fosfato 0,8 – 1,5 mmol/L
PO2 (sangue arterial) 10,5 – 13,5 kPa
Potássio 3,5 – 5,3 mmol/L
Proteína total 60 – 80 g/L
Sódio 133 – 146 mmol/L
Triglicerídeo <2,5 mmol/L
Urato 200 – 430 μmol/L (homens) 140 – 360 μmol/L (mulheres)
Ureia 2,5 – 7,8 mmol/L
FONTE: Adaptado de GAW et al. (2015)
16
Neste tópico, você aprendeu que:
RESUMO DO TÓPICO 1
• Bioquímica clínica, patologia clínica e química clínica são nomes aplicados ao 
assunto deste livro didático, sendo o ramo da medicina laboratorial no qual 
métodos químicos e bioquímicos são aplicados para o estudo de doenças.
• Os resultados dos testes bioquímicos podem ser utilizados no diagnóstico e 
no monitoramento do tratamento.
• Os exames bioquímicos podem ser úteis na triagem de doenças ou até mesmo 
na avaliação do prognóstico caso ele ainda não tenha sido efetuado.
• O laboratório de bioquímica também está envolvido na área da pesquisa, com 
testes científicos e farmacológicos.
• Formulários de requerimento e amostras devem ser etiquetados corretamente 
para assegurar que os resultados estejam correspondendo com a verdade não 
sendo um “falso positivo” ou “falso negativo”.
• Muitos testes bioquímicos são realizados no soro, o sobrenadante obtido a 
partir da centrifugação do sangue coagulado coletado em um frasco comum. 
Outros precisam de plasma, o sobrenadante obtido quando se impede que o 
sangue coagule com um anticoagulante.
• Erros na coleta das amostras invalidam os resultados.
• O intervalo de referência fornecido junto com o resultado do teste é apenas 
um guia para a probabilidade de os resultados serem estatisticamente “nor-
mais” ou “anormais”.
• Há diferentes intervalos de referência dependendo da idade ou sexo do paciente.
17
1 A lesão hepatocelular é mais do que uma lesão do trato biliar, a obstrução 
pode ser efeito secundário, seguindo-se a lesão dos hepatócitos por infec-
ções ou por toxinas. Nos adultos as causas mais comuns de icterícia aguda 
são a hepatite viral e o envenenamento por medicação. Nesses casos quais 
os exames bioquímicos estão alterados:
a) ( ) Bilirrubinas, glicose, fosfatase alcalina e TGO.
b) ( ) Fosfatase alcalina, glicose, triglicerídeos e TGP.
c) ( ) Bilirrubinas, fosfatase alcalina, cálcio e colinesterase.
d) ( ) Bilirrubinas, TGO e TGP.
2 Quais dos exames não sofrem interferência da ingestão alimentar:
a) ( ) Coombs indireto e glicose.
b) ( ) Hemograma completo e creatinina.
c) ( ) Glicemia de jejum e doença de Chagas.
d) ( ) VDLR e lipidograma.
3 O resultado de um exame indicando microalbuminúria é útil para monito-
rar pacientes com:
a) ( ) Mieloma múltiplo.
b) ( ) Diabetes mellitus.
c) ( ) Glomerulonefrite.
d) ( ) Doenças cardiovasculares.
4 Caso clínico – Uma amostra de sangue foi retirada de uma mulher de 65 
anos para verificar sua concentração sérica de potássio, pois ela estava 
sendo tratada com diuréticos tiazídicos por algum tempo. O Clínico Ge-
ral deixou a amostra em seu carro e entregou ao laboratório a caminho de 
uma cirurgia na manhã seguinte. Imediatamente após analisar a amostra 
apresentando ureia sérica = 11,8 mg/L, sódio = 130 mmol/L e potássio = 6,7 
mmol/L, o bioquímico ligou para o Clínico Geral. Por quê?
5 Defina o conceito de especificidade e sensibilidade de um teste laboratorial.
AUTOATIVIDADE
18
19
TÓPICO 2 — 
UNIDADE 1
GESTÃO DA QUALIDADE EM 
BIOQUÍMICA CLÍNICA
1 INTRODUÇÃO
Acadêmico! No Tópico 2, nós abordaremos os princípios sobre os quais os 
laboratórios clínicos são gerenciados e operados. Vamos discutir os fundamentos (i) 
da gestão da qualidade total através da descrição degestão da qualidade total de la-
boratório clínico, (ii) do controle de variáveis pré-analíticas e de variáveis analíticas 
(com ênfase no controle de qualidade estatística e identificação das fontes de erros 
analíticos), e (iii) os princípios de garantia, a partir de programas de avaliação interna 
e externa da qualidade e a utilização combinada de líquido com as médias móveis 
dos valores de pacientes para monitoramento do controle de qualidade. Vamos ainda 
demonstrar as características de controles de qualidade de Levey-Jennings e de Múlti-
plas Regras de Westgard, utilizados na fase analítica da rotina laboratorial. Vamos lá?
2 FUNDAMENTOS DA GESTÃO EM QUALIDADE TOTAL
A gestão de qualidade em organizações da área de saúde se expande através 
das diversas fontes de informação disponíveis na internet. A melhoria da qualidade 
(QI, do inglês quality improvement) é acompanhada de pressões públicas e privadas 
a fim de garantir uma boa qualidade e que não causem aumento e até mesmo redu-
zam a geração de custos para as organizações de saúde. As pressões aparentemente 
contraditórias por redução de custo e QI exigem que as organizações de saúde ado-
tem novos sistemas para gerenciar a qualidade. Enfrentando essa mesma pressão, as 
indústrias, por exemplo, implementaram um processo chamado de Gestão da Quali-
dade Total (TQM). Este processo é também chamado de Controle da Qualidade Total 
(QC), liderança da qualidade total, melhoria contínua da qualidade, ciência da gestão 
da qualidade ou, mais geralmente, gestão da qualidade industrial. Essa abordagem, 
caro acadêmico, fornece tanto uma filosofia gerencial para o desenvolvimento orga-
nizacional quanto um processo para a melhoria da qualidade em diversos aspectos 
do trabalho. Muitas organizações de saúde adotaram os conceitos e princípios da 
TQM (CHICAGO RUSH UNIVERSITY MEDICAL CENTER, 2012).
Nesta unidade, a qualidade é definida como conformidade às exigências 
dos usuários ou consumidores e satisfação das suas necessidades e expectativas. 
A qualidade apresenta princípios universais de gestão que incluem quatro ver-
tentes, são elas: foco no consumidor, comprometimento da gestão, treinamento, 
capacidade e controle do processo e medição através das ferramentas de melho-
ria da qualidade (CHICAGO RUSH UNIVERSITY MEDICAL CENTER, 2012).
20
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À BIOQUÍMICA CLÍNICA
Acadêmico, os custos gerados no contexto da qualidade também devem 
ser inseridos dentro do contexto de gestão laboratorial. Se a qualidade significa 
conformidade às exigências, então “custos de qualidade” devem ser entendidos 
em termos de “custos para conformidade” e “custos de não conformidade”. Para 
um laboratório de testagem do processo, a calibração é um bom exemplo de cus-
tos incorridos a fim de prevenir problemas. Um exemplo prático é quando a aná-
lise de um exame solicitado precisa ser repetida, essa nova análise vai se enqua-
drar no controle de qualidade envolvendo custos para avaliação do desempenho, 
esse custo se encaixa em falha interna por um baixo desempenho analítico. Outro 
exemplo é a repetição de testes por baixa qualidade analítica constituindo custos 
de falha externa (WESTGARD; JO; BARRY, 1997).
Para deixar mais claro esse conceito, analise o organograma a seguir (Figura 7).
FIGURA 7 – OS CUSTOS DE CONFORMIDADE E CUSTOS DE NÃO CONFORMIDADE PARA AS 
EXIGÊNCIAS DO CONSUMIDOR
FONTE: Adaptado de Westgard e Barry (1997) 
Outra questão é que os problemas na qualidade são problemas primaria-
mente gerenciados, pois apenas o gerenciamento possui o poder de modificar 
os processos de trabalho. Esta ênfase nos processos de trabalho leva a uma nova 
visão da organização como um sistema de processos. Por exemplo, diversas disci-
plinas terão diferentes visões dos processos de trabalho de uma organização para 
a saúde a partir das funções de cada profissional na organização, são eles:
Médico/Profissional de Saúde
• Exame do paciente
• Testagem do paciente
• Diagnóstico do paciente
• Tratamento do paciente
TÓPICO 2 — GESTÃO DA QUALIDADE EM BIOQUÍMICA CLÍNICA
21
Administrador da área de saúde
• Processos para admissão de pacientes
• Rastreamento dos serviços realizados no paciente
• Alta do paciente
• Cobrança de custos e serviços
Diretor do Laboratório
• Processos para obtenção de amostras
• Processamento de amostras
• Análise das amostras
• Laudos dos resultados dos testes
Laboratorista
• Obtenção das amostras
• Análise das amostras
• Medidas de controle de qualidade
Liberação dos resultados dos testes dos pacientes (TIETZ; BURTIS; 
BRUNS, 2016).
Para a gestão de qualidade em um laboratório de saúde o esquema tradi-
cional enfatiza o estabelecimento de métodos laboratoriais de qualidade (QLPs), 
controle de qualidade (QC), avaliação da qualidade (QA) e sistemas de qualidade 
(QSs). Os QLPs incluem métodos analíticos, assim como políticas gerais, práticas e 
procedimentos que definem como todos os aspectos do trabalho são realizados. QC 
enfatiza os métodos de controle estatísticos, o QA, está relacionado primeiramente 
com as medidas limítrofes e o monitoramento do desempenho do laboratório, tais 
como tempo de resposta, identificação de amostra, identificação do paciente e utili-
dade do teste (CLINICAL AND LABORATORY STANDARDS INSTITUTE, 2011).
A avaliação da qualidade é o termo apropriado as atividades de gestão de qualida-
de, em oposição à garantia da qualidade, o qual vem sendo usado incorretamente para descre-
ver tais atividades. É importante que não apenas a medição do desempenho, visto na garantia 
da qualidade, seja demonstrado, mas sim que as causas dos problemas identificadas através 
da avalição da qualidade, sejam eliminadas a fim de prevenir consequências e efeitos nocivos.
NOTA
22
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À BIOQUÍMICA CLÍNICA
A metodologia aplicada em experimentos científicos deve servir como base 
para decisões na gestão. Objetivamente, no entanto, depende da existência de re-
quisitos quantitativos de qualidade para a avaliação do desempenho de métodos 
existentes e para o planejamento de desempenho de novos métodos. O documento 
do Clinical and Laboratory Standards Institute (CLSI) descreve um sistema de gestão 
da qualidade (QMS) como um “conjunto de elementos-chave da qualidade que 
devem existir para as operações de trabalho da organização a fim de funcionar 
de maneira a atingir os objetivos estabelecidos para a qualidade da organização” 
(CLINICAL AND LABORATORY STANDARDS INSTITUTE, 2011, s.p.). 
A infraestrutura exigida por um laboratório para fornecer serviços labora-
toriais de qualidade está descrita a seguir:
• Documentos e registros
• Organização
• Pessoal
• Equipamento
• Compra e inventário
• Controle de processo
• Gestão da informação
• Gestão da ocorrência
• Avaliação: externa e interna
• Avaliação do processo
Atendimento ao consumidor (CLINICAL AND LABORATORY STAN-
DARDS INSTITUTE, 2004).
2.1 OS PROCESSOS DE TESTAGEM GERAL
É de responsabilidade do laboratório os laudos e testes acurados entre-
gues de maneira rápida. Entretanto, muitos problemas advêm antes e depois de 
as amostras coletadas serem analisadas. Portanto, o processo de testagem total 
deve ser gerenciado apropriadamente nas suas fases, pré-analítica, analítica e 
pós-analítica (TIETZ; BURTIS; BRUNS, 2016). 
As muitas etapas ou os subprocessos que tomam lugar a partir da solici-
tação inicial por um teste até o momento da interpretação final do resultado são 
determinadas através do desempenho de “sistemas de análises”. As etapas ou 
os subprocessos de um típico processo de testagem em laboratório clínico e os 
potenciais erros associados a ele estão descritos no Quadro 3.
TÓPICO 2 — GESTÃO DA QUALIDADE EM BIOQUÍMICA CLÍNICA
23
QUADRO 3 – PROCESSOS DE TESTAGEM EM LABORATÓRIO E SEUS ERROS POTENCIAIS
Processo Erros Potenciais
Requisição do teste
Teste inapropriado
Manuscrito ilegível
Identificação errada do paciente
Requisição especial não especificada
Ordem custosa ou atrasada
Obtenção da amostra
Tubo ou reservatórioincorreto
Identificação errada do paciente
Volume inadequado
Amostra inválida (p. ex., hemolisada, muito diluída)
Coletada em momentos ou horário do dia
Condições impróprias de transporte
Medição analítica
Instrumento não calibrado corretamente
Amostras misturadas
Volume incorreto da amostra
Substância interferente presente
Problema de precisão do instrumento
Procedimento de laboratório pouco detalhado
Laudo do Teste
Identificação errada do paciente
Laudo não postado no quadro
Laudo ilegível
Laudo atrasado
Transcrição do erro
Interpretação do teste
Substância interferente não reconhecida
Especificidade do teste não entendida
Limitações de precisão não reconhecidas
Sensibilidade analítica não apropriada
Valores prévios não disponíveis para comparação
FONTE: Tietz, Burtis e Bruns (2016, s.p.)
3 CONTROLE DE VARIÁVEIS
O controle das variáveis pré-analíticas e analíticas dentro de uma rotina 
laboratorial é de extrema importância para a gestão de qualidade.
3.1 VARIÁVEIS PRÉ-ANALÍTICAS
Para as variáveis pré-analíticas a definição de métodos eficazes para seu 
monitoramento e controle torna-se complicada, devido a muitas destas variáveis 
estarem fora das áreas tradicionais de laboratório. Para o monitoramento dessa 
variável, os esforços precisam ser coordenados através de muitos indivíduos e 
departamentos do local, cada um reconhecendo a importância destes esforços na 
manutenção do serviço de alta qualidade. Também é necessário para tal monito-
ramento um suporte vindo de fora do laboratório, de preferência do comitê de 
24
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À BIOQUÍMICA CLÍNICA
prática clínica ou de alguma autoridade similar (TIETZ; BURTIS; BRUNS, 2016). 
As variáveis desta fase são, (1) Utilização de teste e diretrizes práticas, (2) Identi-
ficação do paciente, (3) Tempo de resposta, (4) Cadernos de laboratório, (5) Erros 
de transcrição, (6) Preparação do paciente, (7) Coleção de amostras, (8) Transpor-
te de amostras e (9) Separação de amostras e distribuição das alíquotas.
3.2 VARIÁVEIS ANALÍTICAS
As variáveis analíticas na prática são cuidadosamente controladas a fim 
de garantir medições precisas pelos métodos analíticos. O processo criterioso que 
envolve métodos analíticos confiáveis são a seleção, avaliação, implementação, 
manutenção e controle. 
As variáveis analíticas deste processo podem ser, por exemplo: (1) qualida-
de da água, (2) calibração de balanças analíticas, (3) calibração de vidraria volumé-
trica e pipetas, (4) estabilidade da fonte de energia elétrica e (5) temperatura dos 
banhos-maria, refrigeradores, freezers, além do controle de centrífugas, que devem 
ser monitoradas em todo laboratório, pois elas podem afetar muitos métodos do 
laboratório. Ainda, certas variáveis especificamente afetam métodos analíticos in-
dividuais e estes exigem o desenvolvimento de procedimentos para lidar especifi-
camente com as características dos métodos (TIETZ; BURTIS; BRUNS, 2016).
3.2.1 DOCUMENTAÇÃO DE PROTOCOLOS ANALÍTICOS
A documentação de um processo analítico pode ser apresentada como um dia-
grama de fluxo ou até mesmo uma tabela na qual descreve as operações realizadas em 
laboratório. É importante a documentação deste processo, pois fornece instruções em 
detalhes para o indivíduo que necessita seguir a fim de completar aquela atividade.
O CLSI descreve quais são as seções incluídas em uma política de labora-
tório, processo ou procedimento:
• Proposta: descrever o que o documento se presta a arquivar.
• Escopo ou aplicabilidade: descreve a extensão da atividade ou da área sobre 
a qual a atividade se estende.
• Referências: nomes das fontes de documentos a partir das quais o conteúdo 
foi diretamente retirado. A utilização de referências on-line é aceitável. O link 
da rede para as referências e os dados acessados deve ser incluído.
• Documentos relacionados: esta é a lista de documentos referidos no corpo do 
documento ou conteúdo do qual o leitor vai precisar para completar a tarefa 
ou o processo. Se utilizada, esta seção fornece uma listagem de outros proce-
dimentos que estão referidos na descrição do procedimento.
• Anexos ou apêndices: estes podem incluir informações em tabelas, exemplos 
de formulários ou diagramas úteis, dando, assim, informações adicionais aos 
leitores (CSLI, 2013).
TÓPICO 2 — GESTÃO DA QUALIDADE EM BIOQUÍMICA CLÍNICA
25
4 PRINCÍPOS GERAIS DE GRÁFICOS CONTROLE 
4.1 SISTEMA DE LEVEY-JENNINGS
Gráficos controle são dispositivos gráficos simples nos quais os valores 
observados são representados versus o tempo, quando as observações são reali-
zadas. Os valores conhecidos são representados por um intervalo de valores acei-
tável, como indicado no gráfico por linhas para os limites de controle superior e 
inferior. Quando os pontos representados estão dentro dos limites de controle, 
essa ocorrência, geralmente, é interpretada pela média com que o método está 
sendo desempenhado apropriadamente; os pontos que estiverem fora dos limites 
do controle são problemáticos. Os limites do controle são usualmente calculados 
a partir da média (x) e dos desvios padrões (SD) obtidos de medições repetidas 
em espécimes conhecidas por um método específico de análise, que deve para 
ser controlado. A distribuição de erro para o método analítico é assumida por 
ser gaussiana (isto é, simétrica e em forma de sino). Os limites de controle são 
set para incluir a maioria dos valores controle, usualmente de 95% a 99,7%, que 
corresponde à média ± 2 ou 3 SDs (s) (BERLITZ, 2010).
Gráficos do tipo Levey-Jennings são simplificações dos gráficos controle de 
Shewhart, criadas na primeira metade do século passado e modificadas para a uti-
lização em laboratório por Levey e Jennings (1950) e, mais tarde, aprimoradas por 
Henry e Segalove (1952), formatando o aspecto atual dessa ferramenta. A carta de 
controle de Levey-Jennings consiste em um gráfico de controle com linha central 
de média e linhas adjacentes correspondendo a múltiplos de DP (BERLITZ, 2010).
A ilustração de como as distribuições dos valores de controle podem ocor-
rer estão indicadas na Figura 8 em três situações diferentes: (1) desempenho está-
vel em que apenas uma observação ocasional ultrapassa os limites de controle, (2) 
ocorrência de um erro sistemático que muda a média da distribuição e provoca 
uma maior expectativa ou probabilidade de que os valores controle podem ser 
observados fora de um dos limites de controle e (3) ocorrência de um aumento 
no erro aleatório ou imprecisão, que amplia a distribuição e provoca uma proba-
bilidade muito mais elevada de que o valor controle pode ser observado fora de 
qualquer dos limites de controle (BERLITZ, 2010).
26
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À BIOQUÍMICA CLÍNICA
FIGURA 8 – GRÁFICOS DE CONTROLE. A, DISTRIBUIÇÕES DE FREQUÊNCIA DAS OBSERVA-
ÇÕES DE CONTROLE PARA DIFERENTES CONDIÇÕES DE ERRO. B, VALORES CONTROLE 
REPRESENTANDO AS DISTRIBUIÇÕES PARA CADA CONCENTRAÇÃO ESTÃO PLOTADOS EM 
FUNÇÃO DO TEMPO
FONTE: Tietz, Burtis e Bruns (2016, s.p.)
A figura acima é um exemplo de um gráfico de controle Levey-Jennings, 
em que os valores de controle representam as três situações. Se o método ana-
lítico está operando corretamente, os valores de controle caem predominante-
mente dentro dos limites de controle. Quando existe um problema de acurácia, 
os valores de controle se deslocam para um lado e vários valores em uma linha 
podem cair fora de um dos limites. Quando existe um problema de precisão, os 
valores-controle flutuam muito mais amplamente e podem ultrapassar os limites 
superior e inferior do controle.
TÓPICO 2 — GESTÃO DA QUALIDADE EM BIOQUÍMICA CLÍNICA
27
4.2 GRÁFICO MULTIRREGRAS DE WESTGARD
O procedimento de controle de qualidade de Regras Múltiplas de 
Westgard, utiliza cinco regras de controle diferentes para julgar a aceitabilidade 
de uma corrida analítica. Por comparação, um procedimento de regra única de 
controle utiliza um único critério ou um único par de limites de controle, assim 
como um gráfico de Levey-Jennings, comlimites de controle calculados como x 
± 2DP (média mais ou menos dois desvios-padrão) ou x ± 3DP (média mais ou 
menos 3 desvios-padrão). Nas “Regras de Westgard” utiliza-se 2 ou 4 medições 
de controle por corrida, o que significa que elas são apropriadas a diferentes 
níveis de controle. Algumas regras de controle alternativas são mais apropriadas 
quando três materiais de controle são analisados, o que é comum para aplicações 
em hematologia, coagulação e imunoensaios (WESTGARD, 2002).
Acadêmico a Figura 9, a seguir, mostra as cinco regras de controle de qua-
lidade em um fluxo de aprovação ou não de uma corrida analítica. Em seguida 
abordaremos cada uma das cinco regras e suas características básicas.
FIGURA 9 – ORGANOGRAMA DAS REGRAS MÚLTIPLAS DE WESTGARD
FONTE: Westgard (2002, s.p.)
As regras individuais serão definidas a seguir. 
Na Figura 10 A, a regra 1:3s refere-se a uma regra de controle que é comu-
mente utilizada com um gráfico de Levey-Jennings quando os limites de controle 
calculados são x ± 3DP. A corrida é rejeitada quando uma única medição de contro-
le excede um dos limites. Sensível principalmente a erros aleatórios ou randômicos.
28
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À BIOQUÍMICA CLÍNICA
Na figura 10 B, a regra 1:2s refere-se a uma regra de controle que é comu-
mente utilizada com um gráfico de Levey-Jennings quando os limites de controle 
calculados são x ± 2DP. No procedimento original de Regras Múltiplas de West-
gard, esta regra é utilizada como uma regra de alerta para acionar uma inspeção 
cuidadosa dos dados de controle por meio das seguintes regras de rejeição:
• 2:2s - Rejeita-se quando 2 medições de controle consecutivas excederem o mesmo 
limite de controle x + 2DP ou x - 2DP, sensível ao erro sistemático (Figura 10 C).
• R:4s - Rejeita-se quando 1 medição de controle exceder o limite de controle x + 2DP 
e a outra x - 2DP, em uma mesma corrida, sensível a erro aleatório (Figura 10 D).
• 4:1s - Rejeita-se quando 4 medições de controle consecutivas excederem o 
mesmo limite x ± 1DP, sensível ao erro sistemático (Figura 10 E).
• 10x - Rejeita-se quando 10 medições de controle consecutivas estiverem no 
mesmo lado em relação à média, sensível a erros sistemáticos (Figura 10 F).
FIGURA 11 – IDENTIFICAÇÃO DOS TIPOS DE REGRAS DE ACORDO COM WESTGARD
FONTE: Westgard (2002, s. p.)
Existem situações em que três materiais de controle diferentes podem 
ser analisados, neste caso algumas outras regras são mais apropriadas e de fácil 
aplicabilidade. São elas:
• 2 de 3:2s - Rejeita-se quando 2 de 3 medições de controle excederem o mesmo 
limite x ± 2DP (Figura 11 A).
• 3:1s - Rejeita-se quando 3 medições de controle consecutivas excederem o 
mesmo limite x ± 1DP (Figura 11 B).
TÓPICO 2 — GESTÃO DA QUALIDADE EM BIOQUÍMICA CLÍNICA
29
• 6x - Rejeita-se quando 6 medições de controle consecutivas estiverem no mes-
mo lado em relação à média (Figura 11 C).
Algumas vezes, caro acadêmico, poderá ocorrer modificações desta 
última regra (3:1s) para incluir um número maior de medições de controle que 
ainda comportem três níveis, sendo ela:
• 9x - Rejeita-se quando 9 medições de controle consecutivas estiverem no mes-
mo lado em relação à média (Figura 11 D).
FIGURA 10 – IDENTIFICAÇÃO DOS TIPOS DE REGRAS DE ACORDO COM WESTGARD
FONTE: Westgard (2002, s.p.)
Os procedimentos de regras múltiplas são claramente mais complicados 
do que procedimentos de regras únicas, o que é uma desvantagem. Entretanto, 
frequentemente oferecem melhores desempenhos do que os procedimentos de 
regras únicas 1:2s e 1:3s. Há um problema de “falso alarme” com a regra 1:2s, 
assim como o gráfico de Levey-Jennings com limites de controle 2DP.
30
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À BIOQUÍMICA CLÍNICA
Acadêmico, acesse a videoaula a seguir, que explica também as regras de Wes-
gard. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=qTvmzeyZ3c8.
DICAS
As vantagens dos Procedimentos de Regras Múltiplas são que o número 
de falsas rejeições pode ser mantido baixo, enquanto ao mesmo tempo mantém-
-se uma alta identificação de erros. Isto é feito selecionando-se regras individuais 
que tenham níveis de falsas rejeições muito baixos, que utilizadas em conjun-
to aumenta a capacidade de identificação de erros. É como realizar dois testes 
funcionais do fígado e diagnosticar um problema se um deles der positivo. Um 
Procedimento de Regra Múltipla utiliza dois ou mais testes estatísticos (regras de 
controle) para avaliar os resultados do controle de qualidade e então rejeitar uma 
corrida se qualquer um destes testes estatísticos for positivo (WESTGARD, 2002).
5 CONTROLE EXTERNO DE QUALIDADE
Todos os procedimentos de controle descritos anteriormente têm focado 
no acompanhamento por um único laboratório. Estes procedimentos constituem 
o que é muitas vezes chamado de QC interno, para distingui-los dos procedimen-
tos usados para comparar o desempenho de diferentes laboratórios, este último 
conhecido como QA externa. Os dois procedimentos são complementares: QC 
interno é necessário para o acompanhamento diário da precisão e acurácia do 
método analítico, e QA externo é importante para a manutenção da precisão de 
longo prazo de métodos analíticos.
Existem vários programas de controle de qualidade externos disponíveis para 
o laboratório clínico. O funcionamento básico destes programas envolve a participação 
de laboratórios, onde serão analisadas o mesmo lote de material de controle, geralmen-
te diariamente como parte das atividades internas de QC. Em seguida, os resultados 
serão então organizados em tabelas e enviados para o grupo patrocinador para análise 
desses resultados. Os relatórios resumidos de síntese são preparados pelo patrocinador 
daquele programa e distribuídos a todos os laboratórios participantes.
São mais comumente utilizados em controle externo de qualidade os se-
guintes programas:
• Teste de proficiência
• Processo Seis Sigma
ISSO 9000 (TIETZ; BURTIS; BRUNS, 2016).
31
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
• A avaliação da qualidade é um processo de qualidade no qual o laboratório está 
primariamente relacionado com medições mais amplas e monitoramentos de 
desempenho do laboratório, tais como tempo de resposta e utilidade do teste.
• O controle de qualidade é um processo de qualidade de laboratório que en-
volve análise estatística de procedimentos de controle interno através da uti-
lização de materiais controle para avaliação do desempenho do método e de 
procedimentos de checagem não estatísticos, tais como estudos de linearida-
de e checagem de reagentes.
• O controle das variáveis pré-analíticas e analíticas dentro de uma rotina labo-
ratorial é importante para a gestão de qualidade.
• Gráfico de controle de Levey-Jennings mostra uma visualização gráfica dos 
valores controle observados plotados contra uma faixa aceitável de valores, 
indicados no gráfico por linhas para os limites de valores superiores e inferio-
res, comumente indicados como o valor controle médio mais ou menos três 
desvios padrão.
• Regras múltiplas de Westgard são séries de regras de controle utilizadas para 
interpretar dados de controle de qualidade. 
• Quando os pontos de gráficos controle estão dentro dos limites de controle, 
essa ocorrência geralmente é interpretada pela média com que o método está 
sendo desempenhado apropriadamente.
32
1 O teste multirregras de Westgard para controle de qualidade foi designado 
para interpretar controle de resultados e para auxiliar na localização de er-
ros em métodos analíticos. O multirregras como 1:2s indica que:
a) ( ) Um valor de controle tem ultrapassado ±2 s da média.
b) ( ) Dois valores de controle têm ultrapassado ±2 s da média.
c) ( ) Dois valores de controle consecutivos têm ultrapassado ±1 s da média.
d) ( ) A diferença numérica entre dois valores de controle ultrapassou 1 s.
2 As multirregras de Westgard R4s mostram que um valor de controle tem ul-
trapassado a média +2 s e outro tem ultrapassado a media −2 s. Esta

Outros materiais