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resumo schumpeter - 1961 caps-5-8

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Resumo feito por David Bouças (davidboucasufma@gmail.com) 
1 
Capitalismo, Socialismo e Democracia 
(Schumpeter, J., 1961) 
 
Parte II - Poderá sobreviver o capitalismo? 
PRELIMINAR 
Não, não poderá! A tese que nos esforçaremos por provar é que as realizações presentes e 
futuras do sistema capitalista são de tal natureza que repelem a ideia da sua derrocada sob os 
efeitos do colapso econômico, mas, também, que, por outro lado, o próprio êxito do 
capitalismo solapa as instituições sociais que o protegem e criam, inevitavelmente, as 
condições em que não lhe será possível sobreviver e que apontam claramente o socialismo 
como seu herdeiro legítimo. 
 
CAPÍTULO 5 
MÉDIA DE CRESCIMENTO DA PRODUÇÃO TOTAL 
A produção total constitui um dos primeiros testes para se julgar as realizações econômicas, 
isto é, a soma de todas as mercadorias e serviços produzidos em determinado período de 
tempo: um ano, um trimestre ou um mês. 
Se o capitalismo repetir as suas passadas realizações durante mais meio século, a partir de 
1928, acabará com aquilo que, de acordo com os padrões atuais, se chama de pobreza, 
mesmo nas camadas mais baixas da população, excetuando-se, unicamente, os casos 
patológicos (acabará mesmo? Não é o que a história mostrou!). 
Ainda que tivéssemos meios de medir as variações da eficiência técnica dos produtos 
industriais, nenhum deles nos daria uma ideia adequada sobre o que essa melhoria 
significaria em termos de dignidade, intensidade ou satisfação da vida humana — não 
importa o que os economistas de antigas gerações resumiram sob o título de satisfação das 
necessidades da vida. E estas são para nós, afinal de contas, as mais importantes, isto é, o 
verdadeiro fruto da produção capitalista, a razão por que nos interessamos pelo índice da 
produção, pois os quilos e litros que nelas figuram dificilmente mereceriam, por si mesmos, tal 
interesse. 
A participação relativa na renda nacional permaneceu essencialmente constante durante os 
últimos 100 anos. Mas essa afirmação é verdadeira apenas se a medimos em termos de 
dinheiro. Se a medimos em termos reais, verificamos que mudou substancialmente em favor 
dos grupos de renda mais baixa. Isso se deve ao fato de a máquina capitalista ser antes e 
acima de tudo um aparelho de produção em massa, o que inevitavelmente significa também 
produção para as massas. (Schumpeter entende que o modo de produção capitalista favorece 
mais as massas do que os ricos). As contribuições típicas da produção capitalista são os tecidos 
 
Resumo feito por David Bouças (davidboucasufma@gmail.com) 
2 
baratos, os artigos populares de algodão e seda artificial, o calçado, os automóveis, etc. que 
não são, de maneira geral, melhorias que teriam grande importância para o homem rico. 
Mais a frente diz que essas avalanchas de bens de consumo consistem de artigos de consumo 
em massa e aumentam mais do que qualquer outra coisa o poder aquisitivo do trabalhador 
assalariado, ou, em outras palavras, que o processo capitalista eleva progressivamente, não 
por coincidência, mas em virtude do seu próprio mecanismo, o padrão de vida das massas. 
Fala de fases da Revolução Industrial em que essas revoluções modificam periodicamente a 
estrutura existente da indústria mediante a introdução de novos métodos de produção, 
como seja, a fábrica mecanizada ou eletrificada, a síntese química, etc.; novos confortos, como 
estradas-de-ferro, automóveis, aparelhos domésticos elétricos; novas formas de organização, 
quais os movimentos de fusão das grandes empresas; novas fontes de suprimento, a lã de La 
Plata, o algodão americano, o cobre de Catanga; novas rotas comerciais e mercados, e assim 
por diante. Esse processo de transformação industrial dá a nota tônica geral à economia: 
enquanto tais fenômenos estão em formação, temos uma época de rápida expansão e 
prosperidade geral, interrompida, indubitavelmente, pelas fases negativas de ciclos mais 
curtos que se sobrepõem à tendência fundamental para a alta. Mas, ao mesmo tempo que 
essas conquistas se firmam e delas colhemos os resultados, presenciamos também uma 
eliminação dos elementos antiquados da estrutura industrial e uma depressão 
predominante. Há, assim, sucessivos e prolongados períodos de elevação e baixa de preços, de 
taxas de juro, de emprego, etc. cujos fenômenos constituem parte do mecanismo desse 
processo de rejuvenescimento intermitente da maquinaria econômica. (ao longo da história, 
sobretudo a partir da revolução industrial, o homem procurou novas formas de produzir, de 
viver e promover melhorias ao homem em sociedade e a consequente substituição, ou 
inovação, dos processos traz a “eliminação de elementos mais antiquados da estrutura 
industrial”). 
Aspectos do progresso social a que deu lugar o capitalismo: a razão por que o desemprego, 
que todos acham ser um dos temas mais importantes em todas as discussões sobre o 
capitalismo desempenha papel relativamente sem importância na nossa argumentação. Não 
acreditamos que o desemprego seja um daqueles males que, como a pobreza, pode ser 
eliminado pela própria evolução capitalista. Tampouco pensamos que a percentagem de 
desemprego aumenta a longo prazo. O desemprego anormal constitui um dos traços 
característicos dos períodos de adaptação que se seguem à fase de prosperidade de cada 
uma dessas revoluções. 
Surgiram, todavia, diversos fatores que tenderam a intensificá-los, como, por exemplo, os 
efeitos da guerra, o deslocamento do comércio exterior, a política de salários, certas 
modificações institucionais que contribuíram para elevar as cifras estatísticas, a política fiscal 
na Inglaterra e Alemanha (também importante nos Estados Unidos, a partir de 1935), e assim 
por diante. Alguns desses fatores são, indubitavelmente, sintomas de uma atmosfera em que 
o capitalismo não funcionará senão com eficiência cada vez menor. 
Sustento que a grande tragédia não é o desemprego em si mesmo, mas o desemprego e a 
impossibilidade de prover, de maneira razoável, as necessidades dos desempregados sem 
agravar as condições do desenvolvimento econômico futuro, pois, evidentemente, o 
 
Resumo feito por David Bouças (davidboucasufma@gmail.com) 
3 
sofrimento e a degradação — a destruição dos valores humanos — que associamos ao 
desemprego, embora não o desperdício de recursos produtivos, seriam quase totalmente 
eliminados e o desemprego perderia praticamente todo o seu terror se a vida privada da 
pessoa não fosse seriamente afetada pela situação em que se encontra (Schumpeter 
sustenta que o hoje o capitalismo tem condições de prover as necessidades dos empregados). 
Nossa época está mais ou menos situada entre os defeitos das primeiras fases da evolução 
capitalista e as possibilidades do sistema, quando alcançar a maturidade. 
Grande parte desta argumentação aplica-se também às futuras — e, em larga medida, às 
presentes — possibilidades oferecidas pela evolução capitalista no que tange ao cuidado 
com os doentes e os velhos, à educação, à higiene, e assim por diante. Poderemos esperar 
que, do ponto-de-vista da economia individual, um número crescente de mercadorias saia da 
categoria de bens econômicos e se torne de uso geral até o ponto da saciedade. Poder-se-ia 
conseguir isso através de acordos entre órgãos públicos e empreendimentos produtivos 
particulares, ou pela nacionalização ou municipalização, progresso gradual que seria sem 
dúvida um dos aspectos do futuro desenvolvimento de um capitalismo de certa maneira livre. 
 
CAPÍTULO 6 
O CAPITALISMO PLAUSÍVEL 
1. Há uma relação lógica entre o sistema capitalista e a média de aumento da produção. 
Ao contrário da classe dos senhores feudais, a burguesia comercial e industrial elevou-se à 
custa do êxito no campo dos negócios. A sociedade burguesa configurou-se em um molde 
puramente econômico: seus alicerces, vigas, etc. foram todos construídos de material 
econômico. As faces do edifíciose orientam para o lado econômico da vida. Recompensas e 
penalidades são oferecidas ou aplicadas em termos pecuniários. Elevar-se ou declinar na vida 
significa ganhar ou perder dinheiro. Ninguém pode negar que esta é a realidade. O êxito nos 
negócios exige habilidade, energia e uma capacidade de trabalho acima do normal, 
demonstrando que quem se dá bem nos negócios são os competentes. 
A ordem capitalista, da maneira como está materializada na instituição da empresa privada, 
prende eficientemente o capitalista ao seu trabalho e seleciona quem acenderá na classe 
burguesa. Esta combinação de função estimuladora com função selecionadora não é 
absolutamente coisa simples, e constitui um dos problemas cruciais da organização socialista. 
(o capitalismo dá êxito ao trabalhador mais competente que ascenderá social e 
financeiramente, a partir dos louros do seu trabalho. Desse modo, a dedicação ao trabalho e o 
empenho para ser reconhecido resulta no aumento de produtividade). Velha discussão entre a 
lógica da coletividade (socialismo) e individual (capitalista). 
2. A taxa de crescimento era, na verdade, devido ao capitalismo e não a circunstâncias 
particularmente favoráveis que nada tinham a ver com o capitalismo. 
 
Resumo feito por David Bouças (davidboucasufma@gmail.com) 
4 
O aumento do rendimento não é induzido por motivo social, mas pelo ideal do lucro, que 
tende a explorar ao máximo e não levar ao máximo o bem-estar. Para Schumpeter, esta é a 
opinião dos que se encontram fora da camada burguesa. 
Os economistas clássicos – Adam Smith, Ricardo, Malthus, Sênio e Stuart Mill – combatiam os 
privilégios dos latifundiários e aprovavam as reformas sociais – especialmente a legislação 
aplicável às fábricas – que não estavam de modo algum de acordo com a orientação do laissez 
faire. Mas estavam inteiramente convencidos de que, dentro da estrutura institucional do 
capitalismo, os interesses pessoais dos industriais e dos comerciantes fomentavam o 
rendimento máximo no interesse de todos. 
O principal mérito dos clássicos consiste de haverem refutado a ideia ingênua de que a 
atividade econômica na sociedade capitalista, pelo simples fato de girar em torno do móvel 
do lucro, tem de encaminhar-se necessariamente contra os interesses dos consumidores, ou, 
para expressá-lo de maneira diferente, que o objetivo de ganhar dinheiro afasta, também 
necessariamente, a produção de seus objetivos sociais, ou, finalmente, que as vantagens 
privadas, tanto por si mesmas como pela distorção que ocasionam no processo econômico, 
constituem sempre um prejuízo líquido para todos, exceto para os que recebem e que, por 
conseguinte, representariam um lucro líquido que seria absorvido pela socialização. 
3. há ou não alguma razão para que a máquina capitalista possa deixar de continuar 
funcionando nos próximos 40 anos, da mesma forma que funcionou no passado. 
Marshall coloca que, na hipótese da concorrência perfeita, o móvel do lucro do produtor 
tente induzir uma produção máxima (considerando que na concorrência perfeita, nenhum 
participante tem tamanho suficiente para ter o poder de mercado para definir o preço de um 
produto homogêneo, os lucros maiores só poderão ser obtidos, por meio da máxima 
produção). Uma indústria competitiva tende a produzir um estado de satisfação máxima das 
necessidades (menores preços, melhores produtos). 
As empresas incapazes de exercer ação individual sobre o preço de seus produtos ou sobre os 
fatores de produção que empregam, expandiriam a produção até o ponto em que a despesa 
adicional, que têm de aceitar para criar outro pequeno aumento de produção (custo marginal), 
seja exatamente igual ao preço que podem obter pelo aumento, isto é, que produzirão tanto 
quanto possível sem incorrer em prejuízos. E é possível demonstrar também que tal volume de 
produção será, de maneira geral, igual ao que é socialmente desejável. Ou, para usar uma 
linguagem mais técnica, os preços não constituem uma variável, do ponto de vista da 
empresa individual, mas parâmetros, e, nos casos em que isto ocorre, sobrevém uma situação 
de equilíbrio em que a produção alcança seu ponto máximo e todos os fatores produtivos são 
utilizados em toda sua extensão. Chama-se usualmente a isso de concorrência perfeita. 
Marshall, sobre a teoria do monopólio proposta por Cournot, chamou a atenção sobre o fato 
de que a maioria das empresas possui mercados especiais próprios, onde impõe os preços, 
em vez de aceitá-los simplesmente, ele ajustou, da mesma maneira que Wicksell, suas 
conclusões gerais ao padrão da concorrência perfeita. Para Schumpeter, a concorrência 
perfeita é exceção e não regra. 
 
Resumo feito por David Bouças (davidboucasufma@gmail.com) 
5 
No que diz respeito a praticamente todos os tipos de produtos acabados e serviços 
proporcionados pela indústria e comércio, é evidente que todo dono de armazém, proprietário 
de posto de gasolina, fabricante de luvas, creme de barbear ou serrotes possui um pequeno 
mercado próprio que procura — e tem de procurar — expandir e conservar, mediante a 
estratégia dos preços, da qualidade — a diferenciação dos produtos — e da propaganda. 
Encontramos, assim, um estado de coisas inteiramente diferente e no qual não parece haver 
razão para esperarmos que dê lugar aos resultados da concorrência perfeita, mas que se 
adapta com muito maior perfeição ao esquema monopolista. (o empresário busca maneiras 
para se diferenciar e estabelecer sua própria política de preços, indo mais ao encontro de um 
monopólio, do que de ajustes de preços diante dos seus concorrentes. Isso pode ser 
observado no cenário atual, em que, de forma ascendente, nota-se a internacionalização de 
empresas, as fusões e aquisições, como estratégias para o aumento na participação de 
mercados e busca do estabelecimento de uma política de preços. Ex: Walmart, McDonald’s 
etc.). 
O modelo de concorrência perfeita na economia é utópico. No modelo capitalista a lógica é de 
acumulação, portanto a concorrência perfeita não pode ser alcançada. 
 
CAPÍTULO 7 
O PROCESSO DA DESTRUIÇÃO CRIADORA 
PODEREMOS USAR de duas maneiras as teorias da concorrência monopolista e oligopolista e 
suas variações populares para explicar a opinião de que a realidade capitalista é desfavorável 
ao rendimento máximo da produção. 
O ponto essencial que se deve ter em conta é que, ao tratar do capitalismo, tratamos 
também de um processo evolutivo. O capitalismo é um método de transformação econômica 
e não apresenta caráter estacionário. 
Não se deve esse caráter evolutivo do processo capitalista apenas ao fato de que a vida 
econômica transcorre em um meio natural e social que se modifica e altera a situação 
econômica (guerras, revoluções e assim por diante produzem frequentemente transformações 
industriais, embora não constituam seu móvel principal). Tampouco esse caráter evolutivo se 
deve a um aumento quase automático da população e do capital, nem às variações do 
sistema monetário. O impulso fundamental que põe e mantém em funcionamento a 
máquina capitalista procede dos novos bens de consumo, dos novos métodos de produção 
ou transporte, dos novos mercados e das novas formas de organização industrial criadas 
pela empresa capitalista (o novo dá impulso ao processo capitalista). 
“Como vimos no capítulo anterior, os itens do orçamento do operário, digamos de 1760 a 
1940, não cresceram de maneira simples ao longo de linhas invariáveis, mas sofreram também 
um processo de transformação qualitativa. Similarmente, a história da aparelhagem 
produtiva de uma fazenda típica, desde os princípios da racionalização da rotação das 
colheitas, da lavra e da engorda do gado até a agricultura mecanizada dos nossos dias — 
juntamente com os silos e as estradas-de-ferro — é uma história de revoluções, como o é a 
 
Resumo feito por David Bouças (davidboucasufma@gmail.com) 
6 
história da indústria de ferroe aço, desde o forno de carvão vegetal até os tipos que hoje 
conhecemos, a história da produção da eletricidade, da roda acionada pela água à instalação 
moderna, ou a história dos meios de transporte, que se estende da antiga carruagem ao avião 
que hoje corta os céus. A abertura de novos mercados, estrangeiros e domésticos, e a 
organização da produção, da oficina do artesão a firmas, como a U.S. Steel, servem de 
exemplo do mesmo processo de mutação industrial — se é que podemos usar esse termo 
biológico — que revoluciona incessantemente* a estrutura econômica a partir de dentro, 
destruindo incessantemente o antigo e criando elementos novos. (* Essas revoluções não são 
permanentes, num sentido estrito; ocorrem em explosões discretas, separadas por períodos de calma relativa. O 
processo, como um todo, no entanto, jamais pára, no sentido de que há sempre uma revolução ou absorção dos 
resultados da revolução, ambos formando o que é conhecido como ciclos econômicos.) ESTE PROCESSO DE 
DESTRUIÇÃO CRIADORA É BÁSICO PARA SE ENTENDER O CAPITALISMO. É DELE QUE SE 
CONSTITUI O CAPITALISMO E A ELE DEVE SE ADAPTAR TODA A EMPRESA CAPITALISTA PARA 
SOBREVIVER. 
O primeiro conceito que se descarta é o tradicional modus operandi da concorrência. Os 
economistas emergem, por fim, de uma fase em que se preocupavam apenas com a 
concorrência dos preços. Tão logo a concorrência de qualidade e o esforço de venda são 
admitidos, o fator variável do preço é apeado da sua posição dominante. 
Mas, na realidade capitalista, o que conta não é esse tipo de concorrência, mas a 
concorrência de novas mercadorias, novas técnicas, novas fontes de suprimento, novo tipo 
de organização — a concorrência que determina uma superioridade decisiva no custo ou na 
qualidade e que fere não a margem de lucros e a produção de firmas existentes, mas seus 
alicerces e a própria existência. Tal tipo de concorrência é muito mais eficaz do que o outro. 
De qualquer maneira, a poderosa alavanca que, a longo prazo, expande a produção e reduz os 
preços é constituída de outro material. 
(Schumpeter trata de uma nova forma de concorrência, que não a de preços. O autor fala que 
a concorrência por novas mercadorias, técnicas, fontes de suprimento, tipos de organização é 
que proporcionará ganhos competitivos quanto à custo e qualidade, influenciando não apenas 
a lucratividade, mas acima de tudo, as condições de sobrevivência da organização). 
(Conclusivamente, a destruição criativa ou destruição criadora descreve o processo de 
inovação, que tem lugar numa economia de mercado em que novos produtos destroem 
empresas velhas e antigos modelos de negócios. As inovações dos empresários são a força 
motriz do crescimento econômico sustentado a longo prazo, apesar de que poderia destruir 
empresas bem estabelecidas, reduzindo desta forma o monopólio do poder. "O processo de 
destruição criadora", escreveu Schumpeter "é a essência do capitalismo", com o seu 
protagonista central, o empresário inovador). 
 
 
 
 
 
Resumo feito por David Bouças (davidboucasufma@gmail.com) 
7 
CAPÍTULO 8 
AS PRÁTICAS MONOPOLISTAS 
Uma economia pautada no lucro depende da inexistência de concorrência perfeita. 
1. Praticamente, todos os investimentos implicam, como complemento indispensável da 
atividade do homem de negócios independente, certas medidas de proteção — o seguro e a 
arbitragem, por exemplo. O investimento a longo prazo em condições de rápida mutação, 
especialmente aquelas que mudam ou podem mudar a qualquer momento sob o efeito de 
novas mercadorias e técnicas, assemelha-se a atirar num alvo que não é apenas indistinto, mas 
se move — e aos arrancos, por falar nisso. Daí a necessidade de se recorrer a expedientes de 
proteção, como patentes, ocultamento temporário de certos processos ou, em alguns casos, 
contratos de longa duração obtidos com antecedência. (há casos em que as empresas 
repassam custos ao consumidor, sem que eles percebam. Caso de risco de guerra que a 
empresa transfere ao cliente o preço do seguro). 
2. Novas empresas e indústrias que introduzem mercadorias e métodos novos ou reorganizam 
parcial ou totalmente uma nova indústria, são agressoras por natureza e empregam com 
notável eficácia a arma da concorrência. Sua inserção melhora a quantidade e a qualidade da 
produção. 
A criação de uma empresa particular, por outro lado, seria impossível se não soubesse de 
início que haveria oportunidade de situações excepcionalmente favoráveis que, se exploradas 
de acordo com o critério de preço, qualidade e quantidade, produziriam lucros suficientes para 
contrabalançar condições excepcionalmente desfavoráveis, desde que enfrentadas da mesma 
maneira. 
Surgem, no processo da destruição criadora, situações em que muitas firmas que afundam 
teriam podido continuar a navegar vigorosa e utilmente se tivessem podido atravessar 
determinada tormenta (as inovações das empresas acabam por abalar o mercado e 
comprometer a sobrevivência de empresas com menos força de competitividade, 
independente de seu tempo de atuação e experiência). 
3. Preços rígidos. um preço é rígido se menos sensível às alterações da oferta e da procura do 
que seria numa situação de concorrência perfeita. 
Uma nova mercadoria pode modificar radicalmente a estrutura dos preços preexistente e 
satisfazer uma determinada necessidade a preços mais baixos por unidade de serviço (o 
serviço de transporte, por exemplo), sem que necessite variar sequer um dos preços habituais. 
Restam ainda, naturalmente, numerosos casos de rigidez autêntica de preços — preços que 
são mantidos inalterados por questão de política comercial ou que continuam inflexíveis — 
porque é difícil alterá-los, como acontece com o caso dos preços fixados pelos cartéis depois 
de difíceis negociações. 
Para se compreender a influência a longo prazo desse fator sobre o desenvolvimento a longo 
prazo da produção é, antes de tudo, necessário levar em conta que essa rigidez é, 
 
Resumo feito por David Bouças (davidboucasufma@gmail.com) 
8 
essencialmente, um fenômeno a curto prazo. Não se conhecem exemplos de rigidez a longo 
prazo. Seja qual for a indústria manufatureira ou grupo de artigos manufaturados, 
verificaremos quase sem exceção que, a longo prazo, os preços jamais deixam de se adaptar 
ao progresso tecnológico — muitas vezes reagem baixando de maneira espetacular, a menos 
que contrariados por acontecimentos, política monetária ou, em alguns casos, por variações 
independentes nas escalas de salário que, naturalmente, devem ser levadas em conta 
mediante correções apropriadas, da mesma maneira que ocorre com os casos de variações da 
qualidade dos produtos. (para Schumpeter, não há rigidez de preços no sentido de que em 
qualquer indústria, os preços deverão ser alterados por uma série de fatores, políticas 
monetárias e etc., mas, sobremaneira, devido ao progresso tecnológico. Seja para aumentar a 
eficiência e diminuir os custos, seja porque apresentam maior valor agregado, sempre 
ocorrerá modificações – num aspecto longitudinal – nos preços praticados. Alguns autores 
alegam que a rigidez dos preços priva os consumidores do progresso tecnológico. Por exemplo, 
o lançamento de um celular com tecnologia mais avançada, faz com que as inovações passadas 
custem bem menos – e assim um número maior de consumidores tenha acesso – alguns 
modelos e tornem obsoletos). 
Por outro lado, a rigidez de preços, em casos de recessão, pode agravar a situação econômica 
de um país, pois os consumidores gastam boa parte da sua renda e as empresas tendem a 
poupar o que receberam, reduzindo a circulação de moeda no local. Acontecendo isso, outras 
indústrias ou firmas podem sofrer as consequências e se, por seu lado, restringem suas 
despesas, pode ocorrer uma acumulação de efeitos depressivos na economia. Em outras 
palavras, a rigidez pode influenciar a quantidade e distribuição da renda nacional de maneiraa reduzir os saldos, aumentar os depósitos improdutivos ou a economia privada. 
4. Na era dos grandes empreendimentos, a manutenção do valor dos investimentos – a 
conservação do capital – tornou-se o principal objetivo dos chefes de empresa e parece 
impedir todas as medidas tendentes a uma redução dos preços. Daí a noção de que a ordem 
capitalista é incompatível com o progresso. (ex: uma empresa que controla uma inovação 
tecnológica e cujo uso aberto dessa tecnologia traga prejuízos as suas operações e 
necessidades de substituição de sua fábrica e equipamentos, possivelmente abriria mão do 
uso dessa tecnologia, visando conservar seus valores de capital. Portanto, impede-se o 
progresso – benefício amplo para as pessoas e empresas – em detrimento de interesses 
individuais). 
5. Alguns comentários (práticas monopolistas): 
a) Monopolista – único vendedor. Será monopolista todo aquele que vender qualquer coisa 
que não seja em todos os aspectos, da embalagem ao serviço, exatamente igual ao que os 
outros vendem. Referimo-nos, sim, aos vendedores únicos, cujos mercados estão fechados 
aos futuros produtores da mesma mercadoria ou aos fabricantes já existentes ou, falando 
um pouco mais tecnicamente, aqueles vendedores únicos que enfrentam uma curva de 
procura inteiramente independente da sua própria ação, assim como qualquer reação à sua 
ação por parte das demais empresas. (Não há como os monopólios ocorrerem a longo prazo, 
nas condições de capitalismo perfeito, a menos que se fundamentem no poder público, como 
monopólios fiscais). 
 
Resumo feito por David Bouças (davidboucasufma@gmail.com) 
9 
De maneira geral, a posição de vendedor único pode ser conquistada e mantida, fora do 
campo das utilidades públicas, por algumas décadas, apenas se a empresa não agir como 
entidade monopolista. 
b) teoria do monopólio simples e característico ensina que, na ausência de uma força 
limitadora, o preço do monopólio é mais alto e a produção menor do que nos casos de 
preços e produção competitiva (sendo assim, os monopólios desfavorecem o consumidor, que 
terá que pagar mais caro, do que em ambientes competitivos – que buscam ofertar mais 
qualidade e menores preços). Todavia, em alguns casos, a posição monopolista é desfavorável, 
pois demanda grande dispêndio de energia e sagacidade. 
c) Novos métodos de produção ou novas mercadorias, especialmente as últimas, não 
conferem por si a posição monopolista, mesmo se usadas ou produzidas por uma única firma. 
Os produtos decorrentes de um novo método têm de concorrer com os fabricados de acordo 
com sistemas antigos e a nova mercadoria deve ser promovida, isto é, criar a sua própria 
curva de procura. (novos produtos precisam ter utilidade, funcionalidade superior, para que 
possam criar as suas próprias demandas e suplantem os antigos produtos, métodos. Nesse 
caso, as inovações produzidas tornam os produtos dos concorrentes obsoletos e podem 
chegar, até mesmo, a responder pelo declínio/fechamento de uma empresa/indústria que se 
baseie nesse método/técnica/produto antigo. Caso da Kodak que não acompanhou a evolução 
das máquinas digitais, embora tenha inventado essa tecnologia). 
Assim, há ou pode haver uma característica autenticamente monopolista nos lucros privados 
que constituem os prêmios oferecidos pela sociedade capitalista ao inovador vitorioso (caso 
atual da Apple com os smartphones).* 
A principal vantagem para uma firma na posição de vendedora única, obtida por patente ou 
estratégia monopolista, não consiste tanto na oportunidade de agir temporariamente de 
acordo com o esquema monopolista, mas na proteção que consegue contra a desorganização 
temporária do mercado e o espaço de tempo que garante para um planejamento a longo 
prazo. 
6. Schumpeter critica a lógica da concorrência perfeita e trata de um pensamento alternativo a 
este. 
Desse modo, coloca que não se pode mais sustentar que um sistema de concorrência perfeita 
constitui o ideal em relação à economia dos recursos e os distribui de maneira também ideal 
no que tange a uma determinada distribuição da renda — tese de grande importância no 
problema da eficiência da produção. Se tentarmos imaginar como a concorrência perfeita 
atua ou atuaria no processo da destruição criadora, chegaremos a um resultado ainda mais 
desanimador. 
Se nosso mundo econômico consistisse de certo número de indústrias tradicionais, produzindo 
mercadorias familiares, de acordo com métodos também tradicionais e virtualmente 
invariáveis, e se nada ocorresse senão o aparecimento de outros homens e novas economias, 
conjugando recursos para o estabelecimento de novas firmas do velho tipo, todos os 
 
Resumo feito por David Bouças (davidboucasufma@gmail.com) 
10 
obstáculos levantados ao acesso a uma qualquer indústria significariam uma perda para a 
comunidade. 
E dificilmente concebível a introdução, desde o início, de novos métodos de produção e 
novas mercadorias em condições de perfeita e imediata concorrência. Significa isso também 
que o que chamamos de progresso econômico é incompatível com a concorrência perfeita. Na 
verdade, a concorrência perfeita desaparece, e sempre desapareceu, em todos os casos em 
que surge qualquer inovação (Schumpeter critica a lógica da concorrência perfeita, 
entendendo que para o progresso capitalista, são necessárias inovações e que elas 
desorganizam qualquer lógica de concorrência perfeita, porquanto os consumidores passam a 
buscar as inovações e ampliar a fatia de mercado da empresa inovadora). 
A firma compatível com a concorrência perfeita é, em muitos casos, inferior em eficiência 
interna, especialmente tecnológica. Se esta neste caso, desperdiça oportunidades. Pode, 
também, nas suas tentativas para melhorar seus métodos de produção, desperdiçar capital, 
pois se encontra em posição menos satisfatória para evoluir e julgar as novas possibilidades. E 
uma indústria perfeitamente competitiva é muito mais suscetível de ser desbaratada – 
propagar os bacilos da depressão – sob o impacto do progresso ou de perturbação externa do 
que o grande empreendimento. 
Por conseguinte, não basta argumentar que, em virtude de a concorrência perfeita ser 
impossível nas modernas condições industriais — ou porque sempre o foi — o grande 
empreendimento ou o monopólio devam ser aceitos como males necessários, inseparáveis 
do progresso econômico, que é protegido da sabotagem pelas forças inerentes à sua 
maquinaria econômica. Devemos, pelo contrário, reconhecer que a grande empresa 
transformou-se no mais poderoso motor desse progresso e, em particular, da expansão a 
longo prazo da produção total, não apenas a despeito, mas em grande parte devido a essa 
estratégia que parece tão restritiva quando estudada em casos individuais e do ponto-de-vista 
de uma determinada época. Nesse sentido, a concorrência perfeita é não apenas sistema 
impossível, mas inferior, e de nenhuma maneira se justifica que seja apresentada como 
modelo de eficiência ideal. 
 
Referência completa 
SCHUMPETER, Joseph A. Capitalismo, Socialismo e Democracia. Rio de Janeiro: Editora Fundo 
de Cultura, 1961. (capítulos 5 – 8).

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