Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Adenite mesentérica Definição: Doença inflamatória dos linfonodos mesentéricos, que cursa com dor abdominal aguda ou crônica. Como os linfonodos geralmente se encontram no quadrante inferior direito do abdome, a linfadenite mesentérica pode mimetizar quadros de apendicite ou intussuscepção intestinal, sendo um importante diagnóstico diferencial na faixa pediátrica, onde é mais comum. Acometimento raro na população adulta e idosa. Quando houver densificação da gordura mesentérica nessas faixas etárias, sempre buscar outras causas que possam justificar o quadro clínico (ex.: pielonefrite, colecistite aguda, diverticulite etc). Pode ser dividida em: · Primária: Não se identifica processo inflamatório intra-abdominal específico associado; · Secundária: Processo inflamatório intra-abdominal específico identificável por método de imagem, como doença inflamatória intestinal, ileíte infecciosa (espessamento da parede de íleo), etc. Fisiopatologia A adenite mesentérica é causada por gastroenterite viral ou bacteriana (yersinia enterocolitica), doença inflamatória intestinal e linfoma, sendo a etiologia viral a mais comum. Microrganismos chegam aos linfonodos através dos vasos linfáticos intestinais. Nos linfonodos, os patógenos se multiplicam e, dependendo de sua virulência, levam a diferentes graus de inflamação e, ocasionalmente, a supuração. Apresentação Clínica Presença de dor abdominal aguda ou crônica, geralmente no quadrante inferior direito do abdome, com duração média de uma a quatro semanas. Algumas crianças podem apresentar sintomas por até dez semanas. Pode ser acompanhada de mal-estar, diarreia, náuseas e vômitos, o que pode gerar distúrbios hidroeletrolíticos. No exame físico pode se achar defesa à palpação abdominal e linfonodomegalia periférica (principalmente cervical), em até 20% dos pacientes. Geralmente é precedida de gastroenterite aguda (bacteriana ou viral), doença inflamatória intestinal ou linfoma. É importante avaliar a presença de sinais de doença sistêmica, como febre recorrente (38-38,5°C). perda ponderal e sudorese noturna. Nesses casos, levantar a suspeita de malignidade (linfoma) e de doenças infecciosas ou inflamatórias sistêmicas (tuberculose, doença inflamatória intestinal). Abordagem Diagnóstica O diagnóstico é realizado através de ultrassonografia abdominal (padrão ouro) que revela a presença de três ou mais linfonodos com diâmetro no menor eixo ≥ 5 mm (sendo, pelo menos, um deles ≥ 8 mm), agrupados no mesentério do intestino delgado do quadrante inferior direito do abdome ou ventralmente ao músculo psoas, sem sinais de apendicite. A positividade do exame não exclui o diagnóstico de apendicite, sendo necessário demonstrar que o apêndice está normal. A urinálise é útil para excluir infecção do trato urinário. Hemograma e PCR geralmente estão normais ou pouco alterados. Em indivíduos que serão submetidos à laparotomia, a ressecção de linfonodos para análise histopatológica e cultura está indicada. Logo, em casos de suspeita de apendicite aguda associado a um quadro de diarréia, deve-se pensar na possibilidade de adenite mesentérica. Diagnóstico Diferencial · Apendicite; · Apendagite epiploica; · Gastroenterite aguda; · Diverticulite; · Divertículo de Meckel; · Doença inflamatória intestinal; · Linfoma; (Nessa condição, geralmente observam-se linfonodos afetados em diversas cadeias mesentéricos, retroperitoneais e pélvicos). · Intussuscepção intestinal; · Tuberculose; Acompanhamento A doença é benigna e autolimitada, o acompanhamento é ambulatorial e o tratamento é sintomático. O manejo da dor é realizado com analgésicos comuns (Dipirona, Paracetamol). Indicações de internação: · Desidratação; · Distúrbio eletrolítico grave (vômitos incontroláveis podem apresentar alcalose metabólica e azotemia). · Sepse. Indicações de alta: Resolução dos sinais e sintomas. Antibioticoterapia empírica está indicada para pacientes com quadro de moderado a grave, embora seja ainda assunto controverso na literatura. Cirurgia é considerada nos casos de supuração e/ou abscesso, com sinais de peritonite e nos casos em que o diagnóstico de apendicite não pode ser excluído. Exames de Imagem Na ultrassonografia de abdome: · Observam-se múltiplos e grandes linfonodos mesentéricos, hipoecoicos, com aumento da ecogenicidade da gordura mesentérica (seta vermelha); Ao estudo com Doppler colorido podemos observar aumento da vascularização do mesentério, sugerindo processo inflamatório/infeccioso. Na tomografia computadorizada do abdome: · Com contraste venoso, também observam-se os linfonodos mesentéricos proeminentes e a densificação da gordura mesentérica adjacente. *Atenção! Na população pediátrica o exame de escolha será ultrassonografia de abdome. TC deve ser utilizado somente na presença de dúvida diagnóstica. Referências Bibliográficas: Kliegman, et al. Nelson Textbook of Pediatrics. 21st ed. Philadelphia: Elsevier; 2020. Benetti C, Conficconi E, Hamitaga F, et al. Course of acute nonspecific mesenteric lymphadenitis: single-center experience. Eur J Pediatr 2018; 177:243. Helbling R, Conficconi E, Wyttenbach M, et al. Acute Nonspecific Mesenteric Lymphadenitis: More Than "No Need for Surgery". Biomed Res Int 2017; 2017:9784565.
Compartilhar