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1 
 
 
 
 
 
Unidade 1 – MOÇAMBIQUE: INÍCIO DA COLONIZAÇÃO 
PORTUGUESA, SUA CONSOLIDAÇÃO E A INTEGRAÇÃO 
REGIONAL, ca. 1886 – 1926 / 1930 
 
Objectivos da Unidade 1: 
No final desta unidade o estudante deve ser capaz de: 
 
- Entender os efeitos da Conferência de Berlim para Moçambique; 
- Analisar a montagem e funcionamento da máquina administrativa colonial; 
- Avaliar a importância do trabalho migratório na integração de Moçambique na região 
da África Austral. 
 
Principais temas da Unidade 1: 
PARTE 1 - A Conferência de Berlim e as suas consequências em Moçambique 
PARTE 2 - A economia e sociedade coloniais, c.1890 – 1926 / 1930 
PARTE 3 - O trabalho migratório e a integração de Moçambique na economia regional 
 
 1. A Conferência de Berlim e as suas consequências em Moçambique 
 
 
O território actual de Moçambique conheceu desenvolvimentos históricos bastante 
interessantes desde o I milénio até à segunda metade do século XIX. A configuração do 
mapa político foi muito influenciada por este percurso que conheceu migrações 
populacionais, estabelecimento e desestruturação de unidades políticas, conflitos 
militares, dinâmicas económicas, estruturação e desintegrações sociais, etc. 
 
A Conferência de Berlim (Novembro de 1884 – Fevereiro de 1885) tem sido vista como 
um marco importante na periodização da História do continente africano. Esta situação 
deve – se ao facto de ter sido nesta conferência que se definiu os princípios básicos (o 
princípio de ocupação efectiva) para as relações entre as potências imperialistas que 
estavam presentes no continente há mais ou menos 3 séculos e que cada vez mais 
2 
 
mostravam interesse de se estabelecer de forma definitiva. Portanto, os acontecimentos 
que se seguiram à Conferência – tendência geral de colonização do continente africano – 
colocaram o continente numa situação nova. Moçambique também sofreu alterações 
profundas como resultado deste novo contexto. 
 
A Conferência de Berlim marca o início formal do processo da colonização de África. 
Após a Conferência, o governo português tentou rapidamente provar que parte dos 
territórios da África Austral, incluindo Moçambique, estava sob seu controlo e que 
deviam ser reconhecidos como suas colónias, seguindo-se alguns desenvolvimentos 
interessantes. Foi neste quadro que se registaram mudanças profundas no mapa e na 
estrutura política de Moçambique 
 
 
 
1.1. A Conferência de Berlim 
 
Motivações 
 
As disputas entre as potências imperialistas sobre a bacia do Congo constituem a causa 
imediata da convocação da Conferência de Berlim. A questão congolesa data dos anos 
1870 quando Pierre Savorgan de Brazza desenvolveu missões de exploração e 
diplomáticas na bacia do Congo que culminaram com a assinatura de tratados de Makoko 
(1880) que permitiam o acesso da França a territórios na margem sul do Congo. Na 
mesma bacia, Stanley tinha concluído, entre 1879 e 1884, tratados com algumas centenas 
de chefes locais. A ligação entre Stanley e o rei da Bélgica, Leopoldo II, que tinha fortes 
ligações com a Associação Internacional do Congo, uma associação alegadamente 
humanitária e civilizadora mas com grandes interesses económicos, acabou levando a 
divergências entre este grupo e os franceses. A repercussão internacional desta questão 
foi enorme, concentrando os interesses de países europeus pela região. Foi para se 
discutir este e outros aspectos ligados ao controlo do continente africano que o Chanceler 
Alemão, Bismarck, convocou a Conferência de Berlim. 
3 
 
 
 
 
Países participantes na Conferência de Berlim 
A Conferência de Berlim que se realizou entre Novembro de 1884 e Fevereiro de 1885 
contou com a participação de grande parte dos países europeus e dos Estados Unidos da 
América. Representados na sua maioria pelos seus embaixadores na Alemanha, 
participaram, para além do país anfitrião, as seguintes nações: Áustria, Hungria, Bélgica, 
Dinamarca, Espanha, França, Grã – Bretanha, Itália, Portugal, Estados Unidos, Países 
Baixos, Rússia, Suécia, Noruega e Turquia. 
 
SAIBA MAIS 
Como é que se explica a participação de Estados Unidos da América na Conferência de 
Berlim? 
A participação dos EUA pode ser vista de forma curiosa, por constituir a única potência distante 
do continente europeu e não ter interesses abertamente de ocupação colonial em África. De 
qualquer forma, o facto de Estados Unidos se ter tornado independente na década anterior e 
estar a desenvolver uma economia capitalista, portanto de mercado, e necessitar de fontes de 
matérias-primas e de exportar capitais, pode ajudar a compreender a participação norte 
americana. Adicionalmente, e a título de exemplo, os americanos detinham uma parte 
significativa de acções na Associação Internacional de Congo interessando, neste caso, a 
regulamentação do comércio, circulação e possessões na região da Bacia do Congo. As razões 
comerciais constituíam também o motivo principal da participação dos outros países europeus 
com menos tendência para a política de ocupação de territórios no continente africano. 
 
 
 
 Principais decisões da Conferência de Berlim 
 
O princípio de ocupação efectiva, a declaração do Estado Livre do Congo (sob controlo 
do rei belga Leopoldo II) e a livre navegação e comércio nas bacias dos rios Congo e 
Níger foram as decisões mais importantes da Conferencia de Berlim. De qualquer forma, 
4 
 
outros aspectos como a proibição do comércio de escravos e a definição clara dos limites 
das bacias hidrográficas dos rios Congo e Níger foram também deliberados nesta 
Conferência. 
 
 
O Princípio da ocupação efectiva define as normas que seriam seguidas pelas potências 
para as ocupações no continente africano. Segundo este princípio, as potências que 
controlassem territórios da costa, teriam direitos de propriedade sobre os do interior a eles 
ligado. Todavia, constituíam condições importantes a demonstração de que estas 
potências detinham uma presença real ou efectiva no território pretendido. Isto é, têm no 
território administradores, tropas ou outras infra-estruturas políticas, económicas ou 
sociais que possam exercer o controlo da região, com vista a permitir que, por exemplo, a 
liberdade do comércio e do trânsito seja garantida. 
 
 Os representantes dos estados africanos existentes foram excluídos da Conferência. A 
materialização das decisões de Berlim não teve em conta nem os interesses nem a 
estrutura da população africana. A divisão de fronteiras entre as possessões dos países 
europeus respeitou mais os marcos naturais (montanhas, rios, lagos, etc.) do que a 
estrutura dos grupos populacionais locais. Uma das consequências desta última situação 
foi a criação de estados coloniais (herdados no pós independência) que dividiam, por 
exemplo, os antigos estados africanos e os grupos étnicos. 
 
1.2 O princípio da ocupação efectiva e consequências para Moçambique 
 
Como foi referido anteriormente, a Conferência de Berlim tem sido considerada como 
um importante marco rumo à partilha de Africa pelas potências europeias. No entanto, 
não se pode pensar que esta partilha foi imediata. Ela constituiu um longo processo, que 
incluiu uma série de negociações e acordos, tensões e operações militares entre diferentes 
intervenientes especialmente entre os europeus, e entre estes e os chefes africanos. Este 
processo da implementação do colonialismo europeu que implicou, em simultâneo, a 
delimitação de fronteiras, as campanhas de “pacificação” e a montagem do aparelho 
5 
 
administrativo colonial, estava num estado quase terminal no final do século XIX e 
princípios do século XX. De qualquer forma é preciso ter em conta que existiram 
situações em que a ocupação efectiva só foi possível depois da I Guerra Mundial. 
 
No que concerne ainda ao estabelecimento efectivo das potências europeias em é preciso 
ter em conta que o estágio de grandeparte dos países europeus África, incluindo 
Portugal, era ainda incipiente. As políticas relativas a serviços sociais públicos como por 
exemplo, saúde pública, pensão de velhice, habitação pública, não estavam generalizadas, 
aliás a própria educação estatal era recente e não tão abrangente. Neste contexto era 
previsível que a manutenção da lei e ordem nas colónias tentasse evitar custos para os 
europeus. As missões cristãs foram atribuídas a responsabilidade de administrar ou reger 
a educação e o desenvolvimento económico foi responsabilizado a companhias 
comerciais e mesmo concessionárias 
 
1.2.1. Estabelecimento de fronteiras moçambicanas 
 
A região da África Austral já conhecia alguns desenvolvimentos relativos a conquista 
desde a segunda metade da década de 1870. Porém estas acções eram dominadas pelos 
britânicos especialmente na actual África do Sul como forma de tornar mais eficiente o 
fornecimento de mão-de-obra, muito importante para o desenvolvimento de diamantes 
em Kimberley e, mais tarde na indústria de ouro de Witwatersrand. Para além dos estados 
africanos, os britânicos entraram em choque com os Afrikaners (bóeres) que já se 
encontravam estabelecidos naquele território desde o século XVII. Desde os finais da 
década de 1880 que Cecil Rhodes, um explorador britânico que tinha empreendimentos 
na área da indústria mineira, tinha fortes intenções de expandir os seus interesses para o 
norte da região austral (actuais Zimbabwe e Zâmbia) onde acreditava existir um potencial 
mineiro por explorar. Através de acordos, alguns dos quais fraudulentos, em 1889 a 
companhia de Rhodes (BSAC) obteve a carta real que lhe autorizava a colonização de um 
território vasto que incluía os actuais Malawi, Zâmbia e Zimbabwe em nome do governo 
britânico. A Companhia (BSAC) formou uma força militar que a partir de Junho de 1890 
desencadeou uma conquista sangrenta contra a resistência africana neste território. Foi 
6 
 
nesta região, dominada pelos britânicos, que Portugal teve que definir as fronteiras dos 
seus territórios 
 
 O estabelecimento da fronteira Ocidental de Moçambique foi precedido por fortes 
tensões entre Portugal e a Inglaterra. Depois da Conferência do Berlim, Portugal 
apressou-se a tentar demonstrar que os territórios que estavam situados entre Angola e 
Moçambique deviam estar sob a sua administração. Henrique Barros Gomes, Ministro 
dos Negócios Estrangeiros de Portugal, apresentava ao parlamento (em 1887) um mapa, 
que datava do ano anterior, que apresentava as supostas possessões portuguesas no sul de 
África. De acordo com este mapa, conhecido como o “mapa cor-de-rosa” (devido ao 
facto de destacar esta zona em tom rosado), Angola e Moçambique encontravam se 
geograficamente ligados. Isto significava que os territórios intermédios, como por 
exemplo parte da Niassalândia e da Rodésia pertenceriam a Portugal. Esta pretensão 
portuguesa levou a choques com os britânicos que tinham interesses económicos nas 
Rodesias, através do explorador Cecil Rhodes que tinha investimentos na área mineira 
sul-africana e que pretendia expandir as suas actividades nas Rodesias e ainda criar um 
domínio britânico ente Cabo (África do Sul) e Cairo (Egipto). Como se previa, a reacção 
inglesa foi contrária a esta pretensão portuguesa. Para a materialização deste projecto, 
Portugal tentou angariar apoio de outras potências coloniais através de acordos bilaterais, 
especialmente da Alemanha e da França. Os portugueses tinham forças localizadas em 
Chire (sul da Niassalandia) e na Mashonalândia (leste da Rodésia do Sul). Nesta última 
região, Cecil Rhodes enviou uma coluna expedicionária e o esperado apoio alemão não se 
fez sentir desesperando o governo português. O fim deste conflito foi marcado pelo 
ultimato do governo britânico ao governo português, 11 de Janeiro de 1890, que obrigava 
os portugueses a abandonar as suas pretensões, retirando as suas forças de Mashonalândia 
e Chire.
1
 
 
Tensões e tentativas de acordos foram também visíveis no estabelecimento da fronteira 
Norte de Moçambique. Este processo iniciou na segunda metade da década dos anos 
1880 e terminou com a I Guerra Mundial, tendo incluído confrontações militares entre os 
 
1
 Serra, 2000: 182 -188 
7 
 
portugueses e os alemães estabelecidos no Tanganhica. Desde 1894 que os alemães 
tinham hasteado a sua bandeira nas duas margens do rio Rovuma sob fortes protestos dos 
portugueses. No âmbito da I Guerra Mundial (1914 – 1918) os alemães invadiram 
Moçambique desencadearam durante cerca de 4 anos violentos ataques sobre as 
guarnições portuguesas, povoações e diferentes infra estruturas ali estabelecidas. Estas 
tropas desenvolveram as suas actividades em quase todo o norte de Moçambique, 
chegando mesmo às portas de Quelimane quando, em Julho de 1918, derrotaram as 
tropas portuguesas estabelecidas em Namacurra.
2
 As tropas aliadas, especialmente 
britânicas, vieram ao auxílio dos portugueses. O contingente britânico incluía tropas 
vindas da África Ocidental como por exemplo da Gambia, da Nigéria e da Costa do Ouro 
(actual Gana). Estas tropas fizeram também incursões no resto da Africa oriental em 
conflito. A derrota dos alemães permitiu a definição do rio Rovuma como marco da 
fronteira norte de Moçambique. 
 
O início do processo da definição da fronteira Sul de Moçambique data da primeira 
metade do século XIX e incluíram disputas entre os portugueses, holandeses e ingleses 
pelo controlo da baia de Lourenço Marques e as regiões adjacentes. A aliança entre os 
portugueses e o Transvaal, através do tratado de 1869, que estabelecia os montes 
Libombos o limite Sul de Moçambique (com a Suazilândia e Transvaal), foi uma vitória 
da diplomacia portuguesa. De qualquer forma, a materialização deste acordo só foi 
possível em 1875 com a mediação internacional do Marechal Mac Mahon, presidente da 
França. 
 
Actividade 
1. Elabore um quadro comparativo do estabelecimento das fronteiras 
moçambicanas (Norte, Ocidente e Sul) tendo em conta os seguintes aspectos: 
principais marcos (geográficos), data/ cronologia do estabelecimento e potências 
europeias envolvidas 
 
 
 
2
 Ver Serra, 2000: 239 - 243 
8 
 
 
1.2.2 As Campanhas de “Pacificação” 
Paralelamente ao estabelecimento de fronteiras os colonialistas encetaram as campanhas 
de pacificação. Este processo visava concluir a ocupação efectiva e submeter toda a 
extensão dos territórios coloniais sob a máquina administrativa colonial o que despoletou 
uma forte resistência dos estados locais. A presença portuguesa no norte de Moçambique 
fazia se sentir essencialmente nas zonas costeiras. A partir dos meados da década de 1890 
os portugueses começaram a desenvolver acções para acabar com as chefaturas e estados 
localizados no norte. As primeiras tentativas para dominar o interior de Nampula em 
1896 e 1897 não tiveram os sucessos esperados. Os chefes locais, usando especialmente 
técnicas aproximadas a guerrilha, conseguiram impedir o avanço dos exércitos 
portugueses para o interior até ao final da primeira década do século XX. Os chefes dos 
povos Makua como Mocuto – muno, Komala e Kuphula e os xeiques Molid – volay e 
Faralay foram os que mais se destacaram nesta resistência heróica. A partir da segunda 
metade do século XIX e para acelerarem o processo da conquista, os portugueses usaram 
métodos mais sofisticados que incluíam estratégias de incitação à divisão dos chefes 
locais, captando apoio de alguns e ganhando vantagens militares em relação às unidades 
políticas mais resistentes como foi o caso dos reinos Afro – Islâmicos da Costa e das 
chefaturas Makuas. Em Niassa e Cabo Delgado, o processo de ocupação portuguesa foi 
mais longo. Iniciou no princípio de década de 1890 e caracterizou se por uma forte 
resistência dos camponeses e chefaturasespecialmente a resistência de Mataca (Niassa) e 
de Mwaliya e dos Maconde do Planalto (Cabo Delgado). As tropas da Companhia de 
Niassa, responsável pela pacificação, tiveram grandes dificuldades em controlar estas 
áreas e só com o envio de mais tropas para defenderem o território da invasão alemã é 
que foi possível concluir este processo. 
 
No centro de Moçambique o processo de ocupação foi feito recorrendo a acordos com os 
chefes locais, a guerras de conquista e a actividades das companhias majestáticas e 
arrendatárias. O papel da Companhia de Moçambique, a responsável pela pacificação de 
Manica e Sofala, foi determinante neste processo. Na parte mais a sul do território, que 
pertencia ao Estado de Gaza, a Companhia optou por acordos com o rei Ngugunhane e, 
9 
 
após a vitória portuguesas sobre o rei (1895), ocupou esta parte do território. Mais a norte 
de Manica e Sofala, o exército da Companhia teve que enfrentar a resistência dos Estados 
militares durante quase toda a década de 1890 com maior destaque para a resistência 
persistente sob liderança de Cambuemba. De qualquer forma, foi em Báruè onde veio a 
resistência mais complicada. As tropas da Companhia de Moçambique foram por várias 
vezes derrotadas entre 1890 e 1902, tendo-se conseguido neste último ano uma vitória 
graças ao apoio forte do exército português oriundo de Angola e de várias regiões de 
Moçambique. No entanto, em 1917 desencadeou em Báruè uma forte revolta armada 
liderada por Nongué – Nongué e Macossa que voltou a pôr em causa a administração 
portuguesa e que só terminou em 1920 com a derrota dos revoltosos. 
 
No sul de Moçambique, os portugueses consideravam o Estado de Gaza como a unidade 
política mais difícil de conquistar. Neste contexto, os portugueses começaram por 
submeter com alguma dificuldade os reinos estabelecidos em Lourenço Marques através 
de conquistas militares (Zihlahla e Magaia, derrotados em Marracuene) e alianças com 
algumas chefaturas (Moamba e Matola). A seguir, com o apoio de alguns chefes aliados, 
os portugueses, agora comandados por Mouzinho de Albuquerque, decidiram enfrentar o 
Estado de Gaza. As batalhas de Magule (Setembro de 1895) e de Coolela (Novembro de 
1895) foram as mais importantes e marcaram o início do fim do Estado de Gaza. 
Ngungunhane foi preso (e depois deportado para Portugal). A resistência de Gaza 
continuou, de forma inconsistente, até a derrota de Maguiguane Cossa, o chefe militar 
durante o reinado de Ngungunhane, em 1897. 
 
Actividade 
 2. Elabore um quadro comparativo sobre as campanhas de “pacificação” (Norte, 
Centro e Sul) considerando os seguintes aspectos: principais unidades políticas 
envolvidas, principais líderes da resistência e cronologia/ periodização. 
 
 
 
 
10 
 
1.2.3 A montagem do aparelho administrativo colonial 
Como você pode imaginar, a montagem do aparelho administrativo colonial em 
Moçambique foi simultâneo a outros processos de ocupação efectiva. Isto é, os 
colonialistas não ficaram a espera de concluir a delimitação de fronteiras e o processo de 
pacificação para definirem o modo através do qual o território seria colonizado. Assim, 
considerando as suas fracas capacidades financeiras os colonialistas optaram por atribuir 
(“alugar”) quase um terço do território às companhias concessionárias de capitais 
maioritariamente estrangeiros (não português) e o resto do território sob a administração 
directa da administração colonial. Assim, a Companhia de Niassa (1891 – 1929) ficou 
com a responsabilidade de administrar as actuais províncias de Niassa e Cabo Delgado; à 
Companhia de Moçambique (1888 – 1942) foi atribuída os territórios de Manica e Sofala; 
a região do sul de Moçambique (Inhambane, Gaza e Maputo) e Nampula foram 
administradas directamente pelo Estado colonial; enquanto as actuais províncias de Tete 
e Zambézia estiveram submetidas a uma administração mista (Estado colonial e 
companhias arrendatárias). 
 
Actividade 
3. Tal como o governo colonial, as companhias majestáticas estiveram envolvidas 
nas campanhas de pacificação e no processo do estabelecimento de fronteiras. 
Concorda com esta visão? Justifique. 
Leitura complementar para responder a pergunta: Serra, C. (Dir). (2000) História de 
Moçambique. Parte I: Primeiras sociedades sedentárias e impacto dos mercadores, 
200/300–1885; Parte II: a agressão imperialista, 1886-1930. Maputo: Livraria 
Universitária, , Vol. I, pp. 228 – 238 e 307- 316) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
11 
 
2. A ECONOMIA E SOCIEDADES COLONIAIS, ca.1890 – 1926 / 1930 
 
A Administração e políticas sociais 
 
Como vimos na primeira parte desta Unidade, os colonialistas portugueses 
desenvolveram esforços para o estabelecimento e funcionamento da sua máquina 
administrativa em Moçambique ao mesmo tempo que enfrentavam a resistência dos 
reinos existentes e alguns conflitos com algumas potências europeias no estabelecimento 
definitivo de fronteiras. Vimos também que, por causa das dificuldades económicas de 
Portugal, cerca de dois terços do território foi concessionada às companhias monopolistas 
que ganharam direitos administrativos. O resto do território ficou sob a responsabilidade 
directa do Estado português. Dirigentes coloniais como António Enes e Mouzinho de 
Albuquerque foram importantes na edificação inicial, segunda metade da década 1890, de 
um aparelho administrativo colonial que tinha na exploração económica de Moçambique 
para servir Portugal o seu principal objectivo. Esta situação passava pela exploração da 
força de trabalho dos africanos o que explica o facto de ter-se introduzido uma série de 
medidas administrativas incluindo o chibalo (trabalho forçado). 
 
A estrutura da administração colonial foi pormenorizadamente descrita por Eduardo 
Mondlane, como demonstra o extracto seguinte: 
 
“A pedra angular da estrutura administrativa era o Governador – Geral, que de início exercia o seu 
comando a partir da cidade – capital de Moçambique no Norte, e mais tarde de Lourenço Marques no Sul. 
Abaixo dele estavam os governadores provinciais; a seguir estavam os intendentes de distrito, que 
controlavam os administradores de circunscrição; estes, por sua vez, tinham a tarefa de supervisionar o 
trabalho dos chefes de posto, que controlavam directamente a vida diária de milhares de africanos. Para 
facilitar o trabalho dos administradores e dos chefes de posto, o governo português restabeleceu, com 
alguns limites, a autoridade tradicional de vários chefes africanos Mas para assegurar que nenhum chefe 
africano pudesse adquirir poder suficiente para desafiar o homem branco, o governo português dividiu as 
várias chefaturas em pequenos territórios, cada um deles com apenas alguns milhares de pessoas. Todos os 
chefes africanos eram directamente responsáveis perante o administrador de circunscrição ou o chefe do 
posto. Mais importante ainda era o facto de o poder do chefe já não derivar de um conceito de legitimidade 
dentro da sociedade tradicional, mas estar antes baseado no controverso conceito de legalidade portuguesa. 
O chefe já não era mais o dirigente da sua comunidade, mas o representante na comunidade da autoridade 
12 
 
colonial, estabelecida de forma hierárquica. Os antigos laços políticos entre as várias comunidades 
africanas foram rompidos e substituídos pelo poder português”
3
 
 
Depois da leitura deste extracto você deve ter entendido a estrutura, o funcionamento e a 
lógica da administração colonial portuguesa em Moçambique no início do século XX. 
Não entendeu? Mais adiante, nas próximas actividades, terá oportunidade de exercitar. 
 
A legislação colonial diferenciava o indígena do não – indígena. Na categoria dos não 
indígenas, também tratados como civilizados, faziam parte, para além da população de 
origem europeia, os chamados mestiços (afro – portugueses e os afro – indianos, 
principalmente). Com raras excepções (dosassimilados), a população africana era 
considerada indígena. As leis que definiam a obrigatoriedade de trabalhar (como as do 
chibalo), desde a década de 1890, eram aplicadas apenas aos indígenas. Como pode 
notar, a preocupação do regime colonial era explorar ao máximo os recursos humanos das 
colónias incluindo Moçambique. 
 
Os moçambicanos reagiam às medidas discriminatórias de várias maneiras. Nas zonas 
urbanas, ainda emergentes, a pequena burguesia negra (assimilados) e os mestiços 
formaram associações que tinham um certo carácter nacionalista e desenvolveram acções 
mais ou menos reivindicativas através da imprensa e de manifestações artísticas. O 
Grémio Africano de Lourenço Marques, criado em 1908 e oficializada pelo regime 
colonial em 1920, foi a primeira e a mais importante associação formada e pode se 
destacar os irmãos João e José Albasini que foram figuras de realce na imprensa 
moçambicana nas primeiras décadas do século XX. Eles foram as figuras – chave dos 
jornais O Africano, 1909 e 1918, e O Brado Africano, a partir de 1918. Estes jornais 
caracterizaram-se por uma certa defesa dos interesses de classe (pequena burguesia 
africana) ao mesmo tempo que advogavam um tratamento condigno para a população 
moçambicana no geral. 
 
 
 
3
 Mondlane, 1995: 34 
13 
 
ACTIVIDADES 
4. Baseado no extracto de Eduardo Mondlane, elabore um esquema, organizado de forma 
hierárquica, da estrutura administrativa colonial em Moçambique durante as primeiras 
décadas século XX. 
5. Com as suas próprias palavras, explique as motivações da diferenciação do tratamento 
(na legislação) entre indígenas e não indígenas. 
 
A Economia colonial 
 
A administração colonial, mesmo em zonas exploradas pelas companhias, tentava 
rentabilizar as suas actividades promovendo o chibalo e cobrando impostos cada vez 
mais altos. É principalmente com o chibalo que o regime colonial foi construindo as infra 
– estruturas mais importantes (estradas, caminhos de ferro, etc) e fornecendo mão-de-
obra aos sectores mais notáveis (Portos e plantações). É com a imposição de impostos 
altos que o regime obrigou a população a entrar no “mercado de emprego” onde se 
sujeitava a salários baixos. 
 
Como já se apercebeu, o objectivo do colonialismo era explorar os recursos existentes em 
Moçambique para desenvolver Portugal: produtora de matéria-prima e consumidora de 
bens acabados vindos da metrópole. Nas primeiras décadas do século XX a esmagadora 
maioria das indústrias estabelecidas em Moçambique eram as chamadas agro – indústrias, 
ou seja, indústrias que visavam transformação primária de produtos agrícolas para a 
posterior exportação como por exemplo a copra, o açúcar, o sisal, o algodão, o chá e as 
oleaginosas. A partir dos meados dos anos 1920 e como resultado do aumento da 
população colona surgiram pequenas indústrias viradas para o mercado interno. Estas 
eram indústrias de substituição de importações e tinham no sabão, cigarros, farinha de 
milho e cimento os principais produtos. Pertencente a colonos portugueses, o seu 
estabelecimento foi possível porque não entravam em concorrência com o sector 
industrial da metrópole que exportava para Moçambique. 
 
A seguir vamos analisar o papel de Moçambique, como colónia, para a economia 
portuguesa. O estabelecimento de certas industriais, como têxtil e de vinhos, era proibido 
14 
 
em Moçambique porque eram as principais exportações de Portugal para Moçambique. 
Em relação aos têxteis Portugal pretendia apenas que Moçambique se tornasse fornecedor 
de matéria-prima, o algodão, para a indústria portuguesa e mercado dos tecidos 
produzidos na metrópole. A ideia de beneficiar da importação barata do algodão de 
Moçambique praticamente falhou, pelo menos até os finais da década de 1920. A 
tentativa de plantações de algodão na companhia de Moçambique e da Zambézia não 
evitou que Portugal continuasse dependente das importações do algodão do Brasil e cada 
vez mais dos Estados Unidos de América. Em 1905 por exemplo, o algodão vindo das 
duas companhias acima referidas foi de cerca de 0,04% do total das importações do 
algodão para a indústria portuguesa. Mesmo nas duas décadas seguintes o algodão vindo 
de Moçambique nunca ultrapassou 1% das importações portuguesas desta matéria-prima 
da indústria têxtil.
4
 Como mercado de tecidos metropolitanos, apesar da protecção através 
da pauta aduaneira, a capacidade de absorção de Moçambique era muito limitada. 
 
 A metrópole defendia que as colónias deviam ser mercados exclusivos do vinho 
português. No entanto, como sabe, existia em Moçambique uma produção de bebidas 
destiladas e cafreais que eram muito consumidas pelas populações locais. As autoridades 
coloniais (estabelecidas em Moçambique) defendiam os produtores locais do álcool 
justificando que era a única que permitia a acumulação primitiva do capital para os 
colonos. O mercado do sul do rio Save era o mais disputado e a metrópole acabou por 
impor uma legislação que visava beneficiar o vinho. Desde os finais da década de 1890, 
desenvolveram-se em Lisboa campanhas a favor da exportação do vinho para 
Moçambique e durante as primeiras décadas do século XX, medidas como a proibição de 
bebidas destiladas e cafreais, proibição de importação de bebidas alcoólicas destiladas no 
sul do Save, proibição ou limitação da produção do álcool a partir do açúcar, etc. Embora 
o sucesso destas medidas fosse afectado por práticas fraudulentas ou contrabando, 
Moçambique se tornou o principal receptor das exportações do vinho exportado por 
Portugal – em 1909, por exemplo, absorvia 43% das bebidas (principalmente vinho) 
exportadas por Portugal contra 30% de Angola e 18% de São Tomé.
5
 
 
4
 Fortuna, 1993: 87 - 91 
5
 Clarence-Smith, 1985: 99; ver também Capela, 1973; e Capela 1995 
15 
 
 
Esta situação levou à produção e comercialização clandestinas de bebidas locais no sul de 
Save. Como referimos, o facto das bebidas alcoólicas locais se terem tornado um meio 
importante no comércio local dificultava a aplicação plena da legislação contra a 
produção e comercialização do álcool em Moçambique. Estas actividades continuavam 
de forma clandestina no sul do Save. A reacção das autoridades era invariavelmente a 
apreensão de elevadas quantidades de bebidas e de alambiques, aparelhos, canos de 
espingarda e outros instrumentos que serviam para a destilação. Há indicações de que em 
Inhambane funcionava, por volta de 1907 – 1909, uma polícia especial para o combate à 
produção indígena do álcool e que para além das apreensões de instrumentos de 
destilação prendia os seus fabricadores. Durante o período de detenção, estes foram 
submetidos ao trabalho forçado que incluía construção de infra estruturas e machambas 
das administrações.
6
 
 
As consequências da I Guerra Mundial (1914 -1918) em Moçambique 
 
Como sabe, e foi referido na parte 1, a I Guerra Mundial teve consequências 
significativas no processo da ocupação colonial em Moçambique: ajudou a concluir a 
delimitação de fronteiras e as campanhas de “pacificação”. De qualquer forma, outras 
consequências económicas e sociais de capital importância podem ser vistas. A 
participação de Portugal na Guerra precipitou a anarquia financeira e conduziu à inflação 
descontrolada e a desvalorização da moeda. O escudo, moeda colonial portuguesa, 
desvalorizou progressiva e drasticamente durante e no período posterior à I Guerra 
Mundial. Em 1914, por exemplo, 1 libra valia 5 escudos e em 1924, 1 libra correspondia 
a 120 escudos, pese embora a própria libra tenha perdido metade do seu valor real devido 
à mesma guerra. 
 
 
 
 
 
6 Capela, 1995: 53 – 60 
16 
 
O Golpe de Estado de 1926 em Portugal 
 
Em Outubro de 1910 foi derrubada a monarquia e instauradaa República em Portugal. 
Este regime republicano, a Primeira República, vigorou até 1926. A 28 de Maio de 1926 
os militares protagonizaram um golpe de estado que os levou ao poder. Apoiados por 
vários sectores da burguesia portuguesa, os militares implementaram medidas 
disciplinadoras e ou ditatoriais e abriram espaço para a cumulação da burguesia 
portuguesa sobretudo a metropolitana. Esta situação foi claramente visível em 
Moçambique onde os representantes da burguesia portuguesa viram as suas posições 
reforçadas. Aliás, uma das razões que levaram ao golpe foi o facto de as colónias não 
estarem a servir a metrópole nos níveis que se pretendiam. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
17 
 
3. O TRABALHO MIGRATÓRIO E A INTEGRAÇÃO DE 
MOÇAMBIQUE NA ECONOMIA NA ECONOMIA REGIONAL 
 
 
Como é já do seu conhecimento, o mapa geográfico (dos estados) da África Austral não 
tinha a configuração que você conhece hoje, pelo menos até ao final do século XIX. 
Desde o século XVII que co - existiam reinos africanos independentes e alguma presença 
europeia que progressivamente foi ganhando espaço. Apesar de uma série de contactos, 
incluindo comerciais, entre os reinos existentes não havia uma integração económica na 
região. 
 
O território (actual) de Moçambique não fugia à regra regional, não estava integrado 
economicamente na região. A situação começou a mudar na segunda metade do século 
XIX quando os primeiros jazigos de diamantes, e depois de ouro, começaram a ser 
explorados na actual África do Sul. Trabalhadores oriundos de Moçambique, 
especialmente da zona sul, iniciaram a migração sistemática para trabalharem naquele 
território. Os desenvolvimentos que seguiram aceleraram o processo da integração 
regional na economia de Moçambique. 
 
O Sul de Moçambique e o trabalho migratório: a situação política e 
económica do sul do Save c. 1880 
 
Na década de 1880 a zona sul de Moçambique era constituída por uma série de estados 
africanos independentes (do domínio político português) apesar da presença portuguesa 
em certos locais como por exemplo Lourenço Marques e Inhambane. Os principais 
estados do sul de Moçambique eram Maputo e especialmente Gaza. Este último Estado 
dominava, de forma tributária, uma série de chefaturas (Khosa, Manhiça e Chirindja). 
Existiam também no ocidente dos montes Libombo as chefaturas Nuamba e Matsolo que 
estavam sob domínio do reino Suazi. No geral, estes estados desenvolviam relações 
comerciais com os europeus e asiáticos exportando principalmente marfim e importando 
produtos como tecidos, enxadas e armas de fogo. Este último bem era muito controlado 
18 
 
pelas aristocracias dominantes de Gaza e Maputo como forma de evitar que as chefaturas 
subordinadas pudessem readquirir as independências usando a força das armas.
7
 
 
As actividades económicas básicas das populações destes estados eram a agricultura e a 
criação de gado. Paralelamente homens partiam destas regiões para a África do Sul onde 
trabalhavam temporariamente em diversos sectores de economia mesmo antes da década 
de 1880. Alguns milhares de trabalhadores vindos do sul de Moçambique viajavam para 
Natal onde eram empregues especialmente nas plantações do açúcar desde a década de 
1850. No mesmo período, um número relativamente reduzido de trabalhadores desta 
região viajava para a colónia do Cabo para procurar emprego nos grandes produtores de 
lã. 
A descoberta de diamantes em Kimberley (na actual África do Sul) em 1867 atraiu mais 
trabalhadores estimando-se que em 1879 mais de 12000 moçambicanos trabalhavam na 
África do Sul.
8
 A descoberta de jazigos de ouro em Witwatersrand (Joanesburgo, África 
do Sul) em 1886 e sua consequente exploração acelerou significativamente o número de 
trabalhadores moçambicanos envolvidos no trabalho migratório na África do Sul. Este 
último aspecto será detalhado mais tarde. 
 
A integração dos trabalhadores moçambicanos no sistema do trabalho migratório deveu – 
se a várias razões tais como as mudanças climáticas, condições económicas, crises 
políticas e sociais. As condições ecológicas e climatéricas da região entre os rios Save e 
Limpopo, por exemplo, eram caracterizadas por chuvas irregulares e secas prolongadas, e 
a crescente densidade populacional contribuía para a exaustação dos solos.
9
 Estas 
condições afectaram negativamente a produção agrícola e a pastorícia. A seca afectou 
também outras actividades económicas como a caça uma vez que os animais selvagens 
como elefantes, girafas, zebras e outros tornaram se crescentemente raros. Estes factores 
contribuíram para o declínio da economia local que por sua vez levou ao 
desenvolvimento do sistema do trabalho migratório. Outras causas importantes para 
 
7
 Serra, 2000: 349 - 351 
8
 Harries, 1982: 144 
9
 Gool, 1983: 49 
19 
 
migração de trabalhadores do sul de Moçambique foram a necessidade de acumular 
enxadas e, mais tarde, moedas (libras) para investir no lobolo e em bens como roupas e 
bebidas. 
Aspectos ideológicos e de afirmação do estatuto social dentro das comunidades rurais do 
sul de Moçambique contribuíram também para a participação de homens no trabalho 
migratório. Com a descoberta de importantes minerais na África do Sul, especialmente o 
ouro de Witwatersrand, o número de aderentes ao sistema do trabalho migratório cresceu 
significativamente. O autor Patrick Harries refere que os jovens do sul de Moçambique 
que regressavam das minas na década de 1890 eram tratados pelas comunidades de 
origem com respeito e eram conotados como detentores de recursos. Os homens que não 
iam às minas não mereciam o mesmo respeito e eram vistos como aqueles que nada 
sabiam, que eram “provincianos”.
10
 A necessidade de atingir o primeiro estatuto fez com 
que muitos jovens procurassem emprego nas minas sul-africanas mesmo em períodos 
posteriores. 
 
ACTIVIDADE 
6. Apresente, de forma sumária, as motivações internas e externas que levaram os 
moçambicanos a se integrarem no trabalho migratório para a África do Sul. 
 
Os acordos sobre o trabalho migratório 
Os primeiros acordos documentados sobre o trabalho migratório datam da década de 
1860 e foram assinados entre as autoridades portuguesas e do Natal. Como foi 
anteriormente referido grupos cada vez mais crescentes de trabalhadores vindos do sul de 
Moçambique deslocavam – se às plantações do Natal a procura de emprego. Foi neste 
contexto que os dois governos assinaram um acordo, em 1867, que legalizaram a saída 
voluntária destes trabalhadores de Lourenço Marques por mar até Natal. Em 1875 esta 
autorização foi alargada para a Província do Cabo.
11
 
 
 
10
 Harries, 1982: 158 
11
 UEM, 1980: 18 
20 
 
Nos finais da década de 1890 Portugal consegue controlar toda a região sul de Save 
através de conquistas militares, especialmente a vitória sobre a resistência do Estado de 
Gaza. Esta situação coincidiu com uma maior procura de mão-de-obra para as minas sul-
africanas e, como os trabalhadores oriundos de Moçambique faziam parte dos mais 
preferidos pelas minas, os portugueses decidiram - se por uma maior intervenção no 
sistema. Na ausência de empreendimentos económicos capazes de competir com a 
poderosa industria mineira e com limitados mecanismos de controlo da saída de 
trabalhadores para a África do sul, tornava –se mais fácil para os portugueses negociar 
com os sul africanos e ganhar vantagens deste sistema do que impedir a participação dos 
trabalhadores moçambicanos no mesmo. 
 
Assim, em 1897 as autoridades portuguesas assinaram um acordo com o governo de 
Transvaal que regulamentava a migração dos trabalhadores moçambicanos para 
Transvaal. Este estatuto estabelecia, por exemplo, um Curador (representante das 
autoridades portuguesas no Transvaal para negociar, registare controlar a mão de obra 
fornecida por Moçambique à África do Sul). 
 
Em 1899 começou na África do Sul a guerra anglo – boer. Este conflito, que decorreu 
especialmente no Transvaal (local onde se localizavam os principais campos de jazigos 
de ouro) teve efeitos bastante negativos para a indústria mineira. A título de exemplo um 
número significativo de minas interrompeu as suas actividades e milhares de 
moçambicanos foram repatriados. 
 
Em 1901 foi assinado um acordo entre os governos de Transvaal e português, o chamado 
Modus Vivendi. Este incluía três sectores económicos – trabalho migratório, portos e 
caminhos-de-ferro e comércio. No que concerne ao trabalho migratório foram 
estabelecidos 12 meses como o período de duração (máxima) do contracto de 
trabalhadores moçambicanos nas minas sul-africanas. O contracto podia ser renovado 
caso o trabalhador pretendesse. O Modus Vivendi estabeleceu também 13 shilings como a 
21 
 
taxa (por trabalhador) que o governo português receberia para cobrir uma série de custos 
como por exemplo os custos de passaporte, de contacto, de supervisão e de registo.
12
 
 
No mesmo contexto, um acordo entre as autoridades coloniais de Moçambique e a 
Witwatersrand Native Labour Association (WENELA) foi assinado em 1901. Através 
deste acordo, foi atribuída à WENELA o monopólio de recrutamento de trabalhadores, 
para as minas, em Moçambique. A WENELA tinha sido criada em 1887, como agência 
de recrutamento da Câmara das Minas, com o objectivo de assegurar e disciplinar o 
recrutamento e fornecimento de trabalhadores. A partir de 1913 / 1914 as actividades da 
WENELA em Moçambique foram limitadas, através do acordo de paralelo 22º sul, a 
região sul porque acreditava-se que trabalhadores vindos dos trópicos não conseguiam 
adaptar – se da altitude e do clima da zona de Witwatersrand (Joanesburgo). 
 
Os governos coloniais de Moçambique e do Transvaal assinaram a primeira Convenção 
em Pretória em 1909. Este substituía o chamado Modus Vivendi de 1901. De acordo com 
a Convenção, a duração máxima do contracto dos trabalhadores moçambicanos nas minas 
continuaria a ser de 12 meses (como tinha definido o Modus Vivendi). De qualquer 
forma, a questão da renovação do contracto foi revista. O artigo VI da Convenção de 
1909 definia que nenhum trabalhador podia renovar contractos (s) que lhe colocassem no 
território sul-africano por mais de dois anos (contando com o período do primeiro 
contracto) sem a especial autorização do curador. Adicionalmente, a Convenção de 1909 
garantia que não haveria nenhuma pressão sobre os trabalhadores para renovarem os seus 
contractos.
13
 
O governo do Transvaal tinha resolvido uma das maiores preocupações das autoridades 
portuguesas, a questão da repatriação de moçambicanos no fim dos contractos. A 
repatriação permitia o pagamento de taxas obrigatórias como o imposto de palhota pelos 
moçambicanos, a minimização da falta de mão-de-obra em empreendimentos internos; e 
o fortalecimento do poder de compra nas zonas rurais do sul de Moçambique. 
 
12
 Serra, 2000: 390- 394; First, 1983: . 212- 213; Covane, 1989: 52- 55 
13
 Ver BO, 13, 1909 – A Convenção de 1909 
22 
 
 
Como acontecia com o Modus Vivendi, a Convenção de 1909 incluía acordos relativos a 
portos e caminhos-de-ferro e comércio entre os dois territórios. Esta situação foi motivo 
de reclamações das autoridades e homens de negócios de Natal e Cabo porque 
argumentavam que a Convenção dava vantagens ao porto de Lourenço Marques em 
relação aos seus portos. A formação da União Sul Africana em 1910, que englobava 
Transvaal, Estado Livre de Orange, Natal e Cabo acelerou o nível de protestos contra a 
Convenção de 1909. O facto de 50% do tráfico do Transvaal ter que passar por Lourenço 
Marques era o aspecto mais criticado no Cabo e Natal e, no princípio da década de 1920, 
o governo da União Sul Africana, sob comando de Jan Smuts, foi forçado a denunciar a 
Convenção. Assim os privilégios dos portugueses nas áreas de transporte e comércio 
foram interrompidos em 1923. De qualquer das maneiras, não houve mudanças 
significativas na secção relacionada com o trabalho migratório.
14
 
 
 
SAIBA MAIS 
 O Estado Sul-Africano 
Antes da Guerra Anglo – Bóer (1899 – 1902), existiam na actual África do Sul dois 
estados Bóeres ou Afrikaners (Estado Livre de Orange e Transvaal) e dois estados 
britânicos (Natal e Cabo). Estes estados tinham estruturas políticas independentes e 
mesmo com a derrota dos Afrikaners pelos britânicos na guerra acima referida este 
cenário não alterou até 1910. Neste ano foi formada a União Sul Africana, constituída por 
estes 4 estados (que passavam a ter o estatuto de províncias). O governo britânico deu 
autonomia política a esta União, daí que este ano (1910) é considerado o da 
independência da África do Sul. No entanto, este novo estado era segregacionista porque 
colocou de lado a maioria do povo sul-africano, a população negra, que só beneficiou 
desta independência a partir de 1994. 
 
14
 Vail and White, 1980: 208; Lang, 1986: 329; e Covane, 2001: 105 
23 
 
Um aspecto importante que deve ser retido está relacionado com os acordos sobre o 
trabalho migratório. Enquanto Até 1909, foram assinados acordos entre as autoridades 
coloniais e estados específicos (especialmente Natal e Transvaal) ou mesmo instituições 
(como a WENELA). A partir de 1910, os acordos deixaram de ser feitos com os estados 
(as já consideradas províncias) e passaram a ser assinados com a União Sul Africana 
(África do Sul) e tentava – se acautelar que estes acordos não prejudicassem os interesses 
económicos de nenhuma das províncias sul-africanas. 
 
 
Em 1928 foi assinada uma Convenção pelos governos da União Sul Africana e de 
Portugal. A Convenção de 1928 resolveu alguns dos problemas e omissões que existiam 
na secção de fornecimento de mão-de-obra nas minas sul-africanas e retomou os acordos 
sobre os transportes e comércio entre Moçambique e União Sul Africana. No que dizia 
respeito ao trabalho migratório pode se destacar o período da duração do contracto e o 
pagamento diferido. A Convenção de 1928 definiu 12 meses como o período de duração 
de contracto e este podia ser renovado por 6 meses. Depois deste período o trabalhador 
devia regressar a Moçambique e permanecer por um período mínimo de 6 meses antes de 
retornar às minas. O pagamento diferido, que tinha sido estabelecido numa base 
voluntária em 1909, foi instituído como obrigatória na Convenção de 1928. Uma parte 
significativa dos salários dos mineiros Moçambicanos passava a ser paga em 
Moçambique em escudos. 
 
No que se refere aos portos e caminhos-de-ferro, através desta Convenção (1928), o 
governo da União garantiu que 50 – 55% do total dos bens importados por mar para a 
zona de competência (zona do Transvaal) deviam ser feitas através do porto de Lourenço 
Marques e no que toca ao comércio entre os dois estados foram acordadas normas 
alfandegárias especiais. 
 
 
24 
 
 
O quadro abaixo mostra o número de trabalhadores moçambicanos recebidos nas minas 
sul-africanas, 1920 – 1975 
 
 
 
Moçambicanos Total dos 
trabalhadores 
recebidos pelas minas 
 (%) dos moçambicanos 
1920 76.370 211.838 36 
1928 66.094 200.202 33 
1929 60.831 199.704 30 
1930 56.258 230.892 33 
1932 39.129 210.341 19 
1934 50.665 243.212 21 
1936 70.092 308.860 23 
1942 74.507 310.406 24 
1946 74.117 297.231 25 
1947 78.308 295.486 27 
1949 82.636 328.042 25 
1951 89.243 325.834 27 
1954 86.103 349.454 25 
1959 81.673 425.378 19 
1960 79.065 426.951 19 
1970 93.773 357.972 26 
1973 74.759 352.362 21 
1974 86.324 319.974 27 
1975 113.484 451.514 25 
fonte: Crush, Jeeves e Yudelman, 1992: 232-233 
 
As relações económicas com a África do Sul não se limitavam ao trabalho migratório.Como vimos anteriormente, o porto de Lourenço Marques era de significativa 
importância para o comércio da região. No final do século XIX este porto estava ligado a 
25 
 
África do Sul por uma linha férrea. Tratava – se da linha Transvaal – Lourenço Marques 
que começou a ser construída em 1887 e que tornou se operacional a partir de 1894. 
 
A exportação de mão-de-obra para a África do Sul criava alguns choques de interesses no 
seio dos colonos portugueses. A agricultura colona capitalista, virada para produção para 
mercados mais vastos, era muito limitada principalmente por causa da fraca 
disponibilidade do capital e ao bloqueio protagonizado pelos interesses da burguesia sul-
africana. As plantações existentes pagavam salários muito baixos aos trabalhadores e, 
muitas vezes, recorriam ao trabalho forçado (Chibalo) em coordenação com as 
autoridades administrativas. 
 
A agricultura colona não estava preparada para competir com os interesses sul-africanos 
(minas e mesmo agricultura) no que concerne a obtenção da mão-de-obra do sul de 
Moçambique. Como resultado, os colonos começaram a reclamar em relação às políticas 
governamentais sobre a força do trabalho, argumentando que estas protegem apenas o 
comércio e serviços públicos e não faziam semelhante esforço para proteger os 
agricultores afectados pela falta de mão-de-obra na produção do açúcar, arroz e outros 
produtos. Eles acrescentavam que a migração para o Rand resultava em doenças sérias 
para os trabalhadores africanos e suas famílias, que a migração originava 
homossexualidade e que ela destruía a vida familiar.
15
 Os colonos propunham a redução 
do recrutamento dos trabalhadores moçambicanos nos princípios da década de 1920. 
 
Parte da burguesia colona portuguesas estava interessada no comércio. Para este grupo, a 
continuidade do trabalho migratório era muito importante porque os trabalhadores 
traziam das minas dinheiro que reforçava o poder de compra dos africanos do sul de 
Moçambique. Tratava se principalmente da pequena burguesia industrial e dos 
comerciantes rurais. Aliás os Acordos assinados com a Transvaal permitiam a livre 
entrada de uma significativa parte de produtos agrícolas (sem taxas aduaneiras) na África 
do Sul e interessava aproveitar aquele mercado. 
 
 
15
 Vail e White, 1980: 207 
26 
 
ACTIVIDADES 
7. Tendo em conta que as autoridades coloniais queriam aproveitar a mão-de-obra de 
Moçambique para explorar os recursos internos locais em benefício da metrópole, como é 
que explica que Portugal tenha aceitado que os moçambicanos se envolvessem no 
trabalho migratório para a África do Sul? 
 
8. Faça uma breve cronologia dos acordos sobre o trabalho migratório entre as 
autoridades portuguesas e sul-africanas. 
 
9. Baseando – se no quadro estatístico sobre os trabalhadores moçambicanos nas minas 
sul-africanas, analisa importância de Moçambique na indústria mineira sul-africana? 
 
RESUMINDO 
Até ao último terço do século XIX em Moçambique predominava uma série de unidades 
políticas independentes de uma dominação efectiva europeia e com dinâmicas políticas, 
económicas e sociais próprias. A presença portuguesa, a partir do século XVI, 
basicamente na costa, tinha objectivos declaradamente comerciais. A Partir do último 
terço do século XIX, os interesses das potências capitalistas em África alteraram levando 
a disputas entre elas e consequente convocação da Conferência de Berlim (1884 – 1885) 
que definiu as principais normas que regeriam a “partilha de África”. Em Moçambique, 
Portugal iniciou o processo de ocupação efectiva e a montagem da administração colonial 
resultando na destruição das unidades políticas existentes. Desde os meados da década de 
1890 que os colonialistas portugueses tentavam estabelecer o seu aparelho administrativo 
em todo o território moçambicano. Cerca de dois terços do mesmo foi cedido para a 
administração das companhias e no resto de território foi sendo montada a administração 
colonial que facilitaria a exploração dos recursos do território em benefício dos interesses 
de Portugal. Neste quadro, foi promulgada e, em grande medida implementada, toda uma 
legislação que visava tornar o “indígena” uma mão-de-obra barata. Simultaneamente, 
Moçambique foi se integrando na economia regional através de ligações económicas que 
partiam do trabalho migratório mas que atingiam outros serviços como portos e 
caminhos-de-ferro e comércio. A tarefa de tornar as colónias (como Moçambique) como 
27 
 
servidoras da economia portuguesa não teve resultados tão satisfatórios como os 
interesses da metrópole esperavam. Este aspecto constitui uma das causas do golpe de 
estado de 1926 que provocou a queda da I República em Portugal que teve consequências 
profundas para a colonização de Moçambique. 
 
 
 
Glossário 
Afrikaners – População de origem europeia que fala uma língua derivada do Holandês 
dos primeiros colonos na África do Sul (séculos XVII e XVIII). Eles são também 
conhecidos como Bóeres embora este nome tenha conotações pejorativas 
Chibalo – Trabalho forçado 
Companhias Majestáticas – Companhias monopolistas que foram atribuídas territórios 
para administrar durante a primeira fase de colonização de África. Alguns exemplos: 
BSAC (na Rodésia), Moçambique e Niassa. 
Cronologia – Organização dos factos de um determinado tema histórico seguindo a 
ordem em que os acontecimentos se sucederam; 
Indígenas – É uma expressão usada pelos colonialistas para se referirem população local 
(principalmente na legislação e outros documentos coloniais); por vezes eram designados 
(pela literatura colonial) nativos, autóctones, cafres e mais recentemente africanos; 
Lobolo - Casamento tradicional – cerimónia na qual o homem é obrigado a oferecer bens 
de valor à família da mulher (noiva) para ser reconhecido como marido. 
Tradicionalmente este “pagamento” era feito em gado mas recentemente tem sido 
também em dinheiro e ou outros bens; 
Metrópole – Território original da potência colonizadora; no período em análise nesta 
unidade, a metrópole de Moçambique era Portugal; 
Pagamento diferido – Parte de salário dos trabalhadores que é retido pelas entidades 
empregadoras (na África do Sul) para ser pago posteriormente, no seu país (em 
Moçambique), em moeda local; 
Periodização – Organização de um processo histórico em períodos com características 
específicas. 
28 
 
 
BIBLIOGRAFIA BÁSICA 
 
CLARENCE - SMITH, W.G. (1985) O terceiro império português, Lisboa: Teorema. 
 
COVANE, L. (1989) A. As Relações Económicas entre Moçambique e a África do Sul, 1850- 1964: 
Acordos e Regulamentos Principais. Maputo: Arquivo Histórico de Moçambique. 
Gentili, A. M., 1988, O Leão e o Caçador uma historia da Africa sub-sahariana dos séculos XIX e XX, 
Arquivo Histórico de Moçambique, Maputo 
NEWITT, M. (1995) História de Moçambique. Publicações Europa – América. 
 
Serra, C. (Dir). (2000) História de Moçambique. Parte I: Primeiras sociedades sedentárias e impacto dos 
mercadores, 200/300–1885; Parte II: a agressão imperialista, 1886-1930. Maputo: Livraria Universitária, , 
Vol. I 
 
SERRA, C. (Dir). (2000) História de Moçambique. Parte I: Primeiras sociedades sedentárias e impacto 
dos mercadores, 200/300 –1885; Parte II: a agressão imperialista, 1886-1930. Maputo: Livraria 
Universitária, Vol. I 
 
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR 
 
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AUTOR: NAPOLEÃO GASPAR, (MA em História) 
Docente – UEM/ FLCS 
 
 
 
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