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Amanda Coimbra Pires ULCERAS VENOSAS A hipertensão venosa representa a causa mais comum de ulceração crônica das pernas. Fatores de risco são: histórico familiar, idade, sexo feminino, obesidade, gravidez e ficar em pé por muito tempo. Patogênese O sistema venoso das extremidades inferiores consiste em uma rede interconectada de veias superficiais, veias profundas, veias perfurantes (comunicação) e válvulas bicúspides que asseguram o fluxo unidirecional para o sistema profundo. A contração dos músculos surais durante a deambulação aumenta a pressão dentro das veias profundas da perna, bombeando sangue em direção ao coração, diminuindo posteriormente a pressão venosa nas veias profundas. Quando as válvulas estão insuficientes, ocorre refluxo para o sistema venoso superficial, levando a hipertensão venosa (desde simples telangiectasias até úlceras venosas). Características Clínicas Paciente com edema e dores nas pernas, que pioram quando as pernas ficam pendentes ou permanecem em pé por muito tempo, mas que melhoram com a elevação das pernas. A principal localização da úlcera venosa é acima do maléolo medial. É rasa com bordas irregulares; coberta por um exsudato fibrinoso e amarelado. Sua base apresenta tecido de granulação não isquêmico, saudável. Pode ser visto petéquias com coloração amarelo acastanhada, devido ao extravasamento de glóbulos vermelhos e depósito de hemossiderina dentro dos macrófagos. Se não tratada pode ficar grande e circunferencial. Os pulsos pediosos geralmente são palpados. ÚLCERAS ARTERIAIS Resultado de uma doença arterial periférica (DAP) por aterosclerose. O fumo e DM são os principais fatores de risco, e adicionalmente temos a hipertensão e dislipidemia. Patogênese A falta de perfusão sanguínea leva à necrose do tecido e também impede a cicatrização de feridas, devido a redução do fornecimento de oxigênio e nutrientes necessários ao processo de reparo, levando a ulceração e gangrena. As úlceras isquêmicas normalmente são precipitadas por trauma, onde a perfusão da pele é suficiente para manter a integridade cutânea, mas é insuficiente para promover uma cicatrização adequada da ferida. Manifestações Clínicas Claudicação intermitente, dor durante o repouso em casos mais avançados (principalmente quando deitados e pernas elevadas), e úlcera em estágios mais avançados. Úlceras arteriais são redondas, com bordas bem demarcadas e caracterizadas pela ausência de sangramento. Ocorre normalmente sobre proeminências ósseas (p. ex ., primeiro e quinto metatarsos). A Amanda Coimbra Pires pele ao redor pode ser fina e atrófica e não ter pelos. A dor na ferida é normalmente significativa e se exacerba ao elevar o membro. No exame: diminuição ou a ausência de pulso podal, pés frios, palidez, unhas espessas e ausência de pelos nos dedos. Índice tornozelo-braquial (ITB) < 0,9. ÚLCERAS DIABÉTICAS (E NEUROPÁTICAS) A úlcera diabética é multifatorial, mas a neuropatia diabética é considerada a principal causa. Acomete nervos autonômicos, motores e sensoriais. A neuropatia sensorial diminui a percepção do toque, pressão profunda e temperatura. Com isso, traumatismos nos pés não são reconhecidos e podem levar à ulceração. A neuropatia motora leva a alterações estruturais e biomecânicas. E a neuropatia autonômica pode levar à perda da sudorese, e a pele ressecada acaba ficando suscetível a rachaduras e fissuras que servem de porta de entrada para bactérias. Características Clínicas Úlceras diabéticas normalmente se localizam nos pontos de pressão e proeminências ósseas, dentro de calos grandes, úmidos e com odor desagradável. Na ausência de doença aterosclerótica periférica, o pé é aquecido, com boa coloração e pulsos palpáveis, mas com sensibilidade diminuída. A deformidade dos pés está frequentemente presente, p. ex ., dedos em martelo, dedos em garra. ÚLCERA HIPERTENSIVA Patogênese Há aumento da parede arteriolar com proliferação da camada interna, trombose, levando à produção de áreas de isquemia e necrose no terço inferior da perna. É mais freqüente em mulheres, de 50 a 60 anos. Clínica A úlcera na maioria das vezes bilateral nas faces anterior, lateral e posterior da perna, pouco profunda, de base descorada e fundo necrótico. A dor é intensa. O doente deve parar de fumar e o controle da hipertensão arterial é fundamental. As principais doenças associadas são DM, gota e a obesidade.
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