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EMPREENDEDORISMO E-book 4 Alessandra Simões Neste E-book: Introdução ���������������������������������������������������� 3 Inovação e empreendedorismo ������������4 Graus e tipos de inovação ���������������������������������������5 Regras e princípios da inovação �����������������������������7 Ferramentas para ajudar a inovar ������������������������ 11 A nova era ����������������������������������������������������18 O empreendedor digital ���������������������������������������� 18 Startups ����������������������������������������������������������������� 23 Considerações finais�������������������������������29 Síntese ����������������������������������������������������������31 2 E-book 4 Inovação, Startup e Meio Digital E-book 4 INTRODUÇÃO Criar novos recursos, produtos e serviços a partir de ideias fora dos padrões, que revolucionam os ne- gócios, faz parte do empreendedor inovador, assim como aceitar desafios e testar novos modelos de negócios� Para entender tudo isso, vamos apresentar os con- ceitos de inovação, seus graus e tipos, bem como algumas regras e dicas, além de ferramentas que auxiliam no processo de inovação, atualmente tão propagado em empresas de todos os tipos, que po- dem auxiliar empreendedores a entrar no mundo dos negócios de forma criativa e planejada� Aqui você conhecerá também um pouco do mundo das startups, que nascem aos montes nos dias de hoje� Mais importante que isso é entender a era da internet e saber como ela pode auxiliar o empreende- dor, tanto na hora de fazer negócios quanto na hora de comunicar seus produtos e serviços� Além de conteúdo fácil e didático, apresentamos materiais extras para complementar o estudo, através de podcasts e caixas complementares, que contêm dicas, sugestão de leitura, casos reais de inovações e até uma startup brasileira de sucesso� O objetivo aqui é promover o conhecimento das no- vas maneiras de empreender com o auxílio do mun- do digital, bem como a discussão sobre a prática empreendedora por meio das startups� 3 INOVAÇÃO E EMPREENDEDORISMO A inovação é uma função específica do empreende- dorismo, o meio pelo qual o empreendedor cria novos recursos produtores de riqueza, segundo Drucker (apud CHIAVENATO, 2012)� Pode ser considerada como um dos fatores principais para a empresa conquistar e manter diferenciais competitivos no mercado, seja em produtos, serviços, processos de produção ou métodos (PEREIRA, 2016)� Kuratko (2016) afirma que a inovação é um processo onde as oportunidades e ideias são transformadas em soluções comercializáveis, ou seja, é o resultado da combinação da criação de uma boa ideia com a dedicação e perseverança do empreendedor em ama- durecer essa ideia e implementá-la� Pereira (2016) complementa afirmando que a “inovação é um objeto ou um método novo, diferente do que havia até então, sendo a prática de inovar entendida como a adoção de novas tecnologias nos processos produtivos”� De uma forma mais abrangente, a definição de ino- vação é apresentada no Manual de Oslo como: Uma inovação é a implementação de um produto (bem ou serviço) novo ou significativamente melhorado, ou um processo, ou um novo método de marketing, ou um novo método organizacional nas práticas de negócios, na organização do local de trabalho ou nas relações externas (OCDE, 1997, p. 55). 4 O processo de inovação é composto por atividades científicas, organizacionais, tecnológicas, financeiras e comerciais que levam à implementação da inova- ção (OCDE, 1997), onde a busca por novas oportu- nidades começa diretamente na fonte, observando e ouvindo aqueles que trabalham diretamente nos processos produtivos ou aqueles que fazem uso do resultado do processo produtivo: os clientes� Graus e tipos de inovação Em relação à sua intensidade ou grau, a inovação pode apresentar grandes avanços tecnológicos, o que a classificaria como uma inovação radical, en- quanto as mudanças de menor intensidade, ou que resultam em uma melhoria, classificam-se como inovação incremental (PEREIRA, 2016): • Inovação incremental, adaptativa ou melhoria con- tínua: ocorre quando há um aperfeiçoamento do produto, aplicações ou processos, caracterizando- -se pela melhoria contínua e gradual� Como exem- plo podemos citar o telefone sem fio, o motor de combustão e a pipoca de micro-ondas, podendo ser também a utilização de uma nova máquina ou liga de metal no processo de fabricação; • Inovação radical: ocorre quando novos produtos ou processos chegam ao mercado, revolucionando a interação da sociedade com a tecnologia� Alguns exemplos são a energia elétrica, que revolucionou o modo de vida das pessoas, e a tecnologia MP3, 5 que revolucionou a maneira como as músicas são comercializadas e distribuídas� Quando falamos em tipos de inovação, Kuratko (2016, p� 118) apresenta os tipos básicos em rela- ção à sua originalidade: • Invenção: desenvolvimento de um produto, servi- ço ou processo novo, que seja novidade ou nunca fora experimentado� Tendem a ser considerados revolucionários� • Extensão: é a expansão de um produto, serviço ou processo já existente, pode ser uma alteração de uma ideia atual� • Duplicação: cópia de um produto, serviço ou processo já existente, aprimorando ou melhoran- do o conceito para ganhar mercado e vencer a concorrência� • Síntese: nova formulação a partir da combinação de conceitos e fatores existentes� O processo reúne várias ideias, a fim de combiná-las para encontrar uma nova aplicação� A classificação baseada nos quatro P da inovação (Produtos, Processos, Posicionamento e Paradigma) é apresentada por Pereira (2016)� Vale lembrar que podem ocorrer simultaneamente: • Inovação de produtos e serviços: novos produtos e serviços são desenvolvidos a partir de novas tecno- logias para garantir a satisfação das necessidades dos clientes� 6 • Inovação de processos: é aquela em que a trans- formação que ocorre nas formas de prestação de serviços ou nos métodos de fabricação nem sempre fica visível ao consumidor final. • Inovação de mercados (posicionamento): produtos ou serviços que já existem podem ser apresentados a novos segmentos de mercado, ou novos negócios, a partir de novas oportunidades descobertas� • Inovação em gestão (paradigma): baseadas no surgimento de novos modelos de negócios, no desen- volvimento de novas estruturas e no gerenciamento organizacional� Regras e princípios da inovação Para que um ambiente se torne inovador, algumas regras precisam ser implementadas pelo empreen- dedor no ambiente organizacional e, mais ainda, precisam ser seguidas por todos� Kuratko (2016, p� 58) cita algumas dessas regras, conforme a seguir: • Incentive que seus colaboradores tomem a ação durante o desenvolvimento de suas atividades, en- fatizando a responsabilidade individual; • Realize reuniões informais para ouvir a todos, sem- pre que possível� Criar um sistema de feedbacks estimula o ambiente inovador; • Tolere os erros e os utilize como experiência de aprendizado, para que outros não os repitam; 7 • Persista, por meio de condições adequadas, em levar uma ideia nova ao mercado; • Crie programas de recompensa à inovação� A mo- tivação pode ser a força motriz para um ambiente inovador; • O destaque e a promoção de funcionários inova- dores também são incentivos para despertar os co- laboradores à inovação; • Planeje a estrutura física e organizacional de modo a incentivar a comunicação informal; • Crie programas que estabeleçam horários durante a jornada de trabalho para o incentivo à geração de ideias, assim como metas para alcançar a inovação� • Incentive os programas de melhoria organizacional, principalmente àqueles que buscam soluções para o excesso deburocracia� Quando falamos de princípios, precisamos perceber que os mesmos devem ser aprendidos e combinados com as oportunidades, para que a capacidade de inovar floresça e seja uma constante no ambiente organizacional� Para Kuratko (2016, p� 119), esses princípios são: • Os inovadores devem ser orientados à ação, sendo ativos e incansáveis na busca por novas ideias e oportunidades; • Para que as pessoas entendam o processo de inovação, o desenvolvimento de novos produtos, 8 processos ou serviços precisam ser simples e de fácil compreensão; • Basear-se sempre no cliente para o desenvolvi- mento das inovações deve ser o norte principal do inovador. Quanto mais tiver o cliente final em men- te, maiores serão as chances do novo conceito ser aceito e utilizado; • Comece por inovações menores, promovendo o crescimento de forma planejada e a expansão de acordo com o aprendizado, no seu tempo; • Avalie os nichos de mercado e escolha um para investir, mirando sempre o sucesso; • Experimente, teste e revise suas inovações a fim de resolver possíveis falhas e evitar que cheguem ao cliente; • Erros costumam abrir caminhos para a inovação, por isso aprenda com eles; • Toda inovação deve ser planejada e um cronogra- ma baseado em etapas deve ser desenvolvido para acompanhamento; • A inovação requer não só genialidade, mas também trabalho árduo e constante� Embora essas regras e princípios sejam elenca- dos, não há uma fórmula mágica para a inovação� Concepções erradas podem dificultar o ambiente inovador e até levar a ações equivocadas, conforme apresenta Kuratko (2016, p� 119): 9 • A inovação é previsível� Embora planejar e avaliar faça parte do processo de inovação, durante o de- senvolvimento da ideia alguns fatores imprevisíveis podem influenciar de forma negativa; • Especificações técnicas e detalhadas são a chave do sucesso� Mas nem sempre! É preciso uma elabo- ração criteriosa dos procedimentos, porém é impres- cindível tentar, testar e revisar, não perdendo muito tempo, evitando que o concorrente saia na frente; • A inovação baseia-se sempre em sonhos e criati- vidade� O processo criativo vai além de sonhar ou ser criativo, exige-se habilidade e prática, além de reconhecer oportunidades baseadas na realidade; • Para se ter sucesso, a inovação deve ser baseada na tecnologia� Com certeza a tecnologia é uma fonte de inovação, porém não pode ser a única� Avaliar e ter como princípios outras fontes como o cliente e concorrentes pode ser a chave para o sucesso� Ao empreendedor cabe promover um ambiente ino- vador na sua organização, oferecendo ferramentas e processos que facilitem a todos desenvolver suas próprias ideias, incentivando o pensamento inovador e delegando responsabilidades, assumindo a opor- tunidade de aprendizado com os erros (KURATKO, 2016)� 10 SAIBA MAIS Que tal conhecer mais sobre personalidades que estavam à frente do seu tempo e inovaram? Essa é a proposta do livro Os inovadores, de Walter Isaacson, que apresenta a história de talentos inovadores que permitiram que certos invento- res e empreendedores transformassem suas ideias em realidade e participassem da revolução digital� Fonte: ISAACSON, W� Os Inovadores: uma biogra- fia da revolução digital. 1. ed. São Paulo: Compa- nhia das Letras, 2014� 575p� Inovar em todos os setores é o fator essencial para a empresa de computadores e smartphones Apple garantir o título de mais inovadora por certo tempo� Quer saber um pouco sobre o processo de inovação dessa empresa? Acompanhe o podcast e saiba mais� Podcast 1 Ferramentas para ajudar a inovar Algumas ferramentas foram desenvolvidas para auxi- liar no processo de inovação, seja para se identificar ameaças e oportunidades, bem como fraquezas e forças, ou para se desenvolver o plano de negócios 11 e do projeto� A seguir, apresentamos de forma breve três delas: Design Thinking, Modelo Canvas e Matriz SWOT. Design Thinking Considerado um modelo de pensamento que ajuda a solucionar os desafios de forma mais criativa e inovadora, indo além da necessidade de criar-se um produto ou serviço (ENTENDA, 2019)� O Sebrae Nacional (ENTENDA, 2019) elenca as três bases da ferramenta: • Empatia: para entender melhor seus clientes, ou potenciais clientes, nada é mais eficiente do que se colocar no lugar dele e entender suas necessidades e desejos, traduzindo-os em insights que tenham como objetivo melhorar a vida das pessoas; • Experimentação: experimentar as ideias e arriscar permitem ao empreendedor aprender com seus erros e descobrir novos caminhos; • Prototipação: agora é a hora de concretizar as ideias através de modelos do que será o produto ou serviço, assim outras pessoas poderão observar e contribuir com o desenvolvimento� A geração de ideias, seu aprimoramento e seu de- senvolvimento acontecem em quatro fases, que vão desde a identificação do desafio até a solução do problema, conforme a Figura 1 (ENTENDA, 2019)� 12 RealizaçãoPrototipaçãoIdealizaçãoImersão Figura 1: Fluxo design thinking. Fonte: a autora. Ainda segundo o Sebrae Nacional (ENTENDA, 2019), o design thinking permite equilibrar-se um projeto com base em três pilares: • Viabilidade: a solução precisa ser viável financeira- mente, gerando um modelo de negócio sustentável� • Praticabilidade: o projeto deve ser de curto prazo e tecnologicamente possível� • Desejabilidade: o projeto deve despertar o desejo no empreendedor de alcançá-lo, torná-lo real� O uso do design thinking não requer técnicas comple- xas� Estar próximo do cliente e saber ouvi-lo, assim como a todos os outros envolvidos no projeto, trará benefícios maiores e eliminará possíveis gastos com retrabalho� Somente assim é possível entender suas necessidades, tornando o negócio mais humano e próximo do desejável (ENTENDA, 2019)� Matriz SWOT É uma ferramenta visual que auxilia a identificar as forças, oportunidades, fraquezas e ameaças que 13 influenciam os negócios, tornando possível planejar soluções mais eficientes e competitivas, proporcio- nando a correção das suas deficiências (ENTENDA, 2019)� Sob o acrônimo em inglês Strenghts, Weaknesses, Opportunities e Threats, teve sua tradução para o português como FOFA – Forças, Oportunidades, Fraquezas e Ameaças (ENTENDA, 2019)� Segundo o Sebrae Paraná (ENTENDA, 2019), qual- quer projeto apresenta características positivas e negativas, e, ao desenvolver-se uma matriz SWOT, é possível analisar-se a empresa nos aspectos fa- voráveis e desfavoráveis, tanto no ambiente interno quanto no externo� Para seu desenvolvimento é necessário desenhar quatro quadrantes, onde em cada um são registra- dos os fatores positivos e os negativos, levantando o maior número possível de itens que serão listados em forças, oportunidades, fraquezas e ameaças, con- forme a seguir: Fatores internos Fatores externos Po nt os Fo rt es Forças Oportunidades Po nt os fr ac os Fraquezas Ameaças Tabela 1: Matriz SWOT/FOFA. Fonte: a autora, adaptado (ENTENDA, 2019). 14 • Em forças, liste os pontos fortes da empresa, como qualidade do produto e colaboradores qualificados. • Em fraquezas, seja honesto e liste os pontos fracos da empresa, como processos produtivos defasados tecnologicamente e ausência de um canal direto de comunicação com o cliente� • Já em oportunidades, leve em consideração as condições do mercado, como baixa dos juros impul- sionando o consumo, ausência de um produto igual� • Para as ameaças, considere algo externo que pode prejudicar seu negócio, como valor alto de impostos e a chegada dos mesmos produtos importados no mercado� O uso dessa ferramenta tem como objetivo permi- tir uma visão interna eexterna dos negócios, pos- sibilitando ao empreendedor identificar elementos principais para a gestão e tomada de decisão assim como estabelecer prioridades nas atuações mais adequadas, além de apresentar um diagnóstico da situação atual da empresa que possa aumentar o crescimento do negócio, evitando falhas e minimi- zando riscos (ENTENDA, 2019)� Canvas Também é uma ferramenta visual, destinada ao de- senvolvimento do planejamento estratégico, onde é possível esboçar modelos para o negócio inovador, composto por nove blocos descritos conforme a seguir (CANVAS, 2017): 15 1. Proposta de valor: o que a empresa vai oferecer ao mercado deve trazer valor aos clientes; 2. Segmento de clientes: quais segmentos de clien- tes serão foco; 3. Canais: de que maneira o cliente compra e recebe o produto ou serviço; 4. Relacionamento com clientes: como acontecerá o relacionamento com cada segmento de cliente; 5. Atividades-chave: as atividades principais para que a empresa possa entregar a proposta de valor ao cliente; 6. Recursos principais: recursos necessários para se desenvolver as atividades-chave; 7. Principais parcerias: recursos adquiridos fora da empresa, necessários para a realização das atividades-chave; 8. Fontes de receita: formas para se obter receita através da proposta de valor; 9. Estrutura de custos: custos necessários para que a estrutura proposta funcione� Essas ideias, representadas no quadro Canvas, con- ceituam o negócio da forma como o empreendedor “irá operar e gerar valor ao mercado, definindo seus principais fluxos e processos” (CANVAS, 2017). A Figura 2 representa um exemplo de quadro que pode ser utilizado para desenvolver o Canvas� 16 Parcerias principais Estrutura de custos Fontes de receita Atividades principais Recursos principais Relacionamento com clientes Segmentos de clientes Proposta de Valor Canais O q uê ? Qu an to? Pra qu em ? Co mo ? Figura 2: CANVAS. Fonte: adaptado (SEBRAE NACIONAL, 2017). SAIBA MAIS Deseja conhecer mais sobre a ferramenta Canvas? Conheça a cartilha do Sebrae que ajuda a desen- volver um quadro Canvas por meio de um passo a passo: http://www�sebrae�com�br/Sebrae/Por- tal%20Sebrae/UFs/MT/o%20quadro%20de%20 modelo%20de%20neg%C3%B3cios�pdf� 17 A NOVA ERA O mundo vai mudando, as pessoas vão mudando e, assim, os negócios também vão se transformando� Novas possibilidades vão surgindo, seja na maneira de empreender, negociar e conquistar os clientes ou fazer parcerias com fornecedores e, por que não, com concorrentes� O empreendedor de sucesso deve se manter atuali- zado, para garantir que seu negócio continue pros- perando� Para contribuir com isso, abordaremos a seguir a questão do mundo digital e o empreendedor digital, assim como o mundo novo das startups� O empreendedor digital A chegada da internet transformou a vida das pes- soas em diferentes aspectos� Alterou não somente a maneira como nos comunicamos, mas também como fazemos negócios� O comércio eletrônico ganhou o gosto de uma gran- de parcela da população mundial e hoje é possível comprar serviços e produtos de todos os setores, como eletrônicos, roupas, eletrodomésticos, cos- méticos, artigos de decoração, passagens áreas, livros, tickets para shows e cinema e uma infinidade de outros itens� 18 Nos últimos anos, as compras realizadas por meio da internet cresceram exponencialmente� Para se ter ideia desses números, no dia das mães (segunda maior data para o comércio em número de vendas) o comércio eletrônico faturou R$3,3 bilhões, com um número de pedidos realizados pela internet de 9,81 milhões (GOMES, 2019)� O que contribui para esse aumento crescente, além das ofertas variadas, é a possibilidade de compra em localidades distantes, como em outros países, e a comodidade de comprar sem sair de casa� Outro fator que contribui para esse crescimento é a pos- sibilidade que a internet promoveu de realizar uma comparação de preços instantânea, pois através de uma busca rápida o cliente encontra o menor preço, verificando em diversas formas simultaneamente (PERES, 2016)� Também é possível se obter informa- ções técnicas do produto e se saber a opinião dos clientes que já adquiriram o produto, antes mesmo de se efetivar a compra� Algumas empresas do mundo digital não possuem lojas físicas, comercializando apenas pela internet� É o caso da Amazon, considerada “uma das maiores empresas de varejo do mundo [���] que conecta diver- sos produtos a seus clientes” (PERES, 2016)� Por ter um volume de vendas expressivo, consegue realizar contratos com grandes distribuidores por menores preços, saindo na frente dos concorrentes� As três marcas mais valiosas em 2018 são relacio- nadas à tecnologia e aos empreendimentos digitais 19 – Apple, Google e Amazon (MIOZZO, 2018)� Sendo assim, não é mais possível ficar de fora dessa forma de comercialização caso queira ter sucesso nos ne- gócios. Para o empreendedor, “é importante entender essa transformação e seus impactos”, a maneira como altera o relacionamento com clientes, a forma como produzimos e entregamos (PERES, 2016)� Segundo o Sebrae São Paulo (EMPREENDEDORISMO, s.d., p. 9), o “empreendedor digital é aquele que tem um negócio cujos processos e relacionamentos com parceiros, clientes e funcionários são realizados, prin- cipalmente, por meio digital”� As principais vantagens apontadas por empreendedores do mundo digital são a familiaridade com o meio digital, o custo re- duzido de investimento e a menor necessidade de infraestrutura (EMPREENDEDORISMO, s�d�)� Uma outra vantagem é que, na maioria das vezes, o empre- endimento digital permite que o empreendedor inicie seu negócio ainda mantendo seu emprego atual, aguardando o momento em que o risco for menor para arriscar seu cargo� Importante lembrar que as regras para se iniciar um empreendimento digital são as mesmas de um em- preendimento físico, devendo ser planejado com mui- to cuidado� São necessários, além do empreendedor ter perfil adequado, uma boa ideia e a oportunidade identificada, um plano de negócios desenvolvido, conhecer seu cliente e concorrentes, determinar os colaboradores e fornecedores, a infraestrutura e os processos, a logística e distribuição e ter possibilida- des de investimentos (EMPREENDEDORISMO, s�d�)� 20 A internet também abriu as portas para novas ma- neiras de se captar recursos para os projetos dos empreendedores, sendo uma delas o crowdfunding: Nessa modalidade os empreendedores apre- sentam seus projetos na Internet, em sites especializados. Esses sites divulgam o pro- jeto, que espera por doações da comunidade virtual. Diversos projetos já foram criados uti- lizando esse modelo de financiamento. Nos Estados Unidos o crowdfunding movimentou quase US$ 2 bilhões em 2012 e existem pro- jeções de que esse volume atingirá US$ 15 bilhões em 2015 (PERES, 2016). A comunicação com o cliente também entrou para a era digital� As redes sociais se tornaram podero- sas ferramentas (Figura 4), servindo como um canal direto entre produtor e consumidor� Por meio de fo- tos, vídeos, áudios e textos, o empreendedor pode distribuir anúncios de seus produtos nessas redes, além de anunciar lançamentos e ofertas, construir um relacionamento com o cliente, consolidar sua marca e realizar pesquisas de mercado, atingindo um número maior de consumidores do que algumas mídias tradicionais, como a televisão, e por um custo mais baixo (GUNELIUS, 2012)� Ouvir o cliente também ficou mais rápido e fácil, po- rém não só de palavras positivas se vive em uma rede social na internet� Os clientes podem usá-la para reclamar de algum problema durante a entrega do 21 produto, compra, distribuiçãoetc�, também atingindo um número alto de outros consumidores e potenciais novos consumidores� Para evitar grandes estragos, o empreendedor deve responder de imediato todos os contatos, para que problemas sejam resolvidos de forma rápida e o impacto seja menor� Algumas empresas de marketing oferecem o serviço de mo- nitoramento de redes sociais e tratamento ao cliente por este mesmo meio, caso o empreendedor não consiga administrar essas atividades juntamente com as demais que envolvem o novo negócio� Figura 3: As novas possibilidades através das redes sociais. Fonte: Pixabay (2019) Outra possibilidade de relacionamento com o cliente é o atendimento que utiliza a chamada inteligência artificial, sendo o mais famoso exemplo no merca- do o supercomputador Watson, desenvolvido pela 22 IBM� Para solucionar o problema da sobrecarga dos agentes de atendimento com perguntas básicas de suporte, que resultam em baixa satisfação do cliente e alto tempo de espera no atendimento, o Watson é um agente virtual que utiliza inteligência artificial para responder de forma rápida a algumas dúvidas e questões simples (IBM, 2019)� Os desafios são grandes nessa modalidade de em- preendimento, que também sofre com a instabilidade financeira (EMPREENDEDORISMO, s.d.). Encontrar desenvolvedores de sites e aplicativos qualificados e por um valor que caiba no orçamento, caso o em- preendedor não tenha essa habilidade, bancar os custos de hospedagem do site e manter a infraes- trutura adequada são desafios do dia a dia de um empreendedor digital, além de conseguir acompanhar o avanço em ritmo frenético das tecnologias� Startups O termo startup começou a ser utilizado no Brasil entre os anos 1996 e 2001, quando a internet se instalou pelo nosso território e, segundo o Sebrae Nacional (O QUE, 2014), sua definição mais usual é: “um grupo de pessoas iniciando uma empresa, trabalhando com uma ideia diferente, escalável e em condições de extrema incerteza”� Para Mendes (2017), essa ideia diferente “pode fazer muito mais dinheiro do que as demais empresas”, sendo a startup considerada um experimento e não 23 propriamente um negócio, trabalhando para resolver um problema em que a solução não é tão aparente, “uma empresa em estado inicial de funcionamento”: Startups são experimentos em evolução contí- nua, e seu sucesso depende muito de terem a capacidade de inovar e fazer coisas que ainda não foram feitas por outros, com recursos res- tritos e num curto espaço de tempo. Precisam ser flexíveis para girar no próprio eixo e se re- criarem como num passe de mágica. Portanto, diferentemente do que muitos imaginam, star- tup não é uma empresa ou o embrião de uma corporação. Contudo, startups podem gerar receita, possuir CNPJ e contratar funcionários, mas ainda estão longe de ser uma empresa (MENDES, 2017). Para muitos, a startup pode ser considerada qual- quer empresa pequena em sua fase inicial, enquanto outros afirmam que é “uma empresa inovadora com custos de manutenção muito baixos, mas que con- segue crescer rapidamente e gerar lucros cada vez maiores”, afirma o Sebrae Nacional (O QUE, 2014). A partir do momento que a startup encontra seu mode- lo de negócios e o produto certo para o mercado, ela deixa de ser uma startup e se torna uma empresa� A Figura 4 mostra o ciclo de desenvolvimento em uma startup� 24 Ideia Inicial Ouça seus clientes Elaboração do modelo de negócios Implementação simples Validação no mercado 01 02 03 04 05 Figura 4: Ciclo de desenvolvimento na startup. Fonte: adaptado (LIMA, 2016). Considerada um modelo de negócios que possa ser repetível, a startup deve ser capaz de entregar várias vezes o mesmo produto ou serviço, em uma escala ilimitada, sem adaptações ou customizações para cada cliente (MENDES, 2017)� O Sebrae Nacional (O QUE, 2014) apresenta como modelo de negócios repetível e que gera valor o caso da Google, que co- bra por cada clique em anúncios e disponibilidade nos seus resultados de busca� Outro exemplo é o de 25 venda de filmes por pay-per-view, em que o filme é distribuído a quem esteja disposto a pagar por ele, sem impactar a sua disponibilidade a outro clien- te, diferentemente dos antigos DVDs, que tinham uma cópia física fabricada separadamente, com em- balagem, sistema de entrega e distribuição física (MENDES, 2017)� Em relação à incerteza, para Mendes (2017), é o ce- nário da maioria dos negócios, não sendo possível afirmar que a ideia resultará em sucesso, até que o modelo de negócios ideal seja encontrado, levando- -se em consideração que nesse estágio inicial as despesas são maiores que as receitas, pois o de- senvolvimento e os testes estão sendo realizados, sem nenhuma comercialização: Após a comprovação de que o modelo existe e depois de a receita começar a crescer, pro- vavelmente será necessária uma nova leva de investimento para transformar a startup numa empresa sustentável. Quando se torna escalá- vel, a startup deixa de existir e dá lugar a uma empresa altamente lucrativa; caso contrário, ela precisa se reinventar sob ameaça de de- saparecer prematuramente (MENDES, 2017). O financiamento para iniciar a startup pode ser ad- quirido por empréstimos em bancos ou cooperativas de crédito, também por patrocínio de governos ou entidades fomentadoras e doações, além da ação 26 de incubadoras, ou, ainda, oferecer em troca partici- pação societária aos investidores (MENDES, 2017)� Importante lembrarmos que as startups não são ape- nas negócios na internet, porém é muito mais barato iniciar uma “empresa de software do que uma de agronegócio”, conforme Mendes (2017)� Seu objetivo é promover a venda repetível, de uma forma mais barata e rápida, gerenciando um portfólio de atividades, em um ambiente desafiador: Inúmeras coisas acontecem simultaneamente: o motor está em funcionamento, adquirindo novos clientes e atendendo os existentes; estamos fazendo ajustes, tentando melho- rar nosso produto, marketing e operações; e estamos na condução, decidindo se devemos girar para um lado ou para o outro e quando. O desafio do empreendedorismo, em especial o das startups, é equilibrar todas essas ativi- dades (MENDES, 2017). Muito embora a grande maioria das startups sejam da área de tecnologia para computadores e smar- tphone, que para muitos está saturado, existem opor- tunidades em diversas outras áreas� Novamente, a lição da observação do mercado e das necessidades dos clientes, tanto as pessoas físicas como as jurí- dicas, é mais do que essencial para se diferenciar no meio empreendedor e iniciar-se uma startup� 27 Quando falamos em startup de sucesso pensamos logo no Vale do Silício nos Estados Unidos e nas grandes empresas de tecnologia, como a Apple e a Google� Mas o Brasil tem se tornado ambiente de novas oportunidades e startups de sucesso têm apa- recido por aqui� Acompanhece o podcast 2 e conheça um pouco da história da 99, que mesmo com um concorrente forte se tornou uma startup nacional bilionária� Podcast 2 28 CONSIDERAÇÕES FINAIS O mundo dos negócios, cada vez mais competitivo, exige do empreendedor não só ideias novas, mas que, principalmente, atendam às necessidades e de- sejos dos seus clientes, com qualidade e excelência, e que, além disso, agreguem valor� O processo de inovar à frente da concorrência, conta não só com mentes brilhantes e vontade de obter-se sucesso com um novo negócio, mas requer saber aproveitar as oportunidades, não só no mercado, mas também dos novos processos e tecnologias para criar negócios� Inovar! Palavra que está na mente dos empreende- dores 24 horas por dia e que representa uma função do empreendedorismo, sendo o resultado da com- binação deuma ideia brilhante com a dedicação do empreendedor em seguir em frente com essa ideia para implementá-la, seja um produto ou método de produção novo� As novas tecnologias estão aí para auxiliar esses processos de inovação e a internet foi um dos fatores transformadores para os negócios� Vender, ofertar, negociar, comunicar e estreitar o relacionamento com clientes e parceiros, assim como pesquisar concorrentes e novas maneiras de produzir, podem ser realizadas por meio da internet� O empreendedor 29 ganhou um grande aliado e facilitador, com poder de alcance exponencial� Essa nova tecnologia também apresenta um mundo cheio de incertezas e mudanças rápidas, em uma velocidade às vezes impossível de planejar� O em- preendedor obstinado não desiste e, por meio das startups, criou um modelo de negócios novo, capaz de lidar com essas incertezas e ainda assim alcançar sucesso com ideias inovadoras� Na prática, sabemos que em qualquer período que o ser humano viva oportunidades sempre existirão para aqueles que as souberem aproveitar e não tiverem medo de enfrentar dificuldades e desafios. Assim como não existe negócio bom ou ruim, talvez tentati- vas malsucedidas e oportunidades mal aproveitadas� A base do empreendedorismo, em qualquer tempo, é a perseverança e o trabalho duro� 30 Síntese Apresentar a inovação como uma função do empreendedorismo, analisando seu conceito, graus e tipos, assim como algumas regras e princípios. Estudar algumas ferramentas atuais que auxiliam no processo de inovar, como: matriz SWOT, que avalia as forças, fraquezas, oportunidades e ameaças, permitindo uma avaliação do cenário interno e externo do novo negócio; ferramenta visual Canvas, que permite o desenvolvimento de um planejamento estratégico, e o Design Thinking, que por meio do pensamento ajuda a solucionar desafios dos negócios de forma criativa. INOVAÇÃO, STARTUP E MEIO DIGITAL Inovação e Empreendedorismo A nova era Apresentar a importância de acompanhar o desenvolvimento tecnológico para se desenvolver novos negócios. Analisar como a internet pode ajudar o empreendedor a negociar, promover e criar relacionamentos com parceiros e clientes, apresentando o termo empreendedor digital. Estudar o termo startup e o seu significado no setor empreendedor atual. Referências ANÁLISE SWOT: como aplicar no planejamen- to da sua empresa� Sebrae Paraná� 14 dez� 2018� Disponível em: http://www.sebrae.com.br/sites/ PortalSebrae/artigos/use-a-matriz-fofa-para-corrigir- -deficiencias-e-melhorar-a-empresa,9cd2798be83ea 410VgnVCM2000003c74010aRCRD� Acesso em: 21 mai� 2019� CANVAS: como estruturar seu modelo de negó- cio� Sebrae Mato Grosso. 14 fev� 2017� Disponível em: http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/ ufs/mt/artigos/canvas-como-estruturar-seu- -modelo-de-negocio,6a5cc221fcc3a510VgnVCM- 1000004c00210aRCRD� Acesso em: 21 mai� 2019� CHIAVENATO, I� Empreendedorismo: dando asas ao espírito empreendedor� 4� ed� Barueri (SP): Manole, 2012� EMPREENDEDORISMO digital: algumas boas per- guntas para sua reflexão. 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