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Resumo - Legalidade e legitimidade - Bonavides

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Nome: Izabella Campos de Oliveira 
R.A. : 22150063 
Turma: A 0821 - Matutino 
Texto: BONAVIDES, Paulo. “8 - Legalidade e legitimidade do poder político”, em 
Ciência Política. 10ª edição. São Paulo: Malheiros, 2000. 
 Segundo Bonavides, a legalidade nos regimes políticos depende do poder ser 
exercido de acordo com as normas jurídicas que estão expostas na Constituição, definindo 
o exercício do poder, os direitos e deveres dos órgãos estatais, sendo necessário harmonia 
entre os recursos institucionais, as normas jurídicas e a execução do poder 
(BONAVIDES, 2000, pp. 1-2). 
 Nesse sentido, a legitimidade corresponde ao poder incluso na constituição, sendo	
executado de forma que contemple as crenças, valores e princípios da ideologia 
dominante da época. Desse modo, “a legitimidade é a legalidade acrescida de sua 
valoração” (Ibidem, p. 2). 
 Por conseguinte, a legitimidade surgiu como forma da população confiar em seus 
governantes, evitando a ideia de disporem de uma vontade pessoal soberana. Desta 
maneira, para que haja legalidade, os atos, dos titulares do poder, devem ser baseados em 
regras de convivência pré determinadas e reconhecidas socialmente (BONAVIDES,	
2000, pp. 2-3). 
 Nesse contexto, entende-se a legalidade como “a certeza que têm os governados 
de que a lei os protege ou de que nenhum mal portanto lhes poderá advir do 
comportamento dos governantes” (Ibidem, p. 3), sendo essa definição compreendida 
como liberdade para Montesquieu. Apreende-se que a lei deverá estar acima do 
governante. 
No século XVIII, foram desenvolvidas teorias sobre contratos sociais. A partir 
disso, a legalidade foi tratada como algo constitucional pela França ao relatar: “Não há 
em França autoridade superior à da lei; o rei não reina senão em virtude dela e é 
unicamente em nome da lei que poderá ele exigir obediência” (Art. 32, do Capítulo II da 
Constituição Francesa de 1791). 
 Posteriormente, é abordado a crise histórica da legalidade e a legitimidade. Então, 
essa discussão inicia-se com o fato delas não terem sido diferenciadas na antiguidade 
romana e no direito Canônico. Em 1815, houve o conflito entre a legitimidade de uma 
dinastia e a legalidade do Código Napoleônico, sendo, o auge, a deposição de Carlos X 
(BONAVIDES, 2000, p. 4). 
 Houveram, ainda, mais crises sobre esse assunto, em decorrência do Manifesto de 
Marx e dos desenvolvimentos da teorização de Lênin, onde a lei é exposta como 
degradada a instrumento da sociedade de classes, tornando-se responsável pela 
preservação do sistema de privilégios econômicos (Ibidem, p. 5). 
 De acordo com a perspectiva filosófica, a legitimidade está contida nas crenças 
individuais, independendo dos acontecimentos sociais, mas incluindo questionamentos 
quanto a validade da existência do poder, seu exercício, regras e se é digno de submissão. 
Enquanto que a legalidade, faz referência aos fatos, a ordem e a política da sociedade 
(Ibidem, pp. 6-7). 
 Sob o viés sociológico, a legitimidade ocasiona na teoria dominante do poder. A 
esse respeito, menciona-se Max Weber e sua tese na qual a legitimidade consiste em três 
formas de manifestação da autoridade, sendo elas: a carismática, a tradicional e a legal 
(Ibidem, pp. 7-8). 
A respeito disso, a autoridade carismática baseia-se no reconhecimento, alcançado 
por heróis e demagogos, esse poder apoia-se na lealdade individual e é proporcional ao 
carisma. Já a autoridade tradicional consiste no líder ser ligado ao divino, esse poder trata 
da obediência por respeito ao sagrado. Por último, a autoridade legal respalda-se nos 
direitos poderem ser modificados e criados voluntariamente, a subordinação é, apenas, a 
regra (Ibidem, pp. 9-10). 
No entanto, para a sociologia, um governo legítimo é o comandado pelo 
consentimento dos cidadãos e o caráter da legitimidade não é abordado, pois considera-
se apenas fatos sociológicos. Em razão desses critérios, é possível notar a transição 
histórica da legitimidade, como o embate clássico entre o caráter teocrático e democrático 
(BONAVIDES, 2000, p. 8). 
Conforme Carl Schmitt, a posse do poder é legítima ao seguir a lei e pressupõe da 
obediência. Isso, também, é explicitado pela doutrina Hariou que considera a legitimidade 
como princípio da transmissão do poder ao acatar as normas (Ibidem, pp. 10-12), já para 
Duverger, a sociedade adota a teoria dominante do poder e a legitimidade está no 
consenso (Ibidem, p. 8). 
 Por fim, é apresentado duas situações sobre a legitimidade. Primeiramente, consta 
a necessidade e a finalidade do poder governamental, dado que ela só é contestada no 
marxismo (BONAVIDES, 2000, p.12). Em seguida, é analisado se os governos são, 
simultaneamente, le- gais e legítimos e em quais cenários a legitimidade e a legalidade 
divergem (Ibidem, pp.12-14). 
 Com efeito, nota-se que muitos governos ilegais tornaram-se, com o tempo, 
legítimos por terem recebido aprovação da população, como os que surgiram através de 
revoluções e golpes de Estado. Diante do exposto, a legitimidade desses governos 
instituirá uma nova legalidade que durará até que futuras manifestações sociais acarretem 
no desequilíbrio político do sistema legal resultando na sua destruição (BONAVIDES, 
2000, pp. 12-14). 
 Em conclusão, os conceitos e conflitos advindos dos temas de legalidade e 
legitimidade são diversos. Por causa disso, têm-se diversos livros como o do Ferrero 
(sobre a legitimidade) e o do Lênin (Esquerdismo, Doença Infantil do Comunismo), além 
dos estudos de Max Weber e de outros intelectuais (Ibidem, p. 14). Então, o autor encerra 
discursando sobre a relação da ciência política com a temática anterior da seguinte forma: 
“tratar-se de matéria controvertida, que sempre reponta na consciência dos juristas nas 
horas de crise do poder” (BONAVIDES, 2000, p. 14).

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