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Personalidade, Temperamento e Caráter

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Atividade de Psiquiatria 
Aula de 09 de Abril de 2021 
Eduarda Rebés Müller 
 
1. Diferenciar personalidade, temperamento e caráter. 
 
A personalidade integra traços psíquicos do indivíduo e a sua relação com o meio 
(fatores físicos, biológicos, psíquicos e socioculturais), incluindo tendências inatas e 
experiências adquiridas durante a sua existência. É uma organização do temperamento, 
do caráter, do intelecto e do físico de cada indivíduo que organiza o modo como o 
indivíduo projeta os seus comportamentos no mundo. A personalidade possui um duplo 
aspecto, pois é relativamente estável e relativamente dinâmica, sendo sujeita a 
determinadas modificações, dependendo de mudanças existenciais ou alterações 
neurobiológicas. 
Pode ser entendida como resultado do processo dinâmico e contínuo de conciliar 
características individuais ao ambiente, pois se desenvolve através de predisposições 
hereditárias e influências ambientais. Os fatores hereditários são determinados desde a 
concepção do bebê, e os fatores ambientais incluem cultura, hábitos familiares, grupos 
sociais, escola, responsabilidade, moral, ética, etc. A formação da personalidade inicia 
ainda durante a gestação, pois nessa fase as crianças já se encontram em condições 
ambientais distintas, sofrendo com a ação dos estresses e apresentando 
comportamentos particulares. Dessa forma, entende-se que a personalidade é única, 
mesmo que alguns traços possam ser parecidos com os de outra pessoa. Ballone define 
a personalidade como uma organização dinâmica dos traços no interior do eu, formados 
a partir dos genes herdados, das existências singulares e das percepções individuais, 
capazes de tornar cada indivíduo único em sua maneira de ser e de desempenhar o seu 
papel social. 
Freud entende a personalidade como formada por 3 sistemas: id, ego e superego. 
O id um reservatório de energia psíquica herdado, sem conhecimento da realidade 
objetiva, que busca descarregar a tensão (opera segundo o Princípio do Prazer). O 
superego é a força moral da personalidade, representa os valores sociais e se 
desenvolve a partir de recompensas e punições dos pais. Busca perfeição, não prazer. 
Já o ego controla as funções cognitivas e intelectuais e se origina para lidar com o 
mundo externo. Obedece o princípio da realidade e lança mão de mecanismos 
inconscientes de defesa para lidar com conflitos e ansiedades. 
A compreensão dos aspectos e da dinâmica da personalidade humana não é 
simples, visto à complexidade e variedade de elementos que a circunda, gerados por 
diversos fatores biológicos, psicológicos e sociais. Com relação aos aspectos sociais, 
quanto mais complexa e diferenciada for a cultura e a organização social em que a 
pessoa estiver inserida, mais complexa e diferenciada será a personalidade. Do ponto 
de vista biológico, a pessoa já traz consigo, em seus genes, diferentes tendências, 
interesses e aptidões que também são formados pela combinação dinâmica entre 
diversos fatores hereditários e uma infinidade de influências sócio-psicológicas que ela 
recebe do meio ambiente. 
O temperamento é o conjunto de particularidades psicofisiológicas e psicológicas 
inatas, que diferenciam um indivíduo de outro. São biologicamente determinados por 
fatores genéticos ou constitucionais precoces produzidos por fatores endócrinos ou 
metabólicos. É algo básico e constitutivo do indivíduo, que modifica os processos de 
informação sensorial e modela as primeiras características da aprendizagem, 
acarretando condicionamento associativo das respostas inconscientes. Ao contrário da 
personalidade, o temperamento pode ser identificado já na infância. 
Alguns indivíduos podem ter temperamentos astênicos, com tendência à 
passividade e à hipoatividade. Outros podem ter temperamentos estênicos, ativos, com 
forte tendência à iniciativa e a reagir prontamente aos estímulos ambientais. Hipócrates, 
considerado o pai da Medicina, classificou o temperamento em 4 tipos básicos: o 
sanguíneo, típico de pessoas de humor variado; o melancólico, característico de 
pessoas tristes e sonhadoras; o colérico, peculiar de pessoas cujo humor se caracteriza 
por um desejo forte e sentimentos impulsivos; e o fleumático, em pessoas lentas e 
apáticas. 
O temperamento pode ser transmitido de pais para filhos, porém, não é aprendido, 
nem pode ser educado; apenas pode ser abrandado em sua maneira de ser, o que é 
feito pelo caráter. Assim, pode-se entender o temperamento como a maneira interna de 
ser e agir de uma pessoa, pronta a reagir aos estímulos ambientais. É geneticamente 
determinada, se tratando de uma disposição inata e particular de cada indivíduo. 
Já o caráter consiste na soma dos traços da personalidade, expressos no modo de 
o indivíduo reagir perante a vida, seu estilo pessoal, suas formas de interação social, 
gostos, aptidões, entre outros. O caráter reflete o temperamento moldado, modificado e 
inserido no meio familiar e sociocultural e se traduz pelo tipo de reação predominante 
da pessoa ante diversas situações e estímulos do ambiente. É a resultante, ao longo da 
história pessoal, da interação constante entre o temperamento e as expectativas e 
exigências conscientes e inconscientes individuais. 
De acordo com Wilhelm Reich, o caráter é o conjunto de reações e hábitos de 
comportamento adquiridos ao longo da vida e que especificam o modo individual de 
cada pessoa. Dessa forma, o caráter é composto das atitudes habituais de uma pessoa 
e de seu padrão de respostas para várias situações, incluindo as atitudes e valores 
conscientes, o estilo de comportamento (timidez, agressividade, etc) e as atitudes físicas 
(postura, hábitos de manutenção e movimentação do corpo). 
Assim, entende-se o caráter como o modo com que a pessoa se mostra ao mundo, 
com seu temperamento e sua personalidade. É a expressão do temperamento e da 
personalidade por meio das atitudes da pessoa. Os possíveis comprometimentos do 
indivíduo ao longo das etapas de desenvolvimento, irão determinar a sua forma de agir 
e reagir perante a vida, constituindo o seu caráter, sendo esse, nada mais do que a 
expressão de seu mundo interno. 
 
2. Ler o tópico “O modelo de personalidade de Robert Cloninger” 
(Dalgalarrondo, 2019, pp. 277-9) e apresente uma síntese desta leitura. 
 
Robert Cloninger descreveu um modelo de personalidade que busca fundamentos 
neuroestruturais, neuroquímicos e genéticos para identificar padrões de reação a 
estímulos específicos. Nesse modelo, ele identificou três dimensões da personalidade 
geneticamente independentes que revelam padrões predizíveis de interação em suas 
respostas adaptativas a classes específicas de estímulos do meio ambiente. 
A primeira dimensão é chamada “procura por novidade” e se caracteriza pelo 
interesse do indivíduo em estímulos novos e em aventuras e explorações, sendo 
intolerante à monotonia. Está associado a comportamento impulsivo, mudança rápida 
de interesses e amizades, além de sofrer maior risco de abuso e dependência de 
substâncias. 
A segunda dimensão é chamada “evitação de danos” e trata da tendência do 
indivíduo de responder com intensidade a sinais de estímulos aversivos. Ele apresenta 
temor (antecipa possíveis danos), pessimismo e inibição. 
A dependência de recompensa é a terceira dimensão, caracterizada pela tendência 
do indivíduo a responder intensamente a sinais de recompensa e aprovação social. Ele 
apresenta dependência de apoios emocionais e sensibilidade à rejeição. 
 
3. Ler o tópico “A personalidade, seu desenvolvimento e seus tipos, segundo 
Sigmund Freud (1856-1939)” (Dalgalarrondo, 2019, pp. 272-4) e apresentar 
uma síntese desta leitura. 
 
Freud acredita que a constituição da personalidade passa pelas vicissitudes da 
libido, pelo seu desenvolvimento em diversas fases, pelo modo como se estrutura o 
desejo inconsciente e as formas como o Eu lida com seus conflitos e frustrações 
libidinais.Assim, segundo a psicanálise, as fixações infantis da libido e a tendência à 
regressão acabam determinando os diversos tipos de neuroses e o perfil de 
personalidade do adulto. 
O Complexo de Édipo consiste em uma trama estrutural inconsciente de amor, ódio 
e temor de represália em relação aos pais. Dessa forma, a personalidade do adulto se 
forma a partir da introjeção inconsciente dos relacionamentos familiares, sobretudo da 
criança pequena com os seus pais. 
A fase oral é a primeira forma de organização do desejo libidinal da criança, que 
dura até o primeiro ano de vida. Nessa fase, a boca e o ato de sucção, a partir da 
amamentação, são a maior fonte de prazer. O indivíduo fixado em um modo oral de 
organização da libido tende à avidez no tomar e no receber, não suporta a privação, 
apresenta dificuldades com a rejeição e tende a ser passivo e exigentemente receptivo 
em relação às pessoas que ama. O exagero do tipo oral é descrito tradicionalmente 
como dependente, sem iniciativa, passivo e acomodado. 
A fase anal é a segunda forma de organização da libido, caracterizada pelo prazer 
da criança em reter e expelir as fezes, que ocorre entre os 2 e 3 anos de idade. O tipo 
anal pode ter seu prazer no reter seus afetos, atos e pensamentos ou no expelir, 
expulsar abruptamente esses elementos psíquicos. Esse tipo apresenta associação 
com traços de caráter obsessivo-compulsivo, tendência à avareza, ao desejo de 
controle, a fantasias de onipotência e pensamento mágico. 
A terceira fase é chamada de fálica, ocorre entre os 3 e 5 anos e é caracterizada 
pelo interesse das crianças em seus próprios genitais. O conflito da criança é marcado 
por amor e desejo ao progenitor do sexo oposto e ódio e rivalidade ao progenitor do 
mesmo sexo. Assim, inconscientemente, além de a criança hostilizar o progenitor do 
mesmo sexo, também aguarda a represália, sob a forma de castração, de destruição 
daquilo que julga ser o mais valioso em seu ser. Esse tipo pode tender ao exibicionismo 
físico e mental, ao narcisismo, aos atributos e poderes ou à inibição amedrontada em 
desejar qualquer coisa que lhe seja de valor. 
 
4. Distinguir traço de personalidade de transtorno da personalidade. 
 
Traços de personalidade são modelos fisiológicos e consistentes de 
comportamento, emoção e cognição, identificados precocemente na vida e estáveis ao 
longo do tempo. Se pode dizer que configuram as características, cores e tonalidades 
do “jeito de ser” da pessoa. 
O transtorno da personalidade é uma patologia psiquiátrica que provoca sofrimento 
significativo ou prejuízo no funcionamento social, ocupacional ou em outras áreas 
importantes da vida do indivíduo. É definido pelo DSM-IV como “um padrão de vida 
interna ou comportamento que se desvia das expectativas culturais do indivíduo, 
manifestado em duas (ou mais) das seguintes áreas: cognição (modo de interpretar a si 
mesmo, outras pessoas e eventos), afetividade (amplitude, intensidade, labilidade e 
adequação da resposta emocional), funcionamento interpessoal e controle dos 
impulsos”. Ademais, o CID-10 define o transtorno de personalidade como “perturbação 
grave da constituição caracterológica e das tendências comportamentais do indivíduo, 
usualmente envolvendo várias áreas da personalidade e quase sempre associado à 
considerável ruptura pessoal e social”. 
 Geralmente, se manifesta em amplos contextos sociais pessoais (casa, trabalho, 
família, amigos) e não em aspectos isolados da vida do indivíduo. Além disso, não se 
limita a um episódio e não se deve a efeito fisiológico direto de substância, condição 
médica geral ou outro transtorno mental. Se apresenta com agressividade truculenta, 
introversão exagerada, exibicionismo desmesurado, desconfiança injustificada, entre 
outros. Dessa forma, esses indivíduos impactam as pessoas com quem convivem, a 
sociedade e a si mesmos. 
Também é importante mencionar que o transtorno da personalidade é classificado 
em grupos. O grupo A inclui o paranoide, esquizoide e esquizotípico, que parecem 
estranhos ou excêntricos. Os aspectos clínicos incluem déficits sociais e ausência de 
relacionamentos íntimos. O grupo B trata do anti-social, borderline, histriônico e 
narcisista, que parecem dramáticos, emotivos ou erráticos. Se apresentam com 
instabilidade social e interpessoal. O grupo C aborda transtornos que parecem ansiosos 
ou medrosos, como evitativo, dependente e obsessivo-compulsivo, e apresentam 
desconforto social e interpessoal. Os transtornos da personalidade antissocial e 
esquizoide são mais comuns em homens, e os transtornos da personalidade borderline, 
histriônica e dependente são mais comuns em mulheres. 
Existem critérios do transtorno da personalidade. O critério A trata de um padrão 
persistente de experiência interna e comportamento que desvia das expectativas da 
cultura do indivíduo. O critério B trata de um padrão persistente e inflexível e abrange 
uma faixa ampla de situações pessoais e sociais. O critério C consiste no padrão 
persistente que provoca sofrimento significativo e prejuízo no funcionamento social, 
profissional ou em outras áreas. O critério D se trata de um padrão estável e de longa 
duração, e seu surgimento ocorre pelo menos a partir da adolescência ou do início da 
fase adulta. Já no critério E o padrão persistente não é mais bem explicado como uma 
manifestação ou consequência de outro transtorno mental. Por fim, no critério F, o 
padrão persistente não é atribuível aos efeitos fisiológicos de uma substância ou a outra 
condição médica. 
O transtorno de personalidade é uma causa frequente de dificuldades e problemas 
familiares, no ambiente de trabalho e no ambiente escolar, sendo comum em 
emergências hospitalares. Esses indivíduos são predispostos ao estresse, que pode, 
inclusive, acarretar em tentativa de suicídio, agressão física, automutilação, entre 
outros, aumentando sua morbimortalidade. Também são frequentemente envolvidos 
com abuso de substâncias, principalmente alcoolismo e drogadição, e associados a uma 
baixa qualidade de vida. 
O diagnóstico desses pacientes é feito com base na presença de comportamento 
rígido e história pregressa típica. Investiga-se informações desde a infância, buscando 
elementos significativos no comportamento e reações em diferentes âmbitos. 
Comumente se observa a falta de percepção do paciente sobre sua realidade e 
incapacidade de aprender com a experiência. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Referências bibliográficas 
1. VOLPI, José Henrique. Particularidades sobre o temperamento, a personalidade 
e o caráter, segundo a psicologia corporal. In: VOLPI, José Henrique; VOLPI, 
Sandra Mara. Psicologia Corporal. Revista Online. ISSN-1516-0688. Curitiba: 
Centro Reichiano, 2004. Disponível em: 
http://www.centroreichiano.com.br/artigos-cientificos/ Acesso em: 09 de Abril de 
2021. 
2. DALGALARRONDO, Paulo. Psicopatologia e semiologia dos transtornos 
mentais. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2008. 
3. CÂMARA, Fernando Portela. Introdução aos transtornos de personalidade. 
Psychiatry on line Brasil, Rio de Janeiro, v. 6, n. 9, setembro, 2001.

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