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História das teorias da enfermagem Florence Nightingale, figura de origem da enfermagem moderna. Ela afirmava que a enfermagem exigia conhecimentos distintos da medicina, concebendo uma profissão baseada em reflexões e questionamentos, tendo por finalidade construí-la sob um fundamento de dados científicos diferentes do modelo biomédico Assimile Teoria é uma ideia nascida proveniente de alguma hipótese ou suposição, a respeito de uma determinada realidade. Também pode ser explicada como a forma de pensar e entender um acontecimento a partir da sua observação. A despeito da forte influência de Florence Nightingale, a enfermagem permaneceu por muito tempo sendo exercida dentro de um perfil imediatista, voltado para a doença e não para o indivíduo. A profissão era praticada sob a mesma visão dos médicos, o que persistiu por várias décadas. No entanto, sob a influência de fatores históricos (guerras mundiais, revoluções, desenvolvimento educacional e tecnológico, alterações políticas), os enfermeiros começaram a refletir sobre a prática da enfermagem e como eles se inseriam nela. A partir disso, surgiu a consciência quanto à necessidade em se aprimorar a formação profissional com fins a melhorar a qualidade da assistência. Os enfermeiros compreenderam então a necessidade de criar um corpo específico e organizado de saberes sobre o cuidar em enfermagem. Vários modelos de teorias foram apresentados aos enfermeiros brasileiros, entre eles: necessidades humanas básicas de Horta, autocuidado de Orem, cuidado cultural de Leininger, adaptação de Roy. Desses, os mais empregados nas áreas assistencial e de pesquisa a partir da década de 1980 foram os de Horta e de Orem. A influência da enfermeira Wanda de Aguiar Horta no ensino da enfermagem no Brasil é evidente. O estudo de sua obra faz parte da grade curricular de todas as escolas de graduação em enfermagem do Brasil. A Teoria das Necessidades Humanas Básicas de Horta é considerada o ponto alto de seu trabalho e a síntese de todas as suas pesquisas, o modelo teórico mais popular e empregado em nosso país (HORTA, 1979). Baseada nas necessidades psicobiológicas, psicossociais e psicoespirituais, Horta propõe uma metodologia científica para o processo de enfermagem, enfocando o ser humano como integral na busca do equilíbrio bio-psico- sócio-espiritual. A autora fez uso da teoria da motivação humana de Maslow, baseada nas necessidades humanas básicas (HORTA, 1979). Maslow distribuiu as necessidades humanas básicas em cinco níveis: necessidades fisiológicas, segurança, amor, estima e autorrealização. Entretanto, Horta optou por usar a classificação de necessidades em três grandes dimensões: psicobiológicas, psicossociais e psicoespirituais. As duas primeiras são comuns aos seres vivos nos diferentes aspectos de sua complexidade orgânica, mas a psicoespiritual é característica do homem na situação atual (HORTA, 1979). As necessidades são universais e estão inter-relacionadas, no entanto, cada ser humano as expressa de maneira diferente, dependendo da situação socioeconômica e cultural, nível de escolaridade, ambiente, história de vida e idade, entre outros fatores. É essencial que o enfermeiro perceba o ser humano como um todo (corpo, mente e espírito). Quando o corpo ou a mente padece, o indivíduo é afetado em sua totalidade. Não se deve, portanto, focar somente as partes que o incomodam; ele precisa ser valorizado nos seus aspectos sociais e emocionais, para que o seu processo de atendimento se torne individualizado e humanizado. Horta também propunha o processo de enfermagem como forma de organização e direcionamento da assistência de enfermagem em seis etapas: histórico, diagnóstico, plano assistencial, plano de cuidados ou prescrição, evolução e o prognóstico de enfermagem (HORTA, 1979). O autocuidado foi citado pela primeira vez, na área da enfermagem, em 1958, quando a enfermeira Dorothea Elizabeth Orem passou a refletir sobre os motivos que levam os indivíduos a necessitarem de assistência da enfermagem e podem ser auxiliados por ela. A partir deste pensamento, estabeleceu a sua teoria sobre o déficit de autocuidado como uma teoria geral formada por três teorias relacionadas: a teoria do autocuidado (descreve e esclarece o autocuidado); a teoria do déficit do autocuidado (explica os motivos pelos quais a enfermagem pode ajudar as pessoas); e a teoria dos sistemas de enfermagem (expõe as relações imprescindíveis para constituir e conservar para que se dê a enfermagem). Orem destaca a importância do engajamento do cliente para o autocuidado, para permitir que indivíduos, família e comunidade assumam responsabilidades no desenvolvimento concreto de seu próprio cuidado com direção à melhora da qualidade de vida, saúde e bem-estar . Ao longo de seu estudo, Orem explana o metaparadigma de enfermagem dos seres humanos, saúde, enfermagem e sociedade. A estudiosa define as três etapas do processo de enfermagem como (1) diagnóstico e prescrição, (2) definições de um sistema de enfermagem e do planejamento para o fornecimento do cuidado e (3) produção e controle dos sistemas de enfermagem. Este processo é paralelo à investigação, ao diagnóstico, ao planejamento, à implementação e à avaliação do processo de enfermagem (GEORGE, 2000) Estruturação das teorias de enfermagem As teorias servem para o enfermeiro estruturar com embasamento científico o cuidado de enfermagem. O cuidado varia de acordo com a clientela assistida e sua complexidade. Assimile Teoria de enfermagem é um conceito articulado e informado, de um fato instituído ou descoberto dentro da enfermagem, com a finalidade de descrever, explicar , predizer ou prescrever o cuidado de enfermagem. Para ser considerada completa, uma teoria de enfermagem deve conter: Além disso, as teorias possuem elementos básicos que concebem o conteúdo nuclear desse estudo, designados metaparadigmas da enfermagem: Esses metaparadigmas são um conjunto de informações provenientes do indivíduo, que servem para analisar seu problema e escolher a melhor intervenção da solução deste problema. As teorias de enfermagem devem nortear a atuação dos enfermeiros, de maneira que eles sejam os responsáveis pelos cuidados prestados aos clientes, não mais cumpridos de forma sem caráter científico Níveis de teorias As teorias de enfermagem estão classificadas em quatro níveis: Nível I : isolamento dos fatores - descreve ou classifica ocorrências e/ou fatos. Nível I I : relacionamento de fatores - correlaciona ocorrências e/ ou fatos. Nível I II: relacionamento de situações - esclarece e prevê a inter relação das situações. Nível IV: prescreve ações - vai além de descrever , classificar, correlacionar e prever. Nível I - o enfermeiro descreve o surgimento de hiperemia na região sacral do cliente. Nível I I - o enfermeiro correlaciona a hiperemia à condição do cliente estar acamado, ser desnutrido, entre outras condições que predispõem a lesão por pressão. Nível I I I - o enfermeiro prevê a necessidade de uma intervenção rápida para a regressão da hiperemia, caso contrário, a sua evolução será prejudicial ao cliente. Nível IV - o enfermeiro prescreve ações para minimizar a evolução da hiperemia, entre elas, a mudança de decúbito, hidratação da pele, uso de colchão piramidal. Escolha da teoria Nos estabelecimentos de saúde, o modelo de cuidado seguido deve ser construído por toda a equipe de enfermagem, apoiado nos referenciais de enfermagem. Nos serviços, o modelo adotado constituirá o cuidado humano e científico que se espera da enfermagem Exemplificando Um enfermeiro que atua em um programa de saúde da família deverá sistematizar a sua assistência tendo como base uma teoria que conceitue os metaparadigmas da enfermagem:• Pessoa: como sendo o indivíduo, família, comunidade. • Saúde: de acordo com as diretrizes do programa de saúde da família. • Ambiente: englobando a comunidade em que a pessoa vive. • Enfermagem: como agente de promoção da saúde. Assim, torna-se indispensável que os enfermeiros estudem as teorias de enfermagem, avaliando os conceitos e a congruência com seu cotidiano de trabalho. Além disso, ao escolher uma teoria, é essencial saber se os enfermeiros estão preparados para realizar as atividades indicadas por essa teoria Por que escolher teoria? A Resolução COFEN nº 358/2009 dispõe sobre a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) e a implementação do processo de enfermagem em ambientes públicos ou privados, em que ocorre o cuidado profissional de enfermagem. Ao enfermeiro compete a liderança na execução e avaliação do processo de enfermagem, de modo a alcançar os resultados esperados, cabendo-lhe, privativamente, o diagnóstico de enfermagem acerca das respostas da pessoa, família ou coletividade humana em um dado momento do processo de saúde e doença, bem como a prescrição das ações ou intervenções de enfermagem a serem realizadas. Em seu art. 3º, consta que: O Processo de Enfermagem deve estar baseado num suporte teórico que oriente a coleta de dados, o estabelecimento de diagnósticos de enfermagem e o planejamento das ações ou intervenções de enfermagem; e que forneça a base para a avaliação dos resultados de enfermagem alcançados. Isto significa que a teoria funciona como um alicerce estrutural para a execução da SAE, que por sua vez requer uma metodologia para ser implementada.
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