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Conteúdo 3 - Os clássicos universais e a literatura brasileira

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Os clássicos universais e a literatura 
brasileira
APRESENTAÇÃO
A literatura brasileira é muito rica e variada – assim como a cultura do país. Entre os clássicos 
brasileiros, encontramos obras que retratam realidades diferentes de formas completamente 
distintas: os sertões de Minas ou do Nordeste, o interior do Rio Grande do Sul ou a sua cidade; 
as questões sociais relacionadas às camadas menos privilegiadas ou o mundo interior de pessoas 
desesperançadas e tristes; os seres noturnos e os trabalhadores; os acontecimentos mágicos e 
fantásticos e aqueles mais aparentados à realidade. 
Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai descobrir um pouco dessa riqueza da literatura 
brasileira. Vai identificar autores e obras clássicos e vai também interpretar literariamente 
trechos de alguns desses textos literários mais importantes. 
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Identificar autores e obras brasileiros de destaque na literatura clássica.•
Situar essas obras e autores na história da literatura brasileira.•
Avaliar a importância dessas obras e desses autores na atualidade.•
DESAFIO
Muitos alunos, ao ouvirem falar em literatura clássica brasileira, já ficam com medo, achando 
que a leitura vai ser muito difícil e, talvez, um pouco maçante.
Você foi convidado a dar uma palestra para uma turma de Ensino Médio sobre esse assunto e 
precisa desmistificar essa aura de complexidade da literatura clássica brasileira.
Utilize o poema Descrevo que era realmente naquele tempo a cidade da Bahia, do poeta 
barroco Gregório de Matos, para montar sua palestra.
 
INFOGRÁFICO
Autores de vários períodos literários podem ser considerados clássicos. Neste Infográfico, você 
vai conferir uma linha do tempo com algumas obras de autores brasileiros consideradas 
clássicas pelo valor literário que têm e que transcende o tempo e o espaço.
Confira.
 
CONTEÚDO DO LIVRO
Leia o capítulo Os clássicos universais e a literatura brasileira, da obra Textos fundamentais da 
literatura universal, base teórica desta Unidade de Aprendizagem. Neste capítulo, você vai 
identificar alguns dos mais destacados escritores brasileiros e vai analisar alguns poemas e 
trechos de obras deles. Vai também ter uma ideia de como a literatura brasileira foi se 
modificando com o tempo a partir de um panorama cronológico de suas etapas.
Boa leitura.
TEXTOS 
FUNDAMENTAIS 
DA LITERATURA 
UNIVERSAL
Luara Pinto Minuzzi
Revisão técnica:
Gabriela Semensato Ferreira 
Licenciatura em Letras
Mestrado em Letras
Catalogação na publicação: Poliana Sanchez de Araujo – CRB 10/2094
M668t Minuzzi, Luara Pinto.
Textos fundamentais da literatura universal / Luara 
Pinto Minuzzi. – Porto Alegre : SAGAH, 2017.
206 p. : il. ; 22,5 cm. 
ISBN 978-85-9502-172-3
1. Literatura universal. I. Título. 
CDU 82-7
Textos fundamentais da literatura universal_book.indb 2 28/08/2017 17:23:41
Os clássicos universais 
e a literatura brasileira
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Identi� car autores e obras brasileiros de destaque da literatura clássica. 
  Situar essas obras e autores na história da literatura brasileira.
  Avaliar a importância dessas obras e autores na atualidade.
Introdução
A literatura brasileira é muito rica e muito variada – assim como a cultura 
do País. Entre os clássicos brasileiros, há obras que retratam realidades 
diferentes de formas completamente distintas: os sertões de Minas ou do 
Nordeste, o interior do Rio Grande do Sul ou a cidade; as questões sociais 
relacionadas às camadas menos privilegiadas ou o mundo interior de 
pessoas desesperançadas e tristes; os seres noturnos e os trabalhadores; 
os acontecimentos mágicos e fantásticos e aqueles mais aparentados à 
realidade. 
Neste capítulo, você vai descobrir um pouco dessa riqueza da li-
teratura brasileira. Vai identificar autores e obras clássicos e interpretar 
literariamente trechos de alguns desses textos literários mais importantes. 
Os clássicos brasileiros
A literatura brasileira é muito rica e variada. Sua história já possui alguns 
séculos: a carta que Pero Vaz de Caminha escreveu, em 1500, para o rei por-
tuguês, Dom Manuel, contando como era o território brasileiro, no início do 
período colonial, é considerada como o seu marco (Figura 1). Claro que foi um 
português, e não um brasileiro quem escreveu o documento. Mesmo assim, 
esse texto, por ter sido produzido em solo brasileiro e por tratar do Brasil, é 
considerado como o início da literatura nesse país. Essa literatura é informa-
Textos_Fundamentais_U4C11.indd 189 29/08/2017 06:58:18
tiva, visto que seu objetivo principal é comunicar informações importantes, 
e não divertir ou entreter, emocionar. Caminha pretendia enviar dados sobre 
esse pedaço de terra recém-encontrado pelos portugueses interessados em 
possíveis riquezas, como os metais preciosos. 
Confira um trecho da carta que trata da visão do português em relação à 
população indígena:
A feição deles é serem pardos, um tanto avermelhados, de bons rostos e 
bons narizes, bem feitos. Andam nus, sem cobertura alguma. Nem fazem 
mais caso de encobrir ou deixar de encobrir suas vergonhas do que de 
mostrar a cara. Acerca disso são de grande inocência. Ambos traziam o 
beiço de baixo furado e metido nele um osso verdadeiro, de comprimento 
de uma mão travessa, e da grossura de um fuso de algodão, agudo na 
ponta como um furador (CAMINHA, [2017], p. 3).
Figura 1. Carta de Pero Vaz de Caminha.
Fonte: Literatura do Brasil (2017).
Aparentemente, a primeira impressão de Caminha sobre os índios foi, em 
certa medida, positiva. Eles eram puros, tinham bons rostos e narizes bem-
Os clássicos universais e a literatura brasileira190
Textos_Fundamentais_U4C11.indd 190 29/08/2017 06:58:18
-feitos. Apesar disso, pode-se notar a distância entre europeus e indígenas: 
os europeus cobriam-se com panos, e os índios costumavam andar nus. Esse 
é um primeiro choque que vai fazer com que se pense nas populações que 
habitavam o Brasil como muito diferentes dos europeus. Caminha apenas não 
os reprova, pois os percebe como possuindo uma grande inocência – o que 
também poderia evidenciar a ideia do português em relação à inferioridade 
dos índios, pois eles seriam menos inteligentes, evoluídos e civilizados do 
que os europeus. 
A carta de Pero Vaz de Caminha está inscrita no Programa Memória do Mundo, da 
Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), desde 
2005. Sua versão original pode ser consultada na Torre do Tombo, acervo localizado 
em Lisboa, Portugal.
Depois de Caminha, ainda surgiram muitos outros viajantes que produziram 
textos informativos acerca do território brasileiro, sobre a sua fauna e flora, 
sobre os seus habitantes e potenciais riquezas. 
Posteriormente a essa literatura informativa, surgem outros tipos de textos 
literários brasileiros. O primeiro poema brasileiro, por exemplo, chama-se 
Prosopopeia, de Bento Teixeira, e foi publicado em 1601. A ligação com 
Portugal, entretanto, ainda é enorme, visto que Teixeira inspira-se na obra do 
português Luís Vaz de Camões.
Desde o século XVI, muitas coisas mudaram: cada vez mais, a literatura 
brasileira foi se descolando daquela produzida na ex-metrópole, Portugal, e 
ganhando contornos e personalidade próprios. Além disso, cada época surgiu 
com novas tendências, tornando a literatura desse país muito rica. Seu tamanho 
continental também contribuiu para essa complexidade: cada estado e cada 
região possuem culturas diferenciadas e, portanto, uma forma de escrever 
literatura igualmente diferenciada.
A seguir, será possível compreender melhor as diferentes formas sob as 
quais a literatura brasileira se apresentou ao longo do tempo e em toda a 
extensão do seu território. Serão citados dados sobre a vida e a obra de alguns 
autores brasileiros de maior destaque, consideradoscomo clássicos, em ordem 
cronológica. 
191Os clássicos universais e a literatura brasileira
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Gregório de Matos e Padre António Vieira
Gregório de Matos foi um poeta baiano que viveu entre 1636 e 1696. Ficou 
mais conhecido como “Boca do Inferno”, pois, em seus poemas, criticava toda 
a sociedade brasileira, não poupando ninguém. Ele criou tantas inimizades 
com seus poemas e gerou tanta polêmica com suas posições, que foi deportado 
para Angola, na África. Além da poesia crítica, ainda são famosas as suas 
poesias pornográfi cas.
António Vieira foi um padre português. Sua família, porém, mudou-se para 
o Brasil quando ele ainda era pequeno, e sua obra, constituída por sermões, é 
considerada muito importante para a literatura brasileira. Vieira combateu a 
escravidão e fez um grande trabalho de caridade. Nasceu em 1608 e morreu 
em 1697, em Salvador. 
Esses dois escritores são considerados integrantes da escola literária 
chamada Barroco. Uma das marcas desse movimento é o uso de antíteses, 
oposições e metáforas. No Sermão da sexagésima, de Vieira, por exemplo, 
há o uso de uma metáfora:
O trigo que semeou o pregador evangélico, diz Cristo que é a palavra 
de Deus. Os espinhos, as pedras, o caminho e a terra boa em que o trigo 
caiu, são os diversos corações dos homens. Os espinhos são os corações 
embaraçados com cuidados, com riquezas, com delícias; e nestes afoga-se 
a palavra de Deus. As pedras são os corações duros e obstinados; e nestes 
seca-se a palavra de Deus, e se nasce, não cria raízes. Os caminhos são os 
corações inquietos e perturbados com a passagem e tropel das coisas do 
Mundo, umas que vão, outras que vêm, outras que atravessam, e todas 
passam; e nestes é pisada a palavra de Deus, porque a desatendem ou a 
desprezam. Finalmente, a terra boa são os corações bons ou os homens 
de bom coração; e nestes prende e frutifica a palavra divina, com tanta 
fecundidade e abundância, que se colhe cento por um: Et fructum fecit 
centuplum (VIEIRA, 1965, p. 2-3).
Aqui, o padre está explanando sobre a arte de pregar. Porém, para falar 
sobre isso, ele usa uma metáfora: o ato de semear. Pregar seria como semear, 
como jogar uma semente, que pode cair em uma terra fértil ou infértil, que 
pode brotar ou morrer sem dar frutos – assim como o religioso pode lançar 
suas palavras e essas encontrarem ressonância em alguns ouvintes ou não 
tocarem outros.
Os clássicos universais e a literatura brasileira192
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Cláudio Manuel da Costa e Tomás Antônio Gonzaga
Cláudio Manuel da Costa e Tomás Antônio Gonzaga são dois poetas árcades 
ou neoclássicos. Inspirados na Antiguidade Clássica, eles tematizam, em seus 
poemas, cenas bucólicas, uma vida pastoril e idealizada, a fuga da cidade, o 
amor a uma pastora. Os dois escritores participaram da Inconfi dência Mineira, 
um movimento separatista que teve como destaque a fi gura de Tiradentes. 
Cláudio Manuel da Costa viveu entre 1729 e 1789, e Tomás Antônio Gonzaga, 
entre 1744 e 1810.
Manuel da Costa tem por obras de destaque O Parnaso Obsequioso e 
Obras Poéticas. Gonzaga tem a obra Marília de Dirceu, que contém poemas 
dedicados à sua amada. Em alguns dos primeiros versos, o eu lírico fala sobre 
os grandes proprietários de terras e de riquezas e compara-se com eles:
[...] Mas tendo tantos dotes da ventura, 
Só apreço lhes dou, gentil Pastora, 
Depois que teu afeto me segura, 
Que queres do que tenho ser senhora. 
É bom, minha Marília, é bom ser dono 
De um rebanho, que cubra monte, e prado; 
Porém, gentil Pastora, o teu agrado 
Vale mais q’um rebanho, e mais q’um trono. 
Graças, Marília bela, 
Graças à minha Estrela! (GONZAGA, [2017], p. 1-2).
A Marília, a quem o poema é dedicado e quem serve de interlocutora 
para o eu lírico, não é uma mulher qualquer, mas uma pastora – o que 
aponta para o tema do campo tão cultivado entre os árcades. Ela é gentil e 
bela e acaba sendo comparada a uma estrela. Além disso, todos os campos 
do mundo, com enormes rebanhos, não são nada se comparados com o 
amor de Marília.
193Os clássicos universais e a literatura brasileira
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José de Alencar, Álvares de Azevedo e Castro Alves
Os três escritores, ao lado de muitos outros, fazem parte de um dos movimentos 
mais importantes e determinantes da literatura brasileira: o Romantismo. Essa 
escola literária, no século XIX, é considerada como a primeira eminentemente 
brasileira: se, antes, os escritores voltavam-se muito para o exterior e, principal-
mente, para a Europa, a fi m de copiar modelos de fora, os românticos tiveram 
como objetivo criar uma identidade para a literatura brasileira e pensar no que 
poderia ser uma marca que a distinguiria das demais literaturas. 
Uma dessas marcas da brasilidade eleita pelos românticos foi a figura do 
indígena, desses indivíduos que já habitavam essas terras muito tempo antes 
de os portugueses terem chegado à América. O guarani e Iracema, de José 
de Alencar, são exemplos de textos que trazem os índios como personagens 
centrais.
O Romantismo brasileiro pode ser dividido em três fases: a primeira, 
nacionalista ou indianista, foi a mais preocupada com a questão nacional. 
Além de José de Alencar, Gonçalves Dias e Gonçalves de Magalhães fazem 
parte desse primeiro momento. A segunda fase é chamada de “mal do século” 
ou “ultrarromântica”, pois dá destaque ao pessimismo, ao escapismo, à fuga 
da realidade, à morte. Álvares de Azevedo e Casimiro de Abreu pertencem 
a esse momento do Romantismo. Por fim, a terceira fase é conhecida como 
“Geração Condoreira”. Seus poetas, como Castro Alves, preocupam-se com 
as questões sociais e utilizam seus poemas como forma de denúncia. Um 
dos temas muito tratados por Castro Alves foi a escravidão – o poeta era 
abolicionista. Repare como ele fala sobre um navio transportando escravos 
no poema O navio negreiro:
[...] Senhor Deus dos desgraçados! 
Dizei-me vós, Senhor Deus! 
Se é loucura... se é verdade 
Tanto horror perante os céus?! 
Ó mar, por que não apagas 
Co’a esponja de tuas vagas 
De teu manto este borrão?... 
Astros! noites! tempestades! 
Rolai das imensidades! 
Varrei os mares, tufão! [...] (ALVES, [2017], p. 4)
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Os desgraçados de que fala o eu lírico são os escravos, e é destacado o 
horror da situação na qual homens e mulheres encontram-se: atirados em um 
porão, sem comida decente, com pouca água, maltratados. O eu lírico pede 
que o mar, com suas ondas, apague essa situação tenebrosa. 
Machado de Assis, Euclides da Cunha e Aluísio Azevedo
Depois do Romantismo, surgem duas escolas literárias que tendem a se opor 
a ele: o Realismo e o Naturalismo. Os escritores desses dois movimentos 
procuram retratar a realidade, em seus textos literários, de forma objetiva e 
direta. A diferença entre o Realismo e o Naturalismo, porém, é que, no segundo, 
há uma radicalização dos ideais do primeiro em relação à descrição fi el da 
realidade. Além disso, os textos naturalistas mostram um homem determinado 
pelo seu ambiente. Um exemplo de como isso funciona pode ser encontrado 
em O cortiço, de Aluísio Azevedo (1857-1913): nesse romance naturalista, os 
moradores de um cortiço carioca do fi nal do século XIX são descritos como 
determinados por seu meio, raça e história.
Machado de Assis (1839-1908) é um dos mais famosos escritores brasileiros 
e foi um realista. Suas obras, sempre perpassadas por uma fina ironia, trazem 
um panorama da sociedade carioca da época. Entre seus livros encontram-se 
Dom Casmurro, O alienista, Memórias póstumas de Brás Cubas, Quincas 
Borba, entre outras. 
Euclides da Cunha nasceu em 1866 e morreu em 1909 (Figura 2). Sua 
profissão de jornalista foi fundamental na constituição de sua obra literária, 
pois foi a partir de sua experiência cobrindo a Guerra deCanudos, na Bahia, 
que ele escreveu seu mais famoso romance, Os sertões. Essa obra situa-se 
entre a literatura e a história, a sociologia e geografia. Apesar de estar entre o 
Realismo e o Naturalismo, os estudiosos também consideram sua obra como 
pré-moderna.
195Os clássicos universais e a literatura brasileira
Textos_Fundamentais_U4C11.indd 195 29/08/2017 06:58:19
Figura 2. Caricatura de Euclides 
da Cunha.
Fonte: Os sertões (2017). 
Olavo Bilac e Augusto dos Anjos
Olavo Bilac é considerado um parnasiano, enquanto Augusto dos Anjos, um 
simbolista. Esses dois movimentos, o Parnasianismo e o Simbolismo, do fi nal 
do século XIX, tendem a apresentar características opostas às do Realismo e do 
Naturalismo. O Simbolismo volta-se para o eu, para dentro, para os sentimentos. 
Para falar desse mundo interior dos indivíduos, eles utilizam-se de símbolos 
em seus poemas - daí vem o nome do movimento. O Parnasianismo, por outro 
lado, preza pelo preciosismo, pelos detalhes, pela forma do poema, com suas 
rimas e estruturas. Um dos lemas do Parnasianismo é a “arte pela arte”. 
Um dos mais famosos poemas de Olavo Bilac está presente em seu livro 
Via-Láctea:
Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!” E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...
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Textos_Fundamentais_U4C11.indd 196 29/08/2017 06:58:19
E conversamos toda a noite, enquanto
A via-láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.
Direis agora: “Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?”
E eu vos direi: “Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas (BILAC, [2017], p. 7).
Atente para a forma do poema: essa estruturação dos versos (duas estrofes 
com quatro versos, seguidas de duas com três versos) constitui um soneto. As 
rimas também são muito importantes: o primeiro verso rima com o terceiro 
e o segundo, com o quarto. Os versos são ainda construídos como respostas 
a um suposto amigo que considera o eu lírico louco por conversar com as 
estrelas: o interlocutor afirma que o eu lírico perdeu o senso. O eu lírico, 
porém, explica que é necessário amar as estrelas para ser capaz de ouvi-las. 
Aqui não há, portanto, nenhum tema social ou denúncia: apenas a relação de 
um indivíduo com os astros.
Mário de Andrade, Oswald de Andrade 
e Manuel Bandeira
Mário de Andrade, Oswald de Andrade e Manuel Bandeira foram os mais 
importantes escritores do Modernismo brasileiro. Os três, ao lado de muitos 
outros artistas, fi zeram parte da famosa Semana de Arte Moderna de 1922, 
que ocorreu em São Paulo e foi o marco do movimento modernista.
As vanguardas europeias, como o Futurismo e o Cubismo, tiveram grande 
impacto nos escritores modernistas brasileiros, que se inspiraram nessas novas 
formas de produzir e de apresentar a arte, para criar algo eminentemente 
brasileiro. O Movimento Antropofágico, por exemplo, explica que o escritor 
brasileiro deveria aproveitar o que vem de fora, mas não simplesmente copiar 
e imitar tendências importadas: essas tendências deveriam ser deglutidas e 
misturadas com as próprias marcas da brasilidade para criar algo novo. Um 
exemplo dessa deglutição criadora pode ser apontado no próprio Manifesto 
Antropofágico, escrito por Oswald de Andrade. O escritor parafraseia a famosa 
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Textos_Fundamentais_U4C11.indd 197 29/08/2017 06:58:19
frase de Hamlet, escrito por Shakespeare – “ser ou não ser, eis a questão” –, 
agregando elementos brasileiros – no caso, o nome de uma língua indígena: 
“Tupi, or not tupi that is the question” (ANDRADE, 1976, p. 3).
Além do Manifesto antropofágico, Oswald de Andrade escreveu os ro-
mances Serafim Ponte Grande e Memórias sentimentais de João Miramar. 
Mário de Andrade escreveu uma das obras modernistas mais famosas: Ma-
cunaíma. Esse livro conta, de uma forma extremamente cômica, as peripécias 
do herói sem nenhum caráter ou do anti-herói Macunaíma. Ele é mentiroso e 
incorreto, além de preguiçoso. O bordão do personagem é: “Ai, que preguiça!”. 
Manoel Bandeira é um poeta e prosador com uma obra extensa. Entre seus 
livros mais famosos estão A cinza das horas, Libertinagem e Estrela da manhã. 
Um poema seu, “Os sapos”, foi lido e causou muito alvoroço na Semana de 
Arte Moderna de 1922. No trecho do poema apresentado, a seguir, são feitas 
críticas à poesia parnasiana:
[...] O sapo-tanoeiro, 
Parnasiano aguado, 
Diz: - “Meu cancioneiro
É bem martelado. 
Vede como primo 
Em comer os hiatos! 
Que arte! E nunca rimo 
Os termos cognatos. 
O meu verso é bom 
Frumento sem joio. 
Faço rimas com 
Consoantes de apoio. 
Vai por cinqüenta anos 
Que lhes dei a norma: 
Reduzi sem danos 
A fôrmas a forma. 
Clame a saparia 
Em críticas céticas:
Não há mais poesia, 
Mas há artes poéticas... [...] (BANDEIRA, 2011).
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Um dos sapos é um parnasiano “aguado”, que se preocupa em rimar e em 
dar uma forma ao poema, martelando e trabalhando os versos. O problema 
apontado no poema é que, ao se preocupar tanto com a forma, os parnasianos 
acabaram criando camisas de força – as formas a que é preciso encaixar os 
versos, nem que seja a marteladas. O conteúdo – a poesia – foi deixado com-
pletamente de lado em proveito das formas – as artes poéticas. 
José Lins do Rego, Rachel de Queiróz, Graciliano 
Ramos, Érico Verissimo, Jorge Amado
O Regionalismo brasileiro, período literário que também fi cou conhecido como 
Romance de 30, abrange aqueles autores e textos que enfocam questões sociais 
de regiões específi cas de forma realista. Lendo tais textos, o leitor entra em 
contato com realidades distintas, como o sertão nordestino, o pampa gaúcho, 
os engenhos de cana-de-açúcar do nordeste etc.
Confira uma lista com alguns dos escritores mais destacados:
  José Lins do Rego (1901-1957): sua obra Menino de engenho retrata a 
decadência dos engenhos de cana-de-açúcar do Nordeste.
  Rachel de Queiróz (1910-2003): O quinze é um romance sobre a seca 
de 1915, ocorrida no Nordeste.
  Graciliano Ramos (1892-1953): Vidas secas acompanha a trajetória de 
uma família que precisa deixar suas terras, no sertão nordestino, por 
conta da seca. Nessa obra, há um processo de animalização dos seres 
humanos, devido à situação difícil de vida, que embrutece.
  Érico Verissimo (1905-1975): o escritor gaúcho retratou a cultura, os 
costumes e a história desse estado em sua trilogia O tempo e o vento.
  Jorge Amado (1912-2001): o escritor baiano falou sobre a realidade do 
estado em romances como Seara vermelha e Capitães de areia.
Clarice Lispector, João Guimarães Rosa, Carlos 
Drummond de Andrade 
Clarice Lispector, João Guimarães Rosa, Carlos Drummond de Andrade, entre 
outros, fazem parte da Geração de 1945. Esses artistas, também considerados 
como pós-modernos, estavam preocupados em encontrar novas formas de 
linguagem, novas formas de expressão. Os temas são muito variados: Cla-
rice Lispector trabalhou muito com a psicologia de personagens femininas, 
como em Laços de família e A hora da estrela; as poesias de Drummond vão 
199Os clássicos universais e a literatura brasileira
Textos_Fundamentais_U4C11.indd 199 29/08/2017 06:58:19
desde temas sociais, como em A rosa do povo, aos metafísicos; e Guimarães 
Rosa enriquece seus textos com neologismos e com a inserção de marcas de 
oralidade, como em Grande Sertão: veredas.
Um famoso poema de Drummond, “E agora, José?”, coloca perguntas a 
esse personagem, José. Perceba o desânimo e a falta de saída para os problemas 
nestes versos:
E agora, José? 
A festa acabou, 
a luz apagou, 
o povo sumiu, 
a noite esfriou, 
e agora, José? 
e agora, Você? 
Você que é sem nome, 
que zombados outros, 
Você que faz versos, 
que ama, protesta? 
e agora, José? (ANDRADE, 2011).
Toda a animação foi-se – a festa, a luz, as pessoas, o calor. José ficou 
sozinho e o eu lírico interpela-o acerca do que ele faria nesse momento de 
fim da euforia. O leitor depara-se com um mundo sem sentido, sem rumo, 
sem perspectivas.
Rubem Fonseca, Manoel de Barros, 
Lygia Fagundes Telles
A lista dos escritores destacados da contemporaneidade é muito grande, 
assim como os temas tratados em suas obras e a forma como são abordados 
são extremamente diversos. É difícil apontar uma única tendência para esse 
conjunto tão heterogênero de escritores.
Entre esses autores, podemos citar três: os prosadores Rubem Fonseca e 
Lygia Fagundes Telles e o poeta Manoel de Barros. Porém, é importante que 
você compreenda que essa seleção é uma das possíveis e, inclusive, um tanto 
quanto arbitrária: há muitos outros escritores e escritoras tão importantes 
quanto os três e com uma obra muito interessante. 
Os clássicos universais e a literatura brasileira200
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Rubem Fonseca costuma retratar o submundo das cidades com muita 
violência, brutalidade, mas também irreverência. Entre suas principais obras 
encontram-se Agosto e A grande arte. Já Lygia Fagundes Telles trabalha 
com diversos temas – dentre eles, o fantástico surge em contos dos volumes 
Venha ver o pôr-do-sol e outros contos e Mistérios. A escritora foi indicada ao 
prêmio Nobel da Literatura, em 2016. Por fim, Manoel de Barros é um poeta 
que versa sobre a infância e a aproximação com a natureza e com um modo 
de vida mais conectado com o natural. Repare como ocorre esse contato com 
o natural no seguinte poema:
Retrato quase apagado em que se pode ver perfeitamente nada
Nas Metamorfoses, em duzentas e quarenta fábulas, 
Ovídio mostra seres humanos transformados em 
pedras, vegetais, bichos, coisas.
Um novo estágio seria que os entes já transformados
falassem um dialeto coisal, larval, pedral etc.
Nasceria uma linguagem madruguenta, adâmica,
endêmica, natural - 
Que os poetas aprenderiam - desde que voltassem às 
crianças que foram
Às rãs que foram
Às pedras que foram. 
Para voltar à infância, os poetas precisariam também de 
reaprender a errar a língua.
Mas esse é um convite à ignorância? A enfiar o idioma 
nos mosquitos?
Seria uma demência peregrina (BARROS, 2010, p. 265-266).
Aqui, as crianças, a vegetação e os minerais representam um estágio original 
mais puro e mais idílico a que todos deveríamos aspirar retornar. O eu lírico 
ainda confunde as noções de certo e errado: escrever e falar correto do ponto 
de vista gramatical não seria o adequado; seria necessário reaprender a errar 
a língua, como as crianças. Talvez, com esse errar a língua, o eu lírico esteja 
falando da relação menos automatizada das crianças com a linguagem – os 
adultos já estariam tão acostumados com a comunicação do cotidiano, que 
nem prestariam mais atenção nas riquezas de seu idioma. 
201Os clássicos universais e a literatura brasileira
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No link ou código a seguir, você pode encontrar muitas 
obras completas dos escritores brasileiros citados neste 
capítulo. 
https://goo.gl/Kw7X 
A literatura brasileira e os clássicos universais
Muitas das obras brasileiras citadas aqui aparecem como destaque também entre 
os clássicos universais. Machado de Assis, Clarice Lispector e João Guimarães 
Rosa surgem ao lado de Dostoievski, Goethe, Homero ou Shakespeare. Isso ocorre 
porque, apesar de algumas dessas obras serem relativamente recentes (Clarice 
Lispector e Guimarães Rosa, por exemplo, publicaram no século XX), elas já 
tiveram um enorme impacto na sociedade. Sua qualidade, os temas que interessam 
leitores diferentes, em tempos e em espaços distintos, além das inovações trazidas 
pelas obras desses escritores, os colocam entre os grandes nomes da literatura.
Para que você compreenda como pode se dar esse impacto, vamos utilizar a 
obra de Guimarães Rosa como exemplo. Os livros desse autor, como Tutameia ou 
Grande sertão: veredas, estão repletos de neologismos - essa é uma das marcas 
da obra de Rosa. Existe, inclusive, um dicionário, produzido pela professora Nilce 
Sant’Anna Martins, que cataloga todas as palavras e expressões inventadas pelo 
autor: O Léxico de Guimarães Rosa. Imagine, então, a dificuldade de traduzir seus 
textos e todas essas palavras que não existiam para outras línguas. Apesar disso, 
eles foram traduzidos para inúmeros idiomas, como o inglês, francês, italiano, 
alemão etc., fazendo sucesso em muitos países diferentes. 
Além disso, a obra já serviu de inspiração para filmes, óperas, histórias em 
quadrinhos, outros livros e documentários. Isso mostra como suas narrativas 
são férteis: tocam pessoas diferentes de maneiras diferentes; prestam-se a 
inúmeras interpretações; falam de temas universais. 
Grande sertão: veredas, por exemplo, trata do sertão de Minas Gerais - ou 
seja, de uma localidade bastante específica. Entretanto, como o próprio narra-
dor fala, o sertão é dentro da gente: o livro, acima de tudo, trata de questões 
interiores, que podem ocorrer para pessoas que vivem na Brasil, na China ou 
na França; no campo ou na cidade; na praia ou no deserto. 
Os clássicos universais e a literatura brasileira202
Textos_Fundamentais_U4C11.indd 202 29/08/2017 06:58:20
1. Sobre o início da literatura brasileira, 
marque a opção correta.
a) É considerado o marco da 
literatura brasileira, o primeiro 
texto escrito justamente 
por um brasileiro.
b) O início da literatura 
brasileira dá-se com uma 
literatura informativa.
c) Os primeiros documentos 
escritos relacionados ao 
Brasil são as impressões do 
rei português em relação às 
novas terras encontradas.
d) Desde o início do encontro dos 
portugueses com os índios, há 
um confronto direto entre esses 
dois povos tão diferentes.
e) Considera-se o marco 
da literatura brasileira as 
pinturas indígenas, que 
serviam para comunicar.
2. O Barroco e o Arcadismo foram 
dois movimentos literários 
brasileiros que ocorreram entre 
os séculos XVII e XVIII. Sobre 
os dois, pode-se dizer que:
a) Cláudio Manoel da Costa e Tomás 
Antônio Gonzaga são dois poetas 
árcades que se envolveram 
com a Inconfidência Mineira.
b) Os sermões do padre António 
Vieira são considerados 
árcades, pois evidenciam 
uma conexão grande com 
a natureza e com a terra.
c) Gregório de Matos é um poeta 
barroco que se preocupou 
com os sentimentos e 
com o interior do eu.
d) Os árcades eram poetas que 
cultivavam o sentimento 
exacerbado, o exagero 
e a dramaticidade.
e) Marília de Dirceu, livro de Tomás 
Antônio Gonzaga, é um livro 
que conta a história de um 
amor não realizado e sofrido.
3. O Romantismo foi um período 
literário muito importante no 
Brasil. Considere o trecho a seguir, 
presente no romance Iracema, 
de José de Alencar, e assinale a 
opção correta em relação à sua 
interpretação e às características 
românticas que aparecem nele.
“Além, muito além daquela serra, 
que ainda azula no horizonte, nasceu 
Iracema.
Iracema, a virgem dos lábios de mel, 
que tinha os cabelos mais negros 
que a asa da graúna e mais longos 
que seu talhe de palmeira.
O favo da jati não era doce como seu 
sorriso; nem a baunilha recendia no 
bosque como seu hálito perfumado.
Mais rápida que a ema selvagem, 
a morena virgem corria o sertão e 
as matas do Ipu, onde campeava 
sua guerreira tribo da grande 
nação tabajara, o pé grácil e nu, 
mal roçando alisava apenas a verde 
pelúcia que vestia a terra com as 
primeiras águas.
Um dia, ao pino do sol, ela repousava 
em um claro da floresta. Banhava-lhe 
o corpo a sombra da oiticica, mais 
fresca do que o orvalho da noite. Os 
203Os clássicos universais e a literatura brasileira
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ramos da acácia silvestre esparziam 
flores sobre os úmidos cabelos. 
Escondidos na folhagem os pássaros 
ameigavamo canto. Iracema saiu 
do banho; o aljôfar d’água ainda 
a roreja, como à doce mangaba 
que corou em manhã de chuva. 
Enquanto repousa, empluma das 
penas do gará as flechas de seu arco, 
e concerta com o sabiá da mata, 
pousado no galho próximo, o canto 
agreste.
A graciosa ará, sua companheira e 
amiga, brinca junto dela. Às vezes 
sobe aos ramos da árvore e de lá 
chama a virgem pelo nome; outras 
remexe o uru de palha matizada, 
onde traz a selvagem seus perfumes, 
os alvos fios do crautá, as agulhas 
da juçara com que tece a renda, e 
as tintas de que matiza o algodão.”
a) Flores, árvores, animais, chuva: 
esses elementos ajudam a 
montar um cenário natural, 
distante da urbanização 
e da modernidade.
b) Iracema é construída como 
uma feroz guerreira, o que fica 
atestado no trecho em que ela 
constrói as flechas de seu quarto.
c) O narrador chama Iracema de 
selvagem para mostrar que 
os índios não eram pessoas 
boas e que o colonialismo foi 
algo positivo. Essa foi uma 
das marcas do Romantismo.
d) Os muitos detalhes que o 
narrador dá sobre a floresta, 
sobre os animais que a habitam 
e sobre Iracema são uma 
tentativa de imitar a realidade, 
característica do Romantismo.
e) Iracema é aproximada dos 
animais porque sua figura pouco 
se parece com a humana.
4. Sobre a Semana de Arte 
Moderna, ocorrida em 1922, 
marque a alternativa correta.
a) O movimento buscou a 
inovação na linguagem.
b) No Manifesto antropofágico, 
Oswald de Andrade recusa 
qualquer influência vinda 
do exterior: apenas o que 
é nacional é bom.
c) Quando os artistas organizaram 
a Semana de Arte Moderna, que 
foi tão importante e decisiva 
para a literatura brasileira, 
eles decidiram inspirar-se 
na Antiguidade grega e 
produzir algo mais clássico.
d) Mario de Andrade foi um dos 
poetas da Semana de Arte 
Moderna. Em sua obra, ele 
idealiza a vida no campo.
e) “Os sapos”, de Manoel 
Bandeira, é um poema que foi 
declamado durante a Semana 
de Arte Moderna e que prega 
uma volta à natureza.
5. Sobre as Gerações de 30 e de 
45, marque a opção correta.
a) As duas gerações aproximam-se, 
no sentido de focarem 
essencialmente em questões 
sociais e de denunciarem 
esses problemas.
b) José Lins do Rego e 
Graciliano Ramos fazem 
parte da Geração de 45.
c) A Geração de 45 é bastante 
coesa, e todos os escritores 
pertencentes a esse movimento 
apresentam características 
bastante similares.
Os clássicos universais e a literatura brasileira204
Textos_Fundamentais_U4C11.indd 204 29/08/2017 06:58:21
ALVES, Castro. O navio negreiro. [2017]. Disponível em: <http://www.dominiopublico.
gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=1786>. Acesso em: 
22 ago. 2017. 
ANDRADE, C. D. José. 2011. Disponível em: <http://noticias.universia.com.br/destaque/
especial/2011/10/31/883898/12/20-poemas-carlos-drummond-andrade/poemas-
-carlos-drummond-andrade-jose.html>. Acesso em: 22 ago. 2017. 
ANDRADE, O. Manifesto antropofágico. 1976. Disponível em: <http://www.ufrgs.br/
cdrom/oandrade/>. Acesso em: 22 ago. 2017. 
BANDEIRA, M. Os sapos. 2011. Disponível em: <https://www.luso-poemas.net/modules/
news03/article.php?storyid=1505>. Acesso em: 22 ago. 2017. 
BARROS, M. de. Poesia completa. São Paulo: Leya, 2010.
BILAC, O. Via-Láctea. [2017]. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/
pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=17317>. Acesso em: 22 
ago. 2017. 
CAMINHA, P. V. A carta. [2017]. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.
br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=17424>. Acesso em: 
22 ago. 2017. 
GONZAGA, T. A. Marília de Dirceu. [2017]. Disponível em: <http://www.dominiopublico.
gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=2012>. Acesso 
em: 22 ago. 2017. 
LITERATURA DO BRASIL. In: Wikipédia. 2017. Disponível em: <https://pt.wikipedia.
org/wiki/Literatura_do_Brasil#Per.C3.ADodo_colonial>. Acesso em: 22 ago. 2017.
OS SERTÕES. In: Wikipédia. 2017. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Os_
Sert%C3%B5es>. Acesso em: 22 ago. 2017.
VIEIRA, A. Sermão da sexagésima. 1965. Disponível em: <http://www.dominiopublico.
gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=1745>. Acesso em: 
22 ago. 2017. 
d) A Geração de 30 foi 
essencialmente urbana, 
em semelhança aos 
escritores modernistas que 
participaram da Semana de 
Arte Moderna de 1922.
e) O Regionalismo, também 
conhecido como Geração de 
30, tem como característica 
(como seu próprio nome aponta) 
retratar as realidades específicas 
de cada região do país.
205Os clássicos universais e a literatura brasileira
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DICA DO PROFESSOR
Neste vídeo, você vai conhecer uma das mais famosas obras da literatura brasileira: Memórias 
póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis. Vai analisar alguns de seus trechos e perceber 
como a ironia é construída no texto.
Assista.
Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
EXERCÍCIOS
1) Sobre o início da literatura brasileira, é correto afirmar que: 
A) é considerado como o marco da literatura brasileira o primeiro texto escrito justamente por 
um brasileiro.
B) o início da literatura brasileira dá-se com uma literatura informativa.
C) os primeiros documentos escritos relacionados ao Brasil são as impressões do rei 
português em relação às novas terras encontradas.
D) desde o início do encontro dos portugueses com os índios, há um confronto direto entre 
esses dois povos tão diferentes.
E) o marco da literatura brasileira é considerado como sendo as pinturas indígenas, que 
serviam para comunicar.
2) O Barroco e o Arcadismo foram dois movimentos literários brasileiros que 
ocorreram entre os séculos XVII e XVIII. Sobre os dois, pode-se dizer que: 
A) Cláudio Manoel da Costa e Tomás Antônio Gonzaga são dois poetas árcades que se 
envolveram com a Inconfidência Mineira.
B) os sermões do Padre António Vieira são considerados árcades, pois evidenciam uma 
conexão grande com a natureza e com a terra.
C) Gregório de Matos é um poeta barroco, que se preocupou com os sentimentos e com o 
interior do Eu.
D) os árcades eram poetas que cultivavam o sentimento exacerbado, o exagero e a 
dramaticidade.
E) "Marília de Dirceu", livro de Tomás Antônio Gonzaga, é um livro que conta a história de 
um amor não realizado e sofrido.
O Romantismo foi um período literário muito importante no Brasil. Considere o 
trecho a seguir, presente no romance "Iracema", de José de Alencar, e assinale a 
opção correta em relação à sua interpretação e às características românticas que 
aparecem nele. 
"Além, muito além daquela serra, que ainda azula no horizonte, nasceu Iracema. 
Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da 
graúna e mais longos que seu talhe de palmeira. O favo da jati não era doce como seu 
sorriso; nem a baunilha recendia no bosque como seu hálito perfumado. Mais rápida 
que a ema selvagem, a morena virgem corria o sertão e as matas do Ipu, onde 
campeava sua guerreira tribo da grande nação tabajara, o pé grácil e nu, mal 
roçando alisava apenas a verde pelúcia que vestia a terra com as primeiras águas. 
Um dia, ao pino do sol, ela repousava em um claro da floresta. Banhava-lhe o corpo a 
sombra da oiticica, mais fresca do que o orvalho da noite. Os ramos da acácia 
silvestre esparziam flores sobre os úmidos cabelos. Escondidos na folhagem os 
pássaros ameigavam o canto. Iracema saiu do banho; o aljôfar d'água ainda a roreja, 
como à doce mangaba que corou em manhã de chuva. Enquanto repousa, empluma 
das penas do gará as flechas de seu arco, e concerta com o sabiá da mata, pousado no 
galho próximo, o canto agreste. A graciosa ará, sua companheira e amiga, brinca 
junto dela. Às vezes sobe aos ramos da árvore e de lá chama a virgem pelo nome; 
3) 
outras remexe o uru de palha matizada, onde traz a selvagem seus perfumes, os alvos 
fios do crautá , as agulhas da juçara com que tece a renda, e astintas de que matiza o 
algodão." 
A) Flores, árvores, animais e chuva: esses elementos ajudam a montar um cenário natural, 
distante da urbanização e da modernidade.
B) Iracema é construída como uma feroz guerreira, o que fica atestado no trecho em que ela 
constrói as flechas de seu quarto.
C) O narrador chama Iracema de selvagem para mostrar que os índios não eram pessoas boas 
e que o colonialismo foi algo positivo. Essa foi uma das marcas do Romantismo.
D) Os muitos detalhes que o narrador dá sobre a floresta, sobre os animais que a habitam e 
sobre Iracema mostram uma tentativa de imitar a realidade, característica do Romantismo.
E) Iracema é aproximada dos animais, porque sua figura pouco se parece com a humana.
4) Sobre a Semana de Arte Moderna, ocorrida em 1922, podemos afirmar que: 
A) esse movimento buscou a inovação na linguagem.
B) no Manifesto Antropofágico, Oswald de Andrade recusa qualquer influência vinda do 
exterior: apenas o que é nacional é bom.
C) quando os artistas organizaram essa Semana de Arte Moderna, que foi tão importante e 
decisiva para a literatura brasileira, eles decidiram inspirar-se na Antiguidade grega e 
produzir algo mais clássico.
D) Mario de Andrade foi um dos poetas da Semana de Arte Moderna. Em sua obra, ele 
idealiza a vida no campo.
E) "Os sapos", de Manoel Bandeira, é um poema que foi declamado durante a Semana de 
Arte Moderna e que prega uma volta à natureza.
5) Sobre as Gerações de 30 e de 45, é correto afirmar que: 
A) as duas Gerações aproximam-se no sentido de focar essencialmente em questões sociais e 
de denunciar esses problemas.
B) José Lins do Rego e Graciliano Ramos fazem parte da Geração de 45.
C) a Geração de 45 é muito coesa e todos os escritores pertencentes a esse movimento 
apresentam características similares.
D) a Geração de 30 foi essencialmente urbana, em semelhança aos escritores modernistas que 
participaram da Semana de Arte Moderna de 1922.
E) O Regionalismo, também conhecido como Geração de 30, tem como característica, como 
seu próprio nome aponta, retratar as realidades específicas de cada região do país.
NA PRÁTICA
Os grandes clássicos da literatura brasileira podem parecer, às vezes, um pouco difíceis, com 
uma linguagem diferente da que costumamos usar no cotidiano e com temas aparentemente 
distantes da nossa realidade.
Para quebrar essa primeira barreira que nos distancia dos clássicos e para provar que essas são 
narrativas muito interessantes, que podem nos tocar e inspirar, pode ser interessante assistir a 
filmes ou a programas de televisão ou ler quadrinhos que adaptem esses obras.
A seguir, você pode conferir algumas delas.
 
SAIBA MAIS
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do 
professor:
A fundação da literatura brasileira
Aprofunde seus conhecimentos e entenda um pouco mais sobre a literatura brasileira no texto 
abaixo.
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Literatura fundamental
Conheça mais sobre uma das principais escritoras brasileiras: Clarice Lispector.
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Textos fundamentais da literatura universal
Acesse na íntegra o livro Textos fundamentais da literatura universal.

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