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Bronquiolíte Sibilância em lactentes. Sibilo = som musical contínuo. Têm origem em oscilações em vias respiratórias estreitas. · Ouvida principalmente na expiração. · Resultado de obstrução das vias respiratórias. · Polifônica = asma. · Monofônica = tom único; vias respiratórias maiores. Recém-nascidos têm uma mecânica pulmonar diferente. Obstrução do fluxo é afetada pelo calibre das vias respiratórias e complacência pulmonar do lactente. Resistência ao fluxo de ar inversamente proporcional ao raio do tubo ^4ª potência. *Estreitamento adicional Pulmões muito complacentes do recém-nascido → leva vias respiratórias a colapso. Também há diferenças na composição das cartilagens traqueais e do tônus do musculo liso das vias respiratórias do lactente. Lactentes tendem a ter uma maior quantidade de linfócitos e neutrófilos no lugar de mastócitos e eosinófilos. ETIOLOGIA Sibilância causada por inflamação na região do sistema respiratório do RN. Infecções agudas: Predominância viral. VSR >50% dos casos, adenovírus, parainfluenza e Mycoplama também incluídos. Não há evidência de causa bacteriana. Pneumonias bacterianas podem ser confundidas com bronquiolite. Infecção simultânea por bronquiolite viral e coqueluche* Mais comum em: · Menino; · Crianças não amamentadas; · Que vivem em aglomeração; Risco maior em: · Crianças com mães jovens ou mães que fumaram na gravidez. Nem todos os lactentes infectados desenvolvem DTRI. Anatomia e imunologia do hospedeiro são determinantes na gravidade da síndrome. *Vias respiratórias menores e redução preexistente da função pulmonar = evolução mais grave. FISIOPATOLOGIA Infecção por VSF: estímulo de complexos imunes – degranulação de eosinófilos e liberação de citotoxinas. Imunidade inata tem papel importante. (dependente do polimorfismo das células) Bronquiolíte aguda caracterizada por obstrução bronquiolar por edema, muco e dentritos celulares. A resistência nas pequenas vias respiratórias aumenta (na inspiração e expiração). A obstrução respiratória leva ao aprisionamento precoce de ar e hiperinsuflação (raio menor na via respiratória durante expiração). Hipoxemia – consequência do desequilíbrio entre ventilação-perfusão. Considerar causas infeccions crônicas de Sibilância → aumento de suspeita de fibrose cística. Alergia e asma – causas importantes de Sibilância. · 3 padrões de chiados em crianças: · Chiador precoce transitório · Chiador persistente · Chiador de início tardio Outras causas: · Malformações congênitas (ex: compressão vascular extrínseca ou causas cardiovasculares de Sibilância) · Aspiração de corpo estranho · Refluxo gastroesofágico · Traumas e tumores **qualquer lesão que ocupe espaço, tanto no pulmão quanto extrinsecamente a ele, pode causar compressão traqueobrônquica e obstrução de fluxo aéreo. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Incluir inicio, duração e fatores associados na história inicial. Histório de gestação, parto e nascimento: internação em UTI, história de entubação ou necessidade de oxigênio, complicações maternas e infecções por VHS e HIV Histórico de problemas respiratórios na família e histórico social e ambiental (contato com fumante, creches, número de habitantes na casa, etc.) Exame físico: atentar à avaliação da frequência respiratória e leitura da oximetria de pulso para saturação de O2. Fazer revisão do gráfico de crescimento do paciente. A ausência de sibilo audível não é tranquilizadora se houver outros sinais de angústia respiratória → A obstrução completa do fluxo de ar pode eliminar a turbulência que produz a Sibilância. Comparar sons ouvidos no pescoço com os ouvidos nas vias respiratórias inferiores. Sinais de angústia respiratória: taquipneia, esforço respiratório aumentado, batimento nasal, repuxamento traqueal, retrações subcostais e intercostais, e uso excessivo de músculos acessórios. Nas vias respiratórias superiores: sinais de atopia, incluindo cornetos edemaciados e lesões em “pavimentação com pedras arredondadas”. Avaliar a pele em busca de eczema e hemangioma importante. Baqueteamento digital deve ser observado. Bronquiolite aguda é geralmente precedida pelo contato com alguém mais velho que tenha apresentado síndrome respiratória menor na semana anterior. Grau de taquipneia nem sempre tem correlação com o grau de hipoxemia ou hipercarbia. AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA Depende da possível etiologia. Radiografia de tórax, incluindo incidências posteroanterior e lateral são justificadas em muitos casos. Infiltrados locais mais frequentes: · lactentes sibilantes com oximetria de pulso <93% · gemidos · diminuição dos sons respiratórios · expiração prolongada · Radiografia de tórax: útil para avaliar presença de hiperinsuflação Teste com broncodilatador: diagnóstico e terapêutico. · O medicamento pode reverter bronquiolite e asma, mas não afetam obstruções fixas. · Broncodilatadores podem piorar a Sibilância quando houver: traqueomalacia ou broncomalacia Teste de suor para fibrose cística Avaliação do estado imune. **Diagnóstico clínico, principalmente em RN previamente saudáveis. Radiografia de tórax: pulmões hiperinsuflados com focos de atelectasia. Leucócitos: contagem normal. Testes virais são uteis para o diagnóstico. TRATAMENTO Dependente da etiologia Resposta aos broncodilatadores é imprevisível: sugere um componente de hiper-reatividade brônquica. Inalação com albuterol e observar a resposta. Brometo de ipratrópio é controverso, útil em lactentes com traqueomalacia ou broncomalacia importantes que podem piorar com B2-agonistas. Esteroides inalatórios são apropriados para o tratamento de manutenção em casos de vias respiratórias subitamente reativas. Doses altas de corticoides inalatórios não são recomendados para Sibilância intermitente. FATORES DE RISCO PARA DOENÇA GRAVE: RN <12 semanas, nascimento prematuro, ou comorbidade subjacente, como doença cardiovascular, pulmonar ou imunológica. Tratamento principalmente de suporte. Riança hipoxêmica deve receber oxigênio umidificado frio. Deixar o lactente com cabeça e tórax elevado em 30° com extensão do pescoço. Alto risco de aspiração de alimentos oferecidos por via oral devido à taquipneia e trabalho respiratório aumentado – pode ser alimentado por sonda nasogátrica. Ribavirina: agente antiviral administrado por aerossol usado em lactentes com cardiopatia congênita ou doença pulmonar crônica. Antibióticos não tem valor a menos que haja infecção coexistente. Não há suporte para administração de imunoglobulina para VSR durante episódios agudos de bronquiolite. PROGNÓSTICO Bronquiolite aguda leva a alto risco de comprometimento respiratório nas primeiras 48 a 72 hrs após inicio de tosse e dispneia. Taxa de mortalidade <1% - morte atribuída a apneia, acidose respiratória descompensada ou desidratação grave. Duração média dos sintomas de 12 dias. Incidência mais alta de Sibilância e asma em crianças com história de bronquiolite inexplicada. PREVENÇÃO Administração de imunoglobulina intravenosa hiperimune contra o VSR de múltiplos doadores e palivizumab (anticorpo monoclonal – VSR). Laringite Resistência das vias respiratórias é inversamente proporcional à quarta potência do raio → reduções mínimas na área transversal produzem aumento exponencial da resistência das vias respiratórias. Composição laringe: · 4 cartilagens maiores: epiglote, aritenoide, tireoide e cricoide. · Tecidos moles circundantes. Cartilagem cricoide: envolvem as vias respiratórias logo abaixo das cordas vocais – porção mais estreita das vias respiratórias superiores em crianças com menos de 10 anos. Inflamações que envolvem as cordas vocais e estruturas abaixo delas são: laringites, laringotraqueítes ou laringotraqueobronquite. Supraglotite: inflamações acima das cordas vocais Crupe: obstrução aguda da laringe, grupo heterogêneo de processos infecciosos, predominantemente agudos – caracterizados por tosse de cachorro. (não é diagnóstico, mas sim sinal) Estridor: som respiratório áspero de alta intensidade, geralmente inspiratório que pode ser bifásico. · Produzido pelo fluxo turbulento de ar. ETIOLOGIAE EPIDEMIOLOGIA Maioria das infecções agudas das vias respiratórias superiores é causada por vírus. Parainfluenza: 75% dos casos; além de influenza A e B, adenovírus, vírus sincicial respiratório (VSR) e sarampo. Maioria dos pacientes com crupe tem idade dentre 3 a 5 anos, pico no 2° ano. Incidência maior no sexo masculino; mais comum no final do outono e inverno. Recorrências frequentes entre 3 e 6 anos de idade; diminui c/o crescimento das vias respiratórias. Aproximadamente 15% dos pacientes – histórico familiar de crupe. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Vírus são os principais causadores. Termo laringotraqueobronquite: infecção viral das regiões glótica e subglótica. Termo geralmente utilizado nas formas mais graves – quando associada a superinfecção bacteriana que ocorre entre 5 a 7 dias de curso. Laringotraqueíte: termo utilizado na forma mais comum e típica. Maioria apresenta infecção do trato respiratório superior combinado a rinorreia, faringite, tosse e febre baixa (por 1 a 3 dias). Desenvolvimento da tosse de cachorro, rouquidão e estridor inspiratório. Temperatura pode atingir 39° a 40°.Algumas crianças não apresentam febre. Sintomas piores a noite. Frequentemente a intensidade é decrescente e resolve-se em 1 semana. Crianças mais velhas geralmente não ficam gravemente doentes. Exame físico: voz rouca, coriza, faringe normal ou moderadamente inflamada, FR levemente elevada. Variações substanciais do grau de angústia respiratória. Raramente progride, mas quando progride pode levar a: elevação da FR, batimento das asas nasais, tiragens supraesternal, infraesternal e intercosta; e estridor contínuo. Troca de gases respiratórios é normal. Hipóxia e baixa saturação: quando é iminente a obstrução completa. Crupe é um diagnóstico clínico: não requer radiografia de pescoço. · As radiografias podem mostrar estreitamento subglótico típico ou “sinal do polegar” · As radiografias não tem boa correlação com a gravidade da doença. · Podem ser uteis na distinção de laringotraqueobronquite grave e epiglotite. Crupe espasmódico: maior frequência em crianças entre 1 e 3 anos. Semelhante a laringotraqueobronquite aguda, mas o pródromo viral e febre estão ausentes. *importância de fatores alérgicos e psicológicos. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Traqueíte bacteriana: alto risco de obstrução das vias respiratórias. Crupe diftérico: incluem mal-estar, dor de gargante, anorexia e febre baixa. Em 2 a 3 dias: membrana branco-acinzentada, pode variar de tamanho até cobrir a maior parte do palato mole. Obstrução respiratória pode ocorrer subitamente. Corpo estranho: obstrução respiratória de início súbito. Criança geralmente tem 6 meses e 3 anos de idade. Sufocamento e tosse ocorrem subitamente, sem pródromo de infecção. COMPLICAÇÕES Ocorrem em aproximadamente 15% dos pacientes com crupe viral. Mais comum: extensão do processo infeccioso para outras regiões do trato resp. (ex: ouvido médio, bronquíolos terminais ou parênquima pulmonar). Traqueíte bacteriana é mais frequentemente uma complicação do crupe viral do que doença distinta. TRATAMENTO Gerenciamento das vias respiratórias. O tratamento da angústia respiratória deve ter prioridade. A maioria das crianças pode ser tratada em casa com segurança. Não há evidências que deem suporte ao uso de nebulização fria em emergência – crianças com Sibilância e crupe concomitantes podem ter piora do broncospasmo com a nebulização fria. Uso de epinefrina é aceito. Epinefrina racêmica, uma mistura 1:1 dos isômeros D e L da epinefrina, tem sido administrada. Uma dose de 0,25 a 0,5 mL de epinefrina racêmica a 2,25% em 3 mL de soro fisiológico pode ser utilizada a cada 20 minutos. · Indicações incluem: estridor em repouso, necessidade de intubação, angústia respiratória e hipoxia. Corticosteroides orais: eficácia bem estabelecida. · Diminuem o edema na mucosa da laringe · Dexametasona oral em dose única 0,6 mg/kg. Antibióticos não são indicados. Medicamentos de venda livre não devem ser usados em menores de 4 anos. PROGNÓSTICO Em geral, hospitalização e taxas de mortalidade aumentam conforme a infecção se estende e acomete porção maior do trato respiratório. Maioria das mortes: obstrução da laringe + complicações de traqueotomia. Parada cardiorrespiratória fatal é raramente relatada. Epiglotite Passado Haemophilus influenzae tipo B – era o mais frequente. Vacinação: queda de 80 a 90% dos casos. Streptococcus pyogenes, S. penumoniae e Staphylococcus aureus: atualmente são os mais responsáveis. Paciente típico é um adulto com dor de garganta. Pré-vacina: 2-4 anos de idade, era observado em pacientes de até 7 anos (relatos de falha da vacina não relatados). MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Curso agudo e fulminante: febre alta, dor de garganta, dispneia e obstrução respiratória com progressão rápida. Grau de angústia respiratória varia (pode enganar) Dor de garganta súbita e febre. Em poucas horas: paciente parece toxemiado: deglutição difícil e respiração trabalhosa. Sialorreia, hiperextensão do pescoço (tentativa de manter a via respiratória). Posição de tripé: a criança senta e inclina o tronco para frente, com o queixo para cima, boca aberta e apoio nos braços. “fome de ar” e inquietação pode ser seguido por cianose e coma que progridem rápido. Estridor: sugere obstrução quase completa das vias respiratórias. Tosse de cachorro é rara. *Nenhum outro familiar tem sintomas respiratórios prévios, geralmente. Laringostopia: visualização de epiglote aumentada, edemaciada na laringoscopia. · Algumas estruturas supraglóticas podem estar comprometidas: ex, pregas ariepiglóticas. · Realizar em sala cirúrgica ou UTI. · Interversções que provocam ansiedade devem ser evitadas. Radiografias das vias respiratórias superiores: mostram epiglote com sinal do polegar → radiografia lateral do pescoço. Epiglote fica redonda em ângulo oblícuo. Entubação nasotraqueal → indicado para todos os pacientes com epiglotite. *6% das crianças morrem sem via respiratória artificial. Duração da entubação depende: · Duração do edema · Curso clínico Avaliação com outras laringoscopias Crianças com epiglotite aguda permanecer entubadas por 2-3 dias. Maioria apresenta uma bactéria concomitante. Pode haver concomitância com: pneumonia, adenopatia cervical ou otite. COMPLICAÇÕES Extensão do processo infeccioso p/: ouvido médio, bronquíolos terminais ou parênquima pulmonar. Pneumonia, linfadenite cervical, otite média, meningite ou artrite séptica podem ocorrer durante epiglotite. Enfisema mediastinal e pneumotórax: + comum na traqueostomia. TRATAMENTO Emergência médica – tratamento imediato Via respiratória artificial – instalação em ambiente controlado. Todos os pacientes devem receber O2. Epinefrina racêmica e corticosteroides são ineficazes. Coleta de sangue, e as vezes do LCR podem ser coletadas assim que as vias aéreas estiverem liberadas. · Ceftriaxone · Cefotaxime · Meropenem Devem ser administrados por via parenteral. 10 a 40% dos casos de H.influenzae tipo B resistente a ampicilina. Epiglotite deve se resolver após alguns dias com antibióticos e o paciente pode ser extubado. Manter antibióticos por 7 a 10 dias. Profilaxia com rifampicina (20 mg/kg via oral, 1x por dia, 4 dias) quando há contactantes com menos de 4 anos completos.
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