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Acidente vascular encefálico COMPREENDER O AVE 01- CONCEITO E EPIDEMIOLOGIA O Acidente Vascular Encefálico (AVE) atualmente é a causa mais comum de óbito no Brasil Além da questão da mortalidade, ele provoca grande morbidade Uma vez que costuma deixar sequelas na maioria dos sobreviventes 02- CLASSIFICAÇÃO O AVE pode ser A) ISQUÊMICO (80% dos casos) Quando há obstrução de um vaso Impedindo a perfusão sanguínea em determinada região, levando à isquemia B) HEMORRÁGICO (20%) Quando há ruptura do vaso, causando hemorragia intracraniana 03- FATORES DE RISCO - Idade - Sexo masculino - Hipertensão arterial - Diabetes melito - Hiperlipidemia - Fibrilação atrial (PULSO IRREGULAR) - Tabagismo - Etilismo - Sedentarismo 04- ATAQUE ISQUÊMICO TRANSITÓRIO (AIT) É um déficit neurológico (encefálico, medular ou retiniano) Agudo De origem vascular Transitório Sem lesão tecidual à neuroimagem → CONCEITOS ANTIGOS ACRESCENTAVAM O TEMPO DE < 24H, PORÉM NÃO É MAIS USADO A imensa maioria dos AITs reverte-se em até 60 minutos E a duração é de 1 a 10 minutos em 80% dos casos Portanto a maioria dos pacientes já se recuperou do déficit quando chega ao hospital A principal causa de AIT é a oclusão do vaso por MATERIAL EMBÓLICO PROVENIENTE DE PLACA DE ATEROMA proximal ao vaso ocluído Ou por ÊMBOLO DE ORIGEM CARDÍACA O AIT deve ser conduzido como emergência médica Pois 10 a 20% dos pacientes com AIT poderão evoluir com um AVCI em 90 dias 50% destes nas primeiras 48 horas E cerca de 1/3 desenvolverá um AVC em um período de 5 anos E medidas terapêuticas podem minimizar esse risco 05- REVISÃO SOBRE IRRIGAÇÃO CEREBRAL 1- CARÓTIDA INTERNA Local de onde se origina a artéria oftálmica (artéria da retina) Para depois se dividir em → ARTÉRIA CEREBRAL MÉDIA A mais acometida no AVE - Córtex motor piramidal - Córtex pré-motor - Área de Broca - Área de Wernicke - Área somatossensorial primária e associativa → ARTÉRIA CEREBRAL ANTERIOR Corpo amigdalóide (COMPORTAMENTO SEXUAL E AGRESSIVIDADE) Hipotálamo anterior Uma parte da cabeça do núcleo caudado (APRENDIZADO E MEMÓRIA) → ARTÉRIA COROIDE ANTERIOR 2- VERTEBRAL Origina a importante → ARTÉRIA CEREBELAR INFEROPOSTERIOR Nutrição do bulbo → ARTÉRIA BASILAR → ARTÉRIA CEREBELAR SUPERIOR → ARTÉRIA CEREBRAL POSTERIOR 06 - AVE ISQUÊMICO A) CONCEITO Caracteriza-se tipicamente como episódio de disfunção neurológica Decorrente de isquemia focal cerebral ou retiniana Com sintomas típicos que duram mais do que 24 horas E com lesão em exames de imagem B) FISIOPATOLOGIA O AVCI deve-se à REDUÇÃO DO FLUXO SANGUÍNEO para determinada área do encéfalo Gerando, consequentemente, ISQUEMIA COM NECROSE E perda de tecido cerebral É decorrente da oclusão aguda de uma artéria Esta oclusão, na maioria das vezes, é do tipo → TROMBÓTICA Trombo formado na própria artéria envolvida no AVE → EMBÓLICA Trombo proveniente de local distante Que caminha pela circulação arterial até impactar na artéria PODE SER DIVIDIDO EM: - CARDIOEMBÓLICO A fonte emboligênica é o coração * Fibrilação atrial * - ARTERIOEMBÓLICO É o AVE isquêmico típico dos pacientes hipertensos A fonte emboligênica geralmente é uma placa aterosclerótica instável (com trombo) Na carótida comum ou bifurcação carotídea ou na artéria vertebral 1- ISQUEMIA (desequilíbrio entre oferta/demanda de O2) → REVERSÍVEL 2- INFARTO (Ocorre quando a isquemia é prolongada ou grave) → IRREVERSÍVEL 3- EDEMA CITOTÓXICO (aumento do volume dos neurônios) 4- EDEMA VASOGÊNICO (acúmulo de líquido no interstício) O pico do edema é entre 3-4 dias Nas primeiras 48h há: 5- MIGRAÇÃO DE NEUTRÓFILOS + CÉLULAS GLIAIS FAGOCITÁRIAS 6- NECROSE DE LIQUEFAÇÃO C) ETIOLOGIA E INVESTIGAÇÃO É UTILIZADO A ESCALA TOAST 1- ATEROSCLEROSE DE GRANDES ARTÉRIAS Deve-se a patologias das artérias de grande calibre que fazem a irrigação cerebral E que podem ser divididas em extracranianas e intracranianas Pode levar a infarto encefálico por embolia vaso–vaso (principal causa) ou hipofluxo A principal artéria extracraniana a ser acometida na circulação anterior é a CARÓTIDA INTERNA Devem-se rastrear esses pacientes para fatores de risco comumente associados a aterosclerose (hipertensão arterial, diabetes, dislipidemias, tabagismo, etilismo, aterosclerose em outros sítios) Na investigação de doença de grandes vasos, é indispensável algum estudo vascular, como - Doppler de carótidas, - Angiotomografia - Angiorressonância - Arteriografia Em casos de estenose de carótida interna extracraniana ≥70% do lado sintomático Há indicação de endarterectomia ou stent como profilaxia secundária Suas PRINCIPAIS MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS envolvem -> Comprometimento cortical (afasia, negligência, envolvimento motor desproporcionado) -> Disfunção do tronco encefálico ou do cerebelo 2- CARDIOEMBOLISMO Essa categoria inclui pacientes com oclusão arterial presumivelmente decorrente de um êmbolo originário do coração Dentre as causas de cardioembolia, estão as -> Arritmias, como a fibrilação atrial -> Lesões cardíacas estruturais, como - Miocardiopatia dilatada - Valvulopatias graves - Trombos intracavitários Pelo menos uma fonte cardíaca de êmbolo deve ser identificada Para se limiar o diagnóstico de possível ou provável AVC cardioembólico 3- OCLUSÃO DE PEQUENAS ARTÉRIAS (LACUNA) Esse subtipo abrange pacientes que apresentam AVC frequentemente denominados infartos lacunares A doença das artérias de pequeno calibre encefálicas que fazem a perfusão das áreas mais profundas do encéfalo O paciente deve exibir uma das cinco clássicas síndromes lacunares → HEMIPARESIA MOTORA PURA Lesão localizada na cápsula interna ou na ponte Por comprometimento das artérias lenticuloestriadas ou perfurantes pontinas Caracteriza-se por hemiparesia completa * Proporcionada, na maioria das vezes, na ausência de alterações sensitivas HEMIPARESIA = Fraqueza muscular ou paralisia de um lado do corpo → AVC PURAMENTE SENSITIVO Lesão localizada no tálamo por oclusão das artérias tálamo perfurantes Caracterizada por perda sensorial ou parestesia contralateral → HEMIPARESIA ATÁXICA Lesão localizada na ponte ou na cápsula interna Por comprometimento das artérias perfurantes pontinas e lenticuloestriadas Caracterizada por hemiparesia e ataxia do lado com predomínio de paresia crural → DISARTRIA Também conhecida como “síndrome da mão desajeitada” Lesão na ponte ou na cápsula interna contralateral Caracteriza-se por - Fraqueza facial central - Disartria * e disfagia graves - Paresia e desjeito da mão * → ARTICULAÇÃO DA FALA → AVC SENSITIVO-MOTOR___________________________________________________ História de HAS ou DM reforça esse diagnóstico clínico Exames de imagem como a tomografia computadorizada e a RM devem ser realizados (EXCLUSÃO DE OUTRAS CAUSAS) A melhor forma de profilaxia secundária é o controle de fatores de risco cardiovascular 4- AVC DE OUTRAS ETIOLOGIAS Esse grupo compreende geralmente adultos jovens com causas incomuns de AVC! Dentre outras, vale citar as -> CAUSAS INFLAMATÓRIAS - Vasculites (primárias, sistêmicas ou infecciosas, como no caso da neurossífilis) -> CAUSAS GENÉTICAS - CADASIL (Cerebral Autosomal Dominant Arteriopathy with Subcortical Infarcts and Leukoencephalopathy) 5- AVC DE ETIOLOGIA INDETERMINADA A causa do AVC! permanece indeterminada em quase um terço dos pacientes EXTENSA INVESTIGAÇÃO X INVESTIGAÇÃO INSUFICIENTE D) MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Estão ligadas com o local de oclusão → ARTÉRIA CEREBRAL ANTERIOR Monoparesia crural (mais comum Apraxia contralateral, Hemi/hipoanestesia do MMII contralateral → ARTÉRIA CEREBRAL MÉDIA - Fraqueza da mão, ou do braço e da mão (síndrome braquial) - Fraqueza facial com afasia motora (de Broca) - Fraqueza ou não no braço (síndrome opercular frontal) - Afasia de expressão (de Wernicke) - Déficit motor clássico – hemiparesia/plegia completa desproporcionada de predomínio braquiofacial → ARTÉRIA CEREBRAL POSTERIOR - SÍNDROME DE WEBER Hemiplegia completa contralateral Paralisia do III par ipsilateral Hemibalismo contralateral (núcleo subtalâmico) → ARTÉRIA BASILAR - SÍNDROME DE MILLARD-GUBLER-FOVILLE Hemiplegia contralateral Paralisia facial periférica ipsilateral → ARTÉRIA VERTEBRAL - SÍNDROME DE WALLENBERG Hemi/hipoanestesia facial ipsilateral Síndrome vestibular ipsilateral Síndrome de Horner ipsilateral Ataxia cerebelar ipsilateral, soluços incoercíveis E) DIAGNÓSTICO Todo paciente com déficit neurológico focal de início súbito que dura mais de 15-20 minutos deve ser encarado como AVE A TC de crânio, nas primeiras 12-24h, geralmente não mostra o AVE isquêmico Pois o infarto só tem expressão radiológica na TC após 24-72h Como uma área hipodensa (“cinza”) acompanhada de edema A TC INICIAL SERVE, PORTANTO, PARA AFASTAR AVE HEMORRÁGICO Pois a hemorragia aparece de imediato, como uma área hiperdensa (“branca”) A RESSONÂNCIA MAGNÉTICA (RNM) é um exame de maior acurácia do que a TC no diagnóstico do AVE isquêmico O DOPPLER TRANSCRANIANO pode ajudar a descobrir qual é a artéria intracraniana obstruída Para o diagnóstico etiológico, os exames mais importantes são: -> Eletrocardiograma -> Ecocardiograma -> Doppler de carótidas F) MANEJO O paciente deve permanecer deitado, com a cabeceira entre 0 e 15º nas primeiras 24 horas Devem ser evitados a hiper-hidratação e o soro glicosado Uma hidratação razoável seria 1.000-1.500 ml/ dia de Ringer lactato com KCl É fundamental monitorizar a - Natremia (diária) - Glicemia (glicemia capilar a cada 6h) - Temperatura axilar (curva térmica a cada 4h) Os seguintes exames inespecíficos são recomendados na admissão: - ECG - Hemograma completo - Glicemia plasmática - Eletrólitos - Ureia - Creatinina - Coagulograma - Gasometria arterial - Marcadores de necrose miocárdica (CKMB E TROPONINA) A regra é não baixar a PA no primeiro dia, a não ser que ela esteja acima ou igual a 220 x 120 mmHg Iniciar ASPIRINA (325 mg) dentro das primeiras 48 horas do início do AVEI Deve ser prescrita na dose profilática DE HEPARINA para prevenção de TVP/TEP 07- AVE HEMORRÁGICO O AVE hemorrágico representa 20% de todos os AVE → INTRAPARENQUIMATOSO O tipo mais comum é o AVE hemorrágico hipertensivo Causado por lesão crônica de pequenas artérias perfurantes Promovendo fragilidade da parede vascular E formação de pequenos aneurismas (ANEURISMAS DE CHARCOT-BOUCHARD) O rompimento desses aneurismas Em geral durante um pico hipertensivo Provoca o AVE hemorrágico intraparenquimatoso hipertensivo Os locais mais acometidos são, por ordem decrescente de frequência: - PUTÂMEN: 30-50% dos casos - TÁLAMO: 15-20% dos casos - CEREBELO: 10-30% dos casos - PONTE: 10-15% dos casos O acúmulo de sangue no parênquima cerebral eleva agudamente a pressão intracraniana Já que o sangue desencadeia edema vasogênico em volta do hematoma O hematoma pode aumentar de tamanho nas próximas 12-36h LETALIDADE → 50% - QUADRO CLÍNICO Geralmente com sinais de hipertensão intracraniana, como - Cefaleia - Vômitos - Sonolência - Crises convulsivas - DIAGNÓSTICO O diagnóstico é feito pela TC de crânio não contrastada Mostra uma área hiperdensa (hematoma), geralmente com edema em volta → HEMORRAGIA SUBARACNÓIDE A Hemorragia Subaracnóide (HSA) espontânea ocorre pela -> Rotura de um aneurisma -> Rotura de uma Malformação Arteriovenosa (MAV) Os aneurismas saculares geralmente se localizam nas artérias do polígono de Willis O polígono de Willis se localiza à frente do mesencéfalo, na cisterna da base Onde corre o líquor no espaço subaracnóide A rotura de um vaso neste território inunda de sangue a cisterna da base E, portanto, o espaço subaracnóide Ao atingir o espaço subaracnóide, o sangue em volta do cérebro causa - Edema cerebral - Meningite química - QUADRO CLÍNICO O quadro é bastante clássico O paciente começa com uma CEFALEIA HOLOCRANIANA De início súbito e de forte intensidade “A maior dor de cabeça que a pessoa já teve” Evoluindo com - Síncope - Rigidez de nuca Se houver compressão do III par: - Anisocoria - Diplopia - Estrabismo divergente - COMPLICAÇÕES Ressangramento Vasoespasmo Hidrocefalia Hiponatremia - DIAGNÓSTICO TC de crânio sem contraste Se classifica o paciente na escala de Fisher - PROGNÓSTICO COMPLICAÇÕES → IMOBILIDADE SNC: Depressão e piora do déficit cognitivo PELE: Úlcera de decúbito LOCOMOTOR: Osteoporose A imobilidade produz intensa e rápida perda de massa óssea MUSCULAR: Atrofia muscular, perda de força, encurtamento de fibras e perda de sarcômeros CARDIOVASCULAR: TVP URINÁRIO: Incontinência e aumento de infecção urinária DIGESTÓRIO: Desnutrição ELUCIDAR A VIOLÊNCIA CONTRA O IDOSO 01- CONCEITO A) OMS Consiste em ações ou omissões Cometidas uma vez ou muitas vezes Prejudicando sua integridade física e emocional E impedindo o desempenho de seu papel social. Esse fenômeno se expressa na quebra de expectativa por parte das pessoas que a cercam Sobretudo filhos, cônjuges, parentes, cuidadores e comunidade B) ESTATUTO DO IDOSO Qualquer ação ou omissão praticada em local público ou privado Que lhe cause morte, dano ou sofrimento físico oupsicológico Os casos de suspeita ou de confirmação de violência, praticados contra idosos, devem ser objeto de NOTIFICAÇÃO COMPULSÓRIA 2- NATUREZA DE VIOLÊNCIA QUE AFETA A PESSOA IDOSA A) MAUS TRATOS FÍSICO Ocorrem por meio de - Empurrões - Beliscões - Tapas - Agressões com cintos - Objetos caseiros - Armas brancas e armas de fogo Desferidos contra a pessoa idosa frágil O ambiente familiar é o espaço onde mais ocorrem Frequentemente a pessoa idosa que sofre violência física se cala Muitos têm vergonha por não serem capazes de reagir INCIDÊNCIA: 5-10% B) ABUSO PSICOLÓGICO Significa - Menosprezo - Desprezo - Preconceito - Discriminação da pessoa pelo fato de ela ser idosa Estudos mostram que o sofrimento mental provocado por esse tipo de abuso contribui para processos - Depressivos - Autodestrutivos (Ideações, tentativas ou suicídio consumado) C) VIOLÊNCIA SEXUAL Consiste no ato ou no jogo em relações hétero ou homossexuais Que estimulam ou utilizam a vítima para obter excitação sexual e práticas eróticas e pornográficas Por meio de aliciamento, violência física e ameaças A violência sexual acontece contra menos de 1% dos idosos D) ABANDONO E NEGLIGÊNCIA ABANDONO → Retirar a pessoa idosa da sua casa contra sua vontade NEGLIGÊNCIA → Privá-la da assistência de que precisa: - Deixar que passe fome - Se desidrate - Seja privada de medicamentos - E de outras necessidades básicas Consideram-se também negligências as omissões que podem provocar acidentes por vezes irreversíveis E) VIOLÊNCIA AUTOINFLIGIDA Diz respeito aos maus tratos que a própria pessoa idosa provoca em si mesma Um dos primeiros sinais de autonegligência é - A atitude de se isolar - De não sair de casa - De se recusar a tomar banho F) VIOLÊNCIA PATRIMONIAL E FINANCEIRA Suas manifestações mais comuns são - Tomar o quarto do idoso ou da idosa quando ele fica viúvo - Relegando-lhe uma habitação minúscula na casa - Apossar-se de seus bens sem o seu consentimento 3- TIPOS MAIS COMUM DE VIOLÊNCIA CONTRA A PESSOA IDOSA A) VIOLÊNCIA ESTRUTURAL Definida como a que naturaliza a pobreza e os processos de dominação Nasce da desigualdade social B) VIOLÊNCIA INSTITUCIONAL No nível das instituições de prestação de serviços, as áreas de - Saúde - Assistência - Previdência São as campeãs de reclamações C) VIOLÊNCIA INTRAFAMILIAR A família é o maior porto seguro das pessoas idosas Os motivos: - Choque de gerações - Aglomeração de pessoas nas residências - Falta de condições - Indisponibilidade de tempo e vontade para cuidar dos idosos
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