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1 Habilidades Clínicas UC10 – P4 Exame Físico das Mamas As mamas femininas são estruturas glandulares pares situadas na parede anterior superior do tórax, que derivam das glândulas sudoríparas modificadas (sem capsula nem bainha especial) Entretanto, mesmo presente em ambos os sexos, elas são bem desenvolvidas, normalmente, apenas nas mulheres. Nos homens, as glândulas mamárias são rudimentares e não funcionais, sendo formadas apenas por pequenos ductos ou cordões epiteliais; e, em geral, a gordura encontrada nas mamas masculinas não é diferente da encontrada em outras partes do corpo. • Assim como na mama feminina, a mama masculina também apresenta uma aréola e um mamilo/papila mamária Encontram-se na espessura do tecido celular subcutâneo, à frente dos músculos grandes peitorais e serrátil anterior, no intervalo compreendido entre a terceira e sétima costelas, entre o borda do esterno e a linha axilar média. * Normalmente pares e simétricas, as mamas e/ou as papilas e aréolas podem apresentar redução ou aumento de número: • A redução do numero de mamas incluindo a ausência da papila e aréola denomina-se amastia • Amazia é a ausência da mama com a presença apenas da papila • Atelia é o termo usado para designar a inexistência da papila com a presença da mama Nestes casos os canais lactíferos abrem-se no centro da aréola, quase sempre o fundo de uma cavidade. • O aumento do numero de mamas com ou sem papilas e aréolas (polimastia) ou o aumento do numero apenas de papilas e aréolas (politelia) é relativamente frequente em ambos os sexos * A forma das mamas é bastante variável, mas geralmente semiesférica sendo influenciada pelas fases diversas da vida: gravidez, aleitamentos anteriores, estados nutricionais, etc. Assume a forma cônica (ou piriforme) quando o diâmetro anteroposterior aumenta ou pode ser achatada ou discoide se o diâmetro anteroposterior for reduzido. É cilíndrica nas obesas ou em algumas multíparas em que a mama, em vez de terminar mais afilada, mantém um diâmetro quase invariável até à extremidade livre. Pode ainda ser pediculada quando o seu menor diâmetro se localiza na base. * Apresenta grande variação individual no seu volume, também podendo ser influenciado durante os períodos diferentes da vida: têm em media 12-13 cm de largura, 10-11 cm de altura e 5-6 cm de espessura. O volume e o contorno arredondado das mamas não lactantes são determinados pela quantidade de tecido adiposo que circunda o tecido glandular. As mamas da mesma mulher têm dimensões desiguais uma da outra, sendo geralmente a esquerda menor do que a direita. De tamanho rudimentar na infância, aumentam durante a puberdade devido em parte ao desenvolvimento glandular, mas principalmente por aumento da deposição de gordura. Durante a gravidez crescem pouco depois da fecundação, estabilizam no quarto ou no quinto mês e aumentam no fim da gestação. Nos segundo e terceiro dia após o parto podem atingir o dobro ou o triplo do volume que tinham antes da gravidez. Depois da menopausa sofrem atrofia, com consequente diminuição do tamanho. • Na parte anterior da mama se encontra a papila mamária, uma proeminência cônica ou cilíndrica, situada no centro da aréola A papila não apresenta gordura, pelos ou glândulas sudoríparas. Sua extremidade é fissurada e os ductos lactíferos se abrem nela. A papila é formada por fibras musculares lisas circulares que comprimem esses ductos lactíferos durante a lactação, causando a ereção das papilas em resposta à estimulação, como quando um bebê começa a sugar. 2 Habilidades Clínicas UC10 – P4 A aréola é uma estrutura cutânea pigmentada circular, rica em glândulas sebáceas, que auxiliam na lubrificação da região (papila e aréola), especialmente na gravidez e lactação. As aréolas e papilas também aumentam na puberdade. A aréola é regularmente discoide com 15-25 mm de diâmetro. Possui coloração mais escura do que a pele vizinha: rosada na jovem e na nulípara, adquire uma cor mais escura, amarelo-acastanhado, após a fecundação. Durante a gravidez aumenta de dimensão e assume a cor castanho-escuro. • A aréola possui saliências pequenas, em numero de 12 a 20, os tubérculos areolares (tubérculos de Morgagni) Estes são glândulas sebáceas com características particulares, consideradas estruturas intermedias entre glândulas mamarias e glândulas sebáceas vulgares. Os tubérculos areolares aumentam de volume durante a gravidez, sendo conhecidos pelos obstetras por tubérculos ou glândulas areolares de Montgomery. O leito mamário se estende transversalmente da margem lateral do esterno até a linha axilar média e verticalmente da costela II à VI. Dois terços do leito são formados pela fáscia peitoral, sobre o músculo peitoral maior e o outro terço é formado pela fáscia que cobre o músculo serrátil anterior. A mama está apoiada sobre o leito e entre ela e essa fáscia peitoral existe o espaço retromamário, um plano de tecido conjuntivo frouxo, que apresenta pouca gordura e permite a movimentação da mama pela fáscia peitoral. As glândulas mamárias estão firmemente fixadas à derme da pele sobrejacente através dos ligamentos suspensores da mama (de Cooper), que são condensações de tecido conjuntivo fibroso que ajudam a sustentar os lobos e lóbulos da glândula. Uma pequena parte da glândula mamária pode se estender ao longo da margem inferolateral do músculo peitoral maior, em direção à fossa axilar, formando um processo axilar (cauda de Spencer), que no período menstrual pode aumentar de tamanho. • O parênquima da glândula mamária é constituído por entre 15 a 20 lobos da glândula mamária Cada lobo é formado pelos lóbulos da glândula mamária, que são drenados pelos ductos lactíferos. Os ductos lactíferos convergem para constituir ductos principais, que apresentam uma parte dilatada, que se abre independente, situada profundamente à aréola: o seio lactífero. Estrutura das Glândulas Mamarias Ao nascer: Apenas ductos lactíferos, não havendo ácinos. Puberdade: Os ductos se ramificam (por causa do estrogênio), aparecendo em suas extremidades pequenas massas celulares que são ácinos potenciais. Durante o ciclo menstrual: • Fase proliferativa: começa alguns dias após o término do período menstrual e estende-se até o pré-menstruo subsequente. Hipertrofia dos ductos e hiperplasia do epitélio de revestimento. • Fase regressiva: inicia-se com a menstruação e dura de 7 a 9 dias. • Turgência: ocorre de 3 a 5 dias antes da menstruação e é acompanhada de aumento de sensibilidade. Gravidez: Mamas aumentam de volume, ficam túrgidas e iniciam fenômenos secretores. • Colostro – na gravidez e no puerpério. Após a menopausa: Involução de todos os tecidos das glândulas mamárias, exceto tecido adiposo. O tecido glandular é substituído por tecido fibroso e as mamas ficam flácidas e pendentes. Pode-se dividir a mama em quatro regiões ou quadrantes, e para isso traça-se pelo mamilo uma linha vertical e uma horizontal. Esta divisão facilita a descrição e o registro dos dados semióticos. 3 Habilidades Clínicas UC10 – P4 Semiotécnica do Exame das Mamas O exame começa com a paciente sentada e é concluído com ela deitada. Inicialmente, a paciente deve estar sentada na mesa de exame, com braços rentes ao tórax, vestida apenas com um avental aberto na frente e recebendo luz em incidência oblíqua. Usam-se a inspeção e a palpação, um método completando o outro. Inicia-se com a paciente sentada a beira do leito, colo desnudo, braços ao longo do corpo paralelamente (estática); Observa-se: 1. Pele das mamas e aréolas: Eritema, solução de continuidade, nódulos subcutâneos, poros anormalmente dilatados indicando edema dapele = “casca de laranja”. 2. Mamas: volume, contorno, simetria, abaulamentos, retrações, tumorações visíveis 3. Aréola: pigmentação, abaulamentos, retração, edema e solução de continuidade 4. Papila: inversão, retração, desvio, ulceração, eritema e secreção papilar espontânea 5. Circulação venosa 6. Sinais flogísticos (edema e rubor) 7. Tumoração visível Em seguida, observam-se as mamas enquanto a paciente ergue os braços acima da cabeça (para aumentar a tensão dos ligamentos de Cooper), depois com as mãos na cintura e fazendo uma contratura contra esta (contração dos peitorais) e paciente ligeiramente inclinada para frente. • Acentuação de alterações identificadas na etapa precedente: retração da pele, retração e/ou desvio da papila e abaulamentos • Algumas alterações são observadas apenas nessa fase: assimetria de contorno, retração da pele, retração e/ou desvio da papila • O objetivo da contração dos peitorais é avaliar a mobilidade das mamas = preservada, diminuída ou ausente Câncer → diminuição da mobilidade ou mesmo imobilidade das mamas pela fixação parcial ou total da neoplasia aos planos profundos (fáscia do peitoral maior ou costelas). A drenagem linfática da mama: • A linfa proveniente da papila, aréola e lóbulos das glândulas mamárias drena para o plexo linfático subareolar • Aproximadamente 75% da linfa, especialmente aquela oriunda dos quadrantes laterais da mama, drena para os linfonodos axilares, inicialmente para os linfonodos anteriores ou peitorais • Parte dessa linfa drena para outros linfonodos axilares, para os linfonodos interpeitorais, deltopeitorais, supraclaviculares ou cervicais profundos inferiores • A linfa proveniente dos quadrantes mediais da mama drena para os linfonodos paraesternais ou para a mama oposta • A linfa dos quadrantes inferiores drena profundamente para os linfonodos abdominais (frênicos inferiores subdiafragmáticos) • A linfa da pele da mama (menos da aréola e papila) drena para os linfonodos axilares, cervicais profundos inferiores, infraclaviculares ipsilaterais e para os linfonodos paraesternais de ambos os lados A linfa dos linfonodos axilares drena para os linfonodos infraclaviculares e supraclaviculares e segue para o tronco linfático subclávio. A linfa dos linfonodos paraesternais drena para os troncos linfáticos boncomediastinais. Ambos os troncos se fundem com o tronco linfático jugular, formando assim o ducto linfático direito curto no lado direito ou o entram no ducto torácico do lado esquerdo. • Após a inspeção, os linfonodos das cadeias axilares, supra e infraclaviculares são palpados, sendo mais fácil o exame com a paciente 4 Habilidades Clínicas UC10 – P4 sentada com os braços apoiados pelo examinador A axila está localizada entre o músculo peitoral maior, ventralmente, e o músculo latíssimo do dorso, dorsalmente. Os linfonodos são detectados à medida que a mão do examinador desliza desde o ápice até a parte inferior da axila e momentaneamente comprime os linfonodos contra a parede lateral do tórax. Em uma paciente magra, um ou mais linfonodos normais, móveis, medindo 1 cm de diâmetro, são comumente detectados. • O primeiro nódulo linfático a ser comprometido com metástase de câncer de mama (o nódulo sentinela) está quase sempre localizado na parte posterior da porção média do músculo peitoral maior • Linfonodos palpáveis: localização, quantidade, maior diâmetro transverso, consistência, mobilidade e coalescência • Linfonodos axilares aumentados podem sugerir infecção das mãos ou braços e câncer de mama Nos casos com suspeita clínica de câncer mamário, adquirem importância o maior diâmetro transverso dos linfonodos, a fusão ou a fixação da mama às estruturas vizinhas, bem como a presença de linfonodos palpáveis na axila contralateral e nas fossas supraclaviculares. A palpação deve ser iniciada pela mama supostamente normal. Cada mama deve ser palpada com a mão oposta, devendo o examinador pousar a outra mão sobre o ombro oposto da paciente, ou seja, com a mão direita palpa-se a mama esquerda e com a esquerda palpa-se a direita. • Após a inspeção, a palpação da mama é realizada com a mulher em posição supina, com uma das mãos acima da cabeça, para estirar o tecido da mama ao longo da parede torácica O exame deve incluir o tecido mamário limitado pela clavícula, a borda do esterno, prega inframamária e linha média axilar. • A palpação da mama dentro dessa área pentagonal é realizada de forma linear. A técnica correta é utilizar as polpas digitais em movimentos contínuos e circulares • Em cada ponto de palpação, os tecidos devem ser avaliados superficial e profundamente a. Técnica de Bloodgood: exame circular, atingindo todos os quadrantes no sentido horário e centrípeto, realizado com as polpas digitais. Também habitualmente chamada de “manobra de tocar piano sobre a mama”. b. Técnica de Velpeau: exame circular, atingindo todos os quadrantes no sentido horário e centrípeto, realizado com as polpas digitais. Palpar: • Região subareolar → regiões paraesternais infraclaviculares e axiais • Volume do panículo adiposo e seu possível comprometimento por inflamação ou neoplasia • Quantidade de parênquima mamário e alterações: pré-menstruação: aumento da modularidade; nódulos e áreas de condensação (consistência mais firme) • Elasticidade da papila (tração sobre ela) • Secreção papilar • Temperatura da pele da mama • Não esquecer de palpar a região central da aréola 5 Habilidades Clínicas UC10 – P4 c. Expressão Papilar: Esse exame é deitado e serve para analisar se há descarga papilar. O examinador precisa realizar uma leve pressão iniciada desde a base da mama e segue até o mamilo. Deve-se estabelecer: • se a secreção provém de um único conduto ou de vários, se o óstio ductal, sede do derrame, é periférico ou central, localização e aspecto da secreção (sanguíneo, seroso, claro, purulento, leitoso ou semelhante a colostro, pastoso, esverdeado ou acastanhado) Exame da Genitália Externa Representada pela vulva. Inclui: 1. Monte púbico ou de Vênus 2. Grandes e pequenos lábios 3. Vestíbulo (meato uretral, introito vaginal, hímen, glândulas parauretrais ou vestibulares menores ou de Skene e glândulas vestibulares maiores ou de Bartholin) 4. Clitóris ou órgão erétil principal • VULVA: constitui a entrada da vagina, e protege-a, assim como protege o meato uretral. • PARTE EXTERNA DA VULVA: é recoberta por um tipo especial de pele (submucosa) na junção dos grandes e dos pequenos lábios. Essa região é rica em glândulas sebáceas e sudoríparas (algumas apócrinas). • GRANDES LÁBIOS: projetam-se em direção ao períneo para formar a comissura posterior ou fúrcula. • PEQUENOS LÁBIOS (ninfas): separam-se anteriormente para abraçar o clitóris, formando seu “freio” e seu “prepúcio”. Posteriormente, fundem-se com os grandes lábios na porção média, ou, mais raramente, vão até a fúrcula. • HÍMEN: em mulheres virgens oclui parcialmente o orifício vaginal. Após o coito, rompe-se, deixando vestígios denominados carúnculas mirtiformes ou himenais. • CLITÓRIS: constituído de dois corpos cavernosos, que se inserem nos ramos isquiopúbicos. Sua porção visível se chama glande. É homólogo ao pênis e funciona como órgão sensorial do coito. • GLÂNDULAS DE SKENE: (parauretrais ou vestibulares menores) homólogas da próstata masculina, têm seus orifícios externos localizados lateroposteriormente ao meato uretral. • GLÂNDULAS DE BARTHOLIN: (vestibulares maiores) localizam-se em cada lado do introito vaginal, abaixo do hímen, estando seus orifícios de saída situados na parte posterior do vestíbulo, entre os pequenoslábios e o hímen. Correspondem às glândulas bulbouretrais no homem e secretam muco, especialmente no ato sexual, com função de lubrificação. • PERÍNEO: conjunto de músculos e de fáscias que “fecham” a pelve. É atravessado pelo reto, pela vagina e pela uretra. Para fins clínicos, é dividido em períneo anterior (genital) e em períneo posterior (retal) por uma linha traçada entre os ísquios e pelos músculos transversos do períneo. Os músculos do períneo constituem o diafragma pélvico, o diafragma urogenital e as estruturas esfincterianas. • DIAFRAGMA PÉLVICO: representado pelo “levantador do ânus” com seus três feixes (puborretal, pubococcígeo e isquiococcígeo). • DIAFRAGMA UROGENITAL: constituído pelos músculos transverso superficial do períneo, transverso profundo do períneo, bulbocavernoso e isquiocavernoso. • ESTRUTURAS ESFINCTERIANAS: são os esfíncter externo do ânus e o esfíncter externo da uretra. 6 Habilidades Clínicas UC10 – P4 Tipicamente, o exame das mamas e abdome e um exame completo da pelve são considerados partes essenciais do exame ginecológico. • Exame Abdominal: Paciente deitada. Deve localizar e anotar os dados clínicos de acordo com a divisão em quadrantes. Inspeção → palpação→ percussão. Em alguns casos, a ausculta (antes da palpação). * Inspeção do abdome: avalia-se os seguintes parâmetros: O que se observa? Forma: Normal, plano, obeso, globoso, escavado, de batráquio, em avental. Abaulamento: Assinalando a região em que ele se localiza, tamanho, forma, mobilidade, desaparecimento ou não com a contração da musculatura da parede abdominal. Umbigo: Normal, desviado, hérnia, inflamação, neoplasia, dermatose. Pelos: Disposição androide ou ginecoide, ausência, escassez, Hipertricose. Marcas ou manchas: Estrias, cicatrizes, machas hiper ou hipopigmentadas, equimoses, petéquias, víbices, telangiectasias. Circulação Colateral: Tipo porto-cava, cava superior, cava inferior, síndrome de Cruveillier-Baumgarten. Movimentos e pulsações: Movimentos respiratórios, pulsações, peristaltismo visível. Lesões Cutâneas: Vesículas, flictenas, pústulas etc. * Palpação: deve ser iniciada distante da zona dolorosa. Deve fazer a palpação superficial e profunda, avaliando-se a espessura da parede, hiperestesia, dor provocada, defesa, contratura, tumor (forma, volume, consistência, mobilidade, sensibilidade, pulsações), tensão da parede abdominal, soluções de continuidade (orifícios herniários, diástase) e ruídos hidroaéreos (vascolejo, patinhação e gargarejo). * Percussão: investiga-se zonas de macicez e de timpanismo, presença de ascite. * Ausculta: presença de ruídos hidroaéreos e de sopros. • Exame Pélvico: Este exame costuma ser realizado com a paciente em posição supina, com as pernas na posição de litotomia dorsal e os pés apoiados nos estribos. A cabeceira da cama é elevada em 30°, relaxando os músculos da parede abdominal para exame bimanual. Antes de cada passo do exame, é essencial que a paciente seja informada sobre o que ela sentirá: a. “Primeiro, você sentirá eu tocar a parte interna das coxas; depois, tocarei a área ao redor da entrada da vagina” * A vulva e a região perineal devem ser inspecionadas com cuidado. Evidência de quaisquer lesões, eritema, pigmentação, massas ou irregularidades devem ser notadas. A qualidade da pele precisa ser notada, assim como quaisquer sinais de trauma, tais como escoriações ou equimoses. Áreas de eritema ou sensibilidade são notadas, particularmente em mulheres com sensação de queimação na vulva ou dor, como podem ser vistas na vestibulite vulvar ou vulvodínia. * A presença de quaisquer lesões visíveis deve ser quantificada e descrita cuidadosamente com relação a seu aspecto e suas características à palpação (p. ex., mobilidade, sensibilidade, consistência). Um desenho da localização das lesões cutâneas é útil. Lesões ulcerativas ou purulentas da vulva devem ser avaliadas e enviadas para culturas, conforme delineado em capítulos subsequentes; além disso, é importante que se realize biopsia em qualquer lesão. Pode ser útil perguntar à paciente se ela notou qualquer lesão vulvar e oferecer-lhe um espelho para mostrar-lhe quaisquer lesões. 7 Habilidades Clínicas UC10 – P4 • Exame Ginecológico Especular: Para este exame encontram-se disponíveis os espéculos metálicos e plásticos, cada um em diversos tamanhos para se adequarem ao comprimento e a flexibilidade da vagina. O espéculo de plástico pode estar equipado com uma pequena fonte luminosa. O espéculo de metal requer uma fonte externa de luz. A preferência entre esses dois tipos de espéculo depende do profissional. De modo geral, a vagina e a cérvice são examinadas após a colocação do espéculo de Graves ou de Pederson. Antes da inserção, o espéculo pode ser amornado em água corrente ou utilizando luz de aquecimento instalada dentro da gaveta da mesa de exame. Além disso, a lubrificação pode acrescentar conforto a esse procedimento. Verificou-se que os géis lubrificantes não aumentam a taxa de citologias insatisfatórias do esfregaço convencional de Papanicolau ou reduzem as taxas de detecção de Chlamydia trachomatis, em comparação com a lubrificação com água. Se for utilizada a lubrificação com gel, deve-se aplicar uma porção de tamanho comparável ao de uma moeda de dez centavos sobre a superfície externa das lâminas do espéculo. b. Antes da inserção, os lábios menores são delicadamente separados, e a uretra é examinada. Em razão da sensibilidade uretral, o espéculo é inserido abaixo do canal * Alternativamente, antes da colocação do espéculo, posiciona-se o dedo indicador na vagina e aplica-se pressão no sentido posterior. * Depois, solicita-se à paciente que relaxe os músculos da parede posterior para aumentar o conforto durante a inserção do espéculo. Essa prática pode ser especialmente útil para as mulheres que estejam sendo submetidas ao seu primeiro exame e para aquelas com atividade sexual pouco frequente, com dispareunia ou com ansiedade intensa. * Com a inserção do espéculo, a vagina se contrai e a mulher pode sentir pressão ou desconforto. Uma pausa nesse momento costuma ser seguida de relaxamento do músculo vaginal. c. Quando o bico do espéculo estiver totalmente inserido, procede-se a sua inclinação com angulação de aproximadamente 30° para baixo a fim de alcançar o colo uterino (cérvice) Em geral, a posição do útero é antevertida e a ectocérvice encontra-se apoiada contra a parede vaginal posterior. À medida que o espéculo é aberto, a ectocérvice é visualizada. A. Espéculo pediátrico de Pederson. Utilizado para exame de crianças, adolescentes e adultas virgens. B. Espéculo de Graves. Utilizado para exame de multíparas com paredes vaginais relaxadas e colapsadas. C. Espéculo de Pederson. Utilizado em pacientes sexualmente ativas com tônus da parede vaginal adequado. Espéculos vaginais: 1 = Graves extralongo; 2 = Graves regular; 3 = Pederson extralongo; 4 = Pederson regular; 5 = Huffman “virgem”; 6 = Pediátrico regular; 7 = Pediátrico estreito. 8 Habilidades Clínicas UC10 – P4 As paredes vaginais e o colo uterino devem ser examinadas buscando por massa, ulceração, despigmentação ou descarga incomum. • Exame Bimanual: Na maioria dos casos, o exame bimanual é realizado após o exame com espéculo. Alguns médicos preferem realizar o exame bimanual antes, para localizar melhor o colo uterino antes da introdução do espéculo. Ambas as práticas são consideradas adequadas. d. O tamanho, a mobilidade e a consistência do útero e das suas estruturas anexas podem ser avaliados durante o exame bimanual Para mulheres com histórico de histerectomia e de anexectomia,o exame bimanual continua sendo muito importante, podendo ser usado para excluir outra patologia pélvica. e. Durante esse exame, os dedos médio e indicador, enluvados, são inseridos juntos na vagina até que o colo uterino seja alcançado Para os casos de alergia ao látex, luvas produzidas com outros materiais devem estar disponíveis. Para uma inserção fácil, um lubrificante à base de água pode ser aplicado aos dedos enluvados. Uma vez alcançado o colo uterino, a posição uterina pode ser avaliada pelo toque do dedo indicador no interior, ao longo da extensão anterior do colo uterino. * Nas mulheres com útero antevertido, o istmo uterino é tocado em trajeto ascendente, e naquelas com útero retrovertido, palpa-se a superfície macia da bexiga. * No entanto, nas mulheres com útero retrovertido, se o dedo percorrer a extensão posterior do colo uterino, o istmo será percebido em trajeto descendente. Com o útero retrovertido, o mesmo dedo prossegue posteriormente até o fundo e, movimentando-o de um lado a outro, pode-se avaliar o tamanho e a consistência do útero. * Para determinar o tamanho de um útero antevertido, os dedos são colocados sob o colo uterino e, aplicando-se pressão ascendente, eleva-se o fundo de encontro à parede abdominal anterior. A mão oposta do médico é colocada sobre a parede abdominal para localizar essa pressão. Para avaliar os anexos, o médico deve usar os dois dedos inseridos no canal vaginal para elevar os anexos do fundo de saco posterior, ou fossa ovariana, contra a parede abdominal anterior. Os anexos são apreendidos entre os dedos na vagina e a outra mão do médico, que deve estar exercendo pressão descendente contra o abdome inferior. Para aquelas mulheres com útero de tamanho normal, a mão que está sobre o abdome normalmente fica mais bem posicionada imediatamente acima do ligamento inguinal. • Exame Retovaginal: A decisão de realizar o exame retovaginal varia entre os médicos. Embora alguns prefiram realizar essa avaliação em todas as pacientes adultas, outros 9 Habilidades Clínicas UC10 – P4 realizam o exame apenas em mulheres com indicações específicas, como dor pélvica, massa pélvica identificada ou sintomas retais. As luvas devem ser trocadas entre os exames bimanual e retovaginal para evitar contaminação do reto com potenciais patógenos vaginais. Outra razão para a troca de luvas seria a indicação para teste de sangue oculto fecal, a fim de evitar resultados falso-positivos em razão de contaminação com eventual sangue vaginal. * Inicialmente, o dedo indicador é introduzido na vagina, e o dedo médio, no reto. Esses dedos são aproximados um do outro, no sentido horizontal, como uma tesoura, para avaliar o septo retovaginal em busca de cicatrizes ou saliências peritoneais O dedo indicador é retirado, e o dedo médio conclui o toque circular da cavidade anal para excluir a existência de massa. Se houver indicação de teste imediato de sangue oculto fecal, ele pode ser realizado com uma amostra dessa parte do exame.
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