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Victoria Chagas 1 GESTAÇÃO ECTÓPICA GESTAÇÃO ECTÓPICA EPIDEMIO 1 a 2% de todas as gestações Esta patologia corresponde 6-13% das mortes relacionadas ao período gestacional e é a principal causa de morte materna no 1º trimestre Possui taxa de recorrência de 15% FATORES DE RISCO: - Gravidez ectópica prévia (principal fator – 6-8x maior risco) - DIP (2-7,5x maior) - Cirurgia tubária prévia (4-5x maior risco) - Idade >35 anos - Endometriose - Falha no uso de DIU ou laqueadura - Tabagismo (2-3 maior risco) - Tratamento de infertilidade - História prévia infecções vaginais e IST FISIOPATO Óvulo fecundado implanta em outro local que não é o útero → alongamento das paredes o órgão acometido → dor A gravidez ectópica geralmente está relacionada a situações que causam lesão tubária e/ou alteração no transporte ovular. A principal etiologia de gestações fora da cavidade endometrial é a deficiência na motilidade tubária, já que se as tubas apresentam movimentação prejudicada, após fecundação não há direcionamento correto do concepto para a cavidade endometrial. 95% → Trompas – principal local é a ampola Outros 5% → no ovário, abdômen, cicatriz de cesárea e cervical. A gravidez abdominal tende a evoluir com pior prognóstico. Victoria Chagas 2 CLÍNICA TRÍADE TÍPICA DOS SINTOMAS: - Sangramento vaginal - Dor abdominal inferior - Amenorreia ▪ FORMA SUBAGUDA (70% DOS CASOS): resultante de abortamento tubário. - Possui quadro clínico inespecífico com evolução insidiosa. - O paciente apresenta sintomas da tríade de menor intensidade - Durante a palpação → irritação peritoneal localizada ou ausente. ▪ FORMA AGUDA (30% DOS CASOS): resultante de ruptura/rotura tubária - Pode ser espontânea ou trauma relacionado a coito ou exame bimanual. - Apresenta quadro clínico exuberante com evolução rápida e tumultuada. - O paciente apresenta dor abdominal intensa, sensação de peso vaginal - Pode apresentar náuseas, vômitos e sinais de hipovolemia (palidez, taquicardia e hipotensão) → choque hemorrágico sem exteriorização do sangramento - Associada a hemorragias intraperitoneais → hemoperitônio - Sangramento vaginal escasso e escurecido presenta na maioria das vezes - Durante a palpação → sinais de irritação peritoneal (abdome agudo/reto). DIAGNÓSTICO Clínica + USGTV (ultrassom transvaginal) + dosagem de βhCG >1500 - A USGTV é indicada quando o βhCG dá positivo → quando não é possível visualizar saco gestacional no útero durante USGTV sendo o βhCG positivo e acima 1500mUI/mL, suspeita-se fortemente da gravidez ectópica. - Dosagem seriada de βhCG → em gravidez normal dobra a cada 48hrs No USGTV visualizar - Saco gestacional extrauterina ou uterina? - Massa anexial? - Líquido livre? - Anel tubário? EXAME FÍSICO - Poderá revelar dor, defesa e/ou dor à descompressão a palpação abdominal e dor a mobilização uterina e de anexos, assim como massa anexial ao toque vaginal. - Embora o exame físico seja de extrema valia, este, em pacientes com gestações ectópicas iniciais e não rotas, pode ser normal e a gestação extrauterina ser descoberta apenas como um achado casual à ecografia. SINAIS CLÍNICOS NO QUADRO AGUDO HEMORRÁGICO: - Sinal de Laffont: dor referida na escápula → da irritação do nervo frênico. - Sinal de Cullen: equimoses periumbilical → hemorragia retroperitoneal - Sinal de Blumberg: dor à descompressão súbita na palpação abdominal. - Sinal de Proust/palpação de fundo de saco: fundo de saco abaulado (devido ao acúmulo de sangue) e doloroso ao toque vaginal. Anel tubário Victoria Chagas 3 EXAMES COMPLEMENTARES: - Hemograma → casos de ruptura → avaliar hemácias e hematócrito - Exame de urina → afastar diagnóstico de infecção - Exame de infecção por clamídia/gonococos → afastar diagnóstico DIP TRATAMENTO EXPECTANTE - Gestação com βhCG<2000 e decrescente - Dosar βhCG até zerar - Resolução espontânea → se βhCG for <200 tem 88% de resolução MEDICAMENTOSO → METOTREXADO (MTX) - Indicado para profilaxia pós-cirurgia conservadora, gravidez ectópica persistente e localização não usuais. - É um antagonista do ácido fólico que atua nas células trofoblásticas impedindo sua multiplicação - Menos de 40% das pacientes vão fazer, mas dessas 95% tem sucesso. - Dia 1 → 1º dose 50-75mg/m² via intramuscular → Dia 4 e 7 → dosa βhCG → se diminuir <15% dá a segunda dose → se redução não for 15% novamente indica-se cirurgia. - Caso diminua >15%, paciente pode ser acompanhada semanalmente quanto ao βhCG até níveis pré-gravidícos. CIRÚRGICO - Em casos de abdome agudo hemorrágico e instabilidade hemodinâmica - Cirurgia radical → Salpingectomia (retirada da tuba) → necessário em mulheres com sangramento incontrolável, gravidez ectópica recorrente, tuba muito lesada ou saco gestacional >5cm. - Caso paciente queira engravidar, indica a cirurgia conservadora salpingostomia → risco de 8% de persistência, precisa de seguimento de βhCG e metrotrexato profilático (se IG <6 semanas, saco gestacional <2cm e βhCG >3000) pelo risco de recorrência de 5-20%. Victoria Chagas 4