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Diabetes Mellitus Tipo II

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8ª ETAPA – MÓDULO 01 – PROBLEMA 03.1: DIABETES TIPO II 
INTRODUÇÃO 
• DEFINIÇÃO: Diabetes mellitus é uma doença do metabolismo intermediário, 
caracterizada pela ocorrência de HIPERGLICEMIA CRÔNICA, que em longo 
prazo promove lesões em órgãos-alvo, podendo cursar também com 
descompensações metabólicas agudas. 
• Sua principal característica é o metabolismo anormal dos carboidratos 
(hiperglicemia), mas também estão comumente presentes distúrbios do 
metabolismo dos lipídeos (dislipidemia) e das proteínas (catabolismo 
muscular). 
• De acordo com a etiopatogenia, os fatores que contribuem para a 
hiperglicemia são: deficit de insulina (absoluto ou relativo) e/ou resistência à 
insulina. 
o Resultado final: diminuição da utilização periférica e aumento da 
produção (hepática) de glicose. 
EPIDEMIOLOGIA 
• Notável aumento nas últimas décadas 
• 1985: 30 milhões – 2011: 366 milhões 
o Previsões: 578 milhões em 2030 e 700 milhões em 2045. 
• A prevalência global de diabetes atingiu 9,3%, com mais da metade (50,1%) dos 
adultos não diagnosticados, com o diabetes tipo 2 sendo responsável por cerca 
de 90% de todas as pessoas com diabetes. 
o Brasil: estudos entre 12 e 13% 
o 30-60% não sabem de seu diagnóstico: doença oligosintomárica e 
silenciosa até certo ponto. 
• O diabetes foi responsável por cerca de US $ 760 bilhões em gastos com saúde 
em 2019. 
• O diabetes está entre as 10 principais causas de morte, com quase metade 
ocorrendo em pessoas com menos de 60 anos. 
• Um em cada seis nascidos vivos é afetado por hiperglicemia na gravidez. 
• Grande parte do aumento na prevalência se dá à elevação do número de casos 
tipo II em paralelo à pandemia da obesidade. 
o Ademais: Envelhecimento, sedentarismo e urbanização 
• Aumento de 3%/ano do tipo I entre os menores de 15 anos. 
o Brasil: 7/100.000 hab ao ano. 
• A idade de maior incidência do DM2 em jovens é próxima de 13 anos, tendo 
relação com o estágio III da classificação de Tanner e uma proporção de 2:1 
(meninas em relação a meninos). 
FATORES DE RISCO 
• Existe um componente genético ainda não totalmente definido, de 
característica poligênica, que determina tanto a sensibilidade à insulina como 
a massa de células beta pancreáticas do indivíduo ao longo da vida (células 
produtoras de insulina). 
• Esse componente genético associado aos fatores ambientais, como 
alimentação, atividade física, obesidade, envelhecimento, entre outros, é 
responsável pelas diversas alterações metabólicas encontradas nessa doença. 
• Trata-se de doença poligênica, com forte herança familiar, ainda não 
completamente esclarecida, cuja ocorrência tem contribuição significativa de 
fatores ambientais. Dentre eles, hábitos dietéticos e inatividade física, que 
contribuem para a obesidade, destacam-se como os principais fatores de risco. 
FATORES QUE ELEVAM A PREVALÊNCIA: 
• Rápida urbanização 
• Transição epidemiológica 
• Transição nutricional 
• Maior frequência de estilo de vida sedentário 
• Maior frequência de excesso de peso 
• Crescimento e envelhecimento populacional 
• Maior sobrevida dos indivíduos com diabetes 
• Baixo peso ao nasces 
o (≥ 4 kg). 
• Os consagrados fatores de risco para DM2 são: 
HISTÓRIA FAMILIAR DA DOENÇA/GENÉTICA: 
• Comparado com indivíduos sem história familiar de diabetes tipo 2, indivíduos 
com história familiar em qualquer parente de primeiro grau têm um risco 
duas a três vezes maior de desenvolver diabetes. 
• O risco de diabetes tipo 2 é maior (5 a 6 vezes) naqueles com história materna 
e paterna de diabetes tipo 2. 
• O risco é provavelmente mediado por fatores genéticos, antropométricos 
(IMC, circunferência da cintura) e estilo de vida. 
o Tendem a ser iguais em uma mesma família 
AVANÇAR DA IDADE: 
• Idade > 40 anos 
OBESIDADE: 
• É o mais importante (sobretudo aquela com distribuição predominantemente 
abdominal da gordura). 
• Em geral, quanto maior a circunferência abdominal e o IMC, maior o risco 
para DM2. 
• A obesidade atua, pelo menos em parte, induzindo resistência à captação de 
glicose periférica mediada por insulina, que é um componente importante do 
diabetes tipo 2. 
• A reversão da obesidade diminui o risco de desenvolver diabetes tipo 2 e, em 
pacientes com doença estabelecida, melhora o controle glicêmico. 
DISTRIBUIÇÃO DE GORDURA: 
• O grau de resistência à insulina e a incidência de diabetes tipo 2 são maiores 
nos indivíduos com obesidade central ou abdominal, medidos pela 
circunferência da cintura ou pela relação entre a circunferência da cintura e o 
quadril. Gordura intra-abdominal (visceral), em vez de gordura subcutânea ou 
retroperitoneal, parece ser de fundamental importância nesse aspecto. 
• Essa obesidade do tipo "masculino" é diferente do tipo típico "feminino", que 
afeta principalmente as regiões glútea e femoral e não é tão provável de estar 
associada à intolerância à glicose ou doença cardiovascular. 
FATORES DE ESTILO DE VIDA: 
• Embora a resistência à insulina e a secreção de insulina prejudicada no diabetes 
tipo 2 tenham um componente genético substancial, elas também podem ser 
influenciadas, tanto positiva quanto negativamente, por fatores 
comportamentais, como atividade física, dieta, tabagismo, consumo de álcool, 
peso corporal, e duração do sono. 
SEDENTARISMO: 
• Um estilo de vida sedentário reduz o gasto de energia, promove ganho de peso 
e aumenta o risco de diabetes tipo 2. A inatividade física, mesmo sem ganho 
de peso, parece aumentar o risco de diabetes tipo 2. 
• A atividade física de intensidade moderada reduz a incidência de novos casos 
de diabetes tipo 2, independentemente da presença ou ausência de IGT. 
DIAGNÓSTICO PRÉVIO DE PRÉ-DIABETES OU DM GESTACIONAL (DMG) 
PRESENÇA DE COMPONENTES DA SÍNDROME METABÓLICA 
• tais como hipertensão arterial e dislipidemia: a incidência de DM2 é 5 vezes 
maior em pacientes com síndrome metabólica (SM) em comparação a um 
grupo de pacientes sem a síndrome. 
SÍNDROME DOS OVÁRIOS POLICÍSTICOS. 
TABAGISMO: 
• Também implica risco aumentado para DM2, o inverso acontecendo em 
relação ao DM1 e ao LADA. 
• O tabagismo tem sido associado ao aumento da distribuição de gordura 
abdominal e maior relação cintura-quadril que, como mencionado acima, 
pode ter um impacto sobre a tolerância à glicose. 
• Há evidências de que o consumo crônico de café diminua o risco para o DM2. 
CLASSIFICAÇÃO 
• A classificação da DM baseia-se segundo a sua etiologia, não sendo mais 
recomendados os termos “insulino-dependente”. 
• Classificação segundo American Diabetes Association e Sociedade Brasileira de 
Diabetes: 
CLASSIFICAÇÃO DO DIABETES MELLITUS 
DM tipo 1 (5-10%) Destruição primária das células beta e hipoinsulinismo 
“absoluto”. 
Predomina em pacientes jovens não obesos (crianças e 
adolescentes), mas até 30% aparece após a idade de 30 
anos (o chamado “LADA” ou Latent Autoimune Diabetes 
of Adults). 
tipo 1A (mecanismo autoimune – mais de 90% dos 
casos) 
tipo 1B (idiopático – 4-7%, particularmente em negros e 
asiáticos). 
DM tipo 2 (80-
90%) 
Cursa primariamente com resistência periférica à 
insulina, que ao longo do tempo se associa à disfunção 
progressiva das células beta (“exaustão” secretória). 
O hipoinsulinismo é “relativo”, isto é, no início do quadro 
a insulina aumenta, porém esse aumento é insuficiente 
para controlar a glicemia. 
Predomina em adultos obesos (> 45 anos), mas tem se 
tornado cada vez mais frequente em crianças e 
adolescentes (por causa da epidemia de obesidade). 
DM gestacional Modernamente definido como a intolerância à glicose 
diagnosticada durante a gestação que não configura um 
quadro de franco diabetes mellitus segundo os critérios 
diagnósticos para pacientes não grávidas. 
Quando os critérios diagnósticos de DM em não 
gestantes são observados durante a gestação, o mais 
correto é classificar como diabetes mellitus “não 
gestacional” ou overt diabetes. 
“Outros”Nesta categoria são incluídos os casos que possuem 
etiologia específica bem definida, como o DM associado 
ao uso de drogas (ex.: glicocorticoides), endocrinopatias 
(ex.: síndrome de Cushing) ou mesmo defeitos 
monogênicos (ex.: o chamado “MODY” ou Maturity-
Onset Diabetes of the Young), entre outros. 
 
 
 
 
 
 
METABOLISMO INTERMEDIÁRIO 
• Conjunto de reações responsáveis pela síntese (anabolismo) e degradação 
(catabolismo) dos nutrientes (proteínas, carboidratos e lipídios). 
o Insulina = anabolismo 
o Glucagon, cortisol, GH, adrenalina = catabolismo 
• Anabolismo é o conjunto de reações de síntese das macromoléculas. 
o Glicose forma glicogênio 
o Ácidos graxos (juntamente com o glicerol) dão origem aos 
triglicerídeos. 
• O catabolismo consiste no processo inverso, com reações de decomposição 
desses polímeros em suas respectivas unidades moleculares. 
o Glicogênio → Gligenólise → Glicose 
o Proteose e Lipose → Gliconeogênio → Glicose + corpos cetônicos 
• A insulina, sintetizada e secretada pelas células beta das ilhotas pancreáticas, 
é o grande “maestro” do anabolismo. 
• no período pós-prandial predominam as reações de anabolismo, por estímulo 
de elevados níveis séricos de insulina, ao passo que no jejum predominam as 
reações de catabolismo, movidas pela queda da insulina e aumento dos 
contrarreguladores, em particular o glucagon. 
SECREÇÃO DA INSULINA 
• A insulina é um peptídeo derivado da clivagem da pró-insulina, o que também 
origina o peptídeo C, este último sem atividade hormonal. 
o Podemos dosar pep C para saber como anda a insulina no corpo 
• O principal estímulo para a sua síntese e liberação é o aumento dos níveis 
séricos de glicose. 
• A glicose é “percebida” ao adentrar o citoplasma através dos canais GLUT 1 e 
2, que são expressos de forma constitutiva na membrana da célula beta. 
• Ocorre então glicólise e formação de ATP, que promove o fechamento dos 
canais de potássio ATP-sensíveis, resultando na despolarização celular e 
consequente influxo de cálcio, principal estímulo à degranulação. 
SECREÇÃO DE GLICAGON 
• O glucagon também é um hormônio peptídico, porém, é sintetizado e liberado 
pelas células alfa das ilhotas, basicamente em resposta à redução dos níveis 
séricos de glicose. 
GLICOSE E SNC 
• A glicose é a grande fonte de energia dos neurônios! 
o Neurônios NÃO são sensíveis à insulina. 
o São estritamente dependentes da glicemia (que por isso precisa ser 
mantida constante). 
o A ausência de resposta à insulina explica ainda a incapacidade para a 
síntese e armazenamento de glicogênio. 
• Sem reserva de glicose, o SNC rapidamente entra em colapso na vigência de 
neuroglicopenia. 
• Também NÃO são capazes de realizar betaoxidação (geração de ATP a partir de 
ácidos graxos) 
• Diante de um deficit extremo de glicose, o fígado produz corpos cetônicos a 
partir dos ácidos graxos, que podem ser usados como “combustível 
alternativo” pelos neurônios. 
o Todavia, existe um grave empecilho à sustentabilidade dessa 
estratégia de resgate: a cetoacidose, um tipo de acidose metabólica 
com ânion-gap aumentado causado pelo excesso de corpos cetônicos 
ESTADO PÓS-PRANDIAL 
• A absorção intestinal de nutrientes eleva os níveis séricos de glicose, 
aminoácidos e lipoproteínas ricas em triglicerídeos. 
• Glicose estimula a liberação de insulina, o que acontece em duas etapas. 
o Na primeira fase (pico precoce), a insulina é liberada a partir de 
grânulos pré- -formados, aumentando seus níveis séricos em cerca de 
dois a dez minutos. 
o Na segunda fase (tardia), a insulina é secretada de forma sustentada, 
em decorrência de um aumento em sua síntese. 
• A resposta insulínica promove dois efeitos básicos: 
o (1) anabolismo 
o (2) utilização da glicose como principal substrato energético. 
ANABOLISMO DOS CARBOIDRATOS: 
• Glicose captada por hepatócitos e miócitos é utilizada na glicólise, e o que 
sobra serve de substrato para a síntese de glicogênio hepático e muscular – 
GLICOGENOGÊNESE. 
ANABOLISMO DOS LIPÍDIOS: 
• Diante do excesso de glicose no hepatócito, uma parte da acetilCoA produzida 
pela glicólise é convertida em malonilCoA para a síntese de ácidos graxos – 
LIPOGÊNESE. 
• Os ácidos graxos são transportados aos adipócitos, onde se tornam 
triglicerídeos através da reação de “esterificação”. 
ANABOLISMO DAS PROTEÍNAS: 
• Aminoácidos adentram as células e são utilizados na SÍNTESE PROTEICA. 
ESTADO DE JEJUM (INTERPRANDIAL) 
• Terminada a absorção intestinal de nutrientes, os níveis séricos de glicose, 
aminoácidos e lipoproteínas tendem a se reduzir. 
• Visando à manutenção da glicemia, ocorre inibição da liberação de insulina, 
com estímulo à secreção de contrarreguladores, particularmente o glucagon. 
• O novo equilíbrio hormonal propicia dois fenômenos básicos: 
o (1) catabolismo; 
o (2) utilização de ácidos graxos como principal substrato energético. 
CATABOLISMO DOS CARBOIDRATOS: 
• Glicogênio hepático é clivado, liberando glicose para o sangue – 
GLICOGENÓLISE. 
• Glicemia é mantida estável na primeira fase do estado de jejum. 
• Após 24-48h, todavia, o estoque de glicogênio hepático acaba. 
PRODUÇÃO HEPÁTICA DE GLICOSE: 
• À medida em que o glicogênio hepático se esgota, a glicemia passa a ser 
mantida pela GLICONEOGÊNESE – síntese hepática de glicose a partir de 
moléculas não glicídicas. 
• Tais substratos para a gliconeogênese provêm do catabolismo de vários 
tecidos: lactato dos músculos, glicerol do tecido adiposo e aminoácidos da 
proteólise celular (ex.: glutamina). 
CATABOLISMO DOS LIPÍDIOS: 
• Triglicerídeos são clivados, liberando ácidos graxos livres – LIPÓLISE. 
• O estímulo provém dos hormônios contrarreguladores, com efeito 
“permissivo” da hipoinsulinemia. 
• Assim, os ácidos graxos se tornam os principais substratos energéticos para a 
maioria das células do corpo, em especial os miócitos, onde sofrem BETA-
OXIDAÇÃO. 
• Se a liberação de ácidos graxos for excessiva, uma parte será aproveitada pelo 
hepatócito para a síntese de corpos cetônicos – CETOGÊNESE. 
Fisiologicamente, a cetogênese ocorre em pequena escala nos indivíduos não 
diabéticos após jejum prolongado (“cetose de jejum”). 
CATABOLISMO DAS PROTEÍNAS: 
• Proteínas são quebradas em aminoácidos (PROTEÓLISE), embora este processo 
ocorra em pequena quantidade em curto prazo. 
FISIOPATOLOGIA 
• Devido à carência de insulina (absoluta ou relativa), o organismo do diabético 
se comporta como se o paciente estivesse constantemente em estado de 
jejum, mesmo no período pós -prandial (“fome na abundância”). 
• Catabolismo e a gliconeogênese ficam continuamente estimulados, e a 
utilização periférica de ácidos graxos (betaoxidação) predomina em relação à 
glicólise, explicando o surgimento de hiperglicemia crônica (pré e pós-
prandial). 
 
 
 
 
 
 
 
RESISTÊNCIA PERIFÉRICA À INSULINA 
• A resistência à insulina é geralmente o fator fisiopatológico inicial no 
desenvolvimento do DM tipo 2, muitas vezes com início anos antes da 
consolidação da doença. 
• Funciona como fator preditor 
• Quantidades maiores de insulina do que o normal são necessárias para 
provocar uma resposta quantitativamente normal. 
o A puberdade é um período de resistência à insulina transitório e 
fisiológico 
▪ Aumento dos hormônios esteroides sexuais e do hormônio de 
crescimento 
o No período pós-púbere, os adolescentes retornam aos níveis de 
sensibilidade à insulina observados nas fases pré-puberal e adulta. 
o A gestação é outro momento de mudança fisiológica dos níveis de 
sensibilidade à insulina 
▪ Sensibilidade aumenta no 1 e diminui no 2 e 3 trimestre. 
o Com o envelhecimento, o acúmulo de gordura visceral associado à 
diminuição da atividade física, à presença de sarcopenia e à redução 
da função mitocondrial favorece o aumento da resistência à insulina. 
o A resistência à insulina se manifesta de forma distintaentre diferentes 
grupos étnicos/ raciais. 
• Evidências recentes sugerem que, nos tecidos que captam glicose em resposta 
à insulina (ex.: músculo esquelético), ocorre uma menor incorporação de 
canais GLUT 4 na superfície celular, resultando em menor entrada de glicose 
no citoplasma. 
• Também parece haver um defeito na síntese do glicogênio, além de outras 
alterações bioquímicas. 
• Um mecanismo plausível que explica todos esses fenômenos é a toxicidade 
dos ácidos graxos livres. 
o Os depósitos de gordura centrípeta (abdome e tórax) têm 
comportamento biológico diferente da gordura mais periférica (quadril 
e membros). 
o A gordura central é mais lipolítica, e promove maior liberação de 
ácidos graxos livres na circulação. 
o Estes, por sua vez, são captados e se acumulam em tecidos como o 
fígado e os músculos. 
o O excesso de ácidos graxos livres dentro da célula seria capaz de 
alterar o funcionamento de enzimas relacionadas à transdução do 
sinal da insulina, diminuindo a eficácia do processo 
▪ Em vez de fosforilar resíduos de tirosina, tais enzimas 
passariam a fosforilar resíduos de serina, resultando em 
ativação “parcial” dos substratos intracelulares que funcionam 
como “segundos-mensageiros”. 
o Além de ácidos graxos, o tecido adiposo também libera citocinas 
inflamatórias na circulação. 
▪ O TNF-alfa exerceria um efeito semelhante ao que acabamos 
de descrever para os ácidos graxos livres dentro da célula. 
• Enfim, essa teoria não apenas explica os defeitos “pós-receptor” que parecem 
mediar a resistência à insulina no DM tipo 2 como também, e principalmente, 
estabelece um nexo causal entre DM tipo 2 e obesidade visceral. 
FADIGA PANCREÁTICA SECRETÓRIA 
• À medida que a resistência à insulina progride, forçando a célula beta a 
sintetizar mais insulina, ocorre acúmulo intracelular de uma substância 
cossintetizada: a amilina. 
• Esta se precipita dentro da célula beta, formando depósitos amiloides 
patogênicos 
• A gênese da “exaustão” secretória das células beta também vem sendo 
elucidada. 
o Nas fases iniciais, ocorreria uma hipossensibilidade da célula beta à 
glicose, devido à menor expressão do canal de glicose GLUT 2 na 
membrana. 
▪ A causa desse fenômeno é desconhecida. 
o O fato é que haveria, como consequência, uma resposta subnormal na 
secreção de insulina pós-prandial, justificando a hiperglicemia neste 
período. Outro fator que contribuiria para uma menor resposta 
pancreática ao pico de glicose pós-prandial é a deficiência de 
incretinas (cuja causa é igualmente desconhecida). 
o Nas fases mais avançadas, ocorre algum grau de destruição das células 
beta, momento em que costuma ser necessário insulinizar o paciente. 
▪ A explicação é a seguinte: à medida que a resistência à insulina 
progride, forçando a célula beta a sintetizar mais insulina, 
ocorre acúmulo intracelular de uma substância cossintetizada: 
a amilina. 
▪ Esta se precipita dentro da célula beta, formando depósitos 
amiloides patogênicos. 
RESISTÊNCIA À AÇÃO E REDUÇÃO NA SECREÇÃO DE INCRETINAS 
GASTRINTESTINAIS; 
• As incretinas são hormônios produzidos no intestino, principalmente no íleo 
distal, diante da chegada local de alimentos. Como principais exemplos de 
incretinas, há o peptídio semelhante ao glucagon 1 (GLP-1), peptídio 
semelhante ao glucagon 2 (GLP2) e polipeptídio inibitório gástrico (GIP). 
• Após sua liberação na corrente sanguínea, estes hormônios ligam-se ao 
receptor na célula betapancreática, promovendo a formação de adenosina 
monofosfato cíclico (AMPc) intracelular. 
• Na presença de AMP cíclico e do ATP, formado pela via glicolítica, ativada 
quando há glicose circulante, ocorre síntese de insulina e liberação dos 
grânulos pré-formados. 
• Ou seja, hormônios incretínicos são incapazes, isoladamente, de aumentar a 
secreção pancreática de insulina, pois esta ação é dependente da presença de 
ATP no meio intracelular, que se forma quando há glicose no meio. 
• Em pacientes portadores de diabetes melito tipo 2 ou portadores de outras 
condições que aumentam a resistência à insulina, a produção e a liberação de 
incretinas pelas células do íleo distal estão reduzidas, eliminando, portanto, 
esse mecanismo complementar de secreção insulínica, o que contribui para a 
patogênese do diabetes melito tipo 2. 
AUMENTO DA REABSORÇÃO TUBULAR RENAL DE GLICOSE. 
• A glicose filtrada é reabsorvida através de canais de alta afinidade chamados 
de cotransportador sódio-glicose (SGLT), sendo 90% da glicose filtrada 
reabsorvida através do SGLT tipo 2 e os remanescentes 10% através do SGLT 
tipo 1. 
• Percebe-se, portanto, que o rim também é um órgão importante na regulação 
periférica da glicemia sistêmica. 
• Nos pacientes portadores de diabetes melito 2, parece haver uma resposta 
adaptativa desse sistema de reabsorção renal de glicose após hiperglicemia 
mantida a longo prazo. 
• Neste caso, passa a existir maior ação dos canais transportadores, 
especificamente o SGLT-2, promovendo maior reabsorção da glicose filtrada 
pelos rins, e consequentemente elevando a glicemia sistêmica. 
QUADRO CLÍNICO 
• Muitos pacientes passam anos ou mesmo décadas completamente 
assintomáticos 
• reconhecimento da doença só é feito quando lesões de órgão-alvo já estão 
presentes e são irreversíveis. 
• Com menos frequência, sintomas de franca hiperglicemia podem ser referidos 
(poliúria, polidipsia), sendo raríssimo o surgimento de cetoacidose diabética 
• Um importante sinal clínico é a acantose nigricans (ou nigricante) 
o Acantose nigricans é uma lesão cutânea hiperpigmentada e de aspecto 
aveludado que predomina em áreas de dobra cutânea (ex.: axilas, 
virilhas, pescoço). 
o Sua gênese provém da estimulação de queratinócitos e fibroblastos da 
pele (pela hiperinsulinemia, nos casos de resistência à insulina, ou pela 
secreção ectópica de fatores de crescimento, no caso das neoplasias). 
DIAGNÓSTICO 
• O diagnóstico de diabetes mellitus requer a demonstração laboratorial de 
hiperglicemia 
 
 
CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS DE DM 
1) Hemoglobina glicada (A1C) ≥ 6,5%*; OU 
2) Glicemia de jejum ≥ 126 mg/dl; OU 
3) Glicemia 2h após TOTG-75 ≥ 200 mg/dl; OU 
4) Glicemia aleatória ≥ 200 mg/dl + sintomas de hiperglicemia (“polis”). 
*Desde que o método utilizado seja aprovado pelo National Glycohemoglobin 
Standardization Program (NGSP). 
• Excetuando o critério 4, todos os demais precisam ser confirmados numa 
segunda dosagem, na ausência de hiperglicemia inequívoca! 
EXAMES LABORATORIAS: 
GLICEMIA DE JEJUM 
• Coletada em sangue periférico após jejum calórico de no mínimo 8 horas; 
• A glicemia de jejum (GJ) representa o meio mais prático de avaliar o status 
glicêmico, e dois valores superiores ou iguais a 126 mg/dℓ, obtidos em dias 
diferentes, são suficientes para estabelecer o diagnóstico de diabetes melito. 
o Normoglicemia: < 100mg/dl 
o pré-diabetes: ≥100 - < 126 mg/dl 
o Diabetes estabelecido: ≥126 mg/dl 
TESTE ORAL DE TOLERÂNCIA À GLICOSE - TOTG 
• Previamente à ingestão de 75 g de glicose dissolvida em água, coleta-se uma 
amostra de sangue em jejum para determinação da glicemia; 
• Coleta-se outra, então, após 2 horas da sobrecarga oral. 
• Deve ser realizado pela manhã, após 8 a 14 horas de jejum e é importante 
reforçar que a dieta deve ser a habitual e sem restrição de carboidratos pelo 
menos nos 3 dias anteriores à realização do teste. 
• Permite avaliação da glicemia após sobrecarga, que pode ser a única alteração 
detectável no início do DM, refletindo a perda de primeira fase da secreção de 
insulina; 
• Como o TOTG tem baixa reprodutibilidade, sua indicação está limitada a 
algumas situações específicas, sobretudo para o diagnóstico do diabetes 
gestacional e em pacientes com glicemia de jejum alterada. 
HEMOGLOBINA GLICADA (HBA1C) 
• Representa a ligação entre a glicose e a hemoglobina de forma irreversível e de 
intensidadediretamente proporcional à glicemia. 
• Os valores da HbA1c refletem a média das glicemias durante os últimos 2 a 3 
meses, que é o tempo de sobrevida das hemácias. 
• Quanto maior a concentração de glicose plasmática e maior o período de 
contato, maior a porcentagem da HbA1c. 
• Em pacientes com controle estável: 
o 50% da HbA11c são formados no mês precedente ao exame; 
o 25%, no mês anterior a esse; 
o 25% restantes, no terceiro ou quarto mês antes do exame. 
• Vale reforçar que se trata de medida indireta da glicemia, que sofre 
interferência de algumas situações, como: 
ESTADOS PRÉ-DIABÉTICOS 
1) “Glicemia de Jejum Alterada” = glicemia de jejum entre 100-125 mg/dl. 
2) “Intolerância à Glicose” = glicemia 2h após o TOTG 75 entre 140-199 mg/dl. 
3) Hemoglobina Glicada (A1C) entre 5,7-6,4%. 
o Anemias, hemoglobinopatias e uremia, nas quais é preferível 
diagnosticar o estado de tolerância à glicose com base na dosagem 
glicêmica direta. 
o Outros fatores, como idade e etnia, também podem interferir no 
resultado da HbA1c. 
 
 
 
 
 
 
 
EXAMES UTILIZADOS PARA O CONTROLE GLICÊMICO - OUTROS EXAMES 
FRUTOSAMINA 
• A frutosamina é uma proteína glicada, constituída principalmente de albumina 
(80%), que reflete o controle glicêmico nos últimos 7 a 14 dias, já que a meia-
vida da albumina é de 14 a 20 dias. 
• A determinação da frutosamina não deve ser considerada equivalente à da 
A1C, embora haja uma boa correlação entre esses dois parâmetros. 
• A medida da frutosamina pode ser um método alternativo para avaliar o 
controle glicêmico dos pacientes que tenham condições que alterem os valores 
da HbA1c (p. ex., hemoglobinopatias) ou quando se queira avaliar mudanças a 
curto prazo no controle glicêmico (p. ex., durante a gravidez). 
• No entanto, para o diagnóstico de DM, a frutosamina não é validada e, 
portanto, não deve ser utilizada. 
GLICOSÚRIA 
• A pesquisa de glicose na urina tem baixa sensibilidade diagnóstica, uma vez que 
glicosúria costuma surgir apenas com glicemias > 180 mg/dℓ. 
• Além disso, pode-se ter glicosúria na ausência de DM: gravidez (em até 50% 
das gestantes), tubulopatias renais, insuficiência renal crônica e glicosúria renal 
familiar. 
1,5 ANIDROGLUCITOL 
• O 1,5-AG ocorre de maneira natural no organismo e é estruturalmente similar 
à glicose. 
• É filtrado pelos rins, sendo 99,9% dele reabsorvido pelos túbulos renais. 
• Quando a glicemia é maior do que o limiar renal, a glicose inibe a reabsorção 
de 1,5-AG, portanto os níveis desse marcador são inversamente proporcionais 
aos da hiperglicemia. 
• Desse modo, 1,5-AG é um marcador promissor no que se refere à variabilidade 
glicêmica. 
• Como não há, entretanto, padrões de referência estabelecidos, não existem 
metas terapêuticas claras sobre esse tipo de marcador; assim, não há, também, 
nenhuma indicação de seu uso para o diagnóstico de DM. 
DOSAGEM DO PEPTÍDEO C 
• A capacidade secretória do pâncreas pode ser analisada por meio da dosagem 
no plasma do peptídeo C (PC), que é secretado na circulação porta em 
concentrações equimolares com a insulina, sendo ambos originados da 
clivagem da pro-insulina. 
• O método mais utilizado é a determinação do PC basal e 6 minutos após a 
injeção intravenosa de 1 mg de glucagon. 
• Os pacientes com DM1 têm valores médios de PC de 0,35 ng/mℓ no basal e de 
0,5 ng/mℓ após estímulo. No DM2, esses valores são de 2,1 e de 3,3 ng/mℓ, 
respectivamente. 
• Como ponto de corte para classificar os pacientes, deve ser considerado que 
níveis do PC > 0,9 ng/mℓ no basal e > 1,8 ng/mℓ após glucagon indicam uma 
reserva de insulina compatível com DM2. 
• Valores inferiores confirmam o diagnóstico de DM1. Glicemia capilar é 
subestimada, tem uma variação de 15% em relação ao sérico. Não pode ser 
usada para diagnóstico, só para controle glicêmico. 
RASTREAMENTO 
SEGUNDO A ADA 
• Screening para diabetes melito seja realizado em qualquer pessoa com 
sintomatologia compatível ou em indivíduos assintomáticos que preencham 
algum dos seguintes critérios: 
CRITÉRIOS PARA RASTREAMENTO DO DM2: 
• Todos os indivíduos com mais de 45 anos; 
• Indivíduos com idade < 45 anos, se: 
o Sobrepeso (IMC > 25 kg/m2) 
o Obesidade +: 
▪ Sedentarismo; 
▪ História familiar de diabetes melito em parentes de primeiro 
grau; 
▪ Hipertensão arterial sistêmica; 
▪ Lipoproteína de alta densidade-colesterol (HDL-c) < 35 mg/dℓ 
ou triglicerídios > 250 mg/dℓ; 
▪ Síndrome dos ovários policísticos (SOP); 
▪ Histórico de DMG ou macrossomia fetal; 
▪ Acantose nigricans ou sinais clínicos de resistência à insulina; 
▪ Etnias de risco (africanos, asiáticos, latinos, americanos, 
originários do Pacífico); 
▪ Pré-diabéticos; 
▪ Pacientes com doença cardiovascular estabelecida; 
▪ Crianças a partir dos 10 anos de idade ou a partir da puberdade 
com sobrepeso e pelo menos dois dos fatores de risco citados 
anteriormente. 
SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES 
• As atuais indicações de rastreio do DM tipo 2 em pacientes adultos (> 18 anos) 
assintomáticos são: 
o (1) “Sobrepeso” (IMC ≥ 25 kg/m2 em todas as raças, exceto asiáticos, 
onde o critério passa a ser IMC ≥ 23 kg/m2 ) + pelo menos um dos 
fatores de risco para DM tipo 2 (ver Tabela 7); 
o (2) Na ausência do critério nº 1, qualquer adulto > 45 anos de idade; 
o (3) Crianças e adolescentes (< 18 anos) com sobrepeso ou obesidade + 
pelo menos um dos fatores abaixo: 
▪ História de diabetes gestacional na gestação do paciente; 
▪ História de DM na mãe durante a gestação do paciente; 
▪ História familiar de DM 2 em parente de 1º ou 2º grau; 
▪ Etnia (negro, latino, índio americano, ilhas do pacífico); 
▪ Sinais de resistência à insulina ou presença de condições 
associadas a este fenótipo (ex.: hipertensão arterial, acantose 
nigricans, dislipidemia, síndrome dos ovários policísticos, 
história de ter nascido “pequeno para a idade gestacional”). 
 
 
 
 
TRATAMENTO 
• O objetivo principal do tratamento do DM2 é diminuir ao máximo as 
complicações micro e macrovasculares. 
• O tratamento deve ser multidisciplinar e compreender todas as suas 
necessidades, daí ser reconhecido nos livros como “comprehensive care”. 
• Nesse ponto, podemos focá-lo em três pilares: 
o (1) Detecção de complicações; 
o (2) Controle da glicemia; 
Parece razoável recomendar um intervalo de 3 a 4 anos para o reteste daqueles 
pacientes com baixo risco de desenvolver diabetes e que tiveram resultado 
prévio indubitavelmente normal, assim como recomendar o reteste anual para 
os pacientes com pré-diabetes ou com fatores de risco para desenvolvimento 
de DM2. 
 
o (3) Controle de outros fatores de risco cardiovasculares. 
• As opções de tratamento para o DM2 incluem modificações no estilo de vida 
[MEV] (dieta, atividade física, perda de peso, cessação do tabagismo etc.) e 
medicamentos com diferentes mecanismos: agentes antidiabéticos orais 
(biguanidas, sulfonilureias, inibidores da DPP-4, glinidas, glitazonas, inibidores 
da α-glicosidase, inibidores do cotransportador de sódio e glicose2 [SGLT-2]), 
análogos do GLP-1 e insulinas. 
NÃO MEDICAMENTOSO 
• Educação do paciente: enfoque multidisciplinar – médico, enfermagem, 
nutricionista, psicologia, educador físico, entre outros. 
• Alimentação: 
o Reduzir a ingestão calórica; 
o Manter uma alimentação balanceada: 15% de proteínas, 25% de 
gorduras e 60% de carboidratos; 
o Reduzir a ingestão de gorduras; 
o Restringir menos de 7% das calorias do dia compostas por gorduras 
saturadas; 
o Idealmente consumir zero de gordura trans na alimentação cotidiana; 
o Idealmente consumir menos de 200 mg de colesterol ao dia; 
o Trocar açúcar por adoçante; 
o Evitar bebidas adoçadas; 
o Preferir carboidratos complexos e de baixo índice glicêmico; 
o Usuários de insulina prandial idealmente devem realizar a contagem 
de carboidratos ou, ao menos, estimar a quantidade de carboidratosde cada alimento, buscando adequar a dose de insulina rápida em cada 
refeição; 
o Restringir a ingestão de proteínas a 1 g/kg/dia (ou 0,8 g/kg/dia, se 
portador de insuficiência renal crônica); 
o Limitar a ingestão de álcool, tolerando no máximo uma dose por dia 
em mulheres e duas doses por dia em homens. Entendem-se por uma 
dose 150 mL de vinho (uma taça), 360 mL de cerveja (uma lata 
pequena) ou 45 mL de destilados . 
o Aumentar a ingestão de fibras: 14 g de fibras para cada 1.000 kcal da 
dieta Dieta rica em ômega-3. 
• Orientar a perda de peso, se o índice de massa corporal (IMC) for superior a 25 
kg/m2: a perda de 5 a 10% do peso já traz potencial benefício metabólico; 
• Manter a circunferência abdominal menor que 94 cm em homens e menor que 
80 cm em mulheres, meta estabelecida pela International Diabetes Federation 
(IDF) para sul-americanos; 
• Cessar o tabagismo; 
• Estimular a atividade física: preconiza-se atividade aeróbica mínima de 150 min 
por semana de exercício físico moderado, definido por frequência cardíaca (FC) 
mantida entre 50 e 70% da FC máxima; ou 75 min por semana de exercício 
físico intenso, definido por FC superior a 70% da FC máxima. Além disso, 
recomendam-se exercícios físicos de resistência ao menos 3 vezes por semana. 
MEDICAMENTOSO 
AGENTES ANTIDIABÉTICOS ORAIS 
• Com finalidade prática, os antidiabéticos são classificados em quatro 
categorias: 
o Os que aumentam a secreção de insulina (Secretagogos de Insulina - 
hipoglicemiantes); 
o Os que não aumentam a secreção de insulina (sensibilizadores da 
insulina, anti- hiperglicemiantes); 
o Os que aumentam a secreção de insulina de maneira dependente da 
glicose, além de promover a supressão do glucagon; 
o Os que promovem glicosúria (sem relação com a secreção de insulina). 
• Atualmente, essas 4 categorias são compostas por 7 classes de agentes 
antidiabéticos orais (ADO) estão comercialmente disponíveis: biguanidas, 
sulfonilureias, tiazolidinedionas (glitazonas), inibidores da DPP-4, glinidas, 
inibidores da α-glicosidase e inibidores do SGLT-2. 
• A biguanida metformina representa a pedra fundamental do tratamento e, na 
ausência de contraindicações, deve ser sempre a primeira medicação 
empregada, seja em monoterapia ou em combinação. 
ANTI-HIPERGLICEMIANTE: 
BIGUANIDAS 
• Principal Representante: Metformina; 
• É a primeira opção de tratamento, quando o paciente não apresenta 
contraindicação. 
• Mecanismo de Ação: A metformina não tem um efeito direto sobre as células 
β. 
• Tem efeito anti-hiperglicemiante ocasiondo redução da glicemia por meio dos 
seguintes mecanismos: inibição da gliconeogênese (responsável por 75% de 
sua ação anti-hiperglicêmica); melhora da sensibilidade periférica à insulina 
(que reduz a insulinemia); e redução do turnover de glicose no leito 
esplâncnico. Adicionalmente, ele aumenta os níveis séricos de GLP-1, o qual 
atua estimulando a secreção de insulina e inibindo a de glucagon. 
• Posologia: A metformina (Glifage® etc. – comp. 500 mg, 850 mg e 1 g) deve 
sempre ser administrada com alimentos, uma vez que eles retardam a 
absorção do medicamento e reduzem os efeitos colaterais gastrintestinais. 
Inicia-se com 500 a 850 mg/dia e, se necessário, fazem-se ajustes graduais da 
dose até que se consiga um controle glicêmico adequado ou se atinja a dose 
máxima recomendada. Esta última, em geral, é de 2.550 mg/dia (em duas a 
três tomadas). 
• Glifage ® XR: apresentação de 500, 750 e 1.000 mg: 
• É preferível pois tem mesma dose máxima da metformina, mas os comprimidos 
podem ser tomados todos juntos, em uma única vez ao dia, pois a meia-vida 
do medicamento é de 24 h. 
• Promove muito menos efeitos colaterais e tem melhor tolerância 
gastrintestinal do que a metformina. 
• Efeitos Adversos: os principais efeitos são os gastrintestinais (náuseas, vômitos, 
dor ou desconforto abdominal, flatulência, diarreia, epigastralgia e cefaleia), 
que acontecem em cerca de 30% dos pacientes e levam ao abandono do uso 
em 10% deles. 
• O seu uso a longo prazo pode associar-se à deficiência de vitamina B12. 
• Dessa forma, recomenda-se a dosagem periódica dos níveis de vitamina B12 
nos pacientes tratados com essa medicação, principalmente aqueles com 
anemia ou neuropatia periférica. 
• A acidose láctica constitui o efeito colateral mais temível da metformina, por 
implicar alta mortalidade (42 a 47%). 
• É, contudo, bastante rara, com incidência estimada de 3 a 9 casos/100.000 
pacientes-ano. 
• Contraindicações: Pela metabolização renal, contraindica-se o uso da 
medicação em situações de insuficiência renal aguda (IRA) e insuficiência renal 
crônica (IRC) com clearance de creatinina (ClCr) inferior a 30 mℓ/min. 
• Caso o clearance de creatinina esteja entre 30 e 50 mℓ/min, seu uso deve ser 
cuidadoso, respeitando-se dose máxima de 1 g/dia. 
• Outras contraindicações são: insuficiência cardíaca congestiva (ICC) classe 
funcional III ou IV, insuficiência hepática, alcoolismo crônico, sepse, uso de 
contraste nefrotóxico e doenças agudas graves com risco de insuficiência renal 
e de acidose láctica. 
TIAZOLIDINEDIONAS OU GLITAZONAS 
• Tipos: Pioglitazona (Actos ® , Stanglit ® , Pioglit ® ): comprimidos de 15, 30 e 45 
mg. 
• Posologia: 15 a 45 mg 1 vez ao dia, em qualquer horário e independente da 
alimentação; 
• Rosiglitazona: saiu do mercado por aumentar o risco cardiovascular. 
• Não há problemas em associar o uso de glitazonas ao de metformina, ambas 
podem ser administradas concomitantemente e uma não interfere no 
metabolismo da outra. 
• Mecanismo de Ação: As tiazolidinedionas atuam reduzindo a resistência 
periférica à insulina, principalmente em tecido adiposo e muscular. 
• Seu mecanismo de ação é via ativação dos receptores ativados por 
proliferadores de peroxissomo (PPARγ). 
• Quando ativado, o PPARγ promove também o aumento da lipogênese no 
tecido adiposo subcutâneo, com maior captação de ácidos graxos livres (AGL) 
por este tecido em detrimento do tecido adiposo visceral, promovendo um 
ganho de peso “com gordura boa”. 
• Além disso, estimula a apoptose dos adipócitos viscerais, mais resistentes, e a 
proliferação de adipócitos subcutâneos, mais sensíveis à insulina. 
• Dessa maneira, sumariamente, há menos lipólise, menor quantidade de AGL 
circulante, menos lipotoxicidade, menor depósito ectópico de gorduras, menor 
resistência à insulina e consequentemente melhor ação das células beta 
pancreáticas. 
• Também ocorrem maior expressão da adiponectina no adipócito e aumento de 
sua concentração sérica. Esse fato, juntamente com a redução dos AGL, levaria 
a maior sensibilidade do fígado à insulina, menor conteúdo hepático de 
gordura e inibição da produção hepática de glicose 
• Efeitos Adversos: Hepatotoxicidade, descompensação de ICC ou estados 
edematosos (consequência da retenção hídrica), ganho de peso, maior 
incidência de câncer de bexiga (ainda em estudo) e aumento do risco de 
fraturas (aumenta diferenciação de células pluripotentes da medula óssea, que 
poderiam formar osteoblastos, em células gordurosas). 
• Contraindicações: A metabolização das glitazonas é hepática, assim 
contraindica-se o seu uso em casos de doença hepática ativa com concentração 
de alanina aminotransferase (ALT) superior a 2 vezes e meia o limite superior 
da normalidade, além de pacientes com ICC classes funcionais III e IV, pelo risco 
de piora no quadro. 
• Deve-se evitar seu uso em mulheres pós-menopausa com osteoporose 
considerável. 
• Não é necessário o ajuste de dose frente à disfunção renal, pois uma 
quantidade muito pequena do medicamento é excretada via renal. 
INIBIDORES DA ALFAGLICOSIDASE 
• Tipos: O fármaco disponível no Brasil é acarbose (Aglucose ® ) – comprimidos 
de 50 e 100 mg, posologia: 50 a 100 mg 3 vezes ao dia, tomada antes de cada 
refeição. 
• Mecanismo de Ação: Os inibidores da alfaglucosidaseagem inibindo a enzima 
alfa glucosidase, que é diretamente responsável pela quebra dos açúcares 
complexos em glicose no trato gastrintestinal. 
• Dessa maneira, retarda a absorção dos carboidratos, reduzindo o pico de 
glicemia pós-prandial. 
• De fato, o carboidrato não deixa de ser absorvido, ele apenas é absorvido mais 
lentamente. Por este motivo, essa medicação não promove perda de peso. 
• Efeitos Adversos: Causam muita intolerância gastrintestinal, principalmente 
dor abdominal, flatulência e diarreia. 
• Contraindicações: Doenças intestinais inflamatórias, como retocolite 
ulcerativa, doença de Crohn, doença hepática ou ClCr < 25 mℓ/min. 
SECRETAGOGOS DE INSULINA - HIPOGLICEMIANTES 
SULFONILUREIAS 
• Tipos: Primeira geração: clorpropamida - menos potente, causa mais efeitos 
colaterais e, devido a seu longo tempo de ação (até 60 horas), implica maior 
risco de hipoglicemia. 
• Segunda Geração:glibenclamida, gliclazida, glipizida e glimepirida. 
• Mecanismo de Ação: agem primariamente via estímulo da secreção 
pancreática de insulina. 
• Secundariamente, reduzem o débito hepático de glicose e aumentam a 
utilização periférica de glicose. 
• Elas se ligam a um receptor específico nos canais de potássio ATP-sensíveis 
(KATP), presentes nas células β e em outros tecidos. 
• Essa ligação causa o fechamento desses canais de K e, assim, desencadeiam a 
despolarização. 
• O influxo de cálcio secundário à despolarização causa liberação de insulina. 
• Convém ressaltar que essas substâncias estimulam a secreção, mas não a 
síntese de insulina, e requerem, portanto, células funcionantes para que 
atuem. 
• Efeitos Adversos: Aumentam o peso e o risco de hipoglicemias e talvez causem 
aceleração da falência das células beta (em estudo). Possivelmente aumentam 
o risco de carcinogênese. 
• Contraindicações: Por ter metabolização renal, contraindica-se o uso da 
medicação em situações de IRA e IRC. Ajustar a dose quando houver ClCr 
intermediário, suspender se houver ClCr inferior a 30 mℓ/min. 
• A única exceção é a glimepirida, segura na insuficiência renal. 
GLINIDAS OU METIGLINIDAS 
• Tipos: Repaglinida e Nateglinida. 
• Mecanismo de Ação: estimulam a secreção de insulina por mecanismo similar 
ao das sulfonilureias, mas por tempo bem mais curto, normalmente suficiente 
apenas para cobertura adequada do período pós-prandial (secreção de 
primeira fase). Dessa maneira, apesar de também possibilitarem episódios de 
hipoglicemia, em razão da curta duração de sua ação o risco é menor. 
• Efeitos Adversos: Hipoglicemia raramente, ganho de peso. 
• Contraindicações: Recomenda-se o uso cuidadoso em pacientes portadores de 
IRC, mas não há contraindicação formal. 
AGENTES QUE AUMENTAM A SECREÇÃO DE INSULINA DEPENDENTE DE 
GLICOSE E QUE DIMINUEM A SECREÇÃO DE GLUCAGON 
INIBIDORES DA DPP-4 OU GLIPTINAS 
• Tipos: Sitagliptina, Vildagliptina, Saxagliptina, Linagliptina, Alogliptina. 
• Mecanismo de Ação: As gliptinas atuam estimulando o sistema das incretinas 
(GLP-1 e GIP), ao inibir seu metabolismo pela DPP-4. 
• A DPP-4 atua degradando as incretinas. Portanto, a ação hipoglicêmica dos 
inibidores da DPP-4 se dá, indiretamente, pelo aumento nos níveis circulantes 
do GLP-1, com consequentes estímulo glicose-dependente da secreção de 
insulina pelas células β e inibição da secreção de glucagon pelas células α 
pancreáticas. 
• Efeitos Adversos: Cefaleia (secundária ao acúmulo de bradicinina), sintomas de 
infecção das vias respiratórias superiores, nasofaringite (também pelo 
potencial aumento da bradicinina), náuseas (raro) e pancreatite (raro). - 
Contraindicações: A depender de cada fármaco, seu uso deve ser cuidadoso 
em pacientes com IRC ou IRA e naqueles com insuficiência hepática. 
GLICOSÚRICOS (INIBIDORES DA SGLT2) 
• Mecanismo de ação: 
o Os glicosúricos são uma recente classe de fármacos que atuam inibindo a 
reabsorção de glicose nos túbulos contorcidos proximais (TCP) dos rins. Os 
rins fisiologicamente realizam transporte passivo de glicose através de 
canais transportadores de glicose dos tipos 1 e 2 (GLUT-1 e GLUT-2) e 
transporte ativo de glicose através dos canais SGLT (cotransportadores de 
sódio-glicose) 1 e 2. Por esses dois mecanismos, atuam na homeostase 
glicêmica. 
o Geralmente, 90% da glicose filtrada é reabsorvida no segmento inicial do 
TCP, enquanto os outros 10% são reabsorvidos no segmento mais distal do 
mesmo. 
o Criados para atuar exatamente nesse mecanismo fisiopatológico, os 
inibidores de SGLT2 atuam inibindo o transporte de glicose ativo que 
ocorre justamente através do canal localizado no primeiro segmento do 
TCP, o SGLT tipo 2. 
• Efeitos clínicos: 
o Reduzem em cerca de 25 mg/dℓ a GJ e 1% a hemoglobina glicada. Como 
atuam apenas no rim, não levam à hipoglicemia. 
o Demonstra-se ainda aumento da concentração de colesterol-HDL, redução 
de triglicerídios e da PA, bem como perda de peso. 
o Não parecem causar piora de função renal. Estudos mais recentes sugerem 
potencial influência destas medicações em preservação de célula beta-
pancreática e níveis de peptídeo C. 
• Efeitos colaterais: Podem induzir hiponatremia por alterarem a dinâmica de 
reabsorção renal, além de desidratação (secundária à diurese osmótica pela 
glicosúria), e principalmente parecem aumentar o risco de infecção de trato 
urinário (cerca de 11% dos usuários, comparado a 6% nos usuários de glipizida) 
e infecções genitais, como candidíase vaginal. 
• No mês de maio de 2015, o órgão regulador de medicamentos americano, Food 
and Drug Administration (FDA), lançou um alerta para casos de cetoacidose 
diabética para medicações desta classe, sendo que este efeito segue em 
observação. 
• Representantes, doses e usos: 
• Os fármacos disponíveis são: 
• Dapagliflozina (Forxiga®). Apresentação de 5 e 10 mg. Posologia: 10 mg 1 vez 
ao dia em dose única. Por falta de estudos, o uso em pacientes com disfunção 
renal moderada e grave é contraindicado (ClCr < 50 mℓ/min). 
• Empagliflozina (Jardiance®). Apresentação: comprimidos de 10 e 25 mg. 
Posologia: 10 a 25 mg 1 vez ao dia, em qualquer horário. Contraindicado se o 
ClCr for < 45 mℓ/min. 
• Canagliflozina (Invokana®). Apresentação: comprimidos de 100 e 300 mg. 
Posologia: 100 a 300 mg 1 vez ao dia. Para idosos (acima de 75 anos), pacientes 
em uso de diuréticos de alça e pacientes com clearance de creatinina de 45 a 
60 mℓ/min, recomenda-se dose de 100 mg. Contraindicado se ClCr < 45 
mℓ/min por falta de estudos nesta população. A dose de 300 mg também 
apresenta bloqueio do SGLT-1 intestinal. 
• Canaglifozina com metformina (Invokamet®): canaglifozina nas doses de 50 e 
150 mg, associado à metformina nas doses de 500 a 1.000 mg – ou seja, há 
quatro tipos de medicamentos com posologias diferentes. Indicado o uso 2 
vezes ao dia, titulando as doses das medicações, não excedendo 300 mg de 
canaglifozina e 2.000 mg de metfomina. Contraindicado se a creatinina for > 
1,5 mg/dℓ em homens, ou > 1,4 mg/dℓ em mulheres, ou o ClCr < 45 mℓ/min. 
Até meados de 2015, ainda não disponível no Brasil. 
 
 
 
 
FLUXOGRAMA DO TRATAMENTO INICIAL DO DM DE ACORDO COM O 
NÍVEL DE HEMOGLOBINA GLICADA

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