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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO CAMPUS MOSSÓRO DEPARTAMENTO DE AGROTECNOLOGIA E CIÊNCIAS SOCIAIS CURSO BACHARELADO EM ENGENHARIA QUÍMICA TEREZA NOÊMIA TAVARES DA FONSÊCA MELO CONTROLE DE QUALIDADE DAS MATÉRIAS-PRIMAS E PRODUTOS ACABADOS DE UMA FÁRMACIA DE MANIPULAÇÃO MOSSORÓ – RN 2015 TEREZA NOÊMIA TAVARES DA FONSÊCA MELO CONTROLE DE QUALIDADE DAS MATÉRIAS-PRIMAS E PRODUTOS ACABADOS DE UMA FÁRMACIA DE MANIPULAÇÃO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado a Universidade Federal Rural do Semi-Árido – UFERSA, Departamento de Agrotecnologia e Ciências Sociais para a obtenção do título de Bacharel em Engenharia Química. Orientador: Prof. Me. Álvaro Daniel Teles Pinheiro – UFERSA MOSSORÓ – RN 2015 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Biblioteca Central Orlando Teixeira (BCOT) Setor de Informação e Referência M528c Melo, Tereza Noêmia Tavares da Fonsêca Controle de qualidade das matérias-primas e produtos acabados de uma fármacia de manipulação / Tereza Noêmia Tavares da Fonsêca Melo -- Mossoró, 2015. 40f.: il. Orientador: Prof. Dr. Álvaro Daniel Teles Pinheiro Monografia (Graduação em Engenharia Química) – Universidade Federal Rural do Semi-Árido. Pró-Reitoria de Graduação. 1. Farmácia de manipulação. 2. Controle de qualidade. 3. Matéria-prima. Título. RN/UFERSA/BCOT/204-15 CDD: 615.19 Bibliotecária: Vanessa de Oliveira Pessoa CRB-15/453 “O sucesso é uma consequência e não um objetivo.” (Gustave Flaubert) A minha amada avó materna Maria Tereza Tavares da Fonsêca (in memoriam) que foi minha segunda mãe, sempre me protegendo e me dando amor. A meus queridos avós paternos Antônio Melo e Noêmia Siqueira (in memoriam), que com seu jeitinho sei que me amaram muito. A meu tio João Dionizio Taraves do Nascimento (in memoriam), que sempre adorava ver meus desenhos de criança (todos borrados). A meus pais Andiere Siqueira de Melo e Rosalia Tavares da Fonsêca Melo, ao meu avô José Fonsêca Filho e os demais familiares, sem eles não teria chegado até aqui. AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus por sua infinita bondade em proporcionar-me condições de realizar esta caminhada, retirando sempre da minha estrada as pedras que pareciam difíceis de serem transpostas. À meus pais Andiere e Rosalia, pelo seu amor, dedicação, carinho, apoio, confiança, por ter acreditado em mim e em meus propósitos, me dando força o tempo todo e estando ao meu lado diante de todas as dificuldades enfrentadas, me incentivando sempre nos estudos e que me ajudaram a tornar esse sonho realidade. Ao meu avô José Fonsêca, que com frequência demonstra seu amor, carinho e preocupação. À meus avós, Maria Tereza, Noêmia Siqueira, Antônio Melo e a meu tio João Dionísio, que onde quer que estejam contribuíram para que eu pudesse estar aqui. À Natividade, Cirley, Kandjia e Karol, por terem me abrigado por um tempo em sua casa, me dando carinho e força para seguir. À todos da minha família que não foram citados, fiquem sabendo que me ajudaram muito! Ao meu namorado Eduardo Régis, por todo amor, carinho, motivação e paciência que tem me dedicado, estando sempre ao meu lado apesar da distância. Ao meu professor orientador Me. Álvaro Daniel Teles Pinheiro, por todo apoio e atenção durante o curso, pela dedicação e paciência os quais tornaram este estágio possível e realizado da melhor maneira. À todos os mestres que passaram e contribuíram de alguma forma para que eu pudesse chegar aonde cheguei. À Katiane Sara, por sempre está comigo enfrentando juntas todas as dificuldades (angustia, choro, sono, decepções) dessa etapa de nossas vidas e comemorando cada vitória. Foram muitas risadas, conversas jogadas fora, muito carinho, enfim como nosso amigo Erick diz “As gêmeas siamesas”. À minhas amigas Iasmim Taliane e Camilla Siqueira, por nunca me deixarem só, embora não estando presente fisicamente, sempre me apoiando, dando carinho, conselhos e vibrando por minhas conquistas. A vocês também peço desculpa pela minha ausência. À Iuri de Sá Leitão Pinheiro Gouveia, que depositou sua confiança me proporcionando o estágio. E a todos que fazem a Farmafórmula-Assu, pelo aprendizado, amizade e atenção. Finalmente, a todas as pessoas que passaram em minha vida acadêmica e pessoal e contribuíram com o que cada um tem de melhor. RESUMO Nos últimos anos o setor magistral apresentou um acelerado crescimento, e de acordo com dados da Associação Nacional de Farmacêuticos Magistrais (Anfarmag), o Brasil é o maior mercado mundial. Na farmácia magistral é indispensável que todas as etapas envolvidas no processo de manipulação sejam controladas e monitoradas garantindo a qualidade de matéria prima como também do produto final, isso se deve ao rigoroso controle de qualidade dos produtos e serviços de saúde, regulamentado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária-ANVISA. Sendo de grande importância a qualificação do fornecedor e o compromisso com a qualidade da matéria-prima, por meio do certificado de análise do fornecedor, procedimentos que são indispensáveis para evitar problemas. Deste modo, a realização de testes básicos como pH, ponto de fusão, dentre outros, tornam-se obrigatórios no laboratório de controle de qualidade na farmácia de manipulação, servindo assim para confirmar os resultados apresentados no certificado de análise obtido pelo fornecedor. Os ensaios de controle de qualidade visam também, avaliar as características físicas, químicas e microbiológicas das matérias-primas, embalagens e produtos acabados, no qual, a verificação da conformidade das especificações deve ser vista como um requisito necessário para garantir da qualidade e segurança do produto e não somente como uma exigência regulatória. No presente trabalho, realizou-se ensaios físico-químicos nas matérias-primas utilizadas na produção de produtos magistrais como também nos produtos acabados fabricados na Farmafórmula, localizada na cidade de Assu-RN, a fim de atestar a qualidade dos mesmos. Palavras-chave: Farmácia de manipulação. Controle de qualidade. Matéria-prima. ABSTRACT In recent years the magisterial sector showed an accelerated growth, and according to the National Association of Pharmaceutical Magistral (Anfarmag), Brazil is the world's largest market. In teaching pharmacy is essential that all the steps involved in the handling process is controlled and monitored to ensure the quality of raw materials as well as the final product, this is due to the strict quality control of products and health services, regulated by the National Agency of Health Surveillance - ANVISA. It is of great importance the supplier qualification and also its commitment to the quality of the raw material, through the supplier certificate of analysis, procedures that are necessary to avoid problems. Thus, carrying out basic tests such as pH, melting point, among others, it is mandatory in any lab of control of quality in compounding pharmacy, thus servingwhich serves to confirm the results presentedin the certificate of analysisobtained by the supplier. Quality control tests are intended also to evaluate the physical, chemical and microbiological characteristics of raw materials, packing and finished products, in which the checking the compliance of specifications should be seen as a necessary requirement to ensure the quality and safety of product and not only as a regulatory requirement. In this study, there was physical and chemical tests on raw materials used to produce masterful products but also for finished products manufactured in FARMAFORMULA, located in Assu-RN, in order to certifytheir quality. Keywords: Manipulation Pharmacy. Quality control. Raw material. LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Fluxograma do processo de fabricação dos produtos manipulados ...................................... 28 Figura 2 - Fechamento das cápsulas ...................................................................................................... 31 Figura 3 – Homogeneização da fórmula ............................................................................................... 32 Figura 4 - Testes realizados pelo fabricante/fornecedor Gemini ........................................................... 33 Figura 5 - Peso médio de cápsulas. ....................................................................................................... 35 LISTA DE TABELAS Tabela 1 Características organolépticas X Sentidos .............................................................................. 24 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS Anfarmag - Associação Nacional de Farmacêuticos Magistrais ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária EPI - Equipamento de proteção individual g - Grama mg - Miligrama mm - Milímetro pH - Potencial Hidrogeniônico POP - Procedimento Operacional Padrão RDC - Resolução de Diretoria Colegiada V/V - Volume por volume SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 15 2 ASPECTOS TEÓRICOS .................................................................................................... 16 2.1 BREVE HISTÓRICO ......................................................................................................... 16 2.2 FARMAFÓRMULA .......................................................................................................... 17 2.3 CONCEITOS UTILIZADOS NA MANIPULAÇÃO DE FÓRMULAS........................... 18 2.4 EQUIPAMENTOS NECESSÁRIOS NOS LABORATÓRIOS DA FARMÁCIA DE MANIPULAÇÃO ..................................................................................................................... 20 2.5 CONTROLE DE QUALIDADE NA FARMÁCIA MAGISTRAL ................................... 22 2.5.1 Qualificação dos fornecedores ...................................................................................... 23 2.5.2 Recepção e identificação das matérias-primas ........................................................... 23 2.5.3 Características das matérias-primas (ensaios analíticos) .......................................... 24 2.5.4 Controle de qualidade em cápsulas .............................................................................. 25 3 METODOLOGIA ................................................................................................................ 27 3.1 ETAPAS DO PROCESSO DE PRODUÇÃO .................................................................... 27 3.2 LABORATÓRIO DE CONTROLE DE QUALIDADE .................................................... 29 3.3 LABORATÓRIO DE SÓLIDOS ....................................................................................... 30 3.4 LABORATÓRIO DE SEMISSÓLIDOS E LÍQUIDOS .................................................... 31 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ...................................................................................... 33 5 CONCLUSÃO ...................................................................................................................... 36 REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 37 ANEXOS ................................................................................................................................. 39 15 1 INTRODUÇÃO Nos últimos anos o setor magistral apresentou um acelerado crescimento, e de acordo com dados da Associação Nacional de Farmacêuticos Magistrais (Anfarmag) o Brasil já é o maior mercado mundial de farmácias de manipulação, são mais de 7 mil estabelecimentos do gênero no país (LANDI, 2010), representando um importante segmento dentro do mercado de medicamentos e, como consequência contribuindo para a saúde pública brasileira, principalmente por proporcionarem formas farmacêuticas e dosagens individualizadas ao paciente, sendo ainda, uma alternativa mais acessível financeiramente (BONFILIO et al., 2010). O medicamento magistral ideal é aquele manipulado corretamente, qualquer que seja a forma de apresentação, de longo, médio ou curto prazo de validade, capaz de atender a finalidade médica para a qual foi prescrito e que seja incapaz de produzir efeitos indesejáveis sobre o organismo humano direta ou indiretamente (BONFILIO et al., 2010). Na farmácia magistral é indispensável que todas as etapas envolvidas no processo de manipulação sejam controladas e monitoradas, garantindo assim a qualidade do produto final, sendo a supervisão realizada através do controle de qualidade das matérias-primas e embalagens. A produção de uma farmácia de manipulação é bastante ampla e conta com um leque de A a Z, dos medicamentos básicos aos controlados, não esquecendo também das fórmulas farmacêuticas líquidas e semissólidas, que incluem protetor solar, sabonetes, shampoo, cremes, xaropes e muito mais. A principal vantagem destes medicamentos está no preço: os medicamentos manipulados chegam a custar de 40 a 50% mais barato do que os industrializados, apresentando a mesma qualidade. Essa grande diferença ocorre porque os manipulados são fabricados exclusivamente por prescrição, na quantidade certa para o cliente seguir cada tratamento, não havendo sobras e desperdícios, podendo ainda associar vários ativos. Além disso, a indústria de medicamentos tem custos elevados com a pesquisa e desenvolvimento de novos medicamentos, o que não ocorre nos manipulados (BIAZON, 2013). O uso dos medicamentos manipulados evita a automedicação, já que eles só podem ser produzidos com prescrição médica e vem precisamente na quantidade que o consumidor necessita. Essa questão é importante, visto que a automedicação é a terceira causa de internação por alergia ou intoxicação aos medicamentos (BIAZON, 2013). 16 O controle de qualidade constitui uma ferramenta importante para assegurar a eficácia e a segurança do medicamento manipulado, contribuindo na conquista da credibilidade e base da instituição da farmácia de manipulação. A farmácia tem por obrigação submeter todas as matérias-primas, e por amostragem os produtos acabados, aos testes exigidos pela RDC Nº 67, respeitando as suas características físicas como, características organolépticas, solubilidade, pH, peso, volume, ponto de fusão, densidade, avaliação do laudo de análise do fabricante/fornecedor (BRASIL, 2007). A FARMAFORMULA foi fundada em outubro de 1983, completou em 2013, trinta anos no mercado de manipulação magistral, na cidade de Natal, sendo uma das pioneiras do mercado, com um crescimento rápido e bem fundamentado sempre importando novas tecnologias do país e do mundo, a empresa conta com franquias em quase todo o Brasil. O presente trabalho discorre sobre o processo de produção de bases galênicas, cosméticos e cápsulas, produzidos na Farmafórmula Farmácia de Manipulação,filial de Assu/RN, que fez quatro anos em setembro de 2014, e discute acerca das análises físico- químicas das substâncias utilizadas nas fórmulas farmacêuticas. 2 ASPECTOS TEÓRICOS 2.1 BREVE HISTÓRICO A farmácia magistral ressurgiu no Brasil no final da década de 1980, após seu desaparecimento quase completo devido ao aparecimento da indústria farmacêutica na década de 1950. De início eram poucos os estabelecimentos voltados especialmente à dermatologia ou a homeopatia, com foco na individualização da prescrição. Com entrada dos medicamentos genéricos no mercado, as farmácias de manipulação passaram a manipular inúmeros medicamentos cujas apresentações são disponibilizadas pela indústria farmacêutica (BONFILIO et al., 2010). O mercado brasileiro consumidor de medicamentos é colocado como um dos cinco maiores do mundo. Nas últimas décadas, a Farmácia Magistral assumiu um papel marcante no segmento, representando aproximadamente 7% do mercado nacional (EDUCAÇÃO, 2013). A indústria farmacêutica nacional tem demonstrado empenho na adequação de seus procedimentos aos padrões de qualidade exigidos pelas autoridades sanitárias de países desenvolvidos. Além de conquistar a confiança dos usuários no país, hoje a indústria exporta alguns medicamentos, demonstrando o reconhecimento também de outros mercados. Nos 17 últimos anos, não têm faltado esforços do governo e dos fabricantes para evitar riscos à saúde da população. Isso se deve, em grande parte, ao rigoroso controle de qualidade dos produtos e serviços de saúde, regulamentado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA, 2005). Hoje, a Farmácia Magistral qualificada, possui sistemas de controle cada vez mais eficazes, cultivando a concepção original de manufatura, soluções tecnológicas e um sistema reconhecido de controle de qualidade implementado em todas as etapas do processo, que permitem um maior grau de segurança do produto final (INDICADO, 2014). Segundo a Resolução – RDC 33/2000 manipulação magistral é aquela preparada na farmácia para ser dispensada atendendo a uma prescrição médica, que estabelece sua composição, forma farmacêutica, posologia e modo de usar. Onde a manipulação é o conjunto de operações com a finalidade de elaborar preparações magistrais e oficinais, fracionar produtos industrializados para uso humano (ANVISA, 2000). 2.2 FARMAFÓRMULA Fundada em outubro de 1983, a Farmafórmula apresentou crescimento rápido e bem fundamentado pelo empreendedorismo e profissionalismo, contando atualmente com franquias em quase todo o Brasil. Atualmente, a mesma completou 30 anos no mercado de manipulação magistral na cidade de Natal, sendo uma das pioneiras do mercado (FARMAFORMULA, 2014). A empresa produz, desenvolve e comercializa produtos personalizados que promovem a saúde e a beleza, estando sempre preocupada em desenvolver produtos e serviços de alta qualidade para atender seus clientes de forma diferenciada e exclusiva. A Farmafórmula possui um mix de mais de 1850 princípios ativos, que vão desde a qualificação do fornecedor até a liberação das fórmulas manipuladas (FARMAFORMULA, 2014). A marca da empresa é respeitada e referenciada no país, pois a experiência decorrente de já haver manipulado mais de 5 milhões de formulas lhe deixa credenciada e com alto nível de credibilidade pelo mercado magistral no Brasil (FARMAFORMULA, 2014). A Farmafórmula conta com uma franquia na cidade de Assu/RN, inaugurada no dia 24 de setembro de 2010, estando no mercado há 4 anos. Sob a responsabilidade do farmacêutico Iuri de Sá Leitão Pinheiro de Gouveia, a Farmafórmula possui modernos laboratórios com equipamentos de última geração, equipados com balança de alta precisão, eficiente sistema de 18 exaustão, etc. Já a água utilizada nas formulações é purificada e obtida através do sistema de osmose reversa que a isenta de contaminantes. 2.3 CONCEITOS UTILIZADOS NA MANIPULAÇÃO DE FÓRMULAS Para elaboração de uma forma farmacêutica, são realizadas várias operações programadas, a efetivação dessas operações necessita de alguns conhecimentos e conceitos utilizados na Farmácia de Manipulação. A pesagem, geralmente, é a operação mais utilizada na preparação de fórmulas. Nunca se deve medir um determinado volume quando o indicado é em peso, e vice-versa. Deve-se levar em consideração também as densidades dos líquidos e a temperatura ambiente, sendo que tais fatores influenciam no momento da medição (ANTUNES JR, 2002 apud MENEGHETTI, 2010). A moagem é a diminuição da granulometria das matérias-primas que possuem uma granulometria não desejável, obtendo-se partículas com dimensões reduzidas, realizada através de ação mecânica. Os equipamentos mais utilizados para esta operação é o gral (almofariz) de porcelana e o pistilo (ANTUNES JR, 2002 apud MENEGHETTI, 2010). Após a moagem vem à tamisação, operação destinada a separar partículas de granulometria diferente, através das malhas apropriadas. Na Farmácia de Manipulação, utilizam-se apenas tamises de malha nº 35 a 42, ou até mesmo, peneiras de plástico com malhas finas e uniformes. Contudo, deve-se ter muito cuidado no momento desta operação, pois não se pode forçar a passagem do pó, permitindo assim que apenas as partículas cujo diâmetro seja ligeiramente inferior à da abertura da malha, passe (ANTUNES JR, 2002 apud MENEGHETTI, 2010). A homogeneização é outra operação fundamental, quando se trabalha com produtos sólidos, pastosos, líquidos, pastosos ou gasosos. Cada fração ou dose deve conter todos os componentes nas mesmas proporções que a totalidade da formulação. Sendo válido apenas se começar a misturar os princípios ativos de menor massa e, depois os demais componentes em ordem crescente de massa (ANTUNES JR, 2002 apud MENEGHETTI, 2010). Outro termo muito utilizado em Farmácias de Manipulação é Solução, um sistema homogêneo resultante da dissolução completa de qualquer substância em líquido; ou líquido que contém uma ou mais substâncias dissolvidas (ANTUNES JR, 2002 apud MENEGHETTI, 2010). 19 Ao sistema disperso, de aspecto leitoso e constituído por dois líquidos imiscíveis, chamamos de emulsão. Os emulsionantes aniônicos e não iônicos são os mais utilizados hoje em dia nas preparações de cremes e loções sendo que o produto final deve possuir um pH de 5,5 a 6,5. Porém, quando um princípio ativo for incompatível com este tipo de emulsão, utiliza-se a emulsão iônica (ANTUNES JR, 2002; LEONARDI, 2004 apud MENEGHETTI, 2010). Creme é uma emulsão de média a alta viscosidade, que deve ser acondicionado em potes e retirado com o auxílio de uma espátula, ou em bisnagas de alumínio ou plástico, onde as bisnagas de alumínio são as mais indicadas, pois não reagem com o produto e evitam a passagem da luz e a entrada de ar. Já a loção cremosa é classificada como uma emulsão de média viscosidade, podendo ser acondicionadas em frascos de bicos dosadores (ANTUNES JR, 2002 apud MENEGHETTI, 2010). A pomada é uma forma farmacêutica semissólida, com aplicações na pele ou em determinadas mucosas, a fim de exercer ação local ou de possibilitar a penetração dos princípios ativos medicamentosos na pele (ANTUNES JR, 2002 apud MENEGHETTI, 2010). O gel é a forma farmacêutica semissólida de aparência cristalina e uma sensação de não oleosidade constituída por um ou mais princípios ativos que contém um agente gelificante para fornecer firmeza a uma solução ou dispersão coloidal, tem sido uma das formas farmacêutica e cosmética mais aceita recentemente (ANTUNES JR, 2002 apud MENEGHETTI, 2010; FARMACOPEIA BRASILEIRA, 2010). Na Farmácia Manipulação, o xampu pode se apresentar de três formas: transparente, opaco e perolado. A composição de cada um irá variar de acordo com a necessidade de limpeza, desengorduramento e a natureza do cabelo (ANTUNES JR, 2002 apud MENEGHETTI, 2010). Pó é qualquersubstância sólida reduzida a pequenas partículas. No Laboratório de Produtos Sólidos a grande parte das matérias-primas se encontra sob essa forma, o armazenamento deste após a formulação é feito em cápsulas contendo uma quantidade de medicamento que deve ser ingerido numa única vez (ANTUNES JR, 2002 apud MENEGHETTI, 2010). As cápsulas possuem uma consistência sólida dura ou mole. A maioria das vezes as cápsulas são destinadas à via oral. As cápsulas mais duras são formadas por gelatina pura e certa quantidade de água, óxido de titânio (opacificante), corantes e conservantes autorizados. Estas são formadas por meia-cúpulas que se encaixam uma na outra, possuindo diferentes capacidades e numeração variando com a necessidade do volume, sendo a 20 numeração mais utilizada nas Farmácias de Manipulação da 00 a 4 (ANTUNES JR, 2002 apud MENEGHETTI, 2010). O pó deve ser bem distribuído uniformemente para o completo preenchimento das cápsulas, sendo esta distribuição feita manualmente ou por encapsuladores, ambas utilizam uma placa perfurada onde são colocadas as partes inferiores das cápsulas. Após o preenchimento, o equipamento levanta levemente as meias cápsulas preenchidas para o encaixe das meias cápsulas superiores (ANTUNES JR, 2002 apud MENEGHETTI, 2010). 2.4 EQUIPAMENTOS NECESSÁRIOS NOS LABORATÓRIOS DA FARMÁCIA DE MANIPULAÇÃO Para a obtenção do produto final com uma qualidade satisfatória se faz necessário todos os equipamentos descritos abaixo (ANTUNES JR, 2002 apud MENEGHETTI, 2010). Balança A balança de analítica é utilizada na pesagem de substâncias prescritas em pequenas quantidades e possuem uma sensibilidade de 0,01g a 0,0001g, além de serem mais resistentes e de fácil manuseio. Quando se manipula formulas com a pesagem mais elevadas, utiliza-se uma balança semi-analítica com menor precisão, 0,01g a 0,001g. Exaustores para pós Indicado para todos os laboratórios, onde houver pesagem e manipulação de pó, onde há uma grande quantidade de partículas que ficam suspensas no ar. Osmose reversa A osmose reversa é a tecnologia mais moderna em tratamento de água, sendo usada para purificar e remover os sais e as outras impurezas a fim de melhorar a cor, o gosto e suas propriedades. 21 Encapsuladoras Equipamento que possui uma base com placas encapsuladoras que vão do número 00 ao 4, sendo cada número correspondente a um determinado tamanho/volume da cápsula. É importante utilizar encapsuladores de material não reativo, lavável e resistente. Chapa de aquecimento ou fogão Localizado no laboratório de semissólidos, é utilizada para o aquecimento de algumas matérias-primas na elaboração de certas fórmulas. pHmetro Utilizado no laboratório de controle de qualidade e no controle de produtos finais de uso externo, como xampus, cremes, loções, entre outros. Podendo usar também o papel indicador universal, porém este não trará uma precisão no valor pH, podendo intervir na qualidade do produto. Medidor de ponto de fusão Utilizado somente no laboratório de controle de qualidade para determinar o ponto de fusão das matérias-primas adquiridas. Refrigerador Utilizado para armazenar as substâncias termolábeis e higroscópicas. Seladora a quente Garante embalagens invioláveis e vedadas tanto para fracionamento de matérias primas como para produtos acabados, como os saches. 22 Vidraria e outros É necessário possuir nos laboratórios, béqueres de vidro e plásticos de diferentes capacidades, gral de porcelana e pistilo de vários tamanhos, tamises e peneiras, pipetas, bastão de vidro e de plástico, espátulas de metal e de plástico, provetas, cálices, entre outros. 2.5 CONTROLE DE QUALIDADE NA FARMÁCIA MAGISTRAL A farmácia de manipulação atua em um setor de saúde extremamente competitivo, controlado por órgãos regulamentadores altamente exigentes, como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Por isso a qualidade é muito importante (AMARAL; VILELA, 2003 apud MENEGHETTI, 2010). Segundo Brasil, (2008), controle de qualidade é definido como o conjunto de atividades que verificam e asseguram que os ensaios necessários e relevantes sejam executados e que os produtos não sejam liberados para uso, até que a qualidade dos mesmos seja garantida. Os requisitos para a manipulação de medicamentos são especificados pela Resolução RDC Nº 67, que envolve questões relacionadas às instalações, equipamentos, recursos humanos, aquisição e controle de qualidade da matéria-prima. Abrangendo as exigências para armazenamento, avaliação farmacêutica da prescrição, manipulação, fracionamento, conservação, transporte, dispensação das formulações e atenção farmacêutica aos usuários (BRASIL, 2007). Segundo a ANVISA as matérias-primas devem ser inspecionadas no seu recebimento para verificar a integridade física das embalagens e as informações dos rótulos, e vir acompanhadas dos respectivos Certificados de Análise encaminhados pelo fornecedor. Estes são emitidos pelo fornecedor/fabricante contendo informações claras e conclusivas sobre os aspectos físico-químicos e organolépticos da matéria-prima. E, além disso, testes físico- químicos e microbiológicos devem ser realizados para acompanhar a qualidade da água de abastecimento. Sendo obrigatório para, o estabelecimento ter o Manual de Boas Práticas de Manipulação constituído de Procedimentos Operacionais Padrão (POP’s) para as diversas atividades desenvolvidas (AMARAL; VILELA, 2003 apud MENEGHETTI, 2010). Com relação ao produto final, no laboratório de semissólidos pode-se realizar testes de controle de pH, odor, cor, aspecto físico e peso final para cremes, loções, xampus, géis, entre outros produto. Já para os produtos manipulados no laboratório de sólidos, pode-se conferir a 23 quantidade de cápsulas solicitadas e fazer o peso médio das mesmas (AMARAL; VILELA, 2003; SCHUELLER; ROMANOWSKI, 2002 apud MENEGHETTI, 2010). Sendo assim, tem-se a convicção que o Laboratório de Controle de Qualidade é um instrumento indispensável para a farmácia magistral. Onde os ensaios analíticos fazem parte do controle de qualidade e têm como objetivo verificar a conformidade dos materiais ou produtos diante às especificações estabelecidas, ou seja, serve como uma conferência do laudo encaminhado pelo fornecedor. Serão discutidos a seguir alguns itens importantes ao controle de qualidade para a farmácia magistral. 2.5.1 Qualificação dos fornecedores Toda responsabilidade para com a qualidade do produto junto ao fornecedor, é assumida quando adquirir-se uma matéria-prima. Logo, é importante conhecer o fornecedor, suas instalações, as condições de armazenamento das matérias-primas (tipo de embalagem, temperatura, luminosidade, umidade), limpeza, instrumentos de medida utilizados. O fornecedor deve encaminhar junto às matérias-primas o certificado de análise, não só com os resultados das análises, mas também com as especificações, a data de fabricação, a validade, as condições ideais de conservação e armazenagem, o número do lote e o país de procedência. 2.5.2 Recepção e identificação das matérias-primas No recebimento da matéria-prima, deve-se examinar visualmente sua embalagem, observando sua integridade e conformidade com o declarado na nota fiscal, a confirmação de peso ou volume, a necessidade de conservação especial e a validade. As matérias-primas recém-chegadas devem ser armazenadas em uma área denominada quarentena, até que sejam feitas as análises de controle de qualidade para determinar ou não a sua aceitabilidade. Logo que o controle de qualidade aprove ou rejeite o lote de matéria- prima, deve-se identifica-la com etiqueta de aprovação ou reprovação. Essas etiquetas de identificação seguem um padrão de cores: quarentena (amarela), aprovado (verde) ereprovado (vermelho). 24 2.5.3 Características das matérias-primas (ensaios analíticos) Os testes analíticos qualitativos ou quantitativos simples realizados nas matérias- primas dentro da própria farmácia são válidos para detectar alterações, adulterações ou erros dos fornecedores. Os ensaios analíticos feitos para determinação da qualidade das matérias-primas são os ensaios organolépticos e físico-químicos descritos a seguir. Ensaio organoléptico Características organolépticas são aquelas detectáveis pelos órgãos dos sentidos: aspecto, cor, odor, sabor e tato. Esse ensaio de caracterização é usado na identificação inicial da matéria-prima, com uma amostra padrão mantida em condições ambientais, para não modificar as propriedades organolépticas. Tabela 1 Características organolépticas X Sentidos Características organolépticas Sentido Aparência Tato e visão Cor Visão Odor Olfato Sabor Paladar Fonte: FERREIRA (2002). Identificação físico-química A identificação físico-química determina a identidade de uma substância de acordo com um procedimento especifico. Os equipamentos usados nesse ensaio devem ser submetidos à manutenção e calibração periodicamente, assim assegurando que seus resultados sejam válidos. Os métodos físico-químicos mais usuais são apresentados a seguir. Solubilidade A quantidade máxima que uma substância pode se dissolver em um líquido, em temperatura ambiente (25ºC) é denominada solubilidade. A solubilidade das matérias-primas pode ser verificada com a água, álcool etílico, metanol, clorofórmio, éter, soluções alcalinas diluídas e outros que virão especificadas no laudo do fornecedor. 25 pH Outro ponto muito importante no controle de qualidade de uma farmácia magistral é a determinação do pH pois é a partir dela que é constatada a estabilidade das substâncias. Várias matérias-primas podem ter seu pH alterado em função de impurezas ou instabilidades, esta pode ocorrer devido ao tempo de estocagem (validade) e/ou condições inadequadas de transporte e armazenagem. Ponto de fusão O ponto de fusão de uma substância é a temperatura onde ocorre a passagem do estado sólido para o estado líquido por influência do calor. No controle de qualidade na farmácia magistral, o ponto de fusão serve como identificação do ativo juntamente com a característica organoléptica e a solubilidade. 2.5.4 Controle de qualidade em cápsulas As cápsulas são, por definição, formas farmacêuticas sólidas (receptáculos) obtidas por modelagem e utilizadas para ingestão de fármacos em doses pré-estabelecidas. Seus invólucros são normalmente feitos de gelatina e oferecem uma relativa proteção dos agentes externos, facilitando a administração e, devido a sua alta solubilidade e digestibilidade no organismo, libera rapidamente o fármaco de seu interior (FERRERA, 2002). As cápsulas de gelatina podem ser de consistência mole ou dura. As de consistência dura são fabricadas incluindo maiores quantidades de glicerina, sorbitol e polietilenoglicol. Sendo as mais utilizadas, onde o preenchimento desse tipo de cápsula pode ser manual, com auxilio de pequenos encapsuladores manuais, ou encapsuladores semiautomáticos. Já as cápsulas moles, tem consistência elástica e podem, ao contrário das cápsulas duras, acondicionar óleos, suspensões e emulsões (FERREIRA, 2002). As cápsulas de gelatina duras produzidas em farmácias de manipulação necessitam de métodos para avaliação de sua qualidade, onde o ensaio de peso médio é o mais utilizado e consiste em verificar a uniformidade do peso dos ativos entre as cápsulas (FERREIRA, 2002). 26 Peso médio Segundo Ferreira (2002) o peso médio é a média aritmética do peso de dez unidades de cápsulas manipuladas, em gramas. Quando a quantidade de cápsulas manipuladas seguindo a prescrição médica for inferior a essa quantidade, a determinação do mesmo deve ser realizada pesando-se individualmente todas as unidades. O ensaio de peso médio apresenta uma fácil e rápida execução, permitindo assim um controle final das cápsulas manipuladas, assegurando uma distribuição homogênea dos ativos entre as doses unitárias. Onde cápsulas com menos de 300 mg devem apresentar uma variação de ±10% entre os valores do peso da amostra e, maiores que 300 mg uma variação de ±7,5% (FARMACOPEIA, 2010). 27 3 METODOLOGIA No estágio desenvolvido entre outubro e dezembro de 2014, com duração de 300 horas, acompanhou-se e executaram-se as análises do controle da qualidade das matérias- primas e, todos os processos realizados no laboratório de sólidos e no laboratório de semissólidos e líquidos. A Farmafórmula é responsável pela produção de fórmulas farmacêuticas, e para que essa produção seja garantia de qualidade para o cliente é fundamental o conhecimento das condições de manipulação de medicamentos. Logo, para manter todo o controle da qualidade dos produtos são realizadas análises físico-químicas desde a matéria-prima até o produto final, tais como solubilidade, pH e ponto de fusão. A primeira etapa para entrar nos laboratórios de manipulação e/ou de controle da qualidade é realizar a paramentação, ondo o manipulador deve retirar toda maquiagem do rosto e acessórios como brincos, anéis, relógios, colares, pulseira, para evitar acidentes e contaminações. Em seguida, veste-se com jaleco, calça e calçado fechado de uso profissional, além dos equipamentos de proteção individual (EPI’s) como luvas, máscara, óculos de segurança e toca, cobrindo totalmente os cabelos. As mãos devem ser lavadas com água potável e sabonete líquido antes de qualquer manipulação, esfregando as duas mãos entre os dedos, palma, dorso e pulso. Finalizar a limpeza borrifando-as com solução de álcool etílico a 77%. Após estes procedimentos o manipulador deve evitar tocar as partes do corpo, ajustar toca e máscara, entre outros. 3.1 ETAPAS DO PROCESSO DE PRODUÇÃO A Figura 1 apresenta um fluxograma com os passos que todos os produtos seguem, desde a chegada da matéria prima na recepção até a entrega do produto ao cliente. 28 Figura 1 - Fluxograma do processo de fabricação dos produtos manipulados Fonte: Autoria Própria. A recepção é o ambiente onde há contato com o cliente, ficando à disposição para fazer pedidos de produtos que necessitem ou não de receitas médicas, para fazer orçamentos e tirar dúvidas, de acordo com a necessidade do cliente. Tem ainda produtos já prontos expostos à venda e que não precisam de receitas médicas, como produtos estéticos e de higiene pessoal. Após o recebimento da receita é emitida a comanda de produção a qual contém informações necessárias para a fabricação do produto, assim como as matérias-primas e as quantidades que serão utilizadas. A receita e a comanda são conferidas pelo farmacêutico para correção dos cálculos necessários como, a conversão de unidades, as correções das matérias- primas, entre outros, evitando assim erros no momento da pesagem. Logo após a comanda de produção é enviada para o laboratório de destino seja ele laboratório de semissólidos e líquidos ou laboratório de sólidos. Depois da manipulação da fórmula, faz-se a verificação de sua qualidade e sua conferência final (rotulagem), estando então o produto pronto para ser entregue ao cliente. Recepção Conferência da receita e da comanda de produção feitas pelo farmacêutico Laboratório de Sólidos Entrega ao cliente Laboratório de Hormônios Laboratório de Semissólido e Líquido Laboratório de Antibióticos Conferênica final do produto Recebimento e conferência da matéria prima Quarentena Laboratório de Controle de Qualidade Reprovado Devolução ou incineração Aprovado 29 3.2 LABORATÓRIO DE CONTROLE DE QUALIDADE O manipulador deve está devidamente paramentado antes de entrarno laboratório para executar qualquer tipo de análise. A bancada a ser utilizada deve ser higienizada com álcool etílico a 77%. Para realizar os testes necessários nesse laboratório, coleta-se uma pequena amostra da matéria-prima com o auxílio de uma espátula ou colher de aço inoxidável, no caso de substâncias sólidas, e para substâncias líquidas utiliza-se pipetas de vidro. Os testes realizados são: análises de aspecto físico, odor, sabor (quando requerido), cor, solubilidade, pH e ponto de fusão. Esses testes servem para verificação do laudo de análises do fornecedor/fabricante e confere se a quantidade recebida é igual à quantidade solicitada. A leitura do pH é realizada com o auxílio de um pHmetro ou, papel indicador universal. No caso de substâncias sólidas, prepara-se uma solução (geralmente de 10%) para a leitura do mesmo. O pHmetro deve ser calibrado diariamente antes de qualquer análise a ser feita. O teste de solubilidade é realizado em água a temperatura ambiente e álcool etílico, com o auxílio de tubos de ensaio. A determinação do ponto de fusão é realizada em equipamento apropriado. Primeiramente prepara-se uma amostra com a substância totalmente seca e homogênea, em seguida, carrega-se o tubo até que a altura da amostra esteja entre 2,5 e 3,5 mm e compacta-se a mesma dentro do tubo. Após esse procedimento coloca-se o tubo com a amostra no orifício para seguir com o aquecimento, sendo a temperatura elevada até a programada para o produto selecionado. Observa-se pela lente o momento em que ocorre a fusão completa do produto, então o valor do ponto de fusão (PF) registrado será o valor no qual toda a amostra se fundiu. O valor obtido no aparelho é comparado com o da literatura e com o laudo de análises do fornecedor/fabricante. Todos os resultados das análises físico-químicas são anotados em uma ficha de controle de qualidade interno, para eventuais consultas, por um determinado tempo conforme a legislação. Assim que a substância é aprovada, anota-se na embalagem da mesma a data de entrada, a data da validade e o número da ficha do controle interno. Em seguida, encaminha- se a mesma para o laboratório de destino. Além de a própria Farmácia Farmafórmula realizar seus testes de controle da qualidade, amostras são encaminhadas para uma empresa especializada em Controle da 30 Qualidade de Fármacos, permitindo assim uma certeza da qualidade dos fármacos desenvolvidos e dos testes realizados com as matérias-primas (Anexo A). 3.3 LABORATÓRIO DE SÓLIDOS Como no Laboratório de Controle de Qualidade, no laboratório de sólidos o manipulador também deve está devidamente paramentado antes de manipular qualquer tipo de fórmula. A bancada a ser utilizada deve ser higienizada com álcool etílico a 77%. Antes de iniciar a manipulação das fórmulas deve-se ter em mãos as comandas de produção conferida pelo farmacêutico. A comanda trás as seguintes informações: quantidade necessária de excipiente e de princípio ativo a ser pesado, com relação à quantidade de cápsulas que serão preparadas e o número da cápsula que será mais apropriada. Os pós (matéria-prima) são pesados individualmente, em um papel, sendo a pesagem iniciada pelo principio ativo e, em seguida, o excipiente (substância inativa e veículo para o principio ativo). Após isso, se transfere a mistura para o tamise ou peneira dentro de um saco limpo e fecha o saco para evitar contaminação e homogeneizar. Os princípios ativos efervescentes são acondicionados em sachês e, posteriormente selados com o auxílio da seladora a quente. Monta-se a encapsuladora com as cápsulas e retira-se a parte superior. O manipulador sabe o número da cápsula a ser utilizada pela comanda e em seguida, espalha a mistura dos pós sobre o tabuleiro até o preenchendo de todas as cápsulas. A cor da cápsula é padronizada de acordo com a substância, pois quando é manipulada mais de uma fórmula para o mesmo, a cor ajuda a diferenciar no momento da ingestão. O controle de qualidade das cápsulas é o peso médio serve para assegurar uma distribuição homogênea dos ativos entre as doses unitárias. Pesa-se uma cápsula para estimar um peso que servirá como peso médio em seguida, separam-se 10 cápsulas e pesa-se individualmente. Após a operação de enchimento e fechamento das cápsulas (Figura 2), deve-se limpá- las com papel toalha branco virgem, conferir a quantidade com a descrita na comanda de produção e acondicioná-las em pote plástico. 31 Figura 2 - Fechamento das cápsulas Fonte: Farmafórmula (2014). 3.4 LABORATÓRIO DE SEMISSÓLIDOS E LÍQUIDOS Conhecido também como laboratório de “Dermato”, neste são produzidos xaropes, cremes, loções, géis, xampu, sabonetes líquidos e em barra, entre outros produtos cosméticos. Da mesma forma como no Laboratório de Produtos Sólidos, para iniciar a manipulação deve- se ter em mãos as comandas de produção conferida pelo farmacêutico. Separam-se as matérias-primas, os materiais (gral, pistilo, vidrarias, espátula, etc.) que serão utilizadas para a fórmula, e se posiciona em cima da bancada. Os materiais neste laboratório são divididos em materiais de uso externo e interno, portanto é importante não misturar os equipamentos. Os mesmos procedimentos de pesagem adotados para os pós no laboratório de produtos sólidos são válidos para o laboratório de produtos semissólidos, porém quando a quantidade a ser pesada for muito elevada, utiliza-se o béquer no lugar do papel. Coloca-se a substância no gral ou cálice para triturar, e adiciona um agente levigante (propilenoglicol, glicerina, água, base para xarope e sorbitol), ou seja, dissolver em um líquido. Então, é adicionado um veículo adequado para a formulação (bases galênicas e xaropes específicos), depois completamos os volumes necessários para cada formulação e por fim o envaze da fórmula. Na preparação das fórmulas deve-se colocar primeiro os ativos sólidos (pó, creme ou gel) e depois os líquidos. Em caso de uso de corantes e/ou aromatizantes, os mesmos são adicionados no final da manipulação, combinando a cor com o aroma e/ou sabor. 32 Para a homogeneização utilizam-se gral e pistilo, no caso de cremes, loções e géis (Figura 3). Quando é realizado desenvolvimento de fórmulas como xampus e sabonetes líquidos, utilizam-se béquer e/ou proveta e bastão de vidro. Os testes para controle da qualidade do produto final, geralmente, são controle de pH, odor, cor, aspecto físico e peso final. Figura 3 – Homogeneização da fórmula Fonte: Farmafórmula (2014). 33 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES Controle de qualidade é o sistema de inspeção e análises, aplicados a uma operação de produção, ou ao conjunto de todas as etapas de preparação de fórmulas farmacêuticas. Este sistema utiliza uma pequena porção do produto, para que se possa estimar sua qualidade ou determinar as alterações que devem ser realizadas nas diferentes etapas de preparação das fórmulas, para alcançar e manter o nível de qualidade requerido pelo cliente. As análises físico-químicas em matérias-primas e produtos acabados foram realizadas de acordo com cada laboratório. Laboratório de controle de qualidade: todas as matérias-primas recebidas são analisadas para determinar a identidade de uma substância e para detectar alterações, adulterações ou erros dos fornecedores. Laboratório de semissólidos e líquidos: são analisados os produtos acabados, principalmente sabonetes íntimos e cremes para acnes. Laboratório de sólidos: análise do peso médio das cápsulas manipuladas. Com a finalidade de averiguar a qualidade das fórmulas produzidas pela Farmafórmula, analisaram-se as matérias-primas, produtos e cápsulas. Como exemplo das atividades desenvolvidas durante o estágio no laboratório de controle de qualidade, será apresentado o resultado da análise de 01 (um) laudo de fornecedor(Anexo 2), como mostra a Figura 4. Figura 4 - Testes realizados pelo fabricante/fornecedor Gemini Fonte: Farmafórmula (2014). 34 Observa-se no laudo da Gemini (Anexo B e Figura 4) o nome da matéria prima com todas as informações necessárias da mesma, como data de fabricação, validade, e os testes físico-químicos realizados pelo fabricante/fornecedor. Como contraprova dos testes contidos nesse laudo, foram feitos os testes organolépticos, solubilidade, ponto de fusão e pH no laboratório de controle de qualidade da Farmafórmula, e obtiveram-se os seguintes resultados: - Descrição: Pó cristalino branco, inodoro. - Solubilidade: Solúvel em água, praticamente insolúvel em etanol. - Ponto de fusão: 240 °C - pH: 4 Feita a verificação do laudo, observou-se que a substância estava com suas características dentro dos padrões do fornecedor, a seguir coloca-se a etiqueta de aprovado, estando pronta para ser usada. De todas as análises feitas durante esse período de estágio, não se notou nenhuma não conformidade, comprovando que os fornecedores da Farmafórmula são confiáveis e que os produtos fabricados são também de alta qualidade e confiabilidade. No laboratório de semissólidos e líquidos, foram analisados o sabonete íntimo de aroeira e o sabonete de ácido glicólico, realizando o teste de pH nos mesmos. No sabonete íntimo de aroeira foram verificados pH na faixa de 5 a 5,5, para manter o pH vaginal. Já o sabonete de ácido glicólico, verificou-se uma faixa de pH de 2 a 2,5. Este é utilizado para tratar manchas e cicatrizes de acnes, tendo por principal indicação o tratamento do foto- envelhecimento e a hidratação do corpo e rosto. Já no laboratório de sólidos, foi realizado o teste de peso médio das cápsulas manipula para assegurar uma distribuição homogênea do conteúdo entre as doses unitárias. Como mostrado nas fichas retiradas (Figura 5) após realizar o peso médio: 35 Figura 5 - Peso médio de cápsulas. Fonte: Farmafórmula (2015) Como mostra as fichas da Figura 5, foram pesadas 10 cápsulas de cada medicamento manipulado. Na primeira ficha, observa-se que o resultado foi conforme, pois o rendimento da dosagem foi de 102,50 %, o que nos diz que as dosagens estão uniformes. Também podemos que destacar o peso teórico não apresentou variação considerável em relação ao peso médio. A segunda ficha apresentou resultado não conforme, já que o peso teórico divergiu bastante do peso médio e o rendimento da dosagem não obteve 100%, o que mostra que as cápsulas não estão com seu peso uniforme bem distribuído. De tal modo, conclui-se que sempre deve ser feito o peso médio, verificando sempre todos os parâmetros disponíveis nas fichas e identificando as fórmulas não conformes para serem refeitas. 36 5 CONCLUSÃO A boa qualidade da matéria-prima recebida é de fundamental importância na produção de fórmulas manipuladas. Durante os três meses de estágio, foi possível conhecer o funcionamento de uma empresa. Onde foram acompanhados todos os processos realizados para a manipulação de fórmulas, desde o recebimento das matérias-primas até o controle da qualidade do produto final. O Controle da Qualidade é feito com as matérias-primas e com os produtos acabados, garantindo um produto com uma qualidade elevada e a satisfação dos clientes. Os resultados obtidos mostram que tanto as matérias primas como os produtos acabados da Farmafórmula estão em acordo com as normalizações exigidas. Contudo os resultados obtidos estão sujeitos a erros, na pesagem das amostras, até mesmo na verificação do pH, pois o pHmetro pode ter sido mal calibrado ou, ao usar a fita de pH universal por não ter um resultado exato da medição. O estágio realizado trouxe, não só conhecimentos técnicos, mas também crescimento pessoal, sendo satisfatório, o que permitiu assim um conhecimento amplo a respeito da manipulação de fármacos. 37 REFERÊNCIAS BIAZON, Ana Carla Broetto. Saúde: Medicamentos manipulados x industrializados. 2013. Disponível em: < http://www.itribuna.com.br/saude/2013/03/medicamentos-manipulados-x- industrializados/1055691/ >. Acesso em: 10 out. 2014. BONFILIO, Rudy et al. Farmácia magistral: sua importância e seu perfil de qualidade. 2010. Revista Baiana de Saúde Pública. v.34. n. 3. p.653-664. Jul./ Set. 2010. Disponível em: < http://inseer.ibict.br/rbsp/index.php/rbsp/article/viewFile/63/62 >. Acesso em: 10 out. 2014. BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA. Guia de Controle de Qualidade de Produtos Cosméticos. 2008. Disponível em: <http://www.anvisa.gov.br/cosmeticos/material/guia_cosmetico.pdf>. Acesso em 03 dez. 2014. BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA. Resolução RDC Nº 67, de 8 BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA. Manipulação segura: Farmácias magistrais terão novas regras. 2005. Disponível em: < http://www.anvisa.gov.br/DIVULGA/public/boletim/56_05.pdf >. Acesso em: 05 dez. 2014. de outubro de 2007. Brasília (DF): Diário Oficial da República Federativa do Brasil; 10 nov. 2007. EDUCAÇÃO, Portal da. Importância do Controle de Qualidade de Fármacos Manipulados. 2013. Disponível em: < http://www.portaleducacao.com.br/farmacia/artigos/40713/importancia-do-controle-de- qualidade-de-farmacos-manipulados#ixzz3M6yzxm3H >. Acesso em: 01 dez. 2014. Farmacopeia brasileira. 5ª. ed. v1. Brasília, 2010. FARMAFÓRMULA. Disponível em: < www.farmaformula.com.br >. Acesso em: 27 set. 2014. FERREIRA, A. O. Guia Prático da Farmácia Magistral. 2. ed. Juiz de Fora: Pharmabooks, 2002. FRANÇA, Andressa Bezerra de. Estudo da viabilidade técnica para o aproveitamento da água associada à produção de petróleo utilizando a osmose reversa. 2004. 125 f. Monografia (Especialização) - Curso de Engenharia Química, Departamento de Engenharia Química, Programa de Recursos Humanos – Prh 14/anp, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2004. Disponível em: <http://www.nupeg.ufrn.br/documentos_finais/monografias_de_graduacao/andressa.pdf>. Acesso em: 05 dez. 2014. INDICADO, Uso. Medicamento manipulado: Controle de qualidade. Disponível em: < http://www.usoindicado.com.br/site/content/medicamento/controle-qualidade.php >. Acesso em: 10 out. 2014. 38 LANDI, Ana Cláudia. Farmácia de manipulação lança tendência. 2010. Disponível em: < http://www.sebrae-sc.com.br/novos_destaques/oportunidade/default.asp?materia=19044 >. Acesso em: 27 set. 2014. MENEGHETTI, Emanuelle Kretz. Execução dos processos realizados em uma farmácia magistral. 2010. 36 f. TCC (Graduação) - Curso de Bacharel em Química, Departamento de Química, Universidade Regional de Blumenau, Blumenau, 2010. 39 ANEXOS ANEXO A – Relatório de controle de qualidade Ortofarma 40 ANEXO B – Laudo do fornecedor Gemini
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