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ANESTESIA DISSOCIATIVA Resumo por: Denise Ramos Pacheco. Profa. Mônica Horr. Medicina Veterinária UFU (2021). Muito usada em grandes animais, pois é possível promover a indução do paciente usando um volume menor de fármacos. Também utilizado em animais selvagens, devido a suas particularidades quanto as vias de administração (absorção por várias vias – IV, SC, IM, oral, epidural/raquidiana etc → versátil). Por isso há a maior facilidade de utilização em animais estressados, agressivos e selvagens. Promove analgesia somática. ANÉSTÉSICOS DISSOCIATIVOS: Dissociação entre a atividade neuronal do TÁLAMO e no SISTEMA LÍMBICO. Não há mais controle da atividade do sistema límbico pelo córtex cerebral. Observa-se: - Depressão da função neuronal no córtex cerebral (memória, atenção, percepção pensamento); - Depressão da função do tálamo (transmissão de sinais sensitivos e motores); - Ativação do sistema límbico (responsável pelo comportamento). Mecanismo de ação: • Antagonismo não competitivo pelos receptores glutaminérgicos do tipo NMDA (N-Metil-D- Aspartato) → glutamato: NT do SNC que se liga ao NMDA (sinapse excitatória; especificamente via da dor somática/crônica), o fármaco dissociativo faz o antagonismo desse receptor, e o glutamato não se liga a ele. Consequência: não há entrada de sódio e cálcio e nem saída de potássio → hiperpolarização do neurônio (redução da atividade neuronal). Esse fármaco pode ser usado para pacientes que sofrem com dor somática e/ou dor crônica. • ESSES FÁRMACOS NUNCA SÃO UTILIZADOS SOZINHOS, PELOS SEUS EFEITOS ADVERSOS. • Aumentam o tônus serotoninérgico e dopaminérgico no SNC (ocasionando prazer e euforia ao paciente – aumento da possibilidade de excitação). • Potencialização da atividade Gabaérgica (receptores inibitórios do SNC) → GABA promove abertura dos canais de cloro → hiperpolarização das membranas dos neurônios, reduzindo o potencial elétrico e deprimindo o SNC. • Agonismo por receptores opioides → potencializam os efeitos dos opioides. • Antagonismo por receptores muscarínicos (receptor da Ach, localizado no SNA parassimpático, receptores pós-ganglionares), nas vísceras. Exemplo: quando a Ach se liga nos receptores do coração, promove bradicardia. No antagonismo pelo receptor muscarínico, exacerba a atividade simpática, aumentando a frequência cardíaca. Fonte: Mônica Horr. Propriedades anestésicos dissociativos: • Não se enquadram no esquema de Guedel (pois não são considerados anestésicos gerais, pois não causa relaxamento muscular e não causa inconsciência no paciente). • Não são hipnóticos. O paciente permanece acordado/consciente, mas não tem controle sobre o seu próprio corpo. • Amnésia. • Analgesia, principalmente somática (tem um pouco de visceral, mas bem pouco). • Manutenção dos reflexos protetores. • Supressão do medo e da ansiedade. • Estado cataleptóide (permanece consciente). • Hipertonia muscular (paciente fica muito rígido, por isso não deve ser utilizado sozinho). • Nistagmo e midríase (lembrando que o SNA simpático prevalece), além de aumento da FC. • Salivação. CETAMINA: Farmacocinética: • Potente efeito analgésico somático, então é muito utilizado em hospitais de queimados. • Absorvida pelas vias SC, IM, IV, nasal, oral, retal e medular. • Ligação 20-30% a proteínas plasmáticas (não há muita preocupação com pacientes caquéticos ou com hipoproteinemia grave, pois não aumenta os efeitos desse fármaco). • Solução transparente e inodora. • Biotransformação hepática (evitar em pacientes hepatopatas). • Eliminação renal, exclusivamente (cuidado com pacientes nefropatas, evitar a utilização, principalmente doses anestésicas; se for doses analgésicas – mais baixas, pode utilizar, mas com cautela). • Período de latência: 0,5-5 minutos (quando aplicado pela via IM). • Período hábil: 30-40 minutos (duração do efeito do fármaco, quando aplicado em dose única. Quando em infusão contínua, dura de acordo com o tempo da infusão). Depende também do tipo de associação e se houve uma MPA potente ou não (altera o tempo de duração). • Apresentação: 5 ou 10% (equivalente a 100 mg/mL). CONVULSÕES: • Subdoses podem ter efeito anticonvulsivante (estabilização de membranas do SNC, como se fosse protetores aos neurônios) → infusão de cetamina 10 mcg/kg/min. • Subdoses tem efeito analgésico, e também poderia ser usado para pacientes com TCE. • Doses mais altas podem promover aumento da PIC (doses anestésicas), que podem promover convulsões no paciente (cuidado em pacientes epilépticos, ou traumatizados). Então para esses pacientes, EVITAR DOSE ANESTÉSICA DO ANESTÉSICO DISSOCIATIVO. Usar fármaco que não tem essa propriedade. • Pode determinar convulsão em pacientes com histórico prévio. • Em geral deve-se evitar. Pressão Intracraniana: • Evitar em doses altas em casos de trauma craniano. • Aumento do fluxo sanguíneo cerebral → aumento da PIC. • Associação com: Midazolam, Diazepam e Fentanil → atenuam os efeitos da cetamina na PIC. Mas só utilizar em último caso, no caso de grandes animais. Em pequenos animais, evitar o uso dela mesmo associada (para pacientes com TCE/convulsões). Mas sempre que for usar, ASSOCIAR COM OUTROS FÁRMACOS (animal mais relaxado, pois a cetamina promove muita contração muscular). Para fraturas, traumas em membros por exemplo, pode utilizar a cetamina, já que é um ótimo analgésico para dor somática. • Associar principalmente com Midazolam (o Diazepam é oleoso, dói na adm via IM, e seu efeito demora para iniciar). SEMPRE UTILIZAR A CETAMINA ASSOCIADA PARA EVITAR REAÇÕES ADVERSAS: • Fenotiazínicos. • Benzodiazepínicos. • Agonistas dos receptores alfa 2 adrenérgicos (também sedativos). • Pode fazer MPA, usar na mesma seringa, um fármaco tranquilizante para evitar a excitação promovida pela cetamina. Doses: Cães e gatos: 2-5 mg/kg IV; 10-20 mg/kg IM. Grandes animais: 2 mg/kg IV (associado ao Diazepam ou Midazolam IV). Infusão contínua de analgésicos: • Cetamina: 10 mcg/kg/min para pequenos animais; 2 mg/kg/hora para grandes. • MLK: 3,3 mcg/kg/min; 50 mcg/kg/min; 10 mcg/kg/min → morfina, lidocaína e cetamina, doses respectivamente. Diminui muito a quantidade de anestésico inalatório ao paciente. Todos juntos na mesma seringa ou frasco de soro. • FLK: 5 mcg/kg/hora; 50 mcg/kg/min; 10 mcg/kg/min → fentanil, lidocaína e cetamina. • MLK e FLK: pode usar no transoperatório, para diminuir a quantidade de anestésico inalatório, ou em paciente com dor e internado, ou em pós-operatório (pacientes com dor muito severa). Lembrando que o paciente fica mais calmo pelo efeito analgésico, não fica anestesiado. Catalepsia: animal consciente, mas com movimentos dissociados do meio, não consegue responder ao meio (efeitos da cetamina). TILETAMINA (dissociativo) – Zolazepam → Zoletil e Telazol são vendidos em associação (relaxamento muscular, evita rigidez muscular). Só são vendidos associados, só existe esse tipo de apresentação comercial. • Latência: 7 a 8 min IM / 30 a 60 segundos IV. • Período hábil anestésico: 15 a 30 minutos. • Recuperação completa após 4 horas. • Pode ser reaplicada. 4,5 horas zolazepam/2,5 horas tiletamina (gatos). 1 hora zolazepam/1,2 tiletamina (cães). NÃO É USADO PARA ANIMAIS DE GRANDE PORTE → alto volume. Preconiza o uso da cetamina para eles. Depressão respiratória acentuada em gatos, se ultrapassada a dose. Doses: cães e gatos → 2-4 mg/kg IV; 5-15 mg/kg IM. (em gatos: NÃO ULTRAPASSAR 10 MG/KG IV).
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